O Colar Coral
Todos vocês já fizeram aniversário e sabem como é excitante abrir pacotinhos misteriosos, embrulhados suavemente em papéis brancos e amarrados com alegres fitas coloridas. Assim sendo, caros leitores, vocês sabem como se sentiu Rosália no seu aniversário e como ela abria seus presentes ansiosamente, exclamando diante da surpresa que representava cada pacote.
O último a ser aberto era uma caixinha alongada, diferente dos outros pacotes. E, quando ela abriu a caixa, você precisaria tê-la ouvido exclamar: “Oh, que maravilha!”; pois lá estavam estendidas sobre um tufo de cetim branco, três rosas minúsculas esculpidas no mais delicado coral e presas por uma bela corrente de ouro.
– Oh, Vovô, que lindo colar! Onde você o comprou? Diga-me tudo sobre essas lindas rosas de coral!
Então, Vovô ergueu Rosália e colocou-a sobre seus joelhos e todas as crianças da festa se juntaram ao seu redor, para ouvir a história do colar de coral.
– Há muitos anos – provavelmente milhares de anos, disse Vovô, sobre as mornas águas azuis do Mar Mediterrâneo, flutuavam criaturinhas com um corpo suave como as geleias, parecendo estrelas do mar, somente que bem pequenas. Elas estavam procurando um novo lar e, encontrando rochas firmes no morno e profundo mar, elas agarraram-se lá, com segurança. Não tinham pés nem olhos, mas, através de suas bocas, elas bebiam em gotas a água do mar, absorvendo pequenas quantidades de cal que ajudaram a construir seus corpos e assim formar aquilo que pareciam ser pequenos castelos de pedras de cal. Um número cada vez maior dessa família de corais flutuantes – relacionada com a famosa família dos pólipos – agarravam-se às rochas. Elas se fixavam firmemente nas rochas e com que paciência e tenacidade desempenhavam seu trabalho de construir, fazendo sua parte no jardim do mar em preparação pela Mãe Natureza!
– O sedimento cresceu, cresceu, até que, após algum tempo, formou quase uma grande parede. Quando os corpos das primeiras famílias se fixaram e viraram pedras, então, dessas pedras pareciam crescer pequenos botões – quase como acontece com as pequeninas folhas na primavera. Estas eram as crianças corais e, à semelhança das outras crianças, elas também estavam procurando novos lares, como fizeram os pioneiros. No entanto, outras crianças nunca tentaram desligar-se da família, mas permaneceram em casa ajudando na construção. Assim, essa parede viva cresceu e tornou-se cada vez mais bonita. Ela refletia o azul do céu, o dourado do Sol brilhando, as tonalidades róseas do pôr do Sol e também o escarlate do nascer do Sol. Após algum tempo, apareceram lindas florestas de árvores de coral, delicados arbustos cor-de-rosa e flores de um matiz profundo. Perto das paredes de coral estavam minúsculos lagos, onde peixes de cor brilhante nadavam para lá e para cá, mordiscando os musgos verdes que se agarravam nos ramos de coral.
– Algumas vezes, outros pequenos habitantes do mar importunavam a família coral, dizendo: “Saiam de suas casas e flutuem conosco!”. E os pequenos corais construtores respondiam: “Vão embora e sejam felizes. Não podemos sair de nossas casas – pois as nossas casas somos nós mesmos. Mas, nós nos divertimos com nosso trabalho e somos felizes construtores para a Mãe Natureza!”
– Os pequenos corais construtores não podiam ouvir como nós e, consequentemente, não podiam falar como nós, mas os habitantes do mar têm uma linguagem própria e entendem bem o que as outras famílias do mar lhes dizem, explicou Vovô. Assim, fiel, esperançosa e amorosamente eles constroem um grande cordão de coral. Naturalmente, eles levam anos e anos para construir esse cordão; pois esses minúsculos construtores são muito pequeninos. Os antigos povoadores há muito já deixaram seus castelos, semelhantes a casas de pedra-calcária e sua pequena chama de vida já apagou. Mas, eles deixaram suas casas de pedra com uma sólida fundação para que outros pequeninos corais pudessem construir sobre elas. Esses felizes construtores amavam as arrojadas ondas e as espumas do mar. E, muitas vezes, as ondinas – os espíritos do mar – sussurraram-lhes sobre as outras criaturas do mar, contando-lhes maravilhosas lendas sobre os tesouros do mar da Mãe Natureza. Os bondosos Espíritos da Natureza que trabalham com a grande família dos pólipos ajudaram-nos com suas paredes de coral e os animavam em seu trabalho. Porque na escola da Mãe Natureza há uma regra, que aquele que sabe fazer coisas deve ajudar os que estão aprendendo e deve ter paciência com eles, até que aprendam suas lições. A Mãe Natureza é maravilhosa, e o Pai magnânimo deixou aos seus cuidados carinhosos, todas as crianças da Terra e do Mar. E a Mãe Natureza guia e olha todas as suas criancinhas. Ela as ama com um amor muito compreensivo e sempre recompensa sua fidelidade. Assim, os pequenos corais construtores não se incomodavam quando, numa tempestade ocasional, as ondas fortes quebravam um grande pedaço de sua parede. Não, isso era parte da recompensa que esperavam por serem construtores fiéis. Uma nova experiência estava reservada a eles, pois bondosos pescadores levavam embora esses pedaços quebrados do coral da praia.
– E isso trouxe-me até ao seu colar, Rosália, continuou Vovô. Um adorável pedaço de um raro coral cor-de-rosa foi levado a um joalheiro que, com suas mãos carinhosas, esculpiu essas delicadas rosas. E, por meio de seu fiel serviço à Mãe Natureza, os construtores corais agora trazem felicidade para uma garotinha no dia de seu aniversário.
Vovô colocou a corrente de ouro ao redor do pescoço macio de Rosália, dizendo:
– Estas três rosas cor-de-rosa ajudarão você a lembrar-se das três maiores coisas na vida, Rosália – fé, esperança e amor. Fé no coração compreensivo da Mãe Natureza – esperança em ser útil à medida que você atravessa a escola da vida – e o amor, amor por todas as coisas que vivem. E, da mesma forma que amamos as criaturas do mar, as flores, os animais e os ajudamos a progredir na vida, os Anjos e os Arcanjos nos ajudam a crescer mais forte para que nós também possamos progredir. AMOR é o modo pelo qual crescemos à semelhança do Pai na Terra do Amor.
“O mundo está cheio de rosas,
Rosas cheias de orvalho, você vê.
O orvalho está cheio de amor celestial,
Que goteja para mim e para você”.
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. III – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)
Sobre o autor