Objetivos de um Verdadeiro Aspirante Rosacruz
Ninguém pode sentir-se feliz vivendo somente para si. Quem assim encaminha sua existência mal pode prever os desditosos resultados de tão triste semeadura. Não nos espanta saber que a sociedade moderna é um imenso agrupamento de pessoas acometidas de diversas formas de neurose. A neurose é uma doença; é um mal provocado por uma vivência centrada no egoísmo.
O neurótico, além de egoísta, tende a ser egocêntrico (eu+centro). Isto é, a colocar-se no centro de todas as coisas, como se fosse a pessoa mais importante do mundo. Isso, obviamente, gera conflitos e lhe traz sérios aborrecimentos. O indivíduo acaba por sentir-se isolado, solitário, incompreendido. Na verdade, ele se tornou incapaz de dar amor.
Os três grandes males ou pecados da nossa era: “o egoísmo, a impaciência ante as restrições e o orgulho intelectual” nada mais são que expressões neuróticas. A vida moderna, se o ser humano não orar e vigiar, tende a atirá-lo na turbulenta correnteza da competição e do hedonismo. São muitas as ciladas e sutis suas aparências. Para quem se deixou envolver pelos condicionamentos sociais, ou se há muito se acomodou ao ritmo e embalo da nossa colorida civilização, tudo isso parece normal. A anomalia consiste em não agir conforme esses parâmetros.
Como proceder, então, diante desse quadro pouco edificante?
Os Ensinamentos Rosacruzes preconizam uma vivência equilibrada.
“Viver no mundo, mas não ser do mundo” (Jo 17: 15-16) é uma boa filosofia de vida. O estudante Rosacruz entende não deve isolar-se só porque as condições do meio onde vive são incompatíveis com seus princípios. Alienar-se é um erro grave. A reparação deverá ser feita no devido tempo. Fugir as responsabilidades é passar ao largo de experiências valiosíssimas.
Evitar pessoas incapazes de falar a sua linguagem espiritual ou impotente para libertar-se de uma mentalidade materialista não lhe trará benefício algum. Saber relacionar-se sem perder sua identidade ou autenticidade é um indício de crescimento espiritual.
Ao estudante Rosacruz cabe cultivar algumas habilidades. Deve ser flexível e tolerante para com os defeitos alheios, mas vigilante para consigo mesmo. Em suma, é bom aceitar as pessoas como elas são, sem, entretanto, deixar-se abalar em suas convicções.
No convívio espiritual cabe-lhe fazer valer suas qualidades e competência isento, porém, de qualquer intenção de competir. Sem pretensões descabidas, trabalha honestamente, confiando na Justiça Divina que dá a cada um segundo seu merecimento. Se a ascensão profissional sobrevier como fruto de seus esforços saberá entendê-la como um meio de fazer o bem e não um fim em si mesmo. Infelizmente os seres humanos, em sua maioria, subverteram o sentido das coisas.
O estudante Rosacruz esforça-se por ser um exemplo no meio em que vive. Cuide-se, entretanto, de que isso não o torne vaidoso. À medida que avançamos no caminho da espiritualidade, as armadilhas revestem-se de sutilezas; as falhas de caráter assumem ares de virtude, e o tombo acaba por tornar-se perigosíssimo.
Fique atento o aspirante Rosacruciano: Viva o mundo material, mas cultive seu mundo interior, tendo sempre presente que o “Reino de Deus está dentro de si mesmo” (Lc 17:21) e deve governar todos os seus passos. Por falar em passos, evite viver apressadamente, como aqueles que correm desesperadamente atrás de algo que nem sabem definir o que seja. Trabalhamos para viver e não para morrer. A serenidade nunca está com pressa, jamais é impaciente e com falta de tempo. Segundo Goethe, “a felicidade não é um prazer transitório, mas a longevidade de um poder secreto”.
Se o mundo adora a sofisticação, o estudante ruma em sentido contrário: prefere a simplicidade. É mister redescobrir a simplicidade – simplicidade no viver, simplicidade nas atitudes com relação ao mundo e a outras pessoas. Os prazeres simples trazem mais duradouros benefícios.
As simples qualidades cristãs de amor e bondade, embora nem sempre apreciadas em nossa avançada sociedade tecnológica, são ainda as melhores fontes de felicidade.
Tudo isso é muito importante, mas a suprema meta do Estudante Rosacruz deve ser a consagração de sua vida a servir a humanidade. Os elevados e compassivos seres que regem nossa evolução necessitam, em sua missão benfeitora de obreiros, de auxiliares aqui no plano físico. Quanto mais nos conscientizarmos do alcance desse labor, mais dispostos estaremos a servir. É um privilégio participar desse plano de redenção, mormente dedicando nossos esforços a Obra Rosacruz. Os Irmãos Maiores se regozijam quando o aspirante, superando as limitações do egoísmo, expressa o Amor Crístico, cultivando um sentimento impessoal e universal de solidariedade. Terá dado o primeiro passo ao assumir a condição de Auxiliar Visível, e, posteriormente, Auxiliar Invisível inconsciente.
Com o decorrer do tempo suas faculdades internas florescerão a níveis sequer imagináveis, ensejando-lhe converter-se em Auxiliar Invisível consciente. Terá, então, o passo além do véu.
(Revista Serviço Rosacruz – 06/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)
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