História Aquariana para Crianças e Adolescentes: O Desejo

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

História Aquariana para Crianças e Adolescentes: O Desejo

História Aquariana para Crianças e Adolescentes: O Desejo

Era uma vez uma princesa que não queria ser princesa. Vocês acham isso impossível? Vocês não acham que todas as moças ficariam felizes com à oportunidade de serem princesas?

Bem, não essa princesa. Todas as noites quando ia para a cama pensava, “Espero que amanhã quando acordar, eu seja uma cozinheira. Ou, “Espero que amanhã quando acordar, eu seja uma costureira. Ou, “Espero que amanhã quando acordar, eu seja uma florista”. Mas todas as manhãs quando acordava, ainda era princesa.

E por que a princesa não queria ser princesa? Por que em vez disso, ela queria ser uma cozinheira, uma costureira ou uma florista? Porque era duro ser princesa. Pelo menos, ela achava que era duro ser uma princesa. Ela achava que era duro ser sua qualidade de princesa.

Bem, é verdade que algumas princesas são mimadas e conseguem tudo que desejam em bandeja de prata, e despedem seus servidores se não forem servidas suficientemente bem ou suficientemente depressa ou com suficientes saudações e salamaleques, para satisfazê-las. Algumas princesas são soberbas e andam com o nariz para o ar, recusando-se a dar atenção às pessoas que elas acham que estão muito abaixo delas. Algumas princesas são muito preguiçosas, nunca pegando nada se alguém puder pegar para elas, e se enchendo de sorvetes e doces. Essas princesas não são muito queridas, porque são egoístas, só pensam nelas e nada fazem.

Mas, esta princesa não era mimada, não era soberba e não era preguiçosa. Não que ela não quisesse as vezes ser assim. Simplesmente não lhe permitiam e principalmente seu pai, o Rei.

O Rei amava muito sua filha. Na verdade, a amava tanto que não queria que ela crescesse mimada, soberba ou preguiçosa. Ele queria que ela crescesse carinhosa, gentil, dócil, compreensiva, e sabia que ela deveria se esforçar muito para ser assim. Então, ele insistia para que ela se esforçasse muito para ser todas essas coisas.

E é por isso que a princesa, que se chamava Andrea, não queria ser princesa. Ela achava que era muito difícil ser todas as coisas que seu pai queria que ela fosse.

Outras princesas, pensava Andrea, podiam dormir quanto quisessem e tomar café na cama. Outras princesas, pensava, podiam dizer, “Deixem-me em paz”, se não queriam falar com as pessoas. E outras princesas, pensava, com certeza não precisavam sorrir se não tivessem vontade.

Contudo, o Rei insistia que Andrea levantasse alegre e cedo todas as manhãs, e que arrumasse sua cama e fosse tomar o café da manhã na sala de jantar, com o resto da família. Ele insistia que ela fizesse tudo que pudesse para si própria. Ela tinha até que engraxar seus sapatos, dar banho no seu cachorro, ajudar a tirar o pó dos móveis do palácio, preparar seu lanche para a escola. Quando tinha que pedir alguma coisa para algum criado, tinha que ter muito cuidado e dizer “por favor” e “muito obrigada”, porque se não dissesse seu pai ia ficar muito descontente. E não era uma boa ideia, ela sabia, desagradar ao Rei.

O Rei insistia que Andrea ouvisse todas as pessoas que quisessem falar com ela porque, ele dizia:

— Uma princesa é responsável por seus súditos.

Ela nunca se atrevia a dizer, “Deixe-me em paz”, porque se o fizesse seu pai ia ficar muito zangado. E não era uma boa ideia, ela sabia, deixar o Rei ficar zangado.

O Rei insistia que Andrea fosse cortês com todos que encontrasse e sorrisse para as pessoas sempre que pudesse. É claro que não devia fechar a cara para eles. Algumas vezes sua boca doía de tanto sorrir, mas, de qualquer modo, ela continuava sorrindo. Se ela não o fizesse, seu pai ia ficar muito decepcionado. E não era uma boa ideia, ela sabia, deixar o Rei ficar decepcionado.

Um dia, Andrea teve uma ideia.

