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PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Como Combater o Bom Combate

Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, o Senhor falou a Josué, filho de Nun, ministro de Moisés, dizendo: “Moisés, meu servo, está morto; levanta-te, pois, agora, passa por este Jordão, tu e todo este povo, para a terra que eu dou aos filhos de Israel. Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, eu tenho dado a ti, como disse a Moisés. Desde o deserto e este Líbano até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus e até ao grande mar, ao pôr do sol, tudo será vosso. Durante todos os dias da tua vida ninguém poderá resistir diante de ti; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.” (Js 1:1-5).

Tratava-se de uma dádiva magnífica, acompanhada de uma promessa do Deus da criação que garantia o êxito de Josué, desde que esse cumprisse as ordens que lhe fossem dadas. Josué[1] olhou para a Terra Prometida e viu logo a fertilidade dela, os seus tremendos recursos, as suas possibilidades ilimitadas — uma terra da qual, de fato, emanam leite e mel. Mas, não foi só isso que ele viu. Viu ali os filhos de Anaque[2], homens de enormes proporções, superfortes e sempre em alerta. Outras tribos também habitavam a terra, que não eram apenas de homens de força, mas homens treinados em todas as artes da guerra.

A Terra Prometida à qual os filhos de Israel deveriam ir e possuir representa o corpo humano. Josué simboliza o Ego. O rio Jordão simboliza a separação, na medida em que separou os filhos de Israel da Terra Prometida. O sacerdote, que conduzia a Arca da Aliança em que Deus estava, representa os nossos princípios mais elevados e nobres.

Como se diz mais adiante na versão bíblica, logo após a travessia do rio foi necessária uma nova purificação em forma de circuncisão para que fossem afastados todos os que não fossem dignos. E como é verdade que uma purificação semelhante era exigida de cada indivíduo quando ele decide, em seu coração, atravessar o rio! Uma grande prova o confronta, na qual o seu próprio coração é levado a sangrar.

Essa terra, com a sua população variada, suas tribos e clãs, suas cidades muradas e fortificadas, representa os nossos vários pecados e fraquezas, individuais e coletivos. Como eles se destacam em desafio a nós! Agora começamos a entender por que a ordem foi destruir total e completamente todos os habitantes. Não é difícil entende esses gigantes da tribo de Anaque. São os nossos maiores pecados. Como eles nos atrapalharam em nosso caminho! E os muitos outros pecados, alguns dos quais são velhos e grisalhos no serviço, quantas vezes nos confundiram e desafiaram o nosso direito de progredir! E depois da batalha, quando o conflito terminou, quantas vezes regressamos exaustos e sangrando pelas muitas feridas! Mas, quando o coração sangra, é então que o Espírito de Cristo se precipita, e não só renova as nossas forças, como as aumenta muitas vezes, permitindo assim que façamos coisas ainda maiores.

Há outra classe de pecados que é representada pela mulher, aquela classe em relação à qual exibimos uma espécie de atitude respeitosa. Não nos sentimos inclinados a entrar em conflito com eles. Não parecem causar dano algum e, além disso, temos um prazer considerável junto a eles. Assim são os pecados das formas menores de sensualidade. Eles são mais atraentes ou menos e não nos sentimos dispostos a ser violentos com eles; consequentemente, deixamos de cumprir a ordem de destruir totalmente “todos os que estão na cidade, tanto homens quanto mulheres” e, assim, poupamos esses pecados, que aumentam em força para nossa confusão posterior.

O último pecado que gostaria de mencionar é o da classe infantil. É aqui que muitos falham. Esses pecados, tal como os bebês, parecem inofensivos e inocentes. Já ouvi pessoas dizerem: “Por que abençoar sua vida? Minha querida e velha mãe fez isso e aquilo todos os dias de sua vida e foi para casa de Deus e certamente não há mal algum nisso; pelo menos eu não consigo ver algum”. Amigos, quando chegarem ao fim do caminho, quando o Sol se puser sobre o último dia da sua vida e vocês se encontrarem aquém da meta, vocês procurarão a causa nas páginas do livro da vida e verão que não foram as “cidades muradas” que pareciam inexpugnáveis nem os “filhos de Anaque” com quem lutaram tão valentemente; mas, o grande número de “crianças” que não conseguiram destruir. Foram os pecados infantis, de aparência bastante inocente, que obscureceram a sua visão e os fizeram ficar aquém do prêmio. Por isso, tenham cuidado e não se deixem enganar: destruam totalmente todos os pecados.

Temos que deixar de lado todo o peso e os pecados que tão facilmente nos assaltam e correr com paciência a corrida que nos está proposta. Depois, no final, tendo vencido a corrida, poderemos dizer: “Combati o bom combate, guardei a fé, matei todos os meus inimigos internos[3]. Por conseguinte, será reservada para nós uma coroa de justiça.

(Publicado na Revista Rays from the Rose Cross de outubro de 1920 e traduzido pelos irmãos e pelas irmãs da Fraternidade Rosacruz em Campinas-SP-Brasil)


[1] N.T.: Moisés era um representante da Era de Áries e não poderia auxiliar o povo escolhido a entrar na Era de Peixes. Isso conseguiria Josué, o filho de Nun, ou melhor, Jesus, o filho de Peixes; a Era de Peixes.

[2] N.T.: ou filhos de Enaque (Num 13:22 e 33).

[3] N.T.: IITim 4:7

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