Arquivo de categoria Histórias Aquarianas para Crianças e Adolescentes

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Sagitário: Generosidade

Sagitário: Generosidade

– Eu adoraria, Laura – disse a mãe de Karen com entusiasmo – ir para Nova York por alguns dias, principalmente para ir ao teatro. Seria como ir ao céu, mas eu não posso fazer isto com Karen. Ela vem sonhando com este fim de semana a tanto tempo, eu não posso pedir a ela para ficar com as meninas. E você sabe que eu não posso pagar uma acompanhante por 72 horas.

– Você não acha que já é tempo de você pensar em si mesmo? – perguntou a Sra. Reese impacientemente. Você não tem ido à parte alguma desde que Ralph… – ela parou e ficou vermelha.

– Desde que Ralph morreu – completou a mãe de Karen suavemente – Não, não tenho mesmo, mas vai chegar a hora. No momento, minha obrigação é com as crianças.

– Seu dever é com você também! Você trabalha o dia todo, depois chega em casa e vai para a cozinha, costura, faz faxina, tudo para as meninas. Até quando você acha que isto pode continuar? Nós já temos as passagens, o Harry tem que ir de qualquer jeito; pense como a gente vai se divertir!

– Eu sei, Laura, e eu adoro você por ter me convidado, mas está fora de cogitação agora. Divirta-se, eu vou ficar pensando em você.

As senhoras se levantaram, a Sra. Reese ainda insistindo e Karen, que tinha ficado parada do lado de fora da porta, foi na ponta dos pés para o seu quarto. Que bela oportunidade para sua mãe tirar umas férias, pensou.

Por que tinha que aparecer logo neste fim de semana?

Ela vinha esperando com grande ansiedade e há tempo por este baile de sábado à noite. Olhou para o lindo vestido novo pendurado na porta e lembrou-se, com tristeza, que a mãe tinha ficado costurando até quase 2 horas da madrugada para acabá-lo.

– Oooh! – resmungou zangada consigo mesma. Por que a Sra. Reese não podia ir na próxima semana?

Mas a Sra. Reese ia nesta semana, e talvez esta fosse a única oportunidade, por muitos meses, de sua mãe ter umas férias. Karen sentou-se pensativa e, aos poucos, desfranziu as sobrancelhas e sua expressão tornou-se calma e decidida.

Foi até o guarda-roupa de sua mãe, pegou um tailleur e um vestido bonito, e estava passando-os a ferro, quando sua mãe a surpreendeu.

– O que e que você esta fazendo? – ela perguntou.

– Você vai para Nova York com a Sra. Reese e eu pensei que podia ajudar você a se aprontar.

Karen desligou o ferro e pegou uma mala do armário.

– Para três dias esta pequena dá, não acha?

A mãe de Karen estava olhando boquiaberta.

– Meu bem, eu não vou para Nova York – conseguiu dizer por fim.

– Vai, sim – respondeu Karen com firmeza – Olhe esta é uma chance única e se eu conheço a Sra. Reese, ela vai ver tudo o que houver para ver. Eu ficarei com as meninas. Afinal, este fim de semana não é tão importante; outros bailes vão aparecer e eu vou ter muito tempo para usar meu vestido novo. Já era hora de você também se divertir um pouco!

Karen pegou o telefone e ligou para a Sra. Reese.

– Sra. Reese, aqui é Karen. Afinal a mamãe vai para Nova York com a senhora. Diga a que horas a senhora pretende sair e ela estará pronta.

Parece que a mãe de Karen não conseguia dizer ou fazer qualquer coisa. Ela protestou, fracamente, que Karen não devia estragar seu fim de semana, mas Karen ignorou os protestos, arrumou a mala, conferiu a cozinha para ficar certa de ter de tudo para o fim de semana, telefonou para Jack para dizer que não podia ir com ele ao jogo, nem ao baile. Foi a parte mais difícil, e Karen não ficou sabendo que sua mãe a tinha visto assuar o nariz e enxugar os olhos depois de conversar no telefone. Depois que Karen saiu da sala, a mãe deu um telefonema e quando desligou seu sorriso era um misto de alívio e contentamento. Depois disso, ela se entregou feliz as sugestões de Karen sobre que roupas levar e falaram sobre espetáculos que iam ver em Nova York. Karen ficou encantada com a súbita animação de sua mãe, e conseguiu esconder sua própria decepção. Acabou de arrumar a mala e a colocou no hall de entrada.

