O Jardim da Fantasia

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Jardim da Fantasia

O Jardim da Fantasia

A Lua surgiu vagarosamente sobre a montanha e começou a observar um grupo de alegres flores coloridas que cresciam num velho jardim.

Quando a Lua viu a Libélula-Azul, por quem estava procurando, sua face redonda adquiriu mais brilho e disse:
– Libélula-Azul, é hora de levantar-se.

Libélula-Azul estava dormindo no miolo de uma Rosa-cor-de-rosa, mas quando a Lua lhe falou, ela moveu um pouco suas asas e continuou dormindo.

– É desse modo que você se comporta quando eu a chamo? Sorriu zombeteiramente a Lua, enquanto olhava para sua amiguinha delicada, de quem gostava tanto. Eu vou brilhar mais forte para ver se isso acorda você, acrescentou, enquanto enviava a ela um raio mais forte.

Libélula-Azul abriu um olho, fechou-o novamente e continuou a dormir.

A Lua ficou perplexa e disse:

– Meu Deus, será que aconteceu alguma coisa? Ela geralmente se levanta assim que a chamo!

– Não, está tudo bem, respondeu a Rosa-cor-de-rosa, em cujo miolo ela dormia. Eu quis que ela ficasse aqui, por isso dei-lhe uma grande dose de perfume para fazê-la dormir por mais tempo; quando eu a acordar, terá esquecido tudo sobre seu trabalho e ficará comigo. Por favor, vá embora e deixe-nos sozinhas.

A Rosa-cor-de-rosa se fechou de tal forma, que a Lua percebeu que não adiantaria mais argumentar com ela, pois a pequena Rosa dobrou suas pétalas em torno da Libélula-Azul como uma cortina, que a escondeu completamente da vista.

– Bem, bem, murmurou a Lua para si mesma, naturalmente não culpo a Rosa por amar a pequena companheira, pois todas nós a amamos, porém não há motivo para mantê-la só para si mesma. Eu não pensei que a Rosa-cor-de-rosa fosse tão egoísta. De qualquer forma já que a Libélula-Azul me pediu para acordá-la, devo fazer isso e ver se ela vai trabalhar; mas como posso fazê-lo?

A Lua permaneceu quieta por alguns minutos, desejando saber quem poderia ajudá-la. Então, seus olhos se dirigiram para uma pequena vila, não muito distante.

– Alô, Brisa, ela disse, dirigindo-se a um pequeno sopro de vento, vejo que você está fazendo suas travessuras como sempre.

– Sim, respondeu Brisa sorrindo, estou tentando tirar o chapéu daquele velhinho. Veja! E deu um forte sopro quase conseguindo derrubar o chapéu. Entretanto, o velhinho era bem rápido e pegou seu chapéu a tempo.

Brisa era persistente e gostava de fazer as coisas a seu modo. Riu e disse:

– Desta vez você conseguiu, companheiro, mas ainda vou pegar o seu chapéu.

Assim, depois de esperar alguns segundos, Brisa deu outro sopro inesperado; mas ainda desta vez o velhinho foi mais rápido e o vento não levou o seu chapéu.

Após observá-la por algum tempo, a Lua sussurrou misteriosamente:

– Brisa, conheço alguém com quem você poderá se divertir muito mais.

Verdade? replicou Brisa, virando-se para a Lua.Penso que vai ser bem difícil, pois estou me divertindo muito aqui.

Então, a Lua brilhou mais intensamente, pois ela viu algo que Brisa não tinha visto. Nesse momento, o velhinho subiu as escadas que conduziam a uma grande casa, abriu a porta e entrou.

A Lua, que gostava de uma brincadeira, deu uma piscada de olhos e maliciosamente disse:

– Talvez seja melhor você permanecer aqui, pois certamente está se divertindo muito. Vou procurar o seu primo.

Brisa deu um salto e respondeu:

– Sim, penso que é melhor, mas obrigado pela oferta. Até logo, disse soprando ao redor para continuar suas travessuras.Quando percebeu que o velhinho não estava mais lá, tornou-se muito brava e gritou.

– Por Deus, onde ele foi?

