Pergunta: Como está relacionado o nascimento de Jesus Cristo com o celibato e a imaculada concepção?

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Pergunta: Como está relacionado o nascimento de Jesus Cristo com o celibato e a imaculada concepção?

Pergunta: No Capítulo XVII – subtítulo: O Voto do Celibato, do “Conceito Rosacruz do Cosmos”, lê-se o seguinte parágrafo: “O voto de absoluta castidade relaciona-se unicamente com as Grandes Iniciações. Mesmo nestas, um só ato de fecundação pode ser necessário como um sacrifício, conforme aconteceu quando se “preparou o corpo para Cristo”. A religião Cristã ensina que Jesus, o Cristo, nasceu de uma virgem, o que é expresso, de outra maneira, como uma imaculada concepção. Tais ensinamentos, e sua estrita relação com a definição “divino”, indicam que o nascimento de Jesus foi assim, e como esses ensinamentos são considerados pelos Rosacruzes?

Resposta: De acordo com os Ensinamentos Rosacruzes, é necessário fazer uma distinção rigorosa entre o Cristo e Jesus. Quando pesquisamos na Memória da Natureza, verificamos que o Espírito que nasceu no corpo de Jesus era um Ego muito avançado, que tinha atingido uma espiritualidade elevadíssima mediante muitas vidas de santidade e auto sacrifício, e é possível investigar os nascimentos anteriores desse Ego com a mesma facilidade com que pesquisamos as experiências passadas de qualquer outra entidade pertencente à raça humana. No entanto, procuraremos em vão por qualquer encarnação prévia do Cristo porque Ele não pertence absolutamente à nossa evolução. Ele foi o Iniciado mais elevado do Período Solar, e a humanidade comum desse passado longínquo evoluiu agora a um estado de alta espiritualidade. Podemos chamá-los de Arcanjos.

Até há 2.000 anos (excluir ‘atrás’), a Terra era governada com mão de ferro por Jeová e Seus Anjos, que eram o produto evolutivo de um período passado. Sob Seu regime, o temor gerado pela lei antepunha-se aos desejos da carne. Toda transgressão exigia olho por olho, dente por dente. Isto, não obstante, não proporcionava oportunidade para a evolução do amor e do altruísmo. “O perfeito amor expulsa todo medo”, e Cristo veio ao mundo para salvar a humanidade da lei e do egoísmo, por meio do cultivo do amor e do altruísmo.

Não obstante, há uma lei inexorável na natureza, segundo a qual ninguém pode criar um corpo com matéria que, através da evolução, não aprendeu a manipular e, no passado longínquo, quando os Arcanjos estavam no estágio humano, o mundo habitado por eles era composto de matéria de desejo. Da mesma forma que o nosso corpo físico denso é feito dos componentes químicos da nossa terra atual, o corpo mais denso de um Arcanjo é feito de matéria de desejo. Por muitos séculos, antes de vir realmente a nós, o Espírito de Cristo trabalhou na Terra externamente, purificando o Corpo de Desejos da Terra, para que pudéssemos obter material para criar desejos e emoções mais elevados e puros. Obviamente, isto seria realizado de maneira mais eficiente por um Espírito interno se houvesse um meio de garantir-lhe a entrada na Terra. Foi missão de José, Maria e Jesus fornecerem esse veículo constituído de um Corpo Denso e um Corpo Vital, aos quais o Corpo de Desejos e os outros veículos superiores do Cristo pudessem unir-se por um breve período, enquanto Ele cumprisse Sua missão.

Quando o ato gerador é realizado de uma forma baixa e brutal, quando é maculado pela luxúria e pela paixão, certamente degrada aqueles que participam desse ato de profanação. Por outro lado, quando os futuros pais se preparam por meio de orações e de aspirações elevadas para realizar o ato como um sacramento, indiferentes para com o gratificar-se, a concepção é imaculada. É evidente que não é a virgindade física que é considerada uma virtude, pois todos nós encontramo-nos nesse estágio durante os primeiros anos de vida. É a pureza e a castidade da alma que fazem o virgem puro, tanto o pai como a mãe.

Segundo os Ensinamentos Rosacruzes, endossados pelas pesquisas na Memória da Natureza, era essa a condição de José e Maria quando foi concebido o corpo que se formou ao redor do átomo-semente de Jesus. O Espírito Solar, Cristo, não poderia construir tal veículo. Além disso, teria sido um desgaste inútil de energia valiosa para esse grande Espírito ter de passar pelo útero e educar um corpo durante os anos de infância até atingir a idade madura, quando só então poderia ser usado. Por conseguinte, essa missão foi outorgada a Jesus que usou o corpo até a época do Batismo, quando sabemos que o Espírito desceu sobre ele na forma de uma pomba. A partir desse momento, Jesus deixou o seu corpo, que passou a ser habitado até o fim pelo Espírito de Cristo, após isso, durante os três anos de ministério, temos a ação de uma entidade composta, Jesus, o Cristo.

