NOSSOS ANJOS AUXILIARES
-“Mamãe, será que alguma vez teremos asascomo os Anjos?” – perguntou pensativamente Jennie, de sete anos, enquanto ela e seu irmão gêmeo, Bennie, viravam as páginas de um novo livro de histórias que ganharam em um recente aniversário.
– Os Anjos na realidade não têm asas, querida, respondeu mamãe, que estava sentada no grande sofá, costurando. Muitos desenhos mostram os Anjos com asas, talvez porque os confundam com outros seres dos mundos invisíveis que temasas como parte deles, mas aqueles que já viram os Anjos dizem que eles se parecem muito conosco.
– Como eles se movem pelos ares se eles não têm asas? – insistiu Jennie.
– Eles são feitos de material mais leve do que nós, respondeu sua mãe, e podem ir onde quiserem, simplesmente pelo poder do pensamento.
– Eles vivem e age como nós, Mamãe? – perguntou Jennie, com um brilho de interesse em seus olhos espertos.
-Sim, dizem que eles usam roupas, vivem em casas, tem jardins e se ocupam com vários assuntos, exatamente como nós. Alguns são mais bonitos e inteligentes do que outros, exatamente como são as pessoas, há alguns tão brilhantes e tão belos que ofuscam nossos olhos.
– É por isso que não podemos vê-los, Mamãe? – perguntou Jennie.
– Não, não exatamente. Eles são feitos de matéria muito mais leve e mais fina do que nós e, assim, não causam impressão aos nossos olhos. Algum dia, entretanto, quando nos tornarmos mais espiritualizados e tivermos desenvolvido o que chamamos de visão etérica, veremos muitas coisas feitas de éter, que agora não vemos.
– Mas os Anjos moram aqui onde estamos? – perguntou Bennie, de olhos arregalados.
– O lar deles é na Lua, respondeu mamãe, mas eles nos visitam aqui na Terra e nos ajudam de varias maneiras. Eles, com a ajuda dos Espíritos da Natureza, ajudam as plantas a crescer e desenvolver suas lindas flores e frutos, e são particularmente úteis para as criançasporque estão sempre perto, guiando e protegendo vocês.
– Eles realmente nos protegem? – indagou a deliciada Jennie. Gostaria de poder vê-los.
– Quando você estava no mundo celeste, continuou mamãe, eles a ajudaram a encontrar papai e a mim, de maneira que você pode vir viver conosco e crescer no ambiente que fosse melhor para você.
– Aposto que encontraria você de qualquer forma, Mamãe, disse Bennie, abraçando-a com entusiasmo.
Mamãe sorriu, e pegando o livro de histórias mostrou uma figura e continuou:
– Essa figura que você vê aqui é a do Anjo Gabriel dizendo àMaria, a Mãe de Jesus, que dela nasceria um filhinho que se tornaria um homem maravilhoso.
– E ele se tornou, não é? – perguntou Jennie muito interessada.
– Sim, respondeu sua mãe, e quando ele nasceu os Anjos avisaram os pastores das proximidades e, como você vê nesse desenho, os pastores foram visitar o menino Jesus.
– E eles o encontraram num estábulo, não é? – lembrou Bennie. .
– Sim, assim foi, respondeu mamãe, e lá também havia Anjos como você vê no desenho.
– E oque eles estão fazendo nessa gravura? – perguntou Bennie, àvista de uma linda gravura colorida na página seguinte.
– Esta gravura mostra os Anjos ensinando o meninoJesus quando ele cresceu, explicou mamãe. Você vê, eles dispensavam uma atenção toda especial ao menino porque ele tinha um trabalho importante a fazer.
– E o que o Anjo está fazendo para esse homem? – perguntou a pequena gêmea.
– É um Anjo confortando Cristo-Jesus, já homem feito, quando Ele estava muito triste, respondeu mamãe. Você vê, os Anjos são muito abnegados. Eles são mais puros e mais sábios do que nós somos, porque eles permaneceram mais tempo no Reino de Deus do que nós e foram mais obedientes a Ele – eles adoram confortar e ajudar os outros. Todas as pessoas tornam-se mais fortes e melhores ajudando os outros e é parte do plano de Deus que todos os Seus filhos sirvam seus irmãos e irmãs, particularmente aos mais jovens e aos menos desenvolvidos.
– Mas os Anjos não são nossos irmãos e irmãs, Mamãe? – perguntou Bennie.
– Não exatamente como você e Jennie são irmão e irmã, explicou mamãe, mas os Anjos, os Espíritos da Natureza, os seres humanos e todas as outras criaturas São filhos de Deus e, nesse sentido, somos todos irmãos e irmãs. Chamamos os animais nossos irmãos mais jovens porque eles não estiveram nesta parte do reino de Deus ao tempo que nós estamos.
– E meu gatinho é meu irmãozinho, então? Exclamou Jennie deliciada.
– Sim, ele é, replicou sua mãe, e sendo boazinha para ele, alimentando-o e tomando bem conta dele, você estará ajudando-o a crescer de acordo com os planos de Deus, da mesma forma que os Anjos nos ajudam.
– Os Anjos cantam Mamãe? – perguntou Bennie, olhando outra ilustração no livro de história.
– Sim, mamãe assegurou-lhe. Sabemos que no tempo da Páscoa, quando o Espírito Cristo se liberta da Terra, uma hoste de Anjos vai ao Seu encontro, cantando as mais belas canções de louvor e gratidão. Esse desenho ilustra isso, como o artista o imaginou.
– Oh, gostaria de ouvi-los, exclamou Jennie.
– Talvez algum dia você os ouça, sorriu sua mãe. Se vivermos como Deus quer que vivamos, seremos capazes de fazer muitas coisas no futuro, que não podemos fazer agora.
– Posso rezar para os Anjos esta noite, quando fizer as minhas preces, Mamãe? – perguntou a garotinha.
– Sim, você pode, concordou sua mãe. E agora é hora das crianças irem para a cama, por isso vamos logo.
– Espero sonhar com os Anjos, disse Jennie, enquanto seguia sua mãe para oquarto.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. I – por Perl Amelia Williams – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).
GÊMEOS: RACIOCÍNIO
– O problema, Dennis, não é que você não possa, mas que você não quer – estava dizendo o Sr. Norton – Não tem motivo para você não poder resolver esses problemas tão bem como qualquer um na aula de física, se você se propuser a parar e tentar resolvê-los. Segundo as leis da física, determinadas causas sempre produzem determinados efeitos, e, se você sabe quais são essas leis, não é difícil raciocinar como elas vão proceder sob condições específicas. Ouvi dizer que você e campeão de esqui e também surfista, não é?
– Hum, bem, sim, acho que sim – Dennis concordou surpreso.
