Coisas que as flores branco-rosadas contam à Elza
Elza adorava sentar-se debaixo da macieira e apreciar as lindas pétalas branco-rosadas. Isto a fazia pensar em belas coisas que ela nunca pensara em nenhum outro lugar.
– Não sei como alguém poderá não amar você, coisa linda – exclamou uma tarde, abraçando a árvore.
– Estamos muito felizes que você nos ame pequena Elza, porque a maioria das garotinhas parecem nem olhar para nós – ouviu alguém dizer.
Ela olhou para cima para ver de onde vinha à voz, e ficou muito surpresa ao ver um Espírito da Natureza olhando através de cada flor branco-rosada.
– Ora, ora! Vocês são fadas – exclamou Elza – Nunca imaginei que vocês morassem aí em cima.
– Moramos onde é belo – respondeu o Espírito da Natureza que falara antes.
– Isso deve ser bonito – suspirou Elza – Gostaria de ser uma fada.
– Mas não é estranho? – Replicou o Espírito da Natureza – Eu estava exatamente desejando ser apenas uma garotinha.
– Oh, você…você gostaria de trocar de lugar comigo? – disse Elza, ansiosamente.
– Teremos que pedir à Princesa das Fadas – replicou o Espírito da Natureza – Aqui está ela! – exclamou, enquanto uma fada, com vestes brilhantes deslizava pelo caminho.
– Princesa das Fadas – disse Elza timidamente – eu desejaria ser fada e há uma fada lá em cima que desejaria ser uma menininha. Você poderia nos trocar, por uma no lugar da outra?
– Você tem certeza que desejaria ser fada? – perguntou a Fada Princesa, olhando fixamente para Elza.
– Oh, eu adoraria – disse a garotinha com uma expressão de júbilo em sua face.
A Fada Princesa pareceu muito satisfeita e em poucos minutos Elza encontrava-se entre as flores branco-rosadas – uma verdadeira Fada- e, em volta dela, estavam outras pequenas fadas ou Espíritos da Natureza.
Elza já se encontrava na madeira há algum tempo quando sentiu sono e começou a se aninhar nas flores para dormir, quando uma Fada que estava perto dela sussurrou-lhe:
– Você não pode dormir. Esta é a hora de fazermos o nosso trabalho.
Em poucos momentos, quando todas as estrelas despontavam e a Lua espalhava seus raios prateados sobre a Terra, todos os Espíritos da Natureza saíam das flores e corriam para cá e para lá em tal velocidade que Elza perdeu a respiração só de olhá-las. Ela notou que por onde eles passavam o local irradiava uma nova beleza.
– O que devo fazer Fada Princesa? – ela perguntou – Todos parecem estar ocupados, menos eu.
– Você poderia dar uma chegadinha à casa de campo da velha senhora, na descida da estrada e pôr o lugar em ordem para ela – disse a Fada Princesa com um sorriso.
– Mas, Princesa – protestou Elza – eu quero fazer algo bonito. Limpar uma casa – ora – qualquer um pode fazer isso.
– Bem, Elza – disse a Fada Princesa seriamente – se você vai tornar-se uma fada, deve estar preparada para fazer qualquer coisa que beneficie os outros. Vocês não fazem coisas semelhantes para ajudar uns aos outros no mundo de onde você veio?
– Não exatamente como isso – disse Elza vagarosamente – Sábado eu levei um ramo de lilases aSra. Medeiros, que tem reumatismo. Eu podia ter lavado os pratos para ela, mas não fiz porque eu...
– Oh, eu entendo – disse a Fada Princesa – Você achou que cumpriu seu dever quando levou-lhe as flores.
– Sim – disse Elza – foi exatamente como me senti.
– Bem, tenho certeza que a Sra. Medeiros ficaria muito mais agradecida se você tivesse arrumado a casa para ela – disse a Princesa – Lembre-se, Elza, pequenas coisas como essa são muito mais belas do que fazer coisas que não exigem sacrifício.
– Nunca pensei nisso antes – disse Elza pensativamente – E estou tão feliz, Princesa, que você me mostrou como eu posso ajudar as pessoas corretamente.
– Está ficando tarde, Elza – disse a Fada Princesa – Rápido! Precisamos nos esconder.
Então, ela soprou suavemente uma corneta de prata e imediatamente todos os Espíritos da Natureza começaram a voltar, subindo para dentro das flores branco-rosadas. Pareciam tão engraçados que Elza parou e riu até que lágrimas lhe escorreram pela face.
– Rápido, rápido! – disse a Fada Princesa para Elza – ou vão pegar você.
Mas o aviso chegou muito tarde, pois já vinha em sua direção uma mulher muito velha, apoiando-se numa bengala.
– Quem é a senhora? – perguntou Elza, com muito medo.
– Certamente você me conhece muito bem – disse a velhinha numa voz trêmula – Sou a velha Sra. Medeiros que mora na descida da rua. Aquela a quem você leva flores de vez em quando. Eu sempre desejei que você me ajudasse um pouco nos afazeres da casa.
– Eu nunca soube disso, Sra. Medeiros, nunca – disse Elza honestamente – Não, até que a Fada Princesa me contou; a primeira coisa que farei pela manhã será ajudá-la. Espere para ver.
– Você tem um bom coração, isso você tem realmente – murmurou a velha Sra. Medeiros – enquanto ia embora, apoiada na sua bengala.
Nesse momento, Elza sentiu algo leve em sua face e acordou, encontrando-se deitada ao pé da árvore, coberta pelas flores branco-rosadas.
– Acho que estive sonhando – disse Elza – olhando para a árvore. Mas as flores somente sorriram e balançaram suas lindas cabecinhas.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. I – por Helen Boyd – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).
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