Quando o carro dos Reese chegou, a mãe saiu, só para voltar correndo, muito animada.

– Karen, a irmã da Sra. Reese disse que está disposta a passar a noite de sábado aqui com as meninas, assim você vai poder ir ao baile. Sabe, se o Jack não se importar com a companhia de duas estudantes de curso primário, por que você não as leva ao jogo de tarde? Elas vão adorar!

Karen gritou de alegria, abraçou sua mãe e dançou com ela pela sala.

– Oh! Que maravilha! E Jack não vai se importar de levá-las por uma vez. Ele gosta mesmo das meninas e elas o adoram. E eu adoro você. Agora, vamos embora, eles estão esperando.

Karen, brincando, empurrou a mãe para o carro e ficou acenando enquanto eles saiam. Sorriu até as orelhas correndo para casa, pensando no maravilhoso fim de semana que todos iam ter.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para Adolescentes – Vol. VI – Compilado por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Surpresa – PALAVRA CHAVE: Amizade

A SURPRESA

PALAVRA CHAVE: Amizade

– Oh, que manhã gostosa! Exclamou John ao sair pela porta da frente.

Ele foi saudado com alegres sons por todos os lados. Os passarinhos nas árvores cantavam alegremente sua canção matinal. Seu assobio fraco foi respondido por um latido forte do companheiro fiel, Bruce, um bonito cachorro collie que ele ganhou de um amigo querido. John e Bruce eram amigos sinceros, cada um se preocupava com a segurança e o conforto do outro.

Um dia, foram passear alegremente pelo atalho, a sombra das árvores, e depois saíram para a estrada. Não tinham ido muito longe, quando viram a sua frente uma carroça cheia de frutas, cujo dono estava com problemas. Uma das rodas havia caído e isso naturalmente derrubou algumas frutas, que estavam agora esparramadas na estrada. John ajudou a recolhê-las, enquanto o homem consertava a roda. Em pouco tempo, tudo estava em ordem de novo e o homem continuou sua viagem. John deu uma tapinha nas costas de seu companheiro e eles continuaram a caminhar pela estrada, na expectativa de que algo mais acontecesse.

John era filho único. Amava muito seus pais e ficava contente quando podia ajuda-los, Gostava de flores e passava bastante tempo no jardim. Apreciava a leitura e tinha como amigos os personagens que viviam nos livros que lia por horas seguidas. Isso tudo, entretanto, não o satisfazia porque ele queria amigos reais.

Seu coração era bondoso e, quando sua família morava na cidade, ele procurava a maneira de ajudar as pessoas. Em frente a sua casa morava um menino aleijado. Cada manha, John corria para lá e dava um assobio de chamada que todos os meninos conheciam. Então, ele ajudava o seu amiguinho aleijado a ir para a escola, carregando sempre seus livros. Havia também sua avó, que o esperava na janela, no horário em que ele passava. Ele corria para lhe dar um beijo e ver se estava bem e feliz. Também havia a adorável Virgínia, menina da idade dele, que sempre fora sua amiga verdadeira e leal. Ela parecia entender todas as suas alegrias e tristezas. Se ele era vitorioso nos jogos, ela o louvava. Se ele tinha dificuldades em suas lições, ela o encorajava a estudar um pouco mais. Assim, ele tentava e tentava de novo com vontade.

Mas, quando sua mãe ficou doente, seu pai comprou uma linda casa no campo, e Virgínia ficou na cidade. A suave brisa do campo e o dador de vida – o Sol – ajudaram sua mãe a sentir-se cada vez melhor e naturalmente John ficou feliz por isso, porque havia muito amor entre sua mãe e ele. Mas, oh! Sentia tanta falta de sua amiguinha, Virgínia.

John e Bruce estavam perto de uma casa, próxima a sua, quando o cachorro deu um latido repentino e forte e John olhou rapidamente para ver o que estava acontecendo. Uma grande surpresa o aguardava. A casa tinha sido reformada e pintada recentemente e ele quis saber quem tinha mudado para Ia e se haveria companheiros de folguedos para ele. Sussurrou para Bruce:

– Muito bem, amigo, nós vamos dar uma volta ao redor da casa e tentar descobrir quem são nossos vizinhos. Talvez possamos arrumar alguns novos amigos.