– Bem, para esquiar e fazer surfe não há certas regras de movimentos que você deve conhecer bem? Você não tem que estar preparado para ondas que quebram de diferentes maneiras, sobre correntes submarinas, sobre o grau de inclinação do declive de uma montanha, da velocidade que você desenvolve, e a que ângulo e como tomar uma curva, e muitas outras considerações dessa espécie?
– Sim, claro- disse Dennis -mas eu nunca pensei sobre todas essas coisas como leis da física.
– O que mais poderia ser? – Perguntou sorrindo o Sr. Norton.
– Bem, divertimento…quero dizer…puxa – gaguejou Dennis – eu não paro para pensar em tudo isso todas às vezes. Acho que apenas sinto.
– Claro. Já se tornou automático em você. Se você tivesse que parar e resolver isso cada vez, você não iria muito longe com os esquis ou na prancha de surfe. Mas, quando você estava aprendendo, você tinha que estar muito mais atento sobre todas as possibilidades e muito mais consciente de que cada passo que você desse poderia trazer tal ou qual resultado. Você não passava horas com seu instrutor de esqui, sem esquiar, mas estudando com ele todas essas coisas, matematicamente, na ponta do lápis?
– Sim, e eu também não gostava muito disso – Dennis fez uma careta.
– Não, Dennis, não acho que você gostasse, do mesmo modo que você não gosta de sentar aqui na classe e resolver os problemas de física. Você éum jovem ativo, e quer estar sempre se movimentando. Mas, chegou a hora de você aprender a usar sua cabeça, da mesma maneira que você usa seus talentos para o atletismo. Essas sessões de teoria com o instrutor não foram valiosas?
– Acho que sim – concordou Dennis – acho que eu não teria progredido tanto sem elas.
– É isso mesmo. Há muitos esquiadores amadores que nunca tiveram essas aulas, mas sem elas você não teria chegado ao grau de campeão. Acredite ou não, a física, ou qualquer outra matéria que ensine a praticar suas possibilidades de raciocínio, valem a pena, muito mesmo. Não tenho dúvida de que você tem uma boa cabeça – continuou o Sr. Norton – mas a mente precisa ser exercitada, da mesma maneira que o corpo. Bem, quero que você pegue esta folha de problemas e tente resolvê-los neste fim de semana. Aplique o que você aprendeu em classe e, se você não aprendeu tudo que foi dado, que eu acho que é o caso, torne a ler olivro de texto. Vamos ver se segunda-feira você traz os problemas resolvidos da melhor maneira possível.
Na manhã seguinte, de má vontade, Dennis atacou os problemas. Sua maior dificuldade era concentrar-se, e teve que tentar recomeçar várias vezes durante o dia ate conseguir trabalhar seriamente, bem no fim da tarde. Contudo, quando conseguiu fixar sua mente notrabalho, achou,como dissera o Sr. Norton, que as respostas se adaptavam, mais ou menos, nos lugares certos se ele tentasse resolvê-las com lógica. Certas causas sempre tinham certos efeitos e, quando encaradas com uma série de fatores, nilo era muito difícil, usandoo raciocínio e o processo de dedução, determinar o efeito composto que poderia resultar.
No domingo, quando ele atacou a última parte da sua tarefa, Dennis descobriu que estava ansioso pelo desafio – que era divertido tentar resolver os problemas com raciocínio. Sorriu quando se lembrou das palavras do Sr. Norton sobre exercitar a mente. De certo modo, eslava sendo tão agradável quanto exercitar seus músculos nas rampas de esquis. Ele sabia que não podia ficar sentado quieto por muito tempo – como o Sr. Norton havia dito, ele era agitado – mas se ele dedicasse curtos períodos de tempo para “exercitar a mente”, e pudesse concentrar-se nisso, apenas nisso, nesse espaço de tempo, talvez ele conseguisse tornar também a sua mente em um instrumento de campeonato. Certamente, não era tão difícil resolver os problemas sozinhos.
No dia seguinte, Dennis sorria ao entregar o trabalho ao Sr. Norton.
– Não sei se eu deveria admitir isto, disse, mas eu me diverti fazendo esses problemas quando finalmente consegui entendê-los.
– Eu pensei que isso ia acontecer – sorriu o Sr. Norton – Desafios mentais, a seu modo, são tão satisfatórios quanto os desafios físicos, e quanto mais você desenvolver o seu poder de raciocínio, mais oportunidades você terá de vencer toda espéciede obstáculos que venha a enfrentar durante toda a sua vida.
– Acho que o senhor pensou que eu era um desses atletas musculosos que mal sabem escrever seu próprio nome – sorriu Dennis.
– Tolice – disse o Sr. Norton – se eu pensasse assim não teria me preocupado em falar com você como fiz ou ter-lhe dado àqueles problemas. Eu sempre soube que você tinha capacidade de raciocinar, se você conseguisse sentar e tentar. Na verdade, muita gente tem boa capacidade de raciocínio, mas este talento é como qualquer outro: tem que ser cultivado.
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).
GÊMEOS: VERSATILIDADE
– Eu vou tentar, disse Gwen. Não deve ser difícil.
Gwen, nunca havia trabalhado como balconista ou feito troco antes, mas quando Jean ficou doente, alguém tinha que tomar conta da barraca das Bandeirantes no bazar, e Gwen se ofereceu como voluntária.
Gwen sempre estava disposta a experimentar qualquer coisa nova e sempre com sucesso. Podia-se contar com ela para intervir e ajudar em qualquer emergência, e se lhe pedissem para fazer alguma coisa que ela desconhecesse, ela se esforçava até aprender. Ela sabia cozinhar e fazia suas roupas, fazia parte do clube de teatro era secretária de sua classe, tirava boas notas, gostava de crianças e, frequentemente, bancava a babá.
– De fato- dizia sua irmã Jô, mal humorada – Gwen sabe fazer de tudo. Tem gente que tem muita sorte.
– Na verdade não é somente sorte- a mãe tentou dizer-lhe muitas vezes – Gwen decide que vai conseguir o que quer que se proponha, e trabalha até conseguir. Ela não tem medo de tentar.
Contudo, Jô nunca quis aceitar essa explicação e continuou a insistir que as habilidades de Gwen eram pura sorte.
– –Como é que vai indo? – Perguntou Jô, parando na barraca das Bandeirantes.
– Bem – disse Gwen – Tenho tido muitos fregueses, é bem divertido. Escute Jô, você pode tomar conta um pouquinho? Já passou muito da hora do almoço e eu estou morrendo de fome.
– Eu não sei o preço das coisas, não sei nada – protestou Jô – e eu vou ficar toda enrolada fazendo troco. Eu trago um sanduiche para você, se você quiser.
– Oh! Por favor, Jô. Eu queria sair um pouquinho daqui. Os preços estão todos marcados e fazer troco não étão difícil, se você contar. Por favor?