Deveríamos entender que as grandes Hierarquias, que nos ajudaram em nossa evolução, trabalham sempre de acordo com as leis que estabeleceram para nossa orientação e não contra elas já tendo desenvolvido o método de construir um corpo pela união do homem e da mulher, não pensariam em suspender essa lei da mesma forma que não pensariam por um único momento em suspender a lei da gravidade. Podemos imaginar facilmente o caos que adviria se as pessoas, casas, veículos e demais coisas não estivessem solidamente fixadas na terra e rolassem no espaço. De maneira semelhante, podemos imaginar o desastre que resultaria para a nossa estrutura social, se a lei da fecundação também fosse abolida. De fato, os relatos inseridos tornam claro que José tinha a intenção de repudiar Maria. Tal seria o procedimento natural de um marido comum que não acreditasse ou desconhecesse um milagre. Temos uma prova adicional da alteração dos tradutores em relação à genealogia de Jesus que é reconstituída até José, e se ele não fosse o pai, isso seria um absurdo; pois não se poderia dizer que Jesus procedera do tronco da linhagem de Davi.

Contudo, há outros meios de proporcionar um corpo ao Adepto, sem que seja necessária sua passagem pelo útero. Antes de descrevermos esse método, queremos deixar claro que o termo “Adepto” não deve ser aplicado aos egotistas ou charlatães, que assim se intitulam nos anúncios de jornais ou entre a turba de incautos. O verdadeiro Adepto é aquele que atingiu um alto grau de espiritualidade, e para melhor entendermos esse estágio, podemos comparar o vidente comum com o Iniciado.

O vidente é uma pessoa que desenvolveu a visão espiritual. Se ele não tem controle sobre tal faculdade, vê as coisas no mundo invisível sempre que elas se apresentem a ele. Não pode escolher o que vê nem quando ver, não tem o poder de afastar uma cena que lhe seja desagradável. O vidente voluntário é aquele que pode, à vontade, evocar paisagens e cenas dos mundos invisíveis e dirigir sua visão espiritual para qualquer objeto ou acontecimento pelo tempo que desejar.

A maioria das pessoas, que não pensa realmente no assunto, acredita que todo aquele que for capaz de ver coisas nos mundos invisíveis é, por assim dizer, onisciente, sabendo tudo a respeito do que ali se passa. Na realidade, a capacidade de ver coisas nos mundos invisíveis não traz consigo a faculdade de conhecer tudo que concerne a ele, assim como a visão de uma máquina no mundo físico não nos confere o conhecimento de como ela funciona.

O Iniciado tem não somente a habilidade de ver as coisas dos mundos invisíveis, mas também a faculdade de abandonar o seu corpo conscientemente e operar ou pesquisar esses elementos. Assim, gradualmente, ele adquire um conhecimento sobre o trabalho que faz internamente e de como unir essas forças, que chamamos de leis da natureza, à carruagem do progresso evolutivo.

O Adepto é aquele que vê e sabe e, além disso, tornou-se hábil no uso das leis da natureza para a produção daquilo que, aos olhos da pessoa comum, parece mágica.

Na realidade, é apenas a aplicação mais elevada das mesmas leis que regem o curso ordinário da vida.

Estamos todos familiarizados com o fato que o alimento proporcionado ao nosso sistema é largamente desperdiçado devido à nossa ignorância a respeito das reais exigências desse veículo, associado ao fato de que a maioria de nós come mais o que agrada ao paladar do que aquilo que alimenta o sistema. Isto interfere no metabolismo e o alimento é muito mais desperdiçado do que assimilado.

Mesmo a parte do alimento que assimilamos nem sempre se transforma em tecido sadio, mas em carne flácida, que representa um peso morto em nosso organismo, e o Corpo Vital está em luta constante para expulsar os resíduos supérfluos indesejáveis. Após uma lauta refeição, o vidente pode observar ao redor da região abdominal do glutão, uma faixa preta, de consistência elástica e gelatinosa, formada de éter. Este é o veneno gerado pela fermentação do alimento prejudicial ingerido em excesso, que é expelido pelo Corpo Denso através das correntes radiantes do Corpo Vital, no esforço que faz este último veículo para limpar o sistema obstruído.

Também desgastamos tecido orgânico ao entregarmo-nos aos prazeres por meio de movimentos e emoções desnecessárias, levando o Corpo Denso a um envelhecimento e a morte antes do tempo.

O Adepto é diferente. Ele sabe como controlar suas ações e emoções, poupando-se a toda tensão física desnecessária. Ele sabe também quais os elementos requeridos para a conservação do seu corpo e a quantidade exata a ingerir. Assim, ele assegura a máxima nutrição e o mínimo de desgaste.

