Deus está Segurando sua Mão
O Sol da manhã mostrou o horário da escola, no céu. Ele enviou seus mensageiros às crianças da Terra. Um raio brilhante entrou no quarto de Margy Lou, Iluminando sua face e a acordou. Quando ela vagarosamente abriu seus olhos, notou um raio de Sol vindo através de uma fresta da janela, como se fosse uma escada dourada para o céu.
– Margy Lou, Margy Lou! É hora de levantar.
Era sua mãe chamando. Margy não respondeu. Ela estava absorvida olhando as partículas que dançavam no raio de luz.
Poucos minutos depois, sua mãe tornou a chamar:
– Margy Lou, Margy Lou! É melhor levantar ou chegará atrasada na escola.
Quando ouviu a palavra escola o coração de Margy bateu apressadamente. Ela lembrou–se que era o dia em que recitariam o poema, A Hora da Criança. Ela gostava de poesia e especialmente dos poemas de Longfellow, mas tinha medo de recitar em frente de meninos e meninas.
Sua garganta apertou quando pensou nisso. Começou a doer. Diria à sua mãe que não estava sentindo-se bem. Talvez ela a deixasse ficar em casa. Aí não teria que recitar o poema.
A Sra. Bond entrou no quarto. Margy não se moveu. Sua mãe aproximou-se da cama.
– O que houve Margy? Por que você não se levanta?
– Oh, Mamãe, estou com dor de garganta.
Margy segurou com sua mão a garganta. A Sra. Bond examinou-a e encontrou volumosos caroços de cada lado. Embora sendo uma mãe cuidadosa, ela decidiu que era melhor ignorar os sintomas dessa vez. Ela disse:
– Não acho que seja algo sério. Estará tudo bem quando chegar à escola. Levante-se e prepare-se. Aprontarei o seu café em poucos minutos.
Então, saiu do quarto.
Margy levantou-se; ela sabia que sua mãe não deixaria que o problema da garganta fosse desculpa para ela ficar em casa. Logo se vestiu e estava pronta para tomar o café. Mas, o chocolate quente com torradas de que tanto gostava não tinha sabor quando pensava no que a aguardava. Comeu um pouco para deixar sua mãe despreocupada, mas não tocou no cereal.
Depois, pegou seus livros e foi para a escola. Normalmente gostava de andar, mas hoje, cada passo a trazia para mais perto da hora da recitação. Por fim, inclinou sua cabeça e orou, enquanto andava.
– Querido Deus, ajude-me a dizer o poema. Ajude-me a não ter medo.
Pedindo a Deus que a ajudasse sentiu-se melhor e, quando levantou a cabeça, viu algo redondo, escuro e brilhante no chão, em sua frente. Parou e pegou-o. Era um fruto da castanheira. Margy sabia o que o fazia tão brilhante. Alguém a carregou em seu bolso por um bom tempo provavelmente para evitar reumatismo, como ouvira o Tio Jim dizer.
Ela segurou-a em sua mão e olhou-a. Como poderia isso evitar reumatismo? Devia ser pela crença da pessoa. Viu Thelma e Lucille fazendo sinal para que ela se apressasse, então, colocou a castanha no bolso de seu vestido e correu para alcançá-las. Finalmente, chegou a hora da poesia. Thelma foi a primeira a recitar. Ela declamou sem o menor sinal de medo. Margy sabia o poema tão bem quanto Thelma. Dois garotos foram os seguintes, depois de Thelma. Margy começou a ficar apavorada, pois sua vez estava próxima. Finalmente a professora sorriu e disse:
– Você é a próxima, Margy Lou.
Margy andou hesitante para frente da sala. Ela não ousava olhar para as crianças, assim, mantinha seu alhar fixo no chão. Tentou falar. Seus lábios se moveram, mas nenhum som saiu. Sua garganta doía. Seus joelhos tremiam. Inconscientemente pôs a mão no bolso. O que era aquela coisa dura que seus dedos tocavam? Ah, sim, a castanha que apanhou no chão. Ela apertou-a fortemente em sua mão, e tentou falar novamente. Para sua surpresa, as palavras ·saíram com clareza. Ela levantou sua cabeça e olhou para as crianças. Recitou a poema sem erro.