Jô concordou, relutante, em assumir a barraca por uma hora, e a primeira freguesa apareceu assim que Gwen virou as costas. Atrapalhada, Jôprocurou os preços nas mercadorias e embaralhou tudo fazendo o troco. A cliente parecia aborrecida e Jô se surpreendeu por ela ter comprado alguma coisa.
– Eu preciso melhorar – suspirou consigo mesma – Como e que eu fui me meter nisto?
Vários outros clientes se aproximaram. Desta vez, Jôrespirou fundo e disse:
– Desculpem se eu for um pouco lenta. Eu comecei agora mesmo e estou ainda tateando. Bem, o que é que vocês querem ver?
Os clientes se mostraram pacientes, Jô percebeu a sua boa vontade e, sentindo-se mais tranquila, concluiu as vendas com mais segurança. À medida que outros clientes foram chegando, Jô descobriu que ela aprendera a maioria dos preços e percebeu que fazer troco era bem simples se ela prestasse atenção.
Quando Gwen voltou, encontrou Jô elogiando uma mercadoria para uma freguesa, e se comportando como se tivesse trabalhado numa barraca toda a vida.
– Já de volta? – Perguntou Jô – Por que você não descansa mais um pouco ou faz qualquer coisa? Estou me divertindo tanto.
– Então fique aqui me ajudando, riu Gwen. Parece que hoje tem muita gente aqui e vamos precisar de duas pessoas.
Muitos clientes vieram nessa tarde e Gwen achou muito bom ter a ajuda inesperada de sua irmã. A mercadoria foi vendida rapidamente e em um dado momento, Jô comentou:
– Gostaria que houvesse mais coisas em estoque. No próximo ano já sabemos que deveremos ter um maior sortimento.
Gwen sorriu, lembrando o quanto Jô relutou em se meter com o bazar, quanto mais de trabalhar como vendedora. Será que Jô se tornaria uma das grandes colaboradoras para o bazar do próximo ano?
Algumas horas depois, a mãe delas ficou surpresa por veias juntas na barraca, Jô trabalhando com tanta segurança e jeito como Gwen. Ficou observando de longe e depois, sem ser percebida pelas meninas, seguiu seu caminho.
Nessa tarde, Gwen colocou na fazenda o molde para seu vestido novo e começou a cortar. Jô observava criticamente.
– Não parece muito difícil – disse – Aposto que eu posso fazer isso.
– Claro que pode – disse Gwen – Tudo que você tem a fazer é ler a indicação esegui-Ias.
– Acho que vou comprar um tecido amanhã e experimentar – murmurou Jô – Sabe, émuito divertido tentar fazer coisas novas. Se alguém me tivesse dito hoje de manhã que eu estaria conduzindo uma barraca, e que acabaria gostando, acho que teria voltado imediatamente para a cama! Mas, eu consegui fazer tudo sem dificuldade depois daqueles primeiros erros e, acredite ou não, fiquei triste quando chegou a hora de ir embora.
A mãe aproximou-se com um prato de doces de chocolate.
– Bem, Jô, vejo que você também teve sorte hoje – sorriu ela.
– Hein? – Jô olhou-a, confusa – Oh! Isso! Bem – ela explicou para a mãe – Não foi realmente sorte, sabe. Eu resolvi que ia fazer o que me propus e batalhei até conseguir. Eu posso fazer qualquer coisa. Entendeu?
– Entendi – riu a mãe – e também percebi que tenho em minhas mãos duas garotas versáteis. Acho que vou ter que me esforçar muito para me igualar a vocês. Que tal isto como começo?
Ela apresentou o prato e as duas garotas avançaram nos doces de chocolate.
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).
O objetivo de todo treinamento esotérico é trabalhar sobre o Corpo Vital, para construir o Espírito de Vida e acelerar seu desenvolvimento.
Portanto, o treinamento esotérico abre a visão interna do aspirante. Há seu tempo, receberá exercícios que organizarão um veículo capaz de funcionar nos mundos internos de maneira perfeitamente consciente.
A PRINCESA QUE APRENDEU A SORRIR
Era uma vez uma princesinha que morava com seu pai, o rei, num belo reino perto do mar. Certamente, a princesinha seria muito bonita se não estivesse sempre aborrecida e mal humorada. Havia quase sempre um olhar carrancudo em sua face e ela queixava-se e criticava tudo.
De manhã, quando sua boa ama trazia-lhe a primeira refeição numa bandeja dourada, ela ficava com raiva, mesmo que houvesse coisas deliciosas para ela comer.
– Leve a comida embora! Ela gritava – batendo o pé e empurrando a bandeja – eu não quero aveia. Por que você não me trouxe trigo fervido? E olhe para essa torrada. Não está bem tostada. Eu não gosto do pratinho no qual colocaram o meu ovo. Leve tudo embora e traga o que eu quero.
Durante todo o dia ela dizia coisas desagradáveis para todas as pessoas a sua volta e reclamava de tudo. Mesmo quando o rei lhe dava um presente, em vez de agradecer, ela resmungava e perguntava por que ele não trouxera alguma coisa mais.
No mesmo reino, viviam alguns anõezinhos que gostavam muito do rei. Eles viam o quanto o rei ficava triste pelo mau comportamento da princesa, pois ele amava sua filhinha e queria vê-la feliz. Por isso, os anões decidiram que toda vez que a princesa estivesse mal humorada e hostil, ou tivesse maus pensamentos, eles plantariam uma semente no declive da montanha, não muito longe do acampamento deles.
As sementes cresceram rapidamente e tornaram-se árvores altas e logo a montanha foi coberta por uma vasta floresta.
Um dia a princesa estava muito brava por algo que lhe acontecera e decidiu dar um passeio sozinha. Andou, andou e se perdeu na densa floresta no declive da montanha. Veio à noite e a princesinha começou a chorar porque não conseguia encontrar o caminho para sair da floresta. Como ela queria agora a sua casa e todas as coisas que sempre desprezou antes! Ela estava com fome, mas nada encontrou para comer na floresta, a não ser algumas frutas amargas em um dos arbustos. Finalmente, sentindo-se muito cansada, ela ajeitou-se no chão duro e dormiu.
Logo cedo, na manhã seguinte, ela foi acordada por alguém que chamava o seu nome. Sentando-se rapidamente, ela olhou à sua volta e viu os anões.
– Princesa, disse o líder dos anões, viemos para dizer-lhe como você pode sair da floresta.
A princesa bateu palmas:
– Oh, diga, ela gritou. Por favor, diga-me como vou encontrar o caminho de minha casa, pois eu não gosto desta floresta e quero voltar para casa o mais rápido possível.
– Essa rapidez dependerá da maneira como você seguir nossas instruções, disse o anão, pois só há um caminho para sair daqui.