Assim, andaram em direção ao jardim e ali, sentada num banco, debaixo de uma roseira, viram uma linda menina. O coração de John deu um salto e ele ficou em silêncio por um minuto. Seria ela? Era realmente Virginia? Sim, ele tinha certeza e ela parecia não o ter visto. Ele foi “na ponta dos pés” e sentou-se ao seu lado. Ainda assim, ela não percebeu sua presença. Ele chamou-a pelo nome e então, ela virou-se. Oh, como ficou feliz ao vê-lo! Ambos ficaram muito contentes por estarem juntos novamente e conversaram por longo tempo sobre tudo o que tinham feito desde que se separaram. Um verdadeiro amigo e o maior tesouro que podemos ter, e a amor desinteressado e a chave que abre as portas da amizade.

Bruce latiu para mostrar-lhes que estava ali, esperando pacientemente para também ser saudado. Depois, entraram juntos na casa onde os pais e irmãos de Virgínia alegraram-se em rever John, pois todos o amavam sinceramente. Ele era um verdadeiro amigo, sempre pronto para fazer uma boa ação, para fazer alguém feliz. E este é o segredo da amizade – um coração cheio de amor e consideração para com a felicidade dos outros.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para as Crianças – Vol. V – Fraternidade Rosacruz)

 

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Monarca da Floresta – Palavra Chave: Cooperação

O MONARCA DA FLORESTA

PALAVRA CRAVE: Cooperação

A noite tinha caído sobre a floresta e lá havia uma grande calma e silêncio. Havia sussurros do vento e os pinheiros gigantes balançavam-se e suspiravam, embalando docemente os passarinhos em seus ninhos para dormirem. Não e de admirar que os pássaros sentiam-se seguros em

“Uma árvore que o dia todo está para Deus a olhar,

E ergue seus braços cheios de folhas para rezar.”

Ouviu-se um farfalhar nas pinhas caídas no chão e delas saíram pequenos duendes dos bosques, os gnomos. Pareciam ansiosos para ficarem a luz do luar, mas olhavam prudentemente para ver se tudo estava bem. Corriam de um lado para outro, alegres e radiantes. De repente, eles pararam e juntaram-se todos em um grupo embaixo da maior árvore da floresta, pois algo muito estranho estava acontecendo! O Grande Monarca, a mais corajosa árvore da floresta, não estava se balançando ao vento, mas gemia dolorosamente. Qual poderia ser o problema? Alguma coisa terrível devia ter acontecido!

Os pequenos gnomos olharam para cima e, oh … que susto! A linda cor de arco-íris que sempre estivera ao redor da árvore, não estava mais lá. Alguma coisa tinha que ser feita, assim eles olharam para a Lua e disseram:

– Poderia algum bondoso Anjo de Misericórdia vir e ajudar o Grande Monarca?

Aí pararam silenciosos e esperaram.

De repente, ouviram um farfalhar e o som de uma suave música e lá estava o Espírito-grupo do pinheiro, todo envolto em um branco radiante.

– Não fique tão preocupado, Grande Monarca, disse o Espírito, pois trago-lhe ótimas notícias. Você e suas companheiras, as árvores da floresta, aquelas que estão mais velhas, vão fazer uma longa viagem pelo grande e extenso mundo. Vocês vão proteger das tempestades e dos ventos, muitos dos que necessitam de ajuda.

– Mas, perguntou o Grande Monarca, quem tomará conta dos pássaros, dos Espíritos da Natureza e das pequenas criaturas que rastejam?

– Oh, Monarca, respondeu o Espírito, onde está a sua fé? Eu não guiei e tomei conta direitinho de você e das outras árvores? Tenho muitas outras arvorezinhas-bebê prontas para ocupar os lugares de vocês. Amanhã cedinho chegará a esta floresta um grupo de homens, homens muito fortes chamados lenhadores. Eles trarão machados muito afiados, sentem somente amor pelos bonitos corpos de vocês. Por isso, sejam corajosas e fiquem calmas, pois tudo correrá bem. Olharei por vocês. Acordem cedo para que os pássaros comecem a voar ainda de madrugada; eles não podem ficar tristes. Mandem os gnomos fazerem seus trabalhos em outra parte da floresta assim que o Sol nascer. Boa noite, Grande Monarca. Eu o guiarei em sua viagem pelo extenso mundo.

Então, o Espírito-Grupo flutuou graciosamente indo embora.