— Se eu me esconder no bosque o dia inteiro, eu não verei ninguém e ninguém me verá, pensou. Assim, eu não terei que falar com ninguém ou sorrir e não terei problemas por não dizer “por favor” e “muito obrigada”, e eu posso me deitar à sombra de uma árvore e não pensar em nada, a não ser em mim.

Assim, Andrea pegou um tapete macio para deitar-se, pôs num saquinho uma maçã, uma banana, dois sanduiches, um de manteiga de amendoim e outro de geleia, e desceu as escadas de serviço do palácio na ponta dos pés. Quase esbarrou no mordomo que estava levando para cima uma jarra de suco de maçã, mas ela conseguiu se esconder num armário de vassoura até que ele passasse. Quase caiu em cima da faxineira que estava esfregando o último degrau, mas conseguiu se esconder num canto escuro até que a faxineira acabasse.

Andrea atravessou correndo o jardim do palácio e subiu numa trepadeira que crescia pelo muro alto. Pulou de cima do muro e correu pela estrada que levava ao bosque.

Ninguém a viu sair do palácio, e ninguém sabia que ela tinha ido se esconder no bosque.

Andrea entrou bem para dentro do bosque, antes de parar.

— É embaixo desta árvore que eu vou me deitar, disse por fim, olhando para um grande castanheiro, bem mais alto que as outras árvores vizinhas. Estendeu o tapete e espreguiçou-se.

— Ahhh! suspirou. Assim é que é bom.

Em poucos minutos estava profundamente adormecida.

— Então, esta é a princesa que não quer ser princesa, disse uma voz esganiçada e aguda, perto de seu ouvido.

— Vamos fazer-lhe um favor e conceder-lhe o desejo? – Perguntou outra voz esganiçada e aguda.

— Claro, disse a primeira. Vai ser divertido!

Piscando os olhos, Andrea viu dois homens pequeninos com roupas lilás, sapatos vermelhos e chapéus verdes sorrindo para ela. Primeiro ela pensou: “Como são pequenos!” Depois pensou: “Quantos dentes eles têm!”. Depois pensou: “Quem são?”

— Quem são vocês? perguntou.

— Nós somos Realizadores de Desejos, disse o primeiro homenzinho. Temos o poder de conceder qualquer desejo que você deseje, mas você precisa estar certa de que você totalmente, positivamente o deseje. Quando concedemos um desejo, nunca mais o retiramos.

— Você totalmente, positivamente, deseja não ser uma princesa? perguntou o segundo homenzinho.

— Oh! sim, respondeu Andrea. Eu totalmente, positivamente, desejo não ser uma princesa.

— Muito bem, disse o primeiro homenzinho. Feche bem os olhos e não abra.

Andrea apertou os olhos e ouviu:

“Abracadabra, abracadabra,

Dê à princesa, sua maior ambição,

Ela que uma loura princesa era,

Agora é feia, sem comparação”.

Então, Andrea sentiu que coisas esquisitas estavam acontecendo com ela. Seus ossos estalavam quando se mexia. Seus músculos se esticavam e encolhiam até ela se sentir como uma tira de borracha. Era como se suas roupas estivessem sendo rasgadas e seu vestido macio começou a ficar grosso e picava. Seus cabelos, com suas tranças bem penteadas, caiam lisos sobre seu rosto.

— Há, há, há! Riu com maldade o primeiro homenzinho com sua voz esganiçada. Agora ninguém vai confundir você com uma princesa. Você não pode dizer que não atendemos seu desejo. Abra os olhos — e felicidades.

Andrea abriu logo os olhos – mas os homenzinhos tinham desaparecidos. Olhou-se com crescente horror. Seu lindo vestido cor de rosa tinha se transformado em uma roupa rasgada, feia, deformada, suja e que parecia não ter sido lavada há meses. Suas mãos estavam calosas e suas unhas quebradas e sujas. Seus cabelos estavam brancos e emaranhados.

Começou a andar e percebeu que um pé se arrastava e ela só podia levantá-lo com muito esforço. Tentou falar e sua voz soou horrivelmente. Mancando, Andrea conseguiu chegar até um regato no bosque ali perto, e viu seu reflexo na água clara. O que ela viu assustou-a tanto, que ela gritou e desmaiou.

Quando voltou a si, olhou-se de novo cautelosamente. O reflexo ainda parecia um pesadelo. A linda princesa de cabelos dourados tinha se transformado numa horrível megera, tão feia que poderia assustar até o mais valente cavaleiro quando ia para a guerra lutar por seu pai, o Rei.

