O Presente de Celestia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Presente de Celestia

PRESENTE DE CELESTIA

Era uma vez, há muito, muito tempo atrás, um Rei muito bom e uma encantadora Rainha que reinavam sobre diversas províncias, as quais visitavam anualmente. Foi anunciado pelo mensageiro do Rei, que O Rei e a Rainha visitariam certa província num certo dia e que aquele que desse à Rainha o melhor presente, seria recompensado por ela de uma maneira apropriada.

Foram feitos planos para receber os ilustres hospedes e grandes preparativos foram iniciados pelas pessoas, cada uma tentando superar a outra no preparo do presente para a Rainha. A vinda do casal real era o assunto da província. As pessoas estavam muito agitadas quando finalmente o dia chegou.

Nessa província morava Celestia com sua avó. A mãe de Celestia passou para o mundo invisível quando Celestia nasceu deixando o minúsculo bebê aos cuidados da vovó. Vovó deu-lhe o nome de Celestia,” porque, disse ela, a pequenina era como uma estrela do céu que veio para iluminar sua velhice. Elas eram muito pobres e quando ouviram as maravilhosas notícias sobre a vinda do Rei e da Rainha, a vovó meneou sua cabeça grisalha e perguntou a si mesma, como elas poderiam presenteá-los.

Celestia, nos seus nove aninhos, nunca tinha visto o Rei e a Rainha; mas ela desejava, com uma intensidade de criança, ver essas pessoas tão distintas e dar-lhes um presente valioso. No dia anterior ao grande evento, ela veio correndo para sua avó:

– Eu o tenho, ela disse excitada, minha pombinha! Minha linda pombinha branca! Vovó, eu quero dar minha pombinha à Rainha!

Mas a vovó balançou sua cabeça.

– Não, minha estrela brilhante, tua pombinha não ficará com a Rainha. Ela voltará para ti. Deves pensar em outra coisa.

Celestia ficou desapontada e triste. Ela sentou-se num banquinho perto da janela, pôs sua cabeça na beirada da janela e começou a pensar. Ela adormeceu, seus cachos amarelos brilhavam como ouro a luz do Sol. Vovó acomodou-se em sua cadeira e também dormiu. Era de tardezinha e vovó sempre tirava uma sonequinha nessa hora. Ela foi acordada por Celestia que puxava seu avental e tocava gentilmente em sua face.

_ Vovó, disse Celestia, suavemente, eu tive um sonho maravilhoso! Eu vi um lindo anjo todo de branco, resplandecente. Sua face parecia um retrato da mamãe. Ela veio e parou em minha frente. Eu me senti tão feliz! Então, ela me disse:

a Rainha o teu amor, minha filha.

– Eu pisquei os meus olhos, ela foi embora e eu acordei. Não foi um lindo sonho, vovó?

A vovó acariciou os brilhantes cachos de Celestia e respondeu pensativamente:

Sim, filha, dê à Rainha o teu amor, pois o presente sem a doador é vazio; mas guardarás um pouquinho para a vovozinha, não é?

– Vovó, eu a amo mais que tudo; mas eu preciso escrever a Rainha e contar-lhe como a amo, pois isso é tudo que tenho para dar-lhe. Ela é linda, não é vovó?

Celestia pulou para sua caixa de tesouros onde guardava alguns pedacinhos de papel que eram muito raros e que tinha conservado como um tesouro, por muito tempo. Com uma pena de ganso ela escreveu em rima seu amor e adoração pela linda Rainha. Preencheu algumas pequenas páginas, remexeu novamente sua caixa de tesouros e encontrou um pedaço de fita azul que vovó lhe havia dado e lhe contara que essa fita tinha enfeitado seu primeiro vestido de bebê. Com a fita azul ela amarrou as folhas juntas.

– Amanhã iremos ver a Rainha, ela disse à vovó, mostrando-lhe as páginas escritas.

O nascer do Sol encontrou-as acordadas e prontas para sair. Celestia estava com uma roupa vermelha com remendos pretos (pois vovó não tinha outro material com que remendar seu vestido) e pesados tamancos, mas com uma face rosada e resplandecente e com seus lindos cabelos bem escovados. Vovó colocou o xale sobre seus ombros curvados, pegou sua bengala e saíram. Não muito longe da sua casa, elas foram alcançadas por um velho amigo que ajudou vovó a sentar-se ao lado dele na carroça e colocou Celestia nas costas de um grande boi avermelhado que puxava a carroça. De repente, Celestia assustou-se com um bater de asas, era a sua pombinha de estimação que pousou em seu ombro e permaneceu com ela na viagem.

Perto da província havia um vilarejo onde o povo construira um grande celeiro. Esse celeiro também servia como uma casa comunitária onde os fazendeiros, algumas vezes, se reuniam para um festival. As pessoas escolheram o celeiro como o lugar mais apropriado para receber o Rei e a Rainha e o dia encontrou-as vindo de todas as partes da província trazendo seus presentes.

