Nada há de mais sagrado do que o estudo da Terra e do Universo
É-nos grato observar o grande grau de cooperação entre os vários grupos de cientistas de todas as nações do mundo. Está sendo feita uma poderosa concentração de esforços para estudar e correlacionar fatos que contribuam para o estudo do Universo: a formação da Terra e sua atmosfera, o espaço estelar e até as estrelas são objeto de cuidadosa observação. As expedições ao polo Norte e ao polo Sul bem como as equipes de geofísicos nos diferentes países estão relatando o resultado de suas pesquisas. Todo o fenômeno natural; os vulcões, os tremores de terra, a crosta terrestre e suas regiões mais profundas, os temporais e a ionosfera também estão sendo examinados, num esforço para arrancar da Mãe Natureza todos os seus segredos.
Para os Rosacruzes nada há de mais sagrado do que o estudo da Terra e do Universo, pois aí encontramos as manifestações visíveis do Deus Único, e quanto mais aprendemos sobre Sua obra, mais reverenciamos toda vida. O ser humano também é um universo — em miniatura — criado e mantido pelo mesmo Criador que formou o Universo, e todos os Rosacruzes endossam este grande esforço para maior conhecimento do Universo que redundará em maior conhecimento sobre o próprio ser humano. Esperamos sejam feitas muitas revelações que consubstanciarão muitos dos ensinamentos contidos no “Conceito Rosacruz do Cosmos” especialmente no que se refere à formação do nosso Sistema Solar e ao aparecimento da própria Terra.
Se você, leitor Amigo, estivesse entre os primeiros a fazer um fantástico voo do foguete pelo espaço para pousar na Lua, lá chegando, devido à falta de atmosfera, você veria claramente a esfera terrestre, seus oceanos, seus grandes lagos, suas cadeias de montanhas, os continentes e os vários rios que, como artérias, alimentam a terra rica.
Tudo isso você veria a “olho nu” e se você olhasse atentamente para a fronteira entre a China e a Mongólia, poderia ver o contorno de uma estrutura gigantesca que permanece como testemunho imortal da fragilidade da consciência humana.
O seu conhecimento de História lhe dirá que você está vendo — talvez pela primeira vez — a Grande Muralha da China, a única construção humana visível do seu observatório na Lua. Com renovado interesse você, sem dúvida, se lembraria que esta muralha, agora com 2.000 anos de idade, e que levou séculos para ser construída, tem 1.900 quilômetros de comprimento, 6 a 9 metros de altura e 5 a 8 metros de largura.
Você se lembrará que esta grande muralha foi construída pelos chineses para se protegerem contra os bárbaros Mongóis do norte. Nessa muralha existem vários portões que estavam sempre guarnecidos com soldados chineses, o seu conhecimento de História lhe dirá que os chineses, com essa proteção, sentiam-se seguros dentro dos limites do seu próprio país — pois, que inimigo poderia assaltar essa grande muralha sem se arriscar a fracasso certo? No entanto, essa grande barreira foi impotente para bloquear as hordas invasoras do norte. “
Na verdade, os chineses haviam construído uma muralha externa de defesa inexpugnável, mas foram negligentes na constituição de defesa contra a subversão e a traição interiores. Um dos guardas de um dos portões foi subornado com sucesso pelo inimigo e dessa maneira a muralha pôde ser atravessada e a China tornou-se presa fácil para a pilhagem do invasor.