Margy voltou para sua carteira muito feliz, mas, a causa de sua felicidade não era pelo elogio da professora. Algo tinha acontecido com ela. Ela não sentira medo de recitar, enquanto segurava a castanha em sua mão. Talvez, realmente, ela afastasse reumatismo, pensou. De qualquer forma conservaria a castanha com ela e da próxima vez que tivesse que recitar‘ veria se ela a ajudaria.
Assim, por muitos meses, Margy não teve mais dor de garganta. Toda vez que tinha uma lição difícil, segurava o magico objeto em sua mão e recitava bem. Mas, nunca disse nada a ninguém sobre a castanha. Sempre tomava o cuidado de escondê-la quando voltava da escola.
Então, veio o teste de história. Margy nunca aprendera história com facilidade. Ela deveria ter certeza de carregar consigo a castanha para ajudá-la durante o teste. Um pouco antes de ir para a aula, procurou-a na gaveta, no seu esconderijo habitual. Não estava lá. Procurou pelo quarto, mas não a encontrou. Devia tê-la esquecido no bolso de seu vestido azul, no último sábado.
Perguntaria à sua mãe se a tinha visto.
A Sra. Bond estava passando roupa.
– Mamãe, você viu minha castanha? perguntou a garotinha.
– Sim, encontrei-a ontem, quando lavava roupa.
– Oh, que bom! o que você fez com ela?
A voz de Margy tomava-se mais alta.
– Joguei-a fora, querida, respondeu sua mãe.
Então, Margy gritou.
– Você jogou fora minha castanha! O que farei? O que farei agora?
– Bem, você pode conseguir outra quando for visitar o tio Jim, querido. Você não está ficando supersticiosa, está?
– Mas eu não quero outra. Eu quero aquela.
Margy começou a chorar.
A Sra. Bond desligou o ferro, abraçou Margy e a levou para o sofá. Então, disse:
– Agora conte à mamãe, qual é problema. Alguém que você gosta muito lhe deu a castanha?
– Não, eu a achei, soluçou Margy.
– Você pode me dizer por que ela significa tanto para você? perguntou a Sra. Bond. Eu a teria guardado se soubesse que você a queria, continuou ela consolando-a. Pouco a pouco, Margy contou a história de como ela sabia recitar bem sem ficar com medo e fazia suas lições com facilidade quando segurava em suas mãos a castanha.
Então, a Sra. Bond, disse-lhe:
– Margy Lou, escute-me. Aquela pequena castanha estava cheia de Vida; sabemos que a Vida estava nela porque se nós a plantássemos, ela cresceria. Não é verdade? Portanto, a Vida naquela castanha era Deus. Quando você a segurava em sua mão, você estava realmente segurando a mão de Deus, pois, a mão de Deus está em toda a parte. Ele segura nossa mão o
tempo todo, logo não devíamos sentir medo, mas, às vezes, não sabemos que Ele o faz. Agora é sua oportunidade para aprender que Deus está segurando sua mão. Toda vez que você estiver com medo ou pensar que não pode fazer suas lições ou recitá-las, lembre-se que pode segurar mentalmente a mão de Deus. Então, você estará livre para usar ambas as suas mãos no que for preciso fazer. Você não acha que melhor do que ficar sempre procurando e tomando conta de uma castanha?
– Sim, disse Margy pensativamente. Eu acho. Mas, Mamãe, eu não posso sentir Deus segurando minha mão como posso sentir a castanha, posso?
– Não, querida, respondeu sua mãe, mas você pode saber que Deus está sempre com você – que você está segurando Sua mão, mentalmente. Você não acha que pode fazer isso?
Margy olhou para sua mãe um momento e, então, disse:
– Sim, eu creio que posso. Acho que Deus está segurando minha mão, agora, e tenho certeza que passarei no teste de história, hoje.
Então, Margy pegou seus livros e foi para a escola.
Ela parou na porta o tempo suficiente para dizer a sua mãe:
– Estou feliz que você jogou fora minha castanha, mas também estou feliz por tê-la encontrado – pois se não a encontrasse, eu levaria um longo tempo aprendendo que Deus está segurando minha mão.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. I – por Clara E. Hulfman – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).
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