Na manha seguinte, houve uma agitação enorme seguida de um profundo silêncio. Mas, por um longo tempo, nada aconteceu. De repente, ouviu-se o som de uma canção cantada por homens felizes. Ao chegarem mais perto pararam, contemplando os altíssimos pinheiros.

– Que árvores maravilhosas! – exclamou um deles.

Um outro disse:

– Queria lembrar um poema que li uma vez sobre árvores, e tudo o que consigo recordar e o final – Mas só Deus pode fazer uma árvore!

– É quase um crime derrubá-las, disse o líder – mas temos que obedecer as ordens. Então, homens, mãos a obra!

Nunca se ouviu tanto barulho na floresta. As árvores tentavam ficar calmas e ser corajosas, mas realmente não se sentiam bem. Depois de terem sido cortadas, foram colocadas em um enorme vagão e receberam outro nome – troncos. Foram transportadas num longo caminhão e quando estavam bem cansadas e querendo saber o que iria acontecer, tiveram uma grande surpresa. Bem a sua frente apareceu um bonito e calmo rio, que pareceu convidá-las a flutuar em suas deliciosas águas. Então, os homens fortes rolaram-nas para dentro do rio. Foi uma grande pancada quando caíram na água, mas depois, elas deslizaram rio abaixo continuando sua viagem.

Não puderam entender o que os homens diziam, nem sabiam direito o que estava acontecendo. Sua coragem já estava acabando, quando finalmente chegaram a uma barreira de troncos. Então, viram aí o maravilhoso Espírito-grupo dos pinheiros pairando sobre elas e retomaram a coragem novamente.

Uma a uma, passaram vagarosamente pela serraria e, quando chegaram ao outro extremo, saíram não mais como troncos, mas como bonitas tábuas de pinho. Foram colocadas em asseadas pilhas e, então, vieram alguns homens estranhos, olharam-nas e disseram que eram boas tábuas e que fariam com elas as mais requintadas casas.

Numa manhã, um grande caminhão encostou-se ao depósito de madeiras e o motorista disse:

– Vim buscar aquelas tábuas de pinho que encomendei ontem.

Então, as árvores, que agora eram tábuas, tiveram outra surpresa, um passeio pelo maravilhoso campo e finalmente foram descarregadas numa linda colina verde.

Logo começou um barulho muito violento – bum! bum! bum! As tábuas mal podiam conversar entre elas e ficaram realmente assustadas. Mas, logo ouviram uma voz que todas reconheceram – o Espírito-grupo dos pinheiros estava pairando-sobre elas e dizia:

– Sejam fortes e corojosas! Cada uma de vocês tem um papel a cumprir na construção de uma casa, a qual abrigará uma família do mau tempo e das tempestades.

E as marteladas continuaram, fazendo surgir uma linda casa, prontinha para ser habitada.

Novamente, o Espírito-grupo pairou sobre elas e disse:

– A grande lição foi aprendida por vocês, a lição de COOPERAÇÃO no grande plano de Deus. Cooperação significa trabalhar juntos para o bem de todos. Na floresta, vocês cooperaram com a Natureza abrigando os pássaros. Depois, quando o homem precisou de vocês para um trabalho maior, cooperaram com ele e fizeram uma linda casa para sua família. Todos os dias vocês ouvirão risos de crianças felizes. Os pais vão falar carinhosamente aos amigos sobre a nova casa e comentarão que ela foi construída com o melhor pinho da grande floresta.

Assim, o Espírito-Grupo voltou para a floresta para dar aos pinheirinhos novos a mensagem de COOPERAÇÃO com Deus e com os homens.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para as Crianças – Vol. V – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Véspera de Natal na Floresta

Véspera de Natal na Floresta

Em uma floresta sombria, há muito tempo, vivia uma garotinha chamada Simonetta. Era muito bonita, muito gentil, muito boa. Os que a conheciam diziam que ela deveria ter sido uma princesa, porque ela era linda como as princesas, e fazia tudo do jeito que as princesas deveriam fazer.

Mas, Simonetta não era a filha de um rei. Era a filha de um valente caçador, que era conhecido por toda a parte por suas façanhas. Todas as manhãs, o valente caçador pendurava sua aljava no ombro, apanhava o seu arco, despedia-se de Simonetta com um beijo e partia para o meio da floresta. O dia todo ele ficava nos lugares frequentados peIos animais selvagens e todas as noites voltava para casa carregando o que havia matado.