-Oh, farei qualquer coisa, respondeu a princesa.
– Bem, então disse o anão, deixe-nos primeiro dizer onde você se encontra. Cada árvore nesta floresta é uma palavra má ou um gesto pouco gentil que você praticou. Essas densas videiras emaranhadas são as reclamações que você fez. Agora, a primeira coisa que você deve fazer é parar de reclamar e elogiar tudo. Você deve aprender a sorrir, procurar o bem em todas as coisas e sentir-se feliz. Tente tornar as outras pessoas felizes e faça algo por elas. À medida que você fizer estas coisas, as árvores desaparecerão, uma por uma, e então você poderá voltar para o reino, onde fica a sua casa.
Foi muito difícil para a princesa fazer o que os anões lhe recomendaram, mas ela detestava tanto a floresta que resolveu tentar. Parou de reclamar sobre a floresta e principiou a elogiá-la. Começou a elogiar o arbusto que continha as frutas amargas e ela se surpreendeu ao ver que, com suas palavras de carinho, as frutas que antes eram tão amargas transformaram-se em frutas saborosas, diante de seus próprios olhos.
Atônita e feliz com o resultado de sua primeira experiência, ela começou a sorrir.
Lembrou-se das instruções de fazer algo gentil para as outras pessoas e decidiu que já que os anões tinham sido bondosos ensinando-lhe o caminho de volta, ela faria alguma coisa para eles.
Depois de muito pensar, decidiu construir para eles algumas lindas casinhas onde pudessem morar. Juntando pedras e varetas e usando argila para a argamassa, ela construiu as mais atrativas casas de pedra que se possa imaginar e cuidadosamente forrou o interior delas com folhas macias. Do lado de fora, ela criou jardins nas rochas e neles plantou toda a sorte de flores do campo.
A princesa estava tão feliz em seu trabalho de construção, que não notou que muitos dias se tinham passado desde que ela chegou à floresta.
Finalmente, as casas ficaram prontas e eram tão lindas que ela mal conseguia esperar o momento em que os anões chegassem para ver seus novos lares.
Na manhã seguinte, ela acordou com o Sol brilhando intensamente em seus olhos e sentando-se rapidamente olhou à sua volta. Para sua surpresa, a densa floresta tinha desaparecido e os anõezinhos estavam sorrindo diante dela, parecendo muito felizes.
– Olá, Princesa, eles disseram todos, saudando-a. Você dissolveu a floresta. Olhe, poderá ver o palácio na outra colina. Vá, porque o rei está esperando por você.
A princesa levantou-se alegremente e, após agradecer aos anõezinhos por a terem ensinado o quanto é mais agradável sorrir do que resmungar, correu rapidamente para casa e estava determinada a nunca mais ser mal humorada e indelicada.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. I – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).
PRESENTE DE CELESTIA
Era uma vez, há muito, muito tempo atrás, um Rei muito bom e uma encantadora Rainha que reinavam sobre diversas províncias, as quais visitavam anualmente. Foi anunciado pelo mensageiro do Rei, que O Rei e a Rainha visitariam certa província num certo dia e que aquele que desse à Rainha o melhor presente, seria recompensado por ela de uma maneira apropriada.
Foram feitos planos para receber os ilustres hospedes e grandes preparativos foram iniciados pelas pessoas, cada uma tentando superar a outra no preparo do presente para a Rainha. A vinda do casal real era o assunto da província. As pessoas estavam muito agitadas quando finalmente o dia chegou.
Nessa província morava Celestia com sua avó. A mãe de Celestia passou para o mundo invisível quando Celestia nasceu deixando o minúsculo bebê aos cuidados da vovó. Vovó deu-lhe o nome de “Celestia,” porque, disse ela, a pequenina era como uma estrela do céu que veio para iluminar sua velhice. Elas eram muito pobres e quando ouviram as maravilhosas notícias sobre a vinda do Rei e da Rainha, a vovó meneou sua cabeça grisalha e perguntou a si mesma, como elas poderiam presenteá-los.
Celestia, nos seus nove aninhos, nunca tinha visto o Rei e a Rainha; mas ela desejava, com uma intensidade de criança, ver essas pessoas tão distintas e dar-lhes um presente valioso. No dia anterior ao grande evento, ela veio correndo para sua avó:
– Eu o tenho, ela disse excitada, minha pombinha! Minha linda pombinha branca! Vovó, eu quero dar minha pombinha à Rainha!
Mas a vovó balançou sua cabeça.
– Não, minha estrela brilhante, tua pombinha não ficará com a Rainha. Ela voltará para ti. Deves pensar em outra coisa.
Celestia ficou desapontada e triste. Ela sentou-se num banquinho perto da janela, pôs sua cabeça na beirada da janela e começou a pensar. Ela adormeceu, seus cachos amarelos brilhavam como ouro a luz do Sol. Vovó acomodou-se em sua cadeira e também dormiu. Era de tardezinha e vovó sempre tirava uma sonequinha nessa hora. Ela foi acordada por Celestia que puxava seu avental e tocava gentilmente em sua face.
_ Vovó, disse Celestia, suavemente, eu tive um sonho maravilhoso! Eu vi um lindo anjo todo de branco, resplandecente. Sua face parecia um retrato da mamãe. Ela veio e parou em minha frente. Eu me senti tão feliz! Então, ela me disse:
– Dê a Rainha o teu amor, minha filha.
– Eu pisquei os meus olhos, ela foi embora e eu acordei. Não foi um lindo sonho, vovó?
A vovó acariciou os brilhantes cachos de Celestia e respondeu pensativamente:
– Sim, filha, dê à Rainha o teu amor, pois o presente sem a doador é vazio; mas guardarás um pouquinho para a vovozinha, não é?
– Vovó, eu a amo mais que tudo; mas eu preciso escrever a Rainha e contar-lhe como a amo, pois isso é tudo que tenho para dar-lhe. Ela é linda, não é vovó?
Celestia pulou para sua caixa de tesouros onde guardava alguns pedacinhos de papel que eram muito raros e que tinha conservado como um tesouro, por muito tempo. Com uma pena de ganso ela escreveu em rima seu amor e adoração pela linda Rainha. Preencheu algumas pequenas páginas, remexeu novamente sua caixa de tesouros e encontrou um pedaço de fita azul que vovó lhe havia dado e lhe contara que essa fita tinha enfeitado seu primeiro vestido de bebê. Com a fita azul ela amarrou as folhas juntas.
– Amanhã iremos ver a Rainha, ela disse à vovó, mostrando-lhe as páginas escritas.
