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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Vitamina A no Regime Alimentar Vegetariano

A Vitamina A no Regime Alimentar Vegetariano

Necessita o organismo de substâncias que regulem o aproveitamento dos alimentos. As quantidades necessárias são insignificantes, mas seus efeitos são vultosos. A falta desses nutrimentos ocasiona doenças graves. Num estudo sucinto procuraremos estabelecer as relações das vitaminas com o regime alimentar vegetariano. Acentuemos, desde logo, que o vegetarianismo proporciona ao organismo copioso fornecimento de vitaminas. No regime misto, aqueles que lhes são adeptos se deliciam com muitos pratos de carne, pobres em vitamina e, em geral, desprezam as frutas e as hortaliças que fornecem esses produtos químicos, sem os quais os alimentos não são integrados nos tecidos.

Estaremos nos ocupando, neste estudo, da vitamina “A”, substância protetora dos olhos, dos rins, da pele e das mucosas, promotora do crescimento anti-infeccioso, com influência na dentição das crianças e repercussão sobre a vitalidade orgânica, influenciando, também, a esfera sexual e a do sistema nervoso.

A ação da vitamina “A” sobre a visão é exercida mercê de um mecanismo bioquímico em que essa vitamina proporciona a ressíntese da púrpura visual (rodopsina) que impregna as células em bastonete da retina, à custa da violeta visual (iodopsina) existente nas células em cone, resultante da oxidação das primeiras pela luz forte.

Não ocorrendo esse ciclo, não sendo a luz suficiente, estabelece-se uma cegueira temporária, chamada cegueira noturna ou ambliopia crepuscular. Doença conhecida já no Egito na era da antiga civilização desse país, só nos tempos atuais, com o conhecimento da vitamina “A” foi que se esclareceu a patogenia da moléstia e sua cura pela ingestão dessa vitamina. Cumpre esclarecer que nem em todos os casos em que há deficiência de Vitamina “A”, se observa a cegueira noturna, também chamada nictalopia.

Constituem a chamada xerose epitelial da conjuntiva. É considerada o segundo grau de avitaminose “A”, sendo o primeiro a já descrita hemeralopia ou cegueira noturna. A mucosa bulbar do olho fica espessada, apresentando manchas irregulares, triangulares (manchas de Bitot) que mais tarde se desenvolvem, aumentando de volume, podendo chegar a uma transformação coriácea da conjuntiva (Enrique G. Pongi).

A xerose corneal, muito mais grave, consiste em uma dessecação do epitélio da córnea, com ulceração e agrava-se, chegando a produzir cegueira irreversível.

Tanto a litíase como as infecções do aparelho renal têm íntimas relações com essa vitamina. Mendel e Osborne (Higgins e McCarrisson 1920-1930), em observações clínicas e experimentais, trouxeram dados positivos a esse respeito. A presença de vitamina “A” ou sua provitamina — o caroteno — na alimentação previne a infecção e o aparecimento de cálculos. McCallum (1939) confirma essas afirmações, acrescentando que a escassez de vitamina “A” é a principal causa da formação de cálculos no rim. A administração da vitamina “A”, entretanto, não cura a litíase renal, contribuindo, não obstante, para preveni-la.

Observações de numerosos clínicos e experimentadores em diversos países levaram à conclusão de que a vitamina “A” é protetora da pele. A falta de sua ingestão na alimentação ocasiona pele seca e hiperqueratósica (dura, escamosa e áspera) com prurido. A essas perturbações chamou Nichols “pele de sapo”. Cabelos secos, duros, ásperos e sem brilho são manifestações comuns da hipovitaminose “A”, assim como unhas quebradiças, catarro nasal, bronquites, sinusites, aquilia gástrica (falta de ácido no estômago) diarreia e enterocolite são observados no curso da avitaminose “A”, resultantes da repercussão da avitaminose ou hipovitaminose sobre as mucosas.

A deficiência de vitamina “A” diminui a resistência às infecções (Drumond, 1919). McCollum e Staenbock assinalaram o fato em relação às afecções do aparelho respiratório. Paralelamente essa vitamina tem influência na calcificação dos ossos e dos dentes (Lady Nelhamby e Marshall, Wolbach e Howe, citados por Ruy Coutinho), especialmente no período da formação desses.

Tem sido observado, igualmente, que o crescimento é retardado nas regiões em que existe falta de alimentos que contenham vitamina “A” ou sua provitamina.

A vitamina A tem influência nos processos evolutivos do desenvolvimento do organismo e sua falta provoca danosos efeitos sobre a vitalidade. Isso explica a importância da vitamina A no funcionamento do aparelho sexual e em suas múltiplas manifestações com tantas relações de causa e efeito no equilíbrio orgânico.

Vamos às fontes de Vitamina A: retirou da cenoura uma substância à que chamou caroteno, que em experiências de outros investigadores se provou ser a provitamina “A” (Capper, 1930) com o qual se conseguiu curar doenças de carência por avitaminose A.

O caroteno encontra-se em todos os alimentos que contêm substâncias amarelas e vermelhas, e também verdes. O caroteno transforma-se no organismo em vitamina A, de onde sua denominação de provitamina A. As principais fontes são: hortaliças, legumes e frutas verdes e amarelas. As folhas mais verdes são mais ricas do que as esbranquiçadas, da alface, da couve e do repolho, as hortaliças amarelas, quanto mais pigmentadas, mais ricas em caroteno.

No regime alimentar lacto-ovo-vegetariano encontramos fartura de vitamina “A”: no leite, na manteiga, no ovo, nas hortaliças: cenoura, abóbora, alface, agrião, espinafre, batata doce, tomate, couve. Entre as frutas: mamão, manga, pêssego, goiaba, ameixa. Entre os temperos, a salsa é riquíssima.

As dietas pobres em gordura interferem desfavoravelmente na absorção da vitamina “A” que é lipossolúvel, dificultando-a.

Vemos, por esses lados, que o regime alimentar lacto-ovo-vegetariano se recomenda, se tomarmos em consideração a necessidade de vitamina “A” para a conservação da saúde.

A alimentação do brasileiro é pobre em vitamina “A”, pois, em geral, nossos patrícios preferem a carne às verduras e frutas, consumindo pouco leite e pouco ovo.

Sendo lacto-ovo-vegetarianos, encontramos, na alimentação, além da vitamina “A” de tanta importância no equilíbrio funcional orgânico, outras vitaminas e princípios nutritivos de grande importância.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1970)

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