— O que eu vou fazer? choramingou Andrea. Eu não queria ser princesa, mas também não queria ser assim.

Andrea começou a chorar. Chorou, chorou, chorou e quando se olhou outra vez na água, seu rosto estava vermelho, inchado e ainda mais feio.

— Realizadores de Desejos: Por favor, voltem! Prefiro ser princesa do que ser assim. Por favor, transformem-me outra vez em princesa.

Mas, sua única resposta foi o canto longe de um canário-da-terra no bosque.

Por sete dias, Andrea ficou no bosque, lavou a velha roupa preta no regato e penteou seus cabelos como pôde, mas nada mais conseguiu fazer para melhorar sua aparência. Depois de comer a maçã e a banana e os dois sanduiches de manteiga de amendoim e geleia, comia nozes que encontrava pelo chão. Mas, os esquilos tinham trabalhado bastante e não haviam deixado muitas nozes.

Começou a fazer frio, e, uma noite, caiu uma chuva gelada que a deixou encharcada da cabeça aos pés.

Então, Andrea achou que não podia mais ficar no bosque. Ela não tinha teto, nem comida, nem agasalhos.

— Vou voltar para o palácio de meu pai, disse. Talvez ele tenha pena de mim e me deixe morar lá.

Então, Andrea saiu do bosque sempre mancando e foi pela estrada que dava para os portões do palácio.

Embora ela não soubesse, havia grande tristeza no palácio porque ela não tinha voltado depois do seu primeiro dia no bosque. O Rei, a Rainha e todos os cavalheiros e damas da corte, todos os guardas e criados estavam tristes.

— O que terá acontecido com a Princesa Andrea? perguntavam uns aos outros. Onde estará? Por que não volta para casa?

O Rei e seus cavaleiros tinham cavalgado por todo o reino procurando por ela, e o Rei mandou mensagens para os reinos vizinhos, perguntando se alguém tinha visto a Princesa Andrea. Mas, é lógico, todos procuravam uma princesa de cabelos dourados e ninguém procurava uma bruxa feia e velha. Assim, ninguém viu a Princesa Andrea.

Andrea manquejou até os portões. Um guarda alto, que a tinha carregado nos ombros quando ela era uma menininha, barrou seu caminho. Tinha os braços cruzados no peito e suas pernas bem separadas.

— O que é que você quer aqui, velha bruxa? perguntou desconfiado.

— Eu sou a Princesa Andrea, disse tristemente com sua voz de taquara rachada. Por favor, deixe-me entrar.

— Princesa Andrea! gritou o guarda zangado. Como você se atreve a dizer que é a nossa princesa desaparecida? A Rainha está doente de tristeza e o Rei está fora de si de tanta preocupação e você tem coragem de dizer que você é a linda Princesa Andrea! Você deve saber alguma coisa sobre seu desaparecimento. Agarrem-na!

E, antes que Andrea pudesse dizer outra palavra, foi rudemente agarrada por dois guardas que também tinham sido muito seus amigos.

— Levem-na para o Rei! ordenou o primeiro guarda, e Andrea foi meio empurrada, meio carregada para dentro do palácio, pelos longos corredores de mármore. O mordomo, a faxineira, o Grande Camareiro Chefe, a Governanta da Rouparia, o Excelentíssimo Ministro de Estado e muitas outras pessoas que Andrea conhecia bem, pararam o que estavam fazendo e ficaram olhando o grupo passar.

— Quem é essa feia bruxa velha? murmurou a faxineira.

— Eu nunca a vi antes, fungou o mordomo desdenhosamente.

— Não imagino o que Sua Majestade possa querer com ela, disse o Grande Camareiro Chefe para o Excelentíssimo Ministro de Estado, que ajeitou seu monóculo e olhou mais fixamente.

Finalmente, chegaram à ala do trono onde o Rei estava muito triste sentado no trono. Parecia não ter dormido há dias — o que realmente não tinha.

Os guardas empurraram Andrea para dentro.

— Majestade, começou um deles, perdoe a intrusão, mas o Capitão achou que Vossa Majestade quereria falar com esta velha bruxa. Ela…

O guarda parou de falar quando o Rei, com expressão misto de espanto, horror, incredulidade, desceu do trono e foi até Andrea.