O nascer do Sol encontrou-as acordadas e prontas para sair. Celestia estava com uma roupa vermelha com remendos pretos (pois vovó não tinha outro material com que remendar seu vestido) e pesados tamancos, mas com uma face rosada e resplandecente e com seus lindos cabelos bem escovados. Vovó colocou o xale sobre seus ombros curvados, pegou sua bengala e saíram. Não muito longe da sua casa, elas foram alcançadas por um velho amigo que ajudou vovó a sentar-se ao lado dele na carroça e colocou Celestia nas costas de um grande boi avermelhado que puxava a carroça. De repente, Celestia assustou-se com um bater de asas, era a sua pombinha de estimação que pousou em seu ombro e permaneceu com ela na viagem.
Perto da província havia um vilarejo onde o povo construira um grande celeiro. Esse celeiro também servia como uma casa comunitária onde os fazendeiros, algumas vezes, se reuniam para um festival. As pessoas escolheram o celeiro como o lugar mais apropriado para receber o Rei e a Rainha e o dia encontrou-as vindo de todas as partes da província trazendo seus presentes.
O Sol estava alto nos céus quando, subitamente, houve um tocar de trombetas e dois cavaleiros apareceram seguidos por uma carruagem dourada puxada por seis cavalos brancos. A cabeça dos cavalos estava ornamentada com plumas pretas e borlas douradas.
O Rei e a Rainha saíram da carruagem dourada, seguidos por dois pequenos pajens que seguravam a cauda do vestida da Rainha. A comitiva real caminhou até o celeiro e sentaram-se numa plataforma parecida com um trono, onde as pessoas traziam seus presentes e as colocavam para inspeção.
“Certamente,” pensou o homem mais rico da província, “eu irei obter a prêmio, pois quem poderá dar melhor presente do que eu?” E ele caminhou reto e orgulhoso, para colocar um belo tapete oriental aos pés da Rainha. O valor desse tapete era imenso e as cores esplendidas. A Rainha recebeu o presente com um sorriso e uma benção.
“Certamente, eu obterei a recompensa” pensou uma feliz esposa de um fazendeiro, “pois quem pode cozer no forno melhores pães do que esses?” Realmente, eles tinham uma deliciosa cor marrom dourada, redonda e perfeita na forma. A Rainha recebeu o presente com um sorriso e uma benção.
“Certamente, eu receberei o prêmio,” pensou um próspero fazendeiro, “pois não há melhor trigo no país do que este”; e carregou uma braçada de longas espigas amarelas e as colocou próximas aos pães. A Rainha recebeu o presente com um sorriso e uma benção.
Assim, cada um por sua vez, deram a ela os seus melhores presentes. Alguns trouxeram finos trabalhos de agulha. Um homem trouxe um monte de grãos dourados, maiores do que a cabeça de um homem. Outro trouxe um gordo leitãozinho. Um fazendeiro levou seu galo premiado. Uma mulher trouxe flores escolhidas que havia plantado. Um artista, pintor, trouxe sua obra-prima. Todas as artes e habilidades estavam ali representadas. Cada doador tinha certeza que seu presente era o melhor. A cada um, a Rainha deu um sorriso e uma benção.
Celestia, cheia de admiração, temerosa e tremendo, olhava as pessoas seguirem com suas oferendas. Em sua mão, ela segurava sua pombinha e o livreto de versos. Ela observava com olhos ansiosos os magníficos presentes e os trajes dos doadores. Todos vestiram-se no melhor estilo, com suas vestimentas de festa. E ela sabia que estava a mais pobremente trajada de todos. E seu presente? Ah, que presente pequenino comparado com os demais, ela pensou.
O último presente foi ofertado à Rainha. Celestia ficou bem atrás da porta da entrada, indecisa. Ela era tímida, mal vestida e seu presente tão pequeno! Mas, queria tanto dizer à Rainha como a amava! Ela fechou os seus olhos e tentou ganhar coragem. Por instantes ela viu o anjo e lembrou-se de seu sonho. A pombinha fez um movimento em suas mãos. Celestia olhou para seus olhinhos cor-de-rosa e sussurrou em seu ouvido. Ela colocou o livreto em seu bico e abriu sua mão. A pombinha voou diretamente para a Rainha e pousou tão docemente em sua mão que ela nem se assustou. A Rainha pegou o livreto, leu os versos e olhou a sua volta para ver para onde a pombinha tinha voado, em direção à sua dona.
– Você pode vir até aqui, garotinha? Ela perguntou.
Sua voz soou como um sino de prata e seu sorriso era tão convidativo que Celestia perdeu todo o medo e dirigiu-se a Rainha. Ela acariciou seus cachos dourados e disse:
– Que seja anunciado pelo mensageiro do Rei que o maior presente, que é o amor, foi realmente dado e a Rainha dará sua recompensa ao doador. Que venham as pessoas e testemunhem a recompensa.
Quando as pessoas se juntaram dentro do celeiro, a Rainha levantou-se e, colocando sua mão sobre a cabeça de Celestia, declarou em uma voz muito clara:
– Quero levar esta menina ao palácio do Rei onde se tornará uma Princesa.
Celestia ouviu essas palavras como se estivesse num sonho, mas lembrou-se da vovó e apressou-se a explicar a Rainha:
– Não posso ir, adorada Rainha, pois vovó ficaria muito só sem mim. Ela necessita de mim.
– Ah, minha filha, você tem um coração adorável. Não tema, vovó irá também, anunciou a Rainha.
Depois que o povo deu a festa, Celestia partiu na carruagem dourada atrás dos emproados cavalos brancos e a Rainha sentou-se tendo de um lado a menina e do outro lado a vovó. Quando chegaram ao Palácio do Rei, Celestia foi levada para um magnifico quarto onde a vestiram com um traje brilhante de cetim e chinelos dourados foram colocados em seus pés – como uma Cinderela! E como Cinderela ela cresceu e casou-se com um Príncipe muito atraente.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. I – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).
TOURO: ESTABILIDADE
Quando o caminhão da mudança foi embora, Bill e Sue deram uma olhada nos seus quartos. Os tapetes e a mobília pesada estavam nos seus lugares, mas ainda tinha muita coisa espalhada e em desordem. Sue entrou desconsolada no quarto de Bill e sentou na cama.
– Bem, parece que afinal estamos aqui, disse com resignação.
– Ânimo, maninha, disse Bill, que era três anos mais velho e sempre um amigão para sua “irmãzinha”. Você vai se ambientar, fazer novas amizades, e em um mês vai parecer que você sempre morou aqui.
– Talvez seja para você, mas não para mim. Lá eu tinha a minha turma, a praia aos sábados, o time de basquete, a sociedade de canto – e aqui eu não conheço ninguém.
–– Você vai conhecer gente, e aqui também eles devem ter time de basquete, coral; não tem praia, mas tem montanhas – você pode aprender a esquiar. Pense nisso! Depois, lembre-se que papai tem que começar em um emprego completamente novo. Nós também vamos começar em uma nova escola.