– Atrás daquela porta verde, no alto daquela escada, disse a Lua, com um doce sorriso. Agora você pode vir comigo.

Brisa contorceu-se com muito mau humor, mas vendo que nada podia ser feito explodiu numa gostosa gargalhada e respondeu:

Tudo bem comigo. Agora estou pronta para arreliar alguém de maneira nunca vista, e deu muitas piruetas.

– Isso é bom, disse a Lua, eu quero que você acorde a Libélula-Azul, porque a Rosa-cor-de-rosa deu a ela uma dose extra de perfume. Você deve soprar em torno dela para fazê-la tremer. Assim, talvez, seu leito macio não lhe pareça tão confortável. Ela mora perto daqui no jardim da Senhora Brown; tenho certeza de que você já esteve lá muitas vezes.

Brisa deu uma nova gargalhada e disse:

– Sim, já estive. Eu me diverti muito a semana passada provocando aquela simpática e gorda senhora. Estou muito feliz por ter uma desculpa para voltar lá e renovar nosso relacionamento. Estarei lá em poucos minutos.

– Muito bem, disse a Lua, dirigindo-se para o Jardim.

Poucos minutos depois, Brisa soprou, toda brincalhona e indo de flor em flor, chamava:

– Libélula-Azul, onde está você?

A Lua olhou as piruetas de Brisa por alguns minutos e disse:

– É possível que eu possa dizer-lhe onde está a Libélula-Azul.

– Naturalmenteque pode, replicou Brisa, enquanto dançava suavemente em volta de uma rosa, mas eu não quero que você me diga nada, pois estou me divertindo muito com esse jogo de esconde-esconde.

Depois, ela se agarrou a outra rosa que sacudiu com força, dizendo:

– O leito perfumado da Libélula-Azul está escondido no seu miolo, Rosa-Real?

– Não, a Libélula-Azul não me deu o prazer de sua companhia. Siga seu caminho, você está perturbando minhas pétalas, respondeu a Rosa-Real num tom irritado.

– Minha querida, Brisa sussurrou provocante, você parece muito mais atraente quando está irritada. Na verdade, eu preciso afrouxar suas pétalas um pouco mais, e deu-lhe uma outra sacudidela brincalhona.

– Vá embora, mal-educada, ou vou picar você, disse a Rosa-Real toda agitada.

– Minha querida, seu temperamento espinhento não pode me machucar. De fato, quanto mais você me provoca, mais eu me divirto e mais gosto de perturbar você, e Brisa sacudiu-a tanto, que sua tola dignidade desapareceu.

Brisa dançou alegremente em volta da Rosa-Real dizendo:

– Agora você parece mais uma Rosa-Real. Mas, devo ir porque se ficar com você, vou gostar muito de você e não será bom para Brisa apaixonar-se por alguém. Adeus, querida, disse Brisa airosamente, enquanto continuava suas travessuras em outro lugar.

– Que companheirona gozada ela é, pensou a Lua.Talvez demore muito até ela encontrar a Libélula-Azul; acho que não foi a melhor coisa trazê-la aqui. E nem é preciso falar nos estragos que ela pode fazer. Gostaria de saber como devo agir agora.

A Lua olhou em torno do jardim para ver se encontrava alguma solução para o seu problema. De repente, viu a advogada do jardim, a Coruja Marrom, parada na porta de sua casa, no tronco oco de um velho carvalho.

– Certamente ela poderá me dar um conselho, pensou a Lua. Assim, ela disse:

– Coruja Marrom, gostaria de saber se você pode me conceder um pouco de seu precioso tempo num caso de grande importância.

Coruja Marrom apresentou-se com muita dignidade piscando seus olhos muitas vezes, com uma inclinação de cabeça, respondeu vagarosamente:

– Fico sempre, contente em servi-la, Madame Lua.

Qual é o problema?

– Obrigada, disse a Lua, tinha certeza que poderia ajudar-me. Aconteceu uma coisa terrível. A Libélula-Azul foi sugada pela Rosa-cor-de-rosa, que se tornou muito egoísta e quer mantê-la consigo. Trancou-a no seu miolo e a mantém dormindo com seu perfume.