Mas, embora Simonetta adorasse seu pai, temia sempre a sua volta. Ela sempre trazia para casa o corpo de um cervo ou coelho, raposa ou esquilo, que haviam sido seus amigos. Porque Simonetta era amiga de todos os animais. Os animais da floresta a amavam tanto quanta temiam seu pai.

Todas as manhãs, depois que o valente caçador saia de sua cabana, os animais saiam de trás das moitas onde tinham ficado esperando e iam visitar Simonetta. Durante todo o dia ela cuidava dos que estavam doentes, confortava os que estavam tristes, e participava dos jogos dos que estavam alegres.

Depois, quando o crepúsculo da floresta descia sobre eles, Simonetta dizia:

– Agora vão embora depressa, porque meu pai logo vai voltar para casa. Fiquem escondidos na floresta até pela manhã, depois voltem para mim.

E os animais partiam e não eram vistos por olhos de mortais até o dia seguinte.

Assim, ia passando o tempo. O valente caçador caçava, e as criaturas da floresta o temiam como o pior dos inimigos. Simonetta amava os animais e as criaturas da floresta a adoravam.

Um ano, o inverno chegou mais cedo a Terra. Logo que o chão ficou coberto pelas brilhantes folhas coloridas do outono, estas foram cobertas, por sua vez, por uma camada de neve. Fazia um frio intenso e, à noite, até o valente caçador ficava contente em voltar para o calor de sua lareira.

Os animais também tinham frio e, todas as manhãs, Simonetta os acolhia na cabana onde eles podiam se aquecer. Quando descia o crepúsculo, o que acontecia mais cedo nesses dias gelados, seu coração ficava apertado por ter que manda-los para fora, no ar frio. Mas, ela não se atrevia a deixa-los ficar mais tempo perto da lareira, pois a ira do valente caçador seria muito grande se os encontrasse ali ao voltar.

Então, uma manhã, quando o valente caçador estava pegando suas armas, Simonetta disse:

– Papai, hoje e véspera de Natal, por favor, não vá caçar hoje. Por favor, fique em casa e me ajude a decorar nossa árvore.

– Não, filha, eu não posso ficar em casa, respondeu o valente caçador. Preciso arranjar mais peles para vender e mais carne para defumar e armazenar. Você pode decorar a árvore sozinha. Você sempre fez isso muito bem.

O valente caçador pendurou sua aljava no ombro, apanhou seu arco e encaminhou-se para a porta.

Pai, Pai, gritou Simonetta, agarrando sua manga, por favor, não mate nada hoje. Não na véspera do nascimento de Cristo.

– Que tolice é esta, menina? – perguntou impacientemente o valente caçador, soltando-se de suas mãos. Nós precisamos de peles para vender e de carne para comer; seja véspera do nascimento de Cristo ou não. Ora, não fique tão triste. Eu vou matar um veado hoje e vamos ter carne fresca de veado para nossa festa de Natal.

O valente caçador se despediu de Simonetta com um beijo e foi para a porta.

Simonetta ficou olhando para ele, com as lágrimas escorrendo por suas faces.

– Quando você voltar, Papai, eu não estarei mais aqui, murmurou.

Mas o valente caçador não ouviu.

Depois, chegaram os animais para se aquecerem na lareira, como faziam todas as manhãs frias. Simonetta cuidou dos que estavam doentes, tentou confortar os que estavam tristes, mas não participou dos jogos dos que estavam felizes. Tinha muito trabalho para fazer antes que seu pai voltasse, ela lhes disse, mas os animais perceberam que ela estava muito perturbada.

Durante toda a manhã ela limpou, esfregou, remendou e cozinhou, suspirando profundamente durante todo o tempo, e enxugando os olhos com a ponta do avental. Os animais olhavam e ficavam cismando, mas não podiam fazer nada para animá-la.

De tarde, Simonetta decorou a árvore com os enfeites que usavam desde que ela era pequenina, antes do tempo que sua mãe foi para o céu. Pendurou cordões de frutinhas brilhantes e prendeu uma velinha com cuidado na ponta de cada galho. Mas, mesmo enquanto estava fazendo este trabalho, dos mais agradáveis, Simonetta não sorriu nem cantou. Continuava a suspirar, suspiros fundos, e enxugava-os olhos com a ponta do avental.

