Pergunta: Quando um ser humano paga aqui as suas dívidas, cuida da sua família e vive uma vida honrada não estará em excelentes condições no outro Mundo?
Resposta: Não, exige-se algo mais. Há muitas pessoas que julgam ser isso suficiente, no entanto, passam tempos nada invejáveis no Mundo do Desejo após a morte. Naturalmente, devem ser respeitadas, mas somente sob o ponto de vista desta existência. Na verdade, precisamos cultivar algumas tendências altruístas para progredirmos além do nosso presente estágio evolucionário.
Encontramos pessoas que negligenciaram seus mais altos deveres na quarta região do Mundo do Desejo (onde está a Região Limítrofe) após a morte. Há o ser humano de negócios que pagou o valor justo pelo que recebeu, que foi honesto com todos, que trabalhou para o progresso material da sua cidade e país como um bom cidadão, recompensou seus empregados com ótimos salários, tratou sua esposa ou seu marido e família com respeito, deu-lhes tudo que há de melhor, etc. Ele pode até, por causa deles, ter erigido uma igreja, ou até ter feito doações generosas para isso, ou ainda ter construído bibliotecas ou fundado instituições. Contudo, ele não se deu. Ele só se interessou pela igreja por amor à família ou à respeitabilidade, ele não colocou seu coração nisso, pois o seu coração estava todo nos negócios, em ganhar dinheiro ou alcançar uma posição de destaque no mundo.
Ao entrar no Mundo do Desejo, após a morte, ele é considerado bom demais para passar pelo Purgatório, mas não o bastante para entrar no Céu. Ele tratou a todos com justiça e não prejudicou ninguém. Portanto, nada tem a expiar. Todavia, tampouco fez algo meritório que o habilitasse a uma vida no Primeiro Céu, onde o bem da sua vida passada é assimilado. Sendo assim, permanece na quarta região do Mundo do Desejo, isto é, entre o “Céu e o Inferno”. A quarta região, que é a região central do Mundo do Desejo, é onde o sentimento é mais intenso. O ser humano tem aí ainda um desejo profundo pelo mundo dos negócios, mas não pode mais comprar nem vender, e sua vida se torna terrivelmente monótona.
Tudo o que doou às igrejas, instituições, etc. não é considerado, pois não colocou nisso o seu coração. Somente quando damos por amor é que a dádiva nos trará felicidade no outro Mundo. Não é o valor que damos, mas o espírito que acompanha o ato é que importa; portanto, todos podem dar e se beneficiar, tanto a si como aos outros.
Entretanto, a distribuição indiscriminada de dinheiro leva, frequentemente, as pessoas à indigência e ao esbanjamento. Por esse motivo, devemos manifestar amizade, uma simpatia sincera, ajudar as pessoas a terem fé em si mesmas, colaborar para que se reergam com novo ânimo após uma dura queda, isto é, nos dar por meio de serviços prestados à humanidade. Com estas atitudes estaremos acumulando tesouros no céu, mais preciosos que o ouro. Cristo disse: “Os pobres estão sempre conosco”. Podemos não ser capazes de levá-los da pobreza à riqueza, o que talvez não seja o melhor para eles, mas podemos encorajá-los a entender a lição a ser aprendida na pobreza; devemos levá-los a uma visão melhor da vida e, se o ser humano indicado na pergunta não tiver agido por amor, ele não estará “bem” após a morte; sofrerá aquela terrível monotonia que o ensinará a preencher a sua vida com algo que tenha real valor. Assim, em vidas futuras, a sua consciência o estimulará a fazer coisas melhores do que ganhar dinheiro, conquanto não negligencie seus deveres materiais, pois isso seria tão condenável quanto o fato de rejeitar a realização espiritual.
(Pergunta nº 15 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz – SP)
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