– Eu sei, eu sei, suspirou Sue, e mamãe teve que deixar o vovô e a irmã e o seu clube – mas ainda assim eu acho que é mais fácil para qualquer um de vocês do que para mim.
Sue saiu e começou a pôr as coisas nos lugares, sem o menor entusiasmo.
Tanto quanto ela podia se lembrar, as situações novas sempre a perturbaram. Quando estava no jardim da infância chorou todos os dias, durante uma semana, antes de se acostumar com a ideia da escola. Mais tarde, mesmo sendo uma boa estudante, ficava desesperada na época de provas. Ficava nervosa antes de ir a alguma festinha, embora se divertisse bastante depois. Mas agora, mudando para mais de 1.600 km de distância da sua cidade, onde não conhecia ninguém e tinha que começar tudo de novo, sentia-se mais aflita do que nunca.
Como é que Bill podia estar tão calmo? Ela pensava.
Amanhã ele iria para a escola sorrindo e voltaria com um montão de amigos e contando coisas interessantes.
E ela? Por que é que ela não poderia, pelo menos uma vez, fazer o mesmo? Ainda ontem a mamãe estava dizendo que ela precisava começar a ser mais segura. Coisas inesperadas iriam aparecer durante toda a sua vida – não devia deixar que elas a perturbassem tanto. Sue sabia que a mãe tinha razão – ela iria ficar um trapo se continuasse assim pela vida afora!
Na manhã seguinte seu coração estava batendo acelerado e nem queria ouvir falar em tomar o café da manhã. Contudo, apareceu com um alegre “bom dia”, esforçou-se para manter-se calma e comer normalmente. Mais tarde, apresentou-se na secretaria da escola, fez a matrícula e foi encaminhada para uma classe. Seu pior momento foi ao entrar na sala de aulas, apresentar-se a professora e sentir todos os olhares sobre ela. Em vez de encolher-se, ficou ereta, continuou sorrindo, respondeu com segurança as perguntas gentis da professora, e depois, embora seu coração parecesse querer sair pela boca, ela sorriu e acenou para os colegas mais próximos enquanto sentou-se no seu lugar.
Daí por diante, tomou-se tudo mais fácil. Duas colegas imediatamente se tornaram suas amigas, e no recreio lhe falaram muito sobre a escola e as atividades do bairro. Soube que uma delas morava pertinho dela, na mesma rua, e que um rapaz da sua classe tinha sido colega de seus primos em Pittsburgh. Quando seus colegas souberam que ela nunca tinha esquiado e muito poucas vezes vista neve, convidaram-na para entrar para o clube de esqui, que ia fazer uma excursão nas montanhas na próxima semana. Voltou para casa trocando confidências com sua nova amiga e prometeu esperá-Ia na manha seguinte.
Bill, como era de se esperar, durante o jantar, falou pelos cotovelos; seu dia tinha sido um sucesso brilhante. O papai também tinha se dado bem com seus novos associados, e a mamãe, desempacotando livros tinha ficado muito contente quando as vizinhas vieram com um ensopado e uma sobremesa para o jantar.
– Bem, Susie, perguntou o pai, como foi o seu dia?
– Ótimo! exclamou entusiasmada.
A mãe e o pai ficaram surpresos e Bill sorriu.
– O pessoal quer me levar para esquiar na semana que vem – o treinador vai me ensinar. Mas eu preciso de esquis, papai.
Sue olhou para o pai, interrogativamente.
– Acho que isso se pode arranjar, sorriu o pai.
Então, você teve mesmo um bom dia. Hein?
– Oh, sim, disse Sue. Não sei por que eu estava tão preocupada antes. Os garotos são legais – vou adorar tudo aqui. Depois ficou pensativa. Sabe, mamãe, você tinha razão sobre eu me sentir segura. Só porque uma coisa é diferente não significa que seja ruim. Acho que o mais importante e ficar calma por dentro e agir com calma, aconteça o que acontecer, e se você pensar que tudo vai dar certo, vai mesmo.
– É isso mesmo, meu bem, disse a mãe. E agora acho que sou eu que devo ter calma, porque parece que vamos ter que investir em uma roupa de esquiar para acompanhar os esquis!
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).
TOURO: HARMONIA
Ouviu-se uma resposta muito zangada de uma das vozes alteradas lá em cima, uma porta foi batida e tudo ficou em silêncio. A mãe suspirou. Os meninos estavam brigando de novo – aliás, o que eles tinham feito toda a vida e quanto mais cresciam, mais isso incomodava. A sua diferença de idade era apenas de um ano, tinham os mesmos amigos e interesses, iam bem na escola e seus pais não conseguiam saber qual a razão da desinteligência contínua entre eles.
– Bruce, Don, venham aqui, chamou a mãe. Eu quero falar com vocês.
Eles desceram devagar, adivinhando porque a mãe os estava chamando. Ela e o pai se preocupavam tanto com suas brigas, mas eles até que se divertiam. Preocupados, eles sentaram-se na beirada das cadeiras, ansiosos por dar o fora, enquanto a mãe perguntou:
– O que foi desta vez?
– Oh, nada, mãe, disse Don, confuso.
– Quer dizer que foi por uma coisa tão boba que você nem quer me contar, não é? Perguntou a mãe.
– Acho que sim, foi a resposta hesitante. Por que você e o papai se preocupam tanto com nossas brigas? Nós não perturbamos vocês.
– Não mesmo? Perguntou suavemente a mãe. Lembram-se do concerto que assistimos a semana passada? Até vocês gostaram! Eles concordaram. Agora me digam, exatamente, por que vocês gostaram tanto da música?
– Bem – ela soava boa, disse Bruce depois de uma pausa.
– Teria sido assim tão boa se os pistonistas e os violonistas estivessem tocando uma melodia diferente da que estava sendo executada pelo resto da orquestra, ou só tocassem quando e como eles quisessem em vez de obedecer ao maestro? Continuou a mãe.
– Claro que não, respondeu Bruce.
– Então, o que os músicos devem fazer antes que um orquestra possa tocar peças que soem boas?
Bruce e Don se entreolharam, achando que a conversa estava se tornando muito infantil e imaginando onde a mãe queria chegar.
– Bem, acho que eles precisam tocar juntos, disse Don. Se eles não o fizerem, então a música também não estará combinando.
– Certo, disse a mãe. Não será harmoniosa. Agora eu quero que vocês ambos pensem no seguinte. Nossa vida aqui em casa, sua vida na escola, a vida do papai no escritório, tudo pode ser comparado ao trabalho de um músico na orquestra. Todas as pessoas desta casa tocam juntos a mesma música. Todos os alunos da escola tocam juntos a mesma peça musical. Todos os trabalhadores do escritório do papai tocam juntos a mesma peça musical. Se todos os músicos harmonizarem-se uns com os outros, a música será boa e agradável para todos, mas se um só dos músicos se recusar a harmonizar-se com os outros, a música ficará prejudicada e será desagradável para os que a estão executando ou os que a estão ouvindo. Quando um aluno da sua classe causa problemas, o que acontece?
