Queda do Homem

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Queda do Homem

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Cabalisticamente descrita, é a experiência de um casal que, certamente, representa a Humanidade. A chave se encontra nos versículos da Bíblia em que o Mensageiro dos Deuses, anuncia à mulher “conceberá teus filhos com dor”. Aqui está, também, implícita a sentença de morte que foi pronunciada, nesse mesmo contexto.

Antes da Queda, a consciência não estava enfocada no Mundo Físico. O ser humano estava inconsciente da propagação, do nascimento e da morte. Os Anjos, como se disse, trabalhavam no Corpo Vital (o meio de propagação), regulavam a função procriadora e juntavam os sexos em certas ocasiões do ano, empregando as forças solares e lunares, nos momentos e condições mais propícias para a fecundação. A união dos participantes, ao princípio, era inconsciente, porém, mais tarde, se produziu um conhecimento físico momentâneo. A gestação decorria sem incômodo algum e o parto se realizava sem dor. Estando os pais submersos em sono profundo, o nascimento e a morte não implicavam solução de continuidade da consciência, isto é, não existiam para os lemurianos.

A consciência era dirigida para dentro. Percebiam as coisas físicas de maneira espiritual, como quando as percebemos em sonhos, momentos em que tudo que vemos está dentro de nós.

Quando seus olhos foram abertos e a consciência foi dirigida para fora, para os fatos do Mundo Físico se alteraram as condições. A propagação foi dirigida não pelos Anjos, mas pelos seres humanos. Ignoravam a operação das forças solares e lunares e abusaram da função sexual, empregando-a para gratificar os sentidos. Daí resultou a dor que passou a acompanhar o processo da gestação e nascimento. A consciência se focalizou no Mundo Físico, se bem que as coisas não apareceram com nitidez até a última parte da Época Atlante. Só então começou a conhecer a morte como solução de continuidade que se produzia na consciência, ao passar para os Mundos superiores depois de morrer, e quando retrocedia ao Mundo Físico para renascer.

Recordemos como se processou a “abertura de seus olhos”. Quando os sexos foram separados, o macho se converteu em expressão da Vontade, uma parte da dual força anímica e a fêmea, por seu lado, expressou a Imaginação. Se a mulher não fosse imaginativa, não poderia construir o novo Corpo na matriz, e se os espermatozoides não fossem a ativa concentração da vontade humana, não seria possível realizar a impregnação e começar a germinação, resultante da continuada segmentação do óvulo.

Essas forças gêmeas, Vontade e Imaginação, são necessárias à propagação dos Corpos. Uma dessas duas forças se exalta em cada sexo e é essa parte a utilizável para a propagação. Daí a necessidade do ser que expressa uma só classe de força anímica, unissexual, se unir a outro que expresse a força anímica complementar. Isto já foi explicado anteriormente. Além disso, a parte da força anímica não utilizada na propagação é utilizável no crescimento interno. Enquanto o ser humano empregava totalmente a dual força sexual na geração, não podia realizar nada no sentido do próprio crescimento anímico. Depois, a parte não empregada através dos órgãos sexuais foi apropriada pelo espírito para construir o cérebro e a laringe, meios de expressão.

O cérebro e a laringe foram construídos durante a última parte da Época Lemúrica e os primeiros dois terços da Época Atlante, até que o ser humano se converteu em um ser pensante, que raciocina: completamente consciente.

No ser humano, o cérebro é o elo entre o espírito e o Mundo externo. Ele nada pode saber sobre o Mundo externo a não ser por meio do cérebro. Os órgãos dos sentidos são, meramente, condutores que levam ao cérebro os impactos do exterior, e o cérebro é o instrumento que interpreta e coordena esses impactos. Os Anjos pertencem à uma evolução diferente e nunca foram aprisionados em um veículo denso e lento como o nosso. Eles aprenderam a obter conhecimento sem necessidade de um cérebro físico. Seu veículo inferior é o Corpo Vital. A Sabedoria lhes foi concedida como uma dádiva, sem a necessidade de pensar laboriosamente por meio de um cérebro físico.

O ser humano, ao “cair na geração”,teve que trabalhar para obter o conhecimento. Por meio de uma parte da força sexual dirigida para dentro, o espírito construiu o cérebro, para ganhar o conhecimento do Mundo Físico. Essa mesma força continua a ser empregada para alimentar e construir o cérebro atual. A força é subvertida de seu próprio curso, considerando que deveria ser empregada para procriação. O ser humano a retém com propósitos egoístas. Os Anjos não experimentaram divisão alguma dos seus poderes anímicos e podem, portanto, exteriorizar sua dual força anímica sem reservar nada egoisticamente.

A força exteriorizada com o propósito de criar outro ser é Amor. Os Anjos exteriorizam todo o seu amor, sem egoísmo nem desejo e, em troca, a Sabedoria Cósmica flui neles.

O ser humano exterioriza unicamente parte do seu amor; guarda o restante egoisticamente e emprega-o para construir seus órgãos internos de expressão, para melhorar a si mesmo; de sorte que o seu amor é egoísta e sensual. Com uma parte do poder anímico criador ama egoisticamente a outro ser, porque deseja a cooperação na propagação, e com a outra parte pensa (também por razões egoístas), porque deseja conhecimento.

Os Anjos amam sem desejo, mas o ser humano teve de passar pelo egoísmo. Deve desejar e trabalhar para adquirir sabedoria egoisticamente, a fim de poder alcançá-la desinteressadamente, em estágio mais elevado.

Os Anjos ajudaram-no a se propagar ainda depois da subversão de parte da força anímica. Ajudaram-no, também, a construir o cérebro físico, mas não tinham conhecimento algum que pudesse ser transmitido por seu intermédio. Não sabendo como usar tal instrumento, não podiam falar diretamente a um ser com cérebro. Tudo o que eles podiam fazer era controlar a expressão física do amor do ser humano e guiá-lo, através das emoções, de um modo amoroso e inocente, para o salvarem da dor e do sofrimento decorrentes do exercício incorreto das funções sexuais.

Contudo, se esse regime tivesse permanecido o ser humano continuaria sendo um autômato guiado por Deus, e nunca se teria convertido numa Personalidade, num indivíduo. A conversão em indivíduo se deve a uma classe, muito criticada pelo próprio ser humano, de entidades angélicas, chamada Espíritos Lucíferos.

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