A Coruja acomodou-se confortavelmente e fixando seus grandes olhos redondos na Lua, disse, pausadamente:

– Você fez bem em me procurar; este é um assunto muito sério, e é necessário que se pense com muita cautela.

Sou realmente a figura mais indicada para lidar com um caso tão melindroso. Por favor, retire-se; preciso ficar sozinha para deliberar sobre esse acontecimento de uma forma calma e cuidadosa.

Sabendo que Coruja Marrom orgulhava-se do seu método “vagaroso, mas seguro” de pensar, a Lua agradeceu e acrescentou enfaticamente:

– Libélula-Azul tem um trabalho muito importante a fazer, e deve ser acordada na próxima meia-hora.

Aprumando-se mais, a Coruja disse:

– Por favor, não tente apressar-me, pois é contra minha natureza pensar num assunto com pressa. Estou certa de que Libélula-Azul não parou para pensar antes e entrar no miolo da Rosa-cor-de-rosa. Eu sempre disse que ela é muito precipitada, e eu…

Uma vez iniciado esse assunto, a Coruja continuaria por horas se encontrasse alguém para ouvi-la, mas, sabendo que o tempo era precioso, a Lua apressou-se em interrompê-la:

– Sim, eu sei como você se sente sobre tal assunto, Coruja Marrom, mas eu repito que se você não encontrar uma solução em 30 minutos, seu pensamento de nada adiantará, e foi embora bem aborrecida.

Com uma expressão triste em seus grandes olhos amarelos, a Coruja vagarosamente abanou sua cabeça e tranquilamente entrou em sua casa para ponderar sobre o assunto, de seu próprio modo.

Nesse momento, a Lua viu a Abelha-Mel e surpreendeu-se de vê-la a tal hora.

– Pelo amor de Deus, o que você está fazendo fora de sua colmeia? perguntou a Lua. Todas as boas abelhas devem estar em casa a essa hora da noite.

– Quieta, sussurrou a abelha. Por favor, não fale tão alto. Sei que o que você diz é verdade, mas estava tão cansada de fazer mel que resolvi brincar um pouco.

Muito séria, a Lua disse:

– O que aconteceria se a Mãe-Natureza a visse?

– Oh, por favor, não conte nada a ela, implorou a Abelha-Mel, olhando a sua volta nervosamente.

A Lua sorriu, dizendo:

– Eu nunca fui delatora, a menos que seja obrigada a isso. Mas, talvez tenha sido uma boa ideia você deixar a colmeia, pois necessito de alguém para ajudar-me e acho que você poderá fazê-lo.

– Sim, se eu puder ajudá-la ficarei feliz em fazê-lo, replicou a Abelha-Mel muito aliviada.

Então, a Lua falou-lhe sobre Libélula-Azul, acrescentando:

– Se você puder entrar nas pétalas da Rosa-cor-de-rosa e zumbir bem alto, acho que poderá acordá-la.

– Meu Deus, a abelhinha respondeu vivamente. Que criaturas estranhas são as rosas; você nunca sabe qual será sua atitude. Certamente devemos fazer algo com rapidez. A situação necessita ações e raciocínios ágeis, e eu sou a indicada para isso. Voarei já para lá e exigirei que a Rosa-cor-de-rosa solte Libélula-Azul imediatamente. Se ela recusar, eu direi a ela que nenhuma abelha irá visitá-la mais e que isso será uma grande desgraça.

E assim, ela se foi voando.

A Lua, com um olhar de desespero, a viu partir.

– Estou certa que ela não terá êxito, murmurou a Lua com tristeza. A Abelha-Mel age muito rapidamente e a Coruja muito vagarosamente; que pena que não possam ser colocadas num saco e sacudidas juntas. Só há uma coisa a

fazer: devo tentar encontrar alguém para ajudar-me.

Após pensar um momento, sua face redonda brilhou com prazer.

– Que estupidez a minha, perder todo esse precioso tempo, ela exclamou. Por que não pensei no Pássaro-Amor?

Ele é o único que me pode ajudar. É sempre tão charmoso e tem maneiras tão cativantes! Faz mais por manter o jardim em ordem do que qualquer outro ser.