Depois, Simonetta pegou um pedaço de casca de árvore que estava lá para ser usada e, com uma varinha molhada em suco de amoras, escreveu:

“Ao meu querido Pai, que eu amo muito. Eu fui embora com os animais. Eu não posso mais ficar aqui, tendo que olhar todos os dias para os corpos mortos de criaturas que foram minhas amigas. Por favor, não tente encontrar-me, pois morar na casa de um caçador é muito duro para eu poder aguentar. Talvez mamãe venha do céu para me ajudar. Eu assei um bolo de Natal que está no forno, remendei sua camisa que estava rasgada e limpei a casa o mais que eu pude. Algum dia, você vai para o Céu também e, então, nos vamos poder ficar todos juntos outra vez. Sua filha que o ama, Simonetta.”

Colocou o pedaço de casca de árvore sobre a mesa, enrolou seu xale mais quente em volta dos ombros, e disse aos animais:

– Venham, vamos embora. Meu pai vai voltar para casa logo, e eu já tenho que estar longe.

– Simonetta, não! – exclamou a raposa, que por fim percebeu o que ela estava fazendo. Está muito frio lá fora e você vai ficar gelada. Você não está vestida com peles quentes como nós. Você não deve sair de perto da lareira.

– Na verdade, querida raposa, eu preciso sair de perto da lareira, respondeu Simonetta, pois eu não posso mais morar na cabana de um caçador.

– Não há alimento para você na floresta no inverno, disse o esquilo. Se eu não tivesse armazenado nozes, eu não teria nada para comer.

– Muito bem, bondoso Esquilo, respondeu Simonetta, eu vou levar comida. Eu ainda tenho maçãs aqui e um pouco de sementes de girassol. Mas eu não preciso de muita comida, porque eu acho que minha mãe virá do céu para me ajudar.

Os outros animais também tentaram convencer Simonetta a não deixar a cabana quentinha, mas ela não queria ouvir. Apanhou algumas maçãs, sementes que colocou num saquinho e foi para a porta.

– Agora venham, disse, está ficando tarde e temos que nos apressar.

Simonetta afastou-se depressa para a floresta e os animais a seguiram relutantes.

O cervo, o último a sair, pensou em calçar a porta para esta ficar aberta, assim o vento poderia entrar e apagar o fogo, deixando a cabana fria para quando o valente caçador voltasse. Mas, depois o cervo pensou:

– Não, vou deixar que ele fique aquecido, pois seu lar vai estar bastante desolado nesta Véspera de Natal.

Então, o cervo fechou a porta e se lançou para frente, saltando por cima dos outros animais na sua pressa de alcançar Simonetta.

Estava mesmo muito frio. Simonetta tremia e puxou o xale apertando-o mais em volta dos ombros. Mas, era como a raposa havia dito – o calor de seu xale de tecido não podia ser comparado com o calor de suas peles.

– Depressa, depressa, chamou Simonetta. Ainda estamos muito perto da cabana de meu pai. Temos que entrar mais para dentro da floresta.

Assim foram andando, mais longe, mais longe, enquanto a noite ficava mais escura em volta deles e o ar estalava de tão frio. Depois, por fim, chegaram a um lugar onde só o cervo e a raposa tinham estado antes.

Nem Simonetta conhecia, pois ficava na parte mais densa da floresta, escondida do resto do mundo.

No verão, era um bosque com relva, sombreado por árvores gigantescas e cercado de samambaias. Em épocas muito distantes, rochas enormes ficaram alinhadas formando um círculo, dentro do qual estava agora o bosque. Se isto tinha sido feito por uma raça de gigantes ou pelo próprio Deus, ninguém que agora vivia na Terra podia dizer. Foi aqui, então, que Simonetta e os animais abrigaram, protegidos do vento pelas rochas em círculo.

– E aqui que eu vou esperar minha mãe vir do Céu, disse Simonetta. Meu pai não vai me encontrar aqui, pois, se ele conhecesse este lugar, com certeza me teria falado sobre ele.

Sorriu para os animais que olhavam para ela ansiosamente.

– Obrigada por terem me acompanhado tão longe, queridos amigos, disse. Eu teria ficado com medo na floresta escura se vocês não estivessem comigo, mas aqui eu não tenho medo. É um bom lugar.

Olhou para cima, através de uma abertura nos galhos, bem lá em cima, uma estrela brilhante lançava sua luz sobre eles.

– Acho que este lugar é sagrado, murmurou. Eu estarei em segurança aqui. Vão para suas casas agora, pois vocês devem estar muito cansados. E lembrem-se que eu amo vocês.