O Sol estava alto nos céus quando, subitamente, houve um tocar de trombetas e dois cavaleiros apareceram seguidos por uma carruagem dourada puxada por seis cavalos brancos. A cabeça dos cavalos estava ornamentada com plumas pretas e borlas douradas.

O Rei e a Rainha saíram da carruagem dourada, seguidos por dois pequenos pajens que seguravam a cauda do vestida da Rainha. A comitiva real caminhou até o celeiro e sentaram-se numa plataforma parecida com um trono, onde as pessoas traziam seus presentes e as colocavam para inspeção.

“Certamente,” pensou o homem mais rico da província, “eu irei obter a prêmio, pois quem poderá dar melhor presente do que eu?” E ele caminhou reto e orgulhoso, para colocar um belo tapete oriental aos pés da Rainha. O valor desse tapete era imenso e as cores esplendidas. A Rainha recebeu o presente com um sorriso e uma benção.

“Certamente, eu obterei a recompensa” pensou uma feliz esposa de um fazendeiro, “pois quem pode cozer no forno melhores pães do que esses?” Realmente, eles tinham uma deliciosa cor marrom dourada, redonda e perfeita na forma. A Rainha recebeu o presente com um sorriso e uma benção.

“Certamente, eu receberei o prêmio,” pensou um próspero fazendeiro, “pois não há melhor trigo no país do que este”; e carregou uma braçada de longas espigas amarelas e as colocou próximas aos pães. A Rainha recebeu o presente com um sorriso e uma benção.

Assim, cada um por sua vez, deram a ela os seus melhores presentes. Alguns trouxeram finos trabalhos de agulha. Um homem trouxe um monte de grãos dourados, maiores do que a cabeça de um homem. Outro trouxe um gordo leitãozinho. Um fazendeiro levou seu galo premiado. Uma mulher trouxe flores escolhidas que havia plantado. Um artista, pintor, trouxe sua obra-prima. Todas as artes e habilidades estavam ali representadas. Cada doador tinha certeza que seu presente era o melhor. A cada um, a Rainha deu um sorriso e uma benção.

Celestia, cheia de admiração, temerosa e tremendo, olhava as pessoas seguirem com suas oferendas. Em sua mão, ela segurava sua pombinha e o livreto de versos. Ela observava com olhos ansiosos os magníficos presentes e os trajes dos doadores. Todos vestiram-se no melhor estilo, com suas vestimentas de festa. E ela sabia que estava a mais pobremente trajada de todos. E seu presente? Ah, que presente pequenino comparado com os demais, ela pensou.

O último presente foi ofertado à Rainha. Celestia ficou bem atrás da porta da entrada, indecisa. Ela era tímida, mal vestida e seu presente tão pequeno! Mas, queria tanto dizer à Rainha como a amava! Ela fechou os seus olhos e tentou ganhar coragem. Por instantes ela viu o anjo e lembrou-se de seu sonho. A pombinha fez um movimento em suas mãos. Celestia olhou para seus olhinhos cor-de-rosa e sussurrou em seu ouvido. Ela colocou o livreto em seu bico e abriu sua mão. A pombinha voou diretamente para a Rainha e pousou tão docemente em sua mão que ela nem se assustou. A Rainha pegou o livreto, leu os versos e olhou a sua volta para ver para onde a pombinha tinha voado, em direção à sua dona.

– Você pode vir até aqui, garotinha? Ela perguntou.

Sua voz soou como um sino de prata e seu sorriso era tão convidativo que Celestia perdeu todo o medo e dirigiu-se a Rainha. Ela acariciou seus cachos dourados e disse:

– Que seja anunciado pelo mensageiro do Rei que o maior presente, que é o amor, foi realmente dado e a Rainha dará sua recompensa ao doador. Que venham as pessoas e testemunhem a recompensa.

Quando as pessoas se juntaram dentro do celeiro, a Rainha levantou-se e, colocando sua mão sobre a cabeça de Celestia, declarou em uma voz muito clara:

– Quero levar esta menina ao palácio do Rei onde se tornará uma Princesa.

Celestia ouviu essas palavras como se estivesse num sonho, mas lembrou-se da vovó e apressou-se a explicar a Rainha:

– Não posso ir, adorada Rainha, pois vovó ficaria muito só sem mim. Ela necessita de mim.

– Ah, minha filha, você tem um coração adorável. Não tema, vovó irá também, anunciou a Rainha.

Depois que o povo deu a festa, Celestia partiu na carruagem dourada atrás dos emproados cavalos brancos e a Rainha sentou-se tendo de um lado a menina e do outro lado a vovó. Quando chegaram ao Palácio do Rei, Celestia foi levada para um magnifico quarto onde a vestiram com um traje brilhante de cetim e chinelos dourados foram colocados em seus pés – como uma Cinderela! E como Cinderela ela cresceu e casou-se com um Príncipe muito atraente.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. I – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).

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