Virando seus raios luminosos para os galhos delgados de um lindo chorão no canto do jardim, a Lua chamou suavemente:

– Pássaro-Amor, sinto muito perturbá-lo, mas há um assunto sério que necessita solução; você sempre nos ajuda tanto quando as coisas estão erradas, que achei melhor recorrer a você para ajudar-me.

O Pássaro-Amor olhou para a Lua e respondeu numa voz suave e feliz:

– Você sabe, Madame Lua, não há nada que eu aprecie mais do que desfazer uma complicação; diga-me o que aconteceu.

À medida que o Pássaro-Amor ouvia a história, um olhar tristonho surgiu em seus olhos e inclinando sua cabecinha para o lado, disse:

– Pobre Rosa-cor-de-rosa, será que ela não percebe que nunca será feliz aprisionando e guardando só para si Libélula-Azul? Eu irei lá imediatamente, conversarei com ela e vou mostrar-lhe um caminho melhor.

Então, beijando sua pequena companheira ao seu lado, e dizendo a ela onde ia, o Pássaro-Amor voou em direção à Rosa.

– Finalmente, achei quem tem todas as condições para resolver este caso, pensou a Lua, dando um grande suspiro de alívio.

Quando Pássaro-Amor chegou à Rosa-cor-de-rosa, ele pôde ouvir a Abelha-Mel que falava, zumbia e ameaçava. Mas, quanto mais barulho ela fazia, mais a Rosa-cor-de-rosa fechava suas pétalas e se recusava a ouvir.

Finalmente, Abelha-Mel virou-se para a Lua dizendo numa voz desgostosa:

– Fiz tudo o que me foi possível para que a Rosa-cor-de-rosa me ouvisse. Se eu não puder fazer nada com ela, ninguém mais pode, assim penso que você é tola em perder mais tempo tentando salvar Libélula-Azul. De qualquer forma, tenho mais a fazer. Até logo, e foi embora.

– Até logo, disse a Lua. Espero que a Mãe-Natureza não a veja, acrescentou pensativamente.

Pássaro-Amor pousou num galho perto da Rosa-cor-de-rosa e começou a arrulhar suavemente. Depois de alguns minutos, a Rosa-cor-de-rosa afrouxou um pouco suas pétalas, e enviou-lhe um sopro de perfume, como saudação amiga. Pássaro-Amor não deu atenção a isso, mas continuou com seu arrulhar. Ele parecia ter um poder mágico, pois a Rosa-cor-de-rosa gentilmente abriu suas pétalas dizendo:

– Como você é charmoso, passarinho; seu canto é tão acariciante. Não entendo o que você está dizendo, mas tenho certeza de que é algo maravilhoso.

– Sim, o amor é sempre maravilhoso, respondeu gentilmente Pássaro-Amor.

Amor! O que você sabe sobre isso? Perguntou a Rosa-cor-de-rosa numa voz desanimada.

– Muito, e isso me faz muito feliz, respondeu o Pássaro-Amor, chegando um pouco mais perto.

A Rosa-cor-de-rosa deu um profundo suspiro e sussurrou tristemente:

– Eu também era muito feliz antes de amar Libélula-Azul. Eu a prendi em meu miolo com medo de que alguém a tire de mim e, desde então, tenho sido muito infeliz.

A Rosa-cor-de-rosa deu um outro suspiro e duas gotas de orvalho caíram de seus olhos.

– Minha querida, disse o passarinho, a razão da sua infelicidade é que você tentou manter Libélula-Azul só para você mesma. Isso é algo muito egoísta e você sabe que o egoísmo roubará sua beleza, fará com que fique mal-humorada, murcha e não mais terá esse perfume delicioso para enviar a seus admiradores. Então, Libélula-Azul a abandonará. Se você aceitar o meu conselho, querida, envie Libélula-Azul de volta para o seu trabalho, pois todos devemos contribuir para manter nosso jardim bonito. Enquanto ela estiver longe, envie seu perfume mais doce e você será mais admirada, pois isso foi o que a Mãe-Natureza planejou para você. Garanto que Libélula-Azul voltará. 

Quando descobrir o quanto você esteve ocupada, como fez bem o seu trabalho, amará você mais do que nunca.