Por essa razão, ele pode manter o seu corpo com uma aparência jovem e saúde plena por centenas de anos.
Dizem os Irmãos Leigos dos Rosacruzes, que Christian Rosenkreuz está usando hoje um corpo que vem sendo preservado por vários séculos. Isso pode ou não ser assim, o autor não tem meios de o saber, pois o nosso augusto líder nunca é visto pelos Irmãos Leigos que se reúnem no Templo para o Serviço da meia noite. Sua presença é apenas sentida, e é o sinal para o início do trabalho.

No entanto, em conversa com alguns Irmãos Leigos que estiveram a serviço no templo por vinte, trinta e quarenta anos de suas vidas, ficamos sabendo que os Irmãos Maiores, aos quais nos referimos como sendo os nossos Mestres, têm hoje exatamente a mesma aparência que tinham há trinta ou quarenta anos. A julgar pelos padrões humanos ordinários, diríamos que os Irmãos Maiores atualmente aparentam ter mais ou menos quarenta anos, e isto é uma prova dos ensinamentos dados anteriormente.

Sabemos que os Adeptos podem preservar seus corpos por séculos, talvez milênios, mas eles também têm o poder de criar novos veículos se, por qualquer razão, isso se tornar conveniente, e este é um dos métodos descritos pelos Irmãos Maiores.

Segundo uma lei da natureza, a vida celular inerente a cada partícula de alimento deve ser sobrepujada pelo Ego antes de ser assimilada. (Vide o capítulo sobre assimilação no “Conceito Rosacruz do Cosmos”). Portanto, é impossível a um Adepto formar um extrato dos elementos com os quais deve construir um corpo, plasmá-los em um veículo e depois abandonar o antigo corpo pelo novo. Primeiramente, ele deve absorver esses elementos em seu próprio corpo para que se harmonizem com o átomo-semente e sejam adequadamente assimilados. Então, depois de terem sido incorporados por ele da forma prescrita pelas leis da natureza, ele pode extraí-los novamente e usá-los para criar um novo corpo. Consequentemente, o Adepto inicia essa tarefa intensificando a sua dieta e extraindo dela o excesso de alimento. Possuindo um absoluto autocontrole, ele também tem o poder de controlar e subjugar os elementos vivos do alimento que ele usará, gradualmente, para criar um corpo. Este veículo é geralmente colocado em um aposento no qual ninguém tem acesso. Quando está concluído, e o Adepto deseja realizar a mudança, ele simplesmente sai do seu corpo antigo e penetra no novo.

O uso desse método fornece a solução para os mistérios que cercam os primeiros anos de vida e as vidas anteriores de homens como o Conde St. Germain, Cagliostro etc. Eles eram Adeptos que deixavam um meio onde não eram mais úteis e passavam para outra esfera de ação. Os corpos que deixavam abandonados não tinham identificação, e ninguém suspeitaria que o Espírito que neles habitava, não havia passado pelo processo “post-mortem” normal.

É também uma lei da natureza que ninguém pode criar um veículo a menos que tenha aprendido a fazê-lo através da evolução. Apesar de grande e poderoso, Cristo, o Espírito Solar Cósmico, não podia criar um Corpo Denso, seja através de um útero ou pelo método mágico acima descrito, pois nunca tivera essa experiência na vida celeste onde são criados os arquétipos de corpos, e nem Ele havia passado pelas experiências reais pelas quais a humanidade passou durante o decorrer das eras. Portanto, era necessário que alguém fosse escolhido para criar-Lhe um corpo. Esta honra e privilegio coube a José, Maria e Jesus, que forneceram o Corpo Denso e zelaram por ele durante os primeiros anos até a maturidade, juntamente com o Corpo Vital necessário para manter vivo o instrumento denso e assim completar a união com o Corpo de Desejos de Cristo.

Quando corretamente entendido, percebe-se o quanto é verdadeira a afirmação de que Jesus nasceu de uma virgem e que a concepção foi imaculada. O erro está em confundir Jesus com Cristo. Lembremo-nos que o Anjo Gabriel ordenou que Ele devia ser chamado Jesus. Christos significa “ungido”, e refere-se a um cargo, uma função e não a uma pessoa. Por essa razão, é só depois do Batismo, ao ser ungido pelo Espírito, que ele é chamado Jesus Cristo, ou em inglês (the anointed Jesus), o ungido Jesus. Também é um erro considerar o nascimento de Jesus como único. Temos a palavra de Cristo que as coisas que Ele fez, nós também as faremos e até maiores. A Imaculada Concepção, o Batismo (o batismo ou unção), o período de serviço e ministério, a Cruz e Coroa, tornar-se-ão, por sua vez, experiências pessoais para cada um de nós, pois todos somos Cristos em formação e devemos crescer um dia até a plena estatura da Divindade.

(Do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. II – Pergunta Nº 76 – Fraternidade Rosacruz – SP)

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