O Significado Oculto da Sexta-feira, conhecida como “da Paixão”

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Significado Oculto da Sexta-feira, conhecida como “da Paixão”

O Significado Oculto da Sexta-feira, conhecida como “da Paixão”

Disse São João da Cruz, em um dos seus poemas:
“Oh Deus! Oh Deus meu! Quando será o dia
Que poderei dizer com toda a certeza
Que estou vivendo e vivo, deixando de morrer.”

A resposta a esse poema foi dada por Cristo Jesus, na hora de sua crucificação, há quase dois mil anos. Seguindo os Seus passos, no caminho do Gólgota, encontramos o Caminho da Vida, apesar que, aos nossos olhos, a morte ainda parece o fim de tudo. Mesmo se aparentemente isso é verdade, a morte é o fim, porém verdadeiramente se trata da morte para as ilusões do mundo, que consistem somente na casca, no invólucro de verdades reais. Esse é, realmente, o ponto de libertação almejado por todos os cristãos.

“Ninguém tem maior amor do que este dar a vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos” (Jo 15:13-14). Não há exemplo maior de como vivenciar essas palavras do que a própria vida do Cristo quando habitava o corpo de Jesus. O seu amor era tão forte e tão puro a ponto de permitir que fosse crucificado, provando, assim, em atos, o que pregava. Verdadeiramente, o Cristo é o Senhor do Amor. Esse fogo que queimava em seu interior era tão potente, o Seu amor tão divino, que na hora da Sua libertação do corpo físico, o mundo julgou que o Sol estivesse obscurecido.

Dois mil anos passados desse evento, os nossos corações estão sentindo, em vez de júbilo, os pesares deste mundo efêmero. Isso evoca desespero dentro de algumas pessoas, em vez de Luz. Porque nessas dores há intenso júbilo, gritando para ser libertado, e intenso amor, esperando a sua realização final.

Mostra claramente que o Cristo interno está crescendo e que o evento passado, ainda pode acontecer hoje em cada coração aspirante. Quando reverenciamos a Sua morte, estamos nos preparando para a Sua promessa: Vida.
Quando observamos a natureza, o paradoxo do binômio beleza e dor é evidente. A beleza pertence à natureza, enquanto a dor foi produzida por nós. Chamamos essa Sexta-Feira, a Sexta-Feira da PAIXÃO. Consultando o dicionário, veremos que essa palavra tem dois sentidos: primeiro, de intensa emoção e segundo, de intenso sofrimento. Um sentido é ligado ao outro. O amor que inunda o coração do cristão devoto em relação às dores da humanidade produz grande dor. Não é, porém, o mesmo tipo de sofrimento, como o sofrimento egoísta e carregado de sentimento inferior da humanidade em geral.

Foi dito que quanto mais acentuado o sentimento, tanto a pessoa sente também a realidade do oposto. Isso pode ser dito também sobre a Paixão, porque há, ao mesmo tempo, a realização do júbilo, um júbilo que transcende todo o entendimento, sentimento para o qual não há palavras. É o júbilo da Verdade, a Verdade que liberta o ser humano. É por isso que na Sexta-Feira Santa a natureza veste as suas melhores roupagens e toda a dor do mundo se condensa em imenso regozijo que parte do espírito e farta os nossos corações. O espírito das dores do mundo foi transmutado e liberado como o júbilo do Céu. Nesse ponto a natureza inferior foi vencida e purificada pela dor, e a Verdade afasta o véu de ilusões do mundo, mostrando ao espírito o Caminho de volta a seu lar. Nesse Caminho estamos andando todos nós, procurando observar o mandamento do Cristo, de amar a Deus com todo o nosso coração, com toda a alma e com toda a Mente. Nós, pela virtude de Cristo, temos a oportunidade de continuar com os nossos passos na evolução, deixando para traz os assuntos mundanos, aproximando-nos das regiões espirituais. Como sabemos, os nossos esforços elevam o resto da humanidade e como um balão de hélio levanta uma carga pesada, também podemos erguer o mundo, trazendo, ao mesmo tempo, a sua consciência para pensamentos mais elevados. É uma grande responsabilidade, como bem o sabemos, e não deve haver lentidão em nosso passo evolutivo. Não deve haver paradas quando as frivolidades do mundo nos acenam. Devemos tratar dos negócios de nosso Pai.

Enquanto progredimos, trabalhando e orando sem cessar, sem que o sintamos, sem que nisso pensemos, o dia da libertação se aproxima. Há três dias de manifestação nos esperando, se nos provarmos dignos. Caso contrário, fazemos o papel de Judas, em relação a nós mesmos e a todo o mundo. AGORA é o tempo certo. Amanhã será tarde demais. Esforcemo-nos em VIVER o amor.

Guardemos o Cristo dentro dos nossos corações, empenhando-nos em não magoar ninguém, e cumprir o nosso dever, para o bem da humanidade.

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 04/76 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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