– É verdade? A Rosa-cor-de-rosa suspirou cheia de esperança.

– Sim, é a pura verdade, sorriu o Pássaro-Amor.

– E agora que você conhece o segredo da felicidade e como manter sua beleza, eu devo partir.

Suavemente foi embora.

Assim que a Rosa-cor-de-rosa viu Pássaro-Amor desaparecer sobre o topo das árvores, uma luz radiante brilhou em sua face. Então, desdobrando suas pétalas muito gentilmente, deixou o ar frio da noite tocar ligeiramente o seu pequeno amor. Depois de um momento sussurrou ternamente:

– Libélula-Azul, é hora de ir para seu trabalho.

– Meu Deus, disse Libélula-Azul, sonolenta, penso que sim. Sabe, Rosa-cor-de-rosa, eu realmente acredito que você deve ter algum poder mágico, pois nunca tive um sono tão repousante.

Com um olhar de admiração, acrescentou:

– Gostaria que você soubesse como você fica linda à luz do luar e como é doce o seu perfume! Quando terminar o meu trabalho voltarei para vê-la, se você me permitir.

A Rosa-cor-de-rosa estava tão feliz que nem percebeu Brisa que, soprando em sua face, disse:

– Talvez você seja a Rosa, minha belezinha, que trancou a Libélula-Azul no seu miolo e não a deixou ir para seu trabalho. Você viu como é errado fazer isso? Continuou Brisa, dando na Rosa-cor-de-rosa uma sacudidela gentil.

– Eu não percebi o erro até que alguém me mostrou um caminho melhor, respondeu a Rosa-cor-de-rosa calmamente. Daí eu a soltei.

Brisa girou e volteou, entrando em fúria, enquanto gritava:

-Ora, fui enganada outra vez. Agora vou aprontar alguma travessura! – e esvoaçou para longe.

Quando a Rosa-cor-de-rosa viu Brisa sair em tal estado, enviou a ela seu mais doce perfume e com um olhar vivo, sorriu para si mesma, dizendo:

– Espero que o Pássaro-Amor lhe faça uma visita muito em breve, Brisa. Tenho certeza de que isso lhe fará muito bem.

Antes mesmo que Brisa desaparecesse, surgiu a Coruja Marrom e se colocou numa árvore próxima. Dirigindo seus olhos melancólicos para a Rosa-cor-de-rosa, anunciou solenemente:

Rosa-cor-de-rosa, ouvi dizer que você quebrou a lei do jardim tirando de seu trabalho Libélula-Azul e depois de pensar bastante, eu…

– Sei que o que você vai dizer é muito sábio, Advogada do Jardim, interrompeu Rosa-cor-de-rosa docemente, mas você está muito atrasada. O Pássaro-Amor esteve aqui antes de você. Ele me disse o que era certo fazer, de uma maneira tão bela e gentil, que eu soltei Libélula-Azul para que ela pudesse realizar o seu trabalho.

Coruja Marrom piscou seus olhos amarelos de uma forma confusa e após levar um tempo para pensar no que a Rosa-cor-de-rosa lhe dissera, respondeu numa voz desanimada:

– Todo o meu raciocínio cuidadoso foi perdido.Too… Voo para você.

E, batendo pesadamente as asas, voou para casa querendo saber por que alguém sempre se adiantava a ela.

A Rosa-cor-de-rosa não pôde deixar de sentir-se um pouco triste pela Coruja Marrom:

-É triste pensar que todo o raciocínio da Advogada Coruja não serve para nada, acrescentou com um olhar travesso.

Então, olhou para a Lua e enviou-lhe seu mais doce perfume, enquanto sussurrava:

– Eu dei trabalho para você, Madame Lua, mas não me sinto mal por isso. Eu sei que você adora tornar os namorados felizes, portanto, você também teve prazer em tentar nos ajudar.

Com um alegre piscar de olhos, a Lua respondeu. Você está certa, minha querida, mas lembre-se: mantenha-se ocupada, e manterá sua beleza. Boa noite, minha pequenina Rosa-cor-de-rosa.

Com um largo sorriso na sua face calma e redonda, a Lua desapareceu atrás da árvore mais alta do jardim.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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