– O professor fica louco, e algumas vezes nós também ficamos, disse Don.
– E os outros conseguem aprender as lições quando isso acontece? Perguntou a mãe.
Os rapazes abanaram as cabeças.
– E o que vocês acham que acontece quando alguém no escritório do papai se recusa a cooperar com os outros ou a fazer o seu trabalho?
– Com certeza será despedido, disse Bruce.
– Claro, se isso durar muito. Bem, eu não posso despedir vocês, a mãe continuou e os garotos sorriram embaraçados, mas com certeza eu não posso fazer o meu trabalho com tranquilidade, nem o papai, quando vocês estão no meio de uma discussão. Quando vocês brigam, ou lutam, ou o que quer que vocês chamem a isso, vocês estão perturbando a harmonia da nossa casa e, pelo fato da harmonia estar perturbada, as pessoas da casa ficam perturbadas e a vida não é tão agradável como seria se houvesse harmonia.
Os rapazes ficaram em silêncio por algum tempo. Por fim, Bruce disse:
– Acho que nós nunca pensamos nisso deste modo.
De vez em quando, você e o papai também discutem – mas nunca como Don e eu, acrescentou depressa, e nós sempre nos sentimos mal quando vocês discutem. Deve ser por causa disso.
– Mas nós nunca pensamos que quando nós estamos brigando isso pudesse fazer vocês se sentirem assim, acrescentou Don. Acho que nós também somos parte da música nesta casa.
– Vocês são mesmo, sorriu a mãe, muito mesmo. Vocês dois são tão importantes nesta família como qualquer um de nós, e o que vocês fazem ou como vocês agem nos afeta a todos.
– Muito bem, companheiro, Bruce disse para Don, vamos tentar ser mais harmoniosos? Eu não vou mais desafinar se você também não sair do tom.
– Concordo, disse Don e, rindo, os rapazes trocaram um aperto de mãos.
– Minha senhora, disse Don, ainda rindo para a mãe, a sua orquestra vai ser bem mais afinada daqui por diante. Acho até que você deve começar a cobrar para os concertos.
A mãe sorriu, olhando seus filhos subirem a escada, pela zombaria bem humorada deles, bem diferente das palavras ofensivas que usaram na sua última briga.
– Por que eu não pensei nisto antes, disse para si mesmo. Eu tive sempre a certeza que, bem lá no fundo, esses rapazes eram muito amigos um do outro. Vai ser maravilhoso ter uma prova disso, de hoje em diante.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz).
ÁRIES: AÇÃO
Lisa estava novamente sonhando acordada enquanto ia lentamente para casa, observando, pensativamente, as vitrinas por onde passava. Ela sonhava muito acordada, e frequentemente planejava este, aquele ou aquele outro projeto ambicioso. Contudo, raramente executava esses planos. Viu um tecido que seria ideal para o vestido que estava planejando fazer há semanas, mas deixou para comprar no dia seguinte. Não havia necessidade de começar o vestido imediatamente. Justamente nessa tarde, sem motivo algum, deixou passar o prazo para o teste de habilitação para o Drama Club, sem ler o papel que imaginara para si, mas consolou-se com o pensamento de que haveria outras peças e outros testes de habilitação “mais tarde”. Uma exposição de cartões de felicitações fê-la lembrar-se que havia planejado há muito tempo desenhar um cartão elaborado para as bodas de ouro de seus avós, que seria daí a dois dias.
– Bem, acho que afinal não dá mais tempo, disse para si mesma. Amanhã eu comprarei um cartão.
Quando chegou em casa, sua mãe estava misturando os ingredientes de uma nova receita.
– Oh, eu ia bater isso ontem para come-lo hoje, disse Lisa.
– Eu sei, querida, você disse que ia fazer, respondeu sua mãe resignadamente, mas, como você não chegou a fazer, eu achei melhor fazer agora.
Lisa estava descendo as escadas para a sala de jogos e parou ao ouvir a voz de sua irmã ao telefone.
– Eu sei que ela prometeu angariar donativos neste bairro, mas você sabe que não podemos contar com ela. Ela está sempre dizendo que vai fazer alguma coisa e nunca faz. A campanha se encerra sexta-feira e ela ainda nem começou. A Sra. Marshall disse que ela tem uma pilha de roupas usadas, mas que vai doa-las para o seu grupo da igreja, se nós não formos busca-las logo. A irmã de Lisa era presidente do clube de auxílios das meninas do ginásio, que estava patrocinando uma campanha de angariar roupas para crianças de outros países. Lisa, com seu entusiasmo habitual, tinha dito:
– Claro, eu apanharei as do nosso bairro. Apenas algumas casas por dia e em duas semanas terei todas as roupas. Agora, ela se lembrava bem do olhar desconfiado de sua irmã, quando disse:
– Você tem certeza que vai fazer?
Sua resposta foi zangada:
-Eu disse que vou, não disse? – Eu acho que minha irmã tem razão, pensou Lisa, com remorso. As pessoas não tem podido confiar muito em mim. Bem, eu vou lhes mostrar. Eu vou apanhar essas coisas agora, mesmo que já seja um pouco tarde. No princípio, sua mãe relutou em lhe emprestar o carro, mas quando Lisa explicou que queria reparar sua preguiça anterior e recolher nessa tarde todos os donativos em roupas de seu bairro, e quando viu a expressão rara e decidida de Lisa, ela cedeu. Algumas horas depois, a família ia começar a jantar quando Lisa entrou impetuosamente em casa.
– O banco de trás e o porta-malas do carro estão cheios de roupas usadas, disse tão informalmente como pede, para sua irmã. Se a mamãe deixar, eu as levarei amanhã para a escola.
– Você quer dizer que você conseguiu arrecadar tudo? perguntou a irmã maravilhada.
– Sim, consegui. disse Lisa. Daqui por diante acho que as pessoas podem começar a confiar em mim um pouco mais.
– Oh, está tudo bem, sorriu ao ver sua irmã ficar vermelha.
– Eu ouvi o que você disse no telefone, e doeu no começo, mas agora estou contente por ter ouvido. Acho que muita gente ficou desgostosa comigo por eu não cumprir o prometido, mas tudo vai mudar. Já é tempo de eu me corrigir.
– Você não imagina como eu estou feliz em ouvir você dizer tudo isso, Lisa, disse sua mãe. Nós estávamos imaginando o que fazer com você, e todos os seus planos que nunca se concretizavam em ação, Acho que não teremos mais com que nos preocupar.
– Você não terá que imaginar ou se preocupar, disse Lisa sorrindo. E, de agora em diante, quando eu disser que vou assar um bolo, eu vou mesmo!
