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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Impaciência diante dos Grandes Alvos

A Impaciência diante dos Grandes Alvos

Escreveu Max Heindel: “Um dos maiores erros de nossa época é a impaciência contra as restrições”. “Herói verdadeiro não é o que num impulso denodado pratica um ato incomum, senão o que, paciente e perseverantemente vai buscando, dentro de suas possibilidades, dia após dia, alcançar o alvo”.

Isto se aplica a tudo: quer aos assuntos materiais, quer aos espirituais. Mas damos ênfase ao lado espiritual porque muitos estudantes supõem que a meta iniciática seja coisa fácil. E, após um ou vários anos de estudos e esforços comuns, acabam desanimando, porque os resultados não correspondem à sua expectativa. Como esclarece Heindel: “ora, se para chegar a se diplomar médico, leva-se quase vinte anos de estudos, e assim mesmo sem prática, requerendo muito tempo chegar à proficiência, como podemos pretender grandes progressos espirituais após alguns meses ou anos de estudo, se os assuntos da alma são muito mais delicados e complexos”?

Em seu livro “Nossos Conflitos Interiores”, a Dra. Karen Herney salienta que o mais potente fator de frustração e desânimo reside na tentativa de querermos viver a altura de uma imagem irreal visionária de nós mesmos. Cada dia, psiquiatras e conselheiros deparam com milhares de homens e mulheres, cujos problemas emocionais provêm de lacunas intransponíveis, entre sua condição real e a que pretendem ser.

Como disse Shakespeare, o iluminado: “antes de tudo, sejamos honestos conosco mesmos”. Sejamos honestos sim, enfrentando nossa imagem real, com suas virtudes e limitações e buscando alcançar os alvos, dentro das reais possibilidades.

Alguém pode objetar que a insatisfação e a base do progresso humano, e que isto será uma pregação de conformismo. Mas não é o caso. Desejamos fazer entender que, na ascensão do homem velho para o homem novo, todos os dias, devemos escalar os degraus intermediários dos alvos menores, até atingir o alvo maior.
Todos sabem que seria pretensão qualquer novato querer atingir, de início, as marcas de um atleta já treinado: isso requer exercício diário. A mesma regra se aplica a qualquer assunto ou atividade.

Não faz muito tempo, dois médicos de Nova Iorque mencionaram os resultados de seus estudos referentes a jovens empregados de uma indústria, onde constataram futuros distúrbios cardíacos em dois moços que atravessavam tensões emocionais, em razão de trabalhos além de suas possibilidades, para alcançar a curto prazo aspirações muito altas. Há uns quarenta anos, o psicanalista Dr. Alfredo Adler descreveu acuradamente a situação dessas pessoas, dizendo: “esforçar-se para atingir um alvo além dos limites realistas das possibilidades pessoais, resulta em inferioridade e desajustamento”.

Muitos de nós, sem o perceber, vitimamo-nos com idênticos conflitos, olvidando que os alvos da vida se compõem de outros menores. Não nos tornamos virtuosos nem profissionais competentes, de um dia para o outro.

Se alguém nasceu com aptidões invulgares e sobe adiante de nós, não o invejemos: é certo que ele trabalhou em vidas anteriores para conquistar essas capacidades. Sem olhar para os demais, façamos AQUI e AGORA o que nos compete, na medida de nossas forças. O imediatismo e impaciência ante os grandes alvos, prejudicam a segura ascensão pelos degraus que eles conduzem, exaurindo-nos desnecessariamente as energias morais e físicas e produzindo-nos a pior das fadigas: a psicológica, acompanhada de insatisfação, depressão, frustração, desânimo.

A melhor receita é “fazer todas as coisas como se fossem para Deus (dentro de nós), desapegando-nos dos resultados”. Se, nesse espirito, diligenciamos no cumprimento das tarefas ou das etapas de um Ideal QUE PODEM SER REALIZADAS AQUI E AGORA, com o esforço normal, com o equilíbrio e eficiência normais, então obteremos a satisfação que advém de um trabalho DEVIDAMENTE CONCLUÍDO.

“A aceitação de si mesmo – escreveu a psicanalista Antônia Wenkert – abre caminho para o espírito de iniciativa e criatividade”. Pena é que essa aceitação não se verifica facilmente neste século XX de competição e materialismo, no qual, o símbolo peculiar de coragem e. êxito é o anseio de grandes realizações, conquistadas ainda que a expensas da saúde e de princípios cristãos.

Não nos deixemos iludir por falsos conceitos. Um dos segredos da felicidade humana reside na aptidão de dar flexibilidade à imagem que fazemos de nós mesmos, realizando TODOS OS DIAS, DA MELHOR FORMA QUE PUDERMOS, NOSSO TRABALHO DE ADMINISTRAÇÃO DOS TALENTOS DE DEUS, sem olhar para os resultados nem para a apreciação que os outros possam de nós fazer.

Então verificaremos, surpresos, que esse desapego aos resultados e méritos, essa dedicação ao Eu superior, vão nos tornando, gradativamente, em canais de inspiração e direção divinas, capazes de realizar, naturalmente, tarefas que humanamente nos seriam impossíveis. E diremos humildemente: «não sou eu quem faz as obras (a natureza humana, com sua mente, emoções e capacidades físicas), senão o Pai em mim (o Infinito tornado finito em nós, o Cristo interior). E quando menos esperamos, surge o alvorecer.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 11/1971)

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