O Eco que Filipe ouviu
Filipe ficou alegre quando seus pais se mudaram para a fazenda. Um belo dia, estando ali brincando no campo, exclamou com toda a força dos pulmões:
“Hurra! Hurra!” Ouviu em seguida, num mato próximo, uma voz exclamando também: “Hurra! Hurra!”.
O menino assustou-se muito. Gritou logo: “Quem é você?” A voz desconhecida replicou: “Quem é você?” Irritado, tornou: “Você é louco!” “Você é louco!”, ressoou o mato.
Então Filipe ficou mais zangado ainda, e com mais força começou a dirigir insultos ao mato, os quais foram todos fielmente repetidos pelo eco.
Afinal o homenzinho foi ao mato à procura do imaginado menino, mas naturalmente a ninguém pôde encontrar.
Enfurecido, Filipe correu para casa, e queixou-se à mamãe do menino malcriado, que se havia escondido no mato, dirigindo-lhe toda sorte de nomes feios, muito feios!
Respondeu-lhe a mãe: “Dessa vez, meu filho, você se enganou muito porque se acusou a si mesmo como menino tão mau. Você não ouviu nada mais que suas próprias palavras. Assim como tem visto muitas vezes o seu rosto refletido na água, também agora ouviu somente o eco de sua voz. Se tivesse falado de maneira agradável, filhinho querido, essas mesmas palavras lhe teriam sido repetidas.”
Filipe sentiu-se muito envergonhado por essas palavras de sua mãe, e saiu correndo de casa, até chegar perto ao mato. Começou logo a proferir palavras amáveis, as quais foram devolvidas fielmente pelo eco, como antes o foram os nomes feios. Convencido da verdade que lhe contara a mãe, o rapazinho pôs-se agora muito satisfeito.
É sempre o mesmo; o que nós pensamos ser mal no comportamento de outras pessoas é muitas vezes só o eco ou a repetição de nossas próprias ações.
Se tratarmos amavelmente a todas as pessoas (e também aos animais), seremos tratados de modo igual; mas se formos rudes e grosseiros, não poderemos esperar coisa melhor em troco, como recompensa de nosso comportamento reprovável.
(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de janeiro/1967)
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