— Andrea, murmurou, minha filha, o que aconteceu com você?

Todos que estavam ali olhando murmuraram:

— Andrea? será que essa feia bruxa velha é a Princesa Andrea?

— Como é que o Rei sabe que é a Princesa Andrea? sussurrou a Terceira Dama de Companhia.

Um pai conhece seus filhos, respondeu sabiamente a Governanta da Rouparia.

Andrea, com lágrimas escorrendo em seu rosto olhou para seu pai.

— Você me reconhece? perguntou sem acreditar.

— É claro que reconheço você, minha filha. Mas o que aconteceu? Quem fez isto com você? perguntou o Rei abraçando-a.

Por algum tempo, Andrea só pôde soluçar amargamente. Estava aliviada por seu pai tê-la reconhecido, e terrivelmente envergonhada por sua feiura e pela coisa horrível que havia feito a si mesma. Por fim, aos poucos, começou a contar sua história. Todos na Sala do trono ouviam com piedade e horror quando ela contou que, porque pensava que não queria ser princesa, os Realizadores de Desejos tinham-na transformado na coisa mais oposta a uma princesa que se possa imaginar.

— É tudo culpa minha, meu pai, soluçou Andrea.

Se eu não tivesse tido aquele estúpido desejo, eu ainda seria uma princesa e ainda seria bonita.

O Rei suspirou e acariciou seus grossos cabelos brancos.

— Você ainda é uma Princesa, Andrea, murmurou para que só ela pudesse ouvir. Você ainda é a filha de um Rei. Mesmo os Realizadores de Desejos não podem mudar isso.

Então, severamente, dispensou todos os cortesãos, todos os criados, todos os guardas da Sala do trono e ele e Andrea conversaram sozinhos por três horas. Mas o que disseram um ao outro, só eles podem dizer.

No dia seguinte, e por dias, semanas e meses depois disso, Andrea se levantava como de costume, arrumava sua cama como de costume, e ia tomar o café da manhã na sala de jantar com toda a família, como de costume. Engraxava seus sapatos, dava banho no seu cachorro, ajudava a tirar o pó dos móveis do palácio e preparava seu lanche para ir à escola, como de costume. Quando pedia a algum criado para fazer alguma coisa, sempre dizia “por favor” e “muito obrigada”, como de costume. Era cortês com todos que encontrava e sorria para as pessoas sempre que podia, como de costume.

Na verdade, tudo continuava igual, menos o fato de que, em vez de ser a bonita Princesa Andrea dos cabelos dourados, era agora a feia bruxa velha Princesa Andrea. Usava a velha roupa preta e, embora sempre tivesse as unhas limpas, elas estavam sempre quebradas e suas mãos encarquilhadas. Seus cabelos grossos, brancos e a voz soava horrivelmente.

Por uns tempos, as pessoas evitavam Andrea. Ela era tão feia que, embora ainda fosse princesa, não queriam saber dela. Mas, porque seu pai queria, e ela sabia que era o que devia fazer, ela continuou sendo carinhosa, gentil, dócil e compreensiva tanto quanto podia.

Depois de algum tempo, as pessoas começaram a pensar mais e mais sobre como ela era carinhosa, gentil, dócil e compreensiva e menos e menos como ela era feia. Então, esqueceram de vez que ela era feia e muita gente queria vê-la e falar com ela. Com todos Andrea era cortês, como seu pai desejava.

Uma noite, exatamente um ano e três dias depois que os Realizadores de Desejos tinham feito aquilo, Andrea estava sentada junto da janela, olhando tristemente as estrelas e imaginando pela milésima vez como seria ser bonita de novo.

— Ora, ora, ora, assustou-a uma voz esganiçada muito alta. Então, esta é a princesa que não queria ser uma princesa, heim?

Lá estavam dois homens pequeninos com suas roupas lilás, sapatos vermelhos, chapéus verdes e muitos dentes, sorrindo para ela.

— Oh, Realizadores de Desejos, gritou Andrea. Estou tão contente em ver vocês! Por favor, façam com que eu fique bonita outra vez. É horrível ser tão feia. Eu nunca quis isso. Por favor, por favor, transformem-me outra vez.

— Nós lhe dissemos antes, nós nunca desfazemos um desejo depois de concedê-lo. E você estava totalmente, positivamente certa sobre seu desejo. Lembra-se? Perguntou o primeiro homenzinho de jeito desagradável.

