Foi dito que Gêmeos, os gêmeos, é o Signo dos opostos: positivo e negativo, alto e baixo, branco e preto. Sob a influência dessa Hierarquia a humanidade conhece o caminho da luz e o caminho das sombras, como conheceram Lázaro e o homem rico na parábola bíblica.
O homem rico tinha grandes posses terrenas, enquanto Lázaro era um mendigo que vivia na miséria. Ambos simbolizam os dois polos da riqueza e da pobreza, o “tem” e o “não tem”, uma classificação que é causa de inumeráveis guerras ao longo da história. O homem opulento da parábola se vestia de linho puro e púrpura real. Todos os dias se dedicava a se divertir e se distrair, enquanto Lázaro, em sua extrema miséria, acudia cada dia para mendigar as migalhas de sua mesa.
Idênticas situações existem no mundo hoje em dia. Contudo, tais iniquidades não podem durar, posto que vivemos em um mundo regido pela lei moral. O ajuste de contas, no entanto, requer maior tempo do que compreende uma só encarnação terrestre. Isso é o que ensina a parábola, que revela o modo de operar a lei, tanto nos planos externos como nos internos.
Lázaro e o homem rico morrem. O primeiro foi transportado para os Céus, enquanto o segundo foi para o Purgatório a fim de sofrer pelo seu ócio, sua improdutividade e perda de tanto tempo. Essa justiça não é, no entanto, de natureza vingativa. O ser humano colhe o que semeou. Ainda que Lázaro vivia na pobreza, as sementes que ele semeou produziram uma rica colheita em comparação com a produzida pelo homem rico, que falhou na hora de fazer o uso correto de suas riquezas e aproveitar a ocasião que foi lhe dada, de prestar um serviço a alguém menos afortunado que ele. O modo de operar da lei é simplesmente corretivo. Reconhecendo a colheita de sua própria semente, o ser humano obtém a compreensão e a compaixão e se dá conta que é um com toda a humanidade.
A parábola ensina, também, que a natureza da experiência do ser humano após a morte está determinada por sua vida sobre a Terra. Quando o homem rico sentiu sede, viu o estado de felicidade de Lázaro no seio do Pai Abraão e suplicou a esse que permitisse a Lázaro lhe dar um gole de água para matar a sede. A isso, Abraão replicou: “Entre nós e vós existe um grande abismo”. Essa barreira é formada por uma vibração. Se uma pessoa do Purgatório pudesse elevar sua consciência ao plano celeste, não continuaria confinada no plano inferior do Mundo do Desejo.
A parábola mostra, ainda, outro ensinamento. O conjunto das experiências humanas está constituído, principalmente, pelas emoções do prazer e da dor. Aceitada com conhecimento, a dor constrói o degrau na escada da realização. Porque a dor torna a compaixão mais profunda e a simpatia mais ampla e incrementa a humildade e a beleza do próprio caráter, que são as características de tudo o que se encontra na verdadeira trilha do Discipulado.