Lisa comeu pensativamente por alguns minutos e depois disse:
– Sabem, eu acho que é mais interessante fazer coisas do que apenas pensar em faze-las. Eu realmente me sinto como se tivesse feito hoje alguma coisa muito importante. Acho que é isso que as pessoas chamam de ‘uma sensação de satisfação’. E há outra coisa que as pessoas dizem que eu vou começar a lembrar: ‘atos falam mais alto do que as palavras’. – Puxa, estamos tendo esta noite uma boa dose de filosofia, disse rindo o pai de Lisa. Conheço algumas pessoas na fábrica que poderiam fazer uso destes ensinamentos. Será que você poderia ir lá e nos dar uma palestra sobre ação?
– Talvez eu deva esperar até ter um pouco mais de prática, disse Lisa sorrindo. Entretanto, se vocês me derem licença, eu quero fazer um cartão de aniversário para a vovó e o vovô. Eu posso fazer um bem bonito se eu começar agora mesmo!
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)
ÁRIES: INICIATIVA
Sabe, Sr. Lewis, estava dizendo Paul, nós sabemos que o Conselho da Cidade tem falado muito em providenciar mais parques de recreio, mas nada tem sido feito. Bem, aquele lote estreito que o Senhor tem na Rua 10, está vazio e nós pensamos – bem – nós pensamos que se o senhor quiser, nós poderíamos limpá-lo e montar um parque de recreio. As crianças dessa parte da cidade bem que precisam de um!
O Sr. Lewis observou os dois adolescentes sentados no seu escritório, representantes de uma organização estudantil chamado “ACT!” (Aja), sobre a qual ouvira falar muito ultimamente.
– E como vocês pretendem equipá-lo? perguntou.
– Nós achamos que podemos conseguir doações, respondeu Sara. Deve haver muita gente por aqui cujas crianças já ultrapassaram a fase das balanças e escorregadores do quintal. Também podemos construir alguns tanques de areia, e conseguir de uma companhia de construção a doação de algumas barricas grandes e outras coisas e construir um labirinto que as crianças gostam de atravessar.
– E quanta à segurança? perguntou o Sr. Lewis. Um grupo de crianças pode causar confusão com facilidade se for deixado sozinho, especialmente nessa área.
– Oh, as crianças não vão ficar sozinhas, disse Sara. Muitos membros da nossa associação se ofereceram voluntariamente para passar algumas horas por semana supervisionando o parque de recreio e, assim, poderemos mantê-lo funcionando depois das aulas e nos fins de semana.
Sara hesitou e depois continuou:
– O grande problema vai ser a cerca. Acho que não seremos capazes de construir a mais apropriada, mas esperamos receber bastantes contribuições para mandar colocar uma.
– Nós já falamos com o chefe de polícia e ele já nos autorizou a continuar, acrescentou Paul.
– Um-hum, ponderou o Sr. Lewis – Vejo que vocês já planejaram tudo muito bem. E o que e que eu ganho com isto?
– A satisfação de saber que a sua propriedade está sendo usada para alguma coisa que vale a pena, respondeu Paul rapidamente.
O Sr. Lewis riu. – Então, eu não posso mesmo dizer não, posso? Muito bem, vocês tem minha permissão e minha benção. E, se vocês tiverem dificuldade para erguer a cerca, falem comigo e eu verei o que posso fazer.
– Muito obrigado. Sabemos que o senhor vai ficar satisfeito em ter feito isto, disse Paul.
Trocaram apertos de mãos e os estudantes foram embora. Nas semanas seguintes houve muita atividade no terreno baldio da Rua 10, e também em outros bairros, onde equipamentos de jogos fora de uso eram retirados de porões e garagens e carregados no furgão do pai de Paul. Uma firma local doou vários caminhões de areia, e outra aplicou o asfalto.
Os estudantes limparam e pintaram as peças, construíram tanques de areia, labirintos e uma casa em uma árvore que prometia ser uma grande atração. Conseguiram arrecadar dois terços do dinheiro necessário para a cerca, em uma difícil campanha de casa em casa, e o Sr. Lewis inteirou o que faltava.
Os membros da ACT! passavam todo seu tempo livre trabalhando no, ou para o parque de recreio, e um mês depois da primeira conversa com o Sr. Lewis, Paul voltou para convidá-lo para a cerimônia de inauguração. No dia da inauguração, o parque estava repleto de crianças agitadas e de pais contentes. O prefeito, o chefe de polícia e o Sr. Lewis, todos tinham lugar de honra no palanque. Paul e Sara proferiram algumas palavras adequadas, os pais aplaudiram e as crianças pularam.
Então, o prefeito se levantou:
– Eu vou ser breve, prometeu. Aliás, este é um lugar de recreio, não um lugar para ouvir políticos com muito fôlego. Contudo, não podemos deixar estas crianças estragarem estes brinquedos sem antes agradecer a um belíssimo grupo de jovens que, espero, servirá de exemplo para os garotos. Os adultos desta cidade discutiram os prós e contras da instalação de um parque de recreio por tanto tempo, que nem consigo me lembrar, mas foi necessário que um dedicado grupo de adolescentes nos mostrasse o que é iniciativa e assim conseguiram construir um! Eles merecem nossa admiração e nossos agradecimentos.
Depois de aplausos calorosos, a fita em volta do balanço foi cortada, o Sr. Lewis deu uma escorregada desconfortável no escorregador, o prefeito e o chefe de polícia balançaram ainda menos confortavelmente na gangorra, sob os gritos divertidos da criançada. Afinal, as crianças tiveram permissão de brincar e gritos alegres e risadas encheram o parque de recreio. Os pais também pareciam felizes e Sara ficou particularmente comovida ao observar na multidão muitas fisionomias cansadas se abrirem em sorrisos satisfeitos.
– Não sei como lhe agradecer, disse uma das mães, aproximando-se de Sara e estendendo-lhe a mão. Meus cinco filhos estão sempre atrapalhando lá em casa, mas eu tenho medo de deixá-los brincar na rua. Agora eles podem vir aqui e eu sei que estarão seguros.
– Eu gostaria de lhe agradecer também, disse um homem. Minha esposa tem estado adoentada e agora ela poderá descansar mais, quando as crianças vierem brincar aqui.
Depois Paul se aproximou de Sara e, um pouco afastados, eles sorriram um para o outro.
– Parece que tomando as rédeas em nossas próprias mãos tivemos um bom desfecho, disse Paul.
– No começo, eu estava com um pouco de medo, admitiu Sara. Mas, quando vi como as pessoas correspondiam e como as coisas iam bem, perdi o medo. Acho que se você planejar cuidadosamente e depois tomar a iniciativa e fizer com determinação o que planejou, os resultados só podem ser bons.
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)