O Sentido Metafísico da Expressão Corporal

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Sentido Metafísico da Expressão Corporal

O Sentido Metafísico da Expressão Corporal

A dança, como arte, ainda não foi entendida nos seus aspectos mais profundos. Seu aprendizado conquistou grande popularidade nos dias atuais, devido principalmente a razões de ordem estética. Pela cabeça de ninguém passa a ideia de que essa arte maravilhosa tenha conotações metafísicas.

Na expressão corporal encontramos a primeira forma de comunicação do ser humano. E como as primeiras sociedades humanas eram teocráticas, encontramos a dança inserida nos rituais religiosos, como meio de comunicação com a divindade. Mediante o do movimento o ser primitivo exprimia seus sentimentos e aspirações.
Platão, na Grécia, vislumbrava na dança a possibilidade de se erigir uma nova ordem social. Mas, à sua visão, essa arte só poderia atingir seus elevados objetivos se considerasse o ser humano em todos os seus aspectos: físico, emocional, mental e espiritual.

Com o passar do tempo a expressão corporal perdeu o sentido místico. Por ser considerada uma política pagã e mundana, acabou sendo abolida da ritualística nos templos, até permanecer como simples arte ligada apenas à beleza plástica.

No final do século passado surge nos Estados Unidos a figura de Isadora Duncan1, revolucionando a dança na tentativa de dar-lhe um alcance social.

A natureza foi a principal fonte de inspiração de Isadora, tendo ela, por ter vivido muitos anos no litoral, atribuído ao ritmo das águas a sua primeira ideia de movimento.

Essa mulher extraordinária foi uma autodidata, procurando inspiração artística e filosófica em luminares como Platão, Shakespeare e o grande poeta americano Walt Whitman. Ela imaginava, tal como Platão, que o filósofo e o dirigente político ideal, pois sua ação enseja a formação de valores em cada indivíduo. E esse objetivo, pensava, só se atinge por meio de um sistema educacional integrado em que o ser humano fosse tratado também como um ser integral. Chegou até a adotar quarenta crianças para ministrar-lhes uma educação especial, onde se destacava o uso de vestimentas adequadas (túnicas leves e sandálias) e alimentação vegetariana.

Sobre Walt Whitman, um de seus inspiradores, ela assim se expressou: “Descobri a dança. Descobri a arte que estava perdida há dois mil anos. O senhor conseguiu criar um magnífico e artístico teatro. Entretanto, nele falta algo que fez a grandeza do antigo teatro grego. É a arte da dança – o trágico “chorus grego”. Sem isto, ele tem apenas o tronco e cabeça, faltando-lhe pernas para ir adiante. Trago-lhe a dança. Trago-lhe a ideia que há de revolucionar totalmente a nossa época. Onde foi que a descobri? A beira do Pacífico, junto das ondulantes florestas de pinheiros da Serra Nevada. Eu vi a figura ideal da mocidade americana dançando no alto das Montanhas Rochosas. O poeta supremo da nossa terra é Walt Whitman. Em verdade, sou filha espiritual de Walt Whitman. Para as crianças da América quero criar a dança que seja a expressão da América. Trago para o seu teatro o sopro vital que lhe falta, a alma da dança. O teatro nasceu da dança. O primitivo ator foi um dançarino. Foi assim que nasceu a tragédia. E, enquanto o bailado, na espontaneidade de sua grandeza não voltar ao teatro, este não poderá viver a sua verdadeira expressão”.

Para Isadora Duncan a dança é um meio do ser humano descobrir seu corpo e conhecer-se a si mesmo. É importante o ser humano conhecer-se primeiro para melhor conhecer seus semelhantes. Isadora desencarnou em 1927.

 

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[1] N.R.: Isadora Duncan era o nome artístico de Dora Angela Duncanon. Precursora da dança moderna, ela propôs uma dança livre de espartilhos, meias e sapatilhas de ponta, apresentando-se com trajes esvoaçantes, cabelos soltos e pés descalços.

 

(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/85 – Fraternidade Rosacruz)

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