Os Pecados Capitais do Mundo Moderno
No livro Ensinamentos de um Iniciado lemos que os Irmãos Maiores da Ordem Rosacruz já concluíram, há tempos atrás, de que o orgulho intelectual, a intolerância e a impaciência com as restrições seriam os pecados do ser humano moderno.
Quando mais criticamente observamos o mundo ao nosso redor e o nosso próprio estado interno, nos admiramos com o prognóstico acurado dos Irmãos Maiores. O intelecto se tornou a ferramenta mais forte para o alcance do poder material. Orgulho intelectual ou amor às próprias conclusões, e próprios ditames é a causa de muita miséria social e muita tristeza e mágoa individual. A intolerância e a impaciência com as restrições também advém do amor ao nosso próprio intelecto, que tomamos como palavra final de sabedoria, equidade e justiça.
A Mente é a nossa mais recente aquisição. Enquanto que o Pai toma conta de nosso Corpo Físico, o Filho de nosso Corpo Vital e o Espírito Santo de nosso Corpo de Desejos nenhum Poder Superior toma conta de nossa Mente. Deverá ser domada e desenvolvida pelo próprio ser humano, sem ajuda exterior.
O intelecto, produto da Mente esplendidamente, fornece condições ao desenvolvimento do egocentrismo, o supremo perigo para o aspirante. Fornece um sentido falso de superioridade que facilmente vira intolerância daquilo de que não aprovamos e que não nos assemelha e que consideramos “abaixo de nossa dignidade”. O intelecto é frio e calculista tentando armazenar mais e mais conhecimento. A Mente avalia as muitas possibilidades de lucro trazidas por um vasto conhecimento ao próprio Ego. Assim o intelecto passa a ser a ferramenta, meta e fonte de motivação do egoísmo poluindo a Mente que se torna egoísta procurando o saber para a glorificação do Ego. A segunda força motivadora, o CORAÇÃO é, por definição, altruísta. Sabemos sobejamente da necessidade de equilibrar essas duas formas de motivação humana, porém, devemos lembrar que um perfeito equilíbrio só será conseguido quando atingido o “status” espiritual de Adepto.
Os que desenvolveram mais o lado do coração não são tão ameaçados pelos “pecados da época” apontados pelos Irmãos Maiores, o orgulho intelectual, a intolerância e a impaciência com as restrições. Servem obediente e eficientemente, sem necessitarem de grandes explicações metafísicas, ou informações científicas super atualizadas; simplesmente seguindo as orientações do Cristo interno, não deixando a sua Mente interferir.
Os que se desenvolvem pelo lado intelectual fazem tudo para servir, para dar vazão ao seu conhecimento, de fato se esforçam ao máximo, porém, enquanto se “esforçam” para servir, ainda não houve progresso de seu lado “coração”. O conhecimento, não cabe dúvida, especialmente hoje, é de grande utilidade. Porém, verifiquemos o uso que as pessoas fazem de seu conhecimento. Pelo uso que a pessoa dá a seu conhecimento que determina se ele está seguindo linhas de desenvolvimento material ou espiritual. Pelo nosso ritual devocional sabemos que a meta do desenvolvimento mental deverá ser a Sabedoria, isso é conhecimento temperado com amor e mesmo o conhecimento oculto de avançada ordem não é Sabedoria, até ser usado em serviço humanitário e num contexto de relacionamento fraternal.
“O conhecimento, a prudência, a discrição e a discriminação são produtos da Mente”. Pois, elas mesmas são armas do mal, e o Cristo nos ensinou a orar ao Pai Nosso para que sejamos guardados. Somente quando essas faculdades nascidas da Mente são temperadas pelo amor é que obteremos a qualidade composta que chamamos de Sabedoria.
Aqui vemos quão importante é desenvolver o amor a Deus e ao semelhante, na mesma proporção que aumentamos o nosso conhecimento. Então, o orgulho intelectual, a intolerância e a impaciência com as restrições não constituirão mais um problema, já que a dádiva espontânea de si mesmo sem reservas, sem amor ao seu pequeno eu, em completa obediência ao poder Superior que nos dirige, destroem o egoísmo. Alguma vez fomos culpados de não aceitar pontos de vista alternativos expressos e que achamos contrários à nossa opinião? Ficamos impacientes com as opiniões manifestadas, estimulados por aquele egoísmo intelectual que não permite questionamento de nossa absoluta competência? Impomos ao nosso grupo que façam as coisas só de nossa maneira?
Usando o nosso lado devocional interno, que está em ligação com Deus através do Cristo Interno, não seremos vencidos pelos perigos apontados pelos Irmãos Maiores e submeteremos a atividade de nossos intelectos ao Ego Superior que a usará no serviço altruísta. A humildade intelectual representará a nossa vitória maior e seremos uma ajuda e não um empecilho à raça humana, exemplos vivos de tolerância que os nossos semelhantes poderão seguir proveitosamente em sua evolução.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 09/82 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Sobre o autor