– Não, Simonetta, disse o quati, nós não vamos deixar você. Enquanto você estiver na floresta, nós seremos seus companheiros. Nós vamos esperar com você, a chegada de sua mãe.

E, por mais que tentasse Simonetta não conseguiu convence-los a irem embora. Por fim, ela disse:

– Meus melhores amigos, obrigada por ficarem comigo. Talvez seja certo ficarmos juntos, pois é Véspera de Natal, à noite em que é derramado sobre a Terra, por nosso Pai do Céu, amor suficiente para durar o ano inteiro.

Então, o quati enrolou sua cauda em volta dos pés dela para aquecê-los, o coelho e o esquilo se aninharam de cada lado dela, os dois esquilinhos listados procuraram se abrigar no bolso da saia dela, e ela encostou-se ao lobo, aquecendo as orelhas em sua pele e contou-lhes a história de Natal.

Ela a contou muito bem, pois há muito tempo que ela a sabia de cor, e até o cervo e a raposa, que já a tinham ouvido, ficaram maravilhados com a sublime dádiva de Vida e Amor que o Senhor Deus havia dado para a Sua Terra.

– E esta é a noite em que Cristo volta a Terra? – perguntou o esquilinho listado que, esquecendo-se do frio, saiu do bolso para ouvir melhor.

– É esta a noite, disse Simonetta sorrindo para ele. Neste exato momento, Sua Luz está brilhando em tudo ao nosso redor, e a Terra fria está sendo aquecida com Seu Amor.

– Não acha que nos devíamos agradecer a Ele? Murmurou o coelho que nunca falava muito porque era muito tímido, mas que, às vezes, tinha muito boas ideias.

– Claro que devemos, concordou Simonetta, e um jeito de fazer isso e cantar canções de Natal. Vocês sabem alguma canção de Natal?

A raposa conhecia algumas, porque algumas vezes andava nos arredores da vila e uma vez tinha ouvido um grupo de cantores. Mas, para os outros animais, as canções de Natal eram uma coisa estranha, sobre as quais não sabiam nada. Por isso, Simonetta cantou para eles e, pouco a pouco, eles pegaram a ideia e cantaram também. Logo, todos os animais estavam cantando.

Mas, se você tivesse estado lá, e se você estivesse ouvindo com seus ouvidos da Terra, você teria ouvido o lobo uivar, o coiote ladrar para a Lua, o esquilo chilrear, e uma miscelânea de outros sons que não pareciam de jeito nenhum canções de Natal. Mas, se você estivesse ouvindo com seus ouvidos do céu, você teria ouvido a musica mais suave, que vinha dos corações dos que estavam realmente gratos.

– Oh, vamos adorá-Lo, oh vamos adorá-Lo, oh vamos adorá-Lo, Cristo Jesus, diziam todos.

Enquanto isso, o valente caçador tinha voltado para sua cabana, carregando nos ombros um grande veado morto.

– Simonetta, chamou. Venha ver o que eu trouxe para a nossa festa de Natal.

Colocou o veado no chão, do lado de fora da porta, e esperou que ela viesse recebê-lo como fazia sempre. Mas, a porta não se abriu, e um medo frio e inexplicável começou a gelar seu coração. Abrindo a porta com um empurrão, precipitou-se para dentro da cabana. O fogo crepitava alegremente na lareira, do forno vinha um aroma doce e perfumado do bolo de Natal, o assoalho brilhava com a claridade do fogo, e a mesa, tão polida de limpeza, refletia a luz de uma vela solitária. No canto estava a deslumbrante árvore de Natal e dobrada cuidadosamente no braço de sua cadeira estava a camisa rasgada que ele tinha pedido a Simonetta para costurar. Mas, nem sinal de Simonetta.

Então, o valente caçador viu o recado sobre a mesa. Com o coração batendo descompassado, ele o pegou com mãos trêmulas. Leu-o uma vez e não acreditou nas palavras. Leu uma segunda vez e um terrível lamento, como o grito de um animal ferido, saiu do fundo do seu ser.

Cambaleou até uma cadeira e cobriu o rosto com as mãos, pois não foi a imagem de sua pequena Simonetta que passou ante seus olhos. Em lugar disso, viu a figura de um veado ferido correndo pela floresta para logo cair em agonia. Viu a forma de centenas de criaturas selvagens andando despreocupadas, e, de repente, serem colhidas por flechas certeiras.