Afastado dos cuidados do mundo e ainda permanecendo na superfície da Lua, seus pensamentos filosóficos poderão conduzi-lo a pensar que embora isto tenha acontecido séculos atrás, talvez ainda envolva uma lição para o presente. Durante a vida, erigimos em torno de nós uma barreira humana destinada a proteger-nos contra os perigos da vida. Protegemos o corpo com vestimentas, com habitações e com alimento. Lutamos para conseguir um lar, um trabalho, saúde e felicidade. Em poucas palavras, da mesma maneira que os chineses usaram pedras e barro da terra para construir essa grande Muralha, também nós tomamos as substâncias terrestres e, com os nossos pensamentos e esforços, erigimos uma muralha ao nosso redor:
Mas, estaremos nós, ao mesmo tempo, cuidando de fortificar o ser humano interior com as qualidades de alma que nos fortalecerão quando vier a adversidade ou quando chegar a ocasião de lutar, ou estaremos cultivando falhas de caráter para sabotar todo o trabalho de nossas mentes e de nossas mãos? Os compêndios de História estão cheios de casos de grandes personagens que construíram impérios poderosos por meio de grandes sacrifícios e de esforços nobres, porém que, falhas aparentemente insignificantes causaram suas quedas e a subsequente destruição de tudo o que fizeram.
Você poderá ter a filosofia mais inspiradora da alma existente no mundo; poderá subscrever os maiores conceitos sobre a vida; poderá ser intelectualmente versado nos maiores segredos da Natureza, e, apesar disso, ter ainda uma falta, uma deficiência, um desenvolvimento mesquinho do caráter que anulará todos os serviços prestados no seu esforço de ser humano. Quando o céu está limpo, ensolarado, quando tudo vem ao nosso encontro, achamos fácil conduzir o barco da fortuna, mas, permaneceremos de pé quando chegarem a adversidade, o fracasso e as perdas?
É bom e é justo que queiramos melhorar o nosso quinhão na vida, mas quando fizermos isso, estejamos sempre certos de que estamos também construindo as qualidades interiores, da alma, que são as únicas que permanecerão quando todos os bens terrestres e todos os amigos tenham desaparecido.
Apresenta-se então a fórmula: enquanto você estiver atarefado neste mundo, construindo para si uma vida boa e metódica, não se esqueça de fortificar seu “eu interior” com aspirações de crescimentos moral e espiritual. Deixe que desapareçam suas faltas menores, deixando de alimentá-las e pense que você não está apenas crescendo interiormente, mas também está se fortalecendo para prestar maiores serviços no mundo exterior.
Sim, os cientistas atuais estão com seus olhos voltados para o céu e sabem que se quiserem ter sucesso em suas experiências nos longínquos espaços estelares deverão obedecer rigorosamente às leis conhecidas da matemática e da mecânica. A mais ligeira imperfeição neste satélite redundará em fracasso e todos os meses de trabalho e de estudos terão sido inúteis; mas se forem cuidadosos no seu trabalho e construírem a esfera com perfeição, tanto a parte externa como a interna, e se ele for lançado convenientemente, este satélite, por lei natural, circulará o globo terrestre sem esforço posterior, fornecendo à humanidade valiosas informações sobre este inexplorado mundo do espaço.
Aqueles de nós que estamos interessados na verdadeira realização e desenvolvimento espiritual sabemos que também somos cientistas — cientistas da alma — e que o que é verdade para o cientista material também o é para nós. Quando um cientista resolve fazer o lançamento de um satélite, fixa sua Mente em coisas mais elevadas, que requerem os mais altos conceitos de matemática, de tempo e de espaço. Em última análise, nós não podemos consentir pequenas imperfeições na consciência humana porque elas impedirão a alma de atingir a perfeição que lhe é destinada. E isso, em verdade, não é difícil, porque afinal é preciso tão pouco poder de vontade e tão pouco esforço para corrigirmos as falhas de caráter e os defeitos que nos cercam.
E quando nos sobrepusermos a essas faltas, nossa visão espiritual revelará maiores campos de ação, até que, finalmente, sem esforço aparente, como o satélite da Terra, mover-nos-emos dentro do Corpo de Deus e melhor serviremos à humanidade. Seja essa nossa única meta enquanto subimos a escada estrelada que nos conduz ao Pai.
“O céu não é atingido com um só pulo; Construímos a escada pela qual subimos. Da vil Terra aos céus abobadados. E atingimos o zênite passo a passo.”
(Holland)
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de abril/1978)