— Sim, sim, eu me lembro, respondeu Andrea em lágrimas. Eu fui muito tola, estou arrependida, estou tão arrependida. Por favor, por favor, façam-me como eu era.

— Isso é impossível, disse o segundo homenzinho, sorrindo maldosamente. Nós avisamos você e você disse que estava certa. Agora tem que aguentar as consequências.

— Nós só demos uma chegadinha para ver como você está indo. Credo, você é feia mesmo! Nosso trabalho foi muito bom! Ha, ha, ha! O primeiro homenzinho estava quase dobrado de tanto rir. Bem, nós temos que ir andando. Levante a cabeça! Ha, ha, ha! Adeus.

— Parem! veio da porta uma voz de comando severa. Os homenzinhos se viraram, deixaram de sorrir e se curvaram tanto que suas cabeças tocaram o chão.

— Majestade! eles disseram respeitosamente.

— Sim, disse o Rei. Então, vocês acham que fizeram uma grande coisa realizando o desejo da Princesa!

Os homenzinhos ficaram calados.

— Então, intimou o Rei, não foi isso que vocês disseram?

— Sim, Majestade, murmuraram.

— Digam-me, perguntou o Rei, qual era exatamente o desejo da Princesa? Exatamente.

— Bem, Majestade… o primeiro homenzinho hesitou.

— Continue, ordenou o Rei.

— Bem, Majestade, o homenzinho disse relutante, suas exatas palavras foram: Eu desejaria totalmente, positivamente não ser princesa.

— E vocês concederam-lhe esse desejo? perguntou o Rei.

— Sim, Majestade, responderam os homenzinhos tentando parecer orgulhosos de si mesmos.

— Sei, disse o Rei. Nesse caso, por que é que Andrea ainda é princesa? Por que é que ela ainda é minha filha? Por que é que ela ainda é chamada de Sua Alteza? Por que é que ela ainda mora no quarto da princesa no palácio? E por que é que as pessoas ainda gostam tanto dela quanto antes”?

— Ahn — ah — hum — o primeiro homenzinho gaguejou, enquanto o segundo homenzinho mexia os pés.

— A verdade deste caso é que vocês não fizeram um bom trabalho ao conceder-lhe o desejo. Vocês não o realizaram de jeito nenhum. Vocês não o realizaram porque vocês não têm poder para conceder esse desejo. Não é verdade? perguntou o Rei.

— Sim, Majestade, tiveram que admitir os homenzinhos.

— Então, vocês concederam à Princesa um desejo que ela absolutamente não desejava. Vocês a tornaram feia, e ela nunca manifestou o desejo de ser feia. Certo?

— Certo, Majestade, tiveram que admitir os homenzinhos.

— Portanto, já que vocês não concederam desejo a que foi desejado, agora eu ordeno que vocês desconcedam o que concederam, eu ordeno que vocês restituam a beleza de Andrea. IMEDIATAMENTE!

A voz do Rei era fria, poderosa e implacável, e os homenzinhos não tinham força para argumentar. Desviando os olhos do Rei, eles cantaram:

“Abracadabra, Abracadabra,

Dê à Sua Majestade, sua maior ambição,

Aquela que é feia, sem comparação

Volte a ser a beleza de então”.

De novo. Andrea sentiu coisas esquisitas acontecendo. De novo, seus ossos estalavam quando se moviam. De novo, seus músculos esticavam e encolhiam. Suas roupas ásperas ficaram macias e suas mãos já não estavam retorcidas. Andrea, que estava com os olhos fechados, tinha medo de abri-los.

— Os homenzinhos já se foram, Andrea, disse por fim o Rei, muito carinhosamente. Abra os olhos. Olhe para você.

Andrea abriu os olhos devagar e quase sem poder respirar, olhou no espelho. Quase não podia acreditar no que viu. Estava usando um vestido cor de rosa, um pouco mais comprido e elegante do que o último. Seus cabelos dourados caiam em ondas suaves por suas costas. Estava mais bonita do que nunca.

Andrea suspirou baixinho, sorriu, e virou-se para seu pai.

O Rei abriu os braços e ela correu para ele.

— Paizinho, disse simplesmente. Obrigada.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. VIII – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

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