Quanto tempo ficou assim, apenas o abençoado Deus que conhece os sofrimentos de todos os homens e que, com infinita compaixão os sente em Seu próprio coração, pode dizer. Quando, ainda com lágrimas nos olhos, o valente caçador voltou ao presente, o fogo na lareira era apenas uma brasa acesa e um frio como o da morte, enchia a sala.

Mais uma vez, ele gemeu. Depois, caindo de joelhos, juntou as mãos e sussurrou:

– Agora eu sei que fiz muito mal. Agora eu sei que é errado tirar a vida de Vossas criaturas. Estou pronto para expiar minhas faltas, segundo Vossa vontade. Mas não deixeis minha filha pagar por isso, eu Vos peço. Poupai-a. Ajudai-me a encontrá-la.

Ficou assim ajoelhado mais algum tempo e depois, quase sem perceber, seus membros se aqueceram e sentiu- se mais forte. Tinha passado através da sombra e saiu purificado. Agora tinha um trabalho a fazer.

o valente caçador levantou-se de um salto. Agarrando um galho resistente da pilha de lenha, encostou-o na brasa até que começou a pegar fogo. Com cuidado, fez a pequena chama aumentar até ficar uma tocha brilhante. Então, ele apressou-se e saiu para a escuridão.

Com a luz da tocha, o valente caçador pode ver claramente as marcas deixadas pelos animais. Aqui e ali, quase apagadas pelas outras, estavam as pegadas de Simonetta e, vendo-as, tomou novo ânimo.

– Conservai-a aquecida, disse, erguendo os olhos para uma estrela brilhante acima de sua cabeça, Protegei-a. Guiai-me para ela, eu Vos imploro.

Com a tocha era fácil seguir as marcas, e o valente caçador apressou-se, indo cada vez mais para o interior da floresta, onde nunca antes se havia aventurado. De repente, no meio de umas árvores distantes, que pareciam levantar-se por detrás de uma parede de rochas, viu um clarão de luz que iluminava todo o céu,

– Um fogo, pensou o valente caçador. Ela acendeu uma fogueira. Ela está aquecida. Graças a Deus.

Mas, quanto mais perto chegava, mais desconfiava que não era o clarão de uma fogueira, a luz era muito fixa, muito branca, muito pura. Depois ouviu sons. Um lobo uivava; um coiote ladrava para a Lua.

– Os animais, murmurou. Se eles a machucaram…

O valente caçador escutou outra vez e ouviu, não uivos ou latidos, mas a música mais suave que nunca imaginou fosse possível ouvir-se. As palavras eram claras!

– Oh, vamos adorá-Lo, oh vamos adorá-Lo, oh vamos adorá-a-a-Lo, Cristo Jesus.

O valente caçador espetou a tocha em um montículo de neve onde ela ficou firme. Cautelosamente moveu-se para frente em direção do clarão. Rodeou a parede de rocha até chegar a uma abertura e ficou estarrecido com o que seus olhos viram.

Simonetta estava confiantemente encostada num lobo, cujos olhos eram vigilantes e protetores. Toda espécie de criaturas da floresta, grandes e pequenas, se aglomeravam em volta dela. Eles estavam cantando.

Depois, o valente caçador viu algo mais. Uma figura – humana na aparência – flutuante, pairava sobre Simonetta, projetando sobre ela e sobre os animais, ondas e mais ondas de uma luz branca e pura. Enquanto o valente caçador contemplava pasmado a figura, ela – pois era feminina – voltou-se para ele que ficou assombrado. Ela era aquela que um dia ele havia amado e que lhe tinha sido familiar e cuja presença carinhosa era agora apenas uma enternecedora lembrança que amiúde lhe voltava.

O vulto ficou ao seu lado, tocando delicadamente seu rosto com os dedos. Ele não sentiu o toque, mas foi como se uma brisa quente de primavera tivesse bafejado sua face. Ela sorriu afetuosamente para ele.

– Minha querida, ele murmurou. É você?

– Sim, disse a figura. Eu recebi permissão para auxiliar vocês esta noite, pois eu sabia que eu seria necessária.

– Você guiou Simonetta para este lugar e manteve-a em segurança? – perguntou o valente caçador.

A figura concordou.

– Ela viu você ? ele continuou perguntando.

– Não – disse o vulto. É melhor que ela não me veja, porque, então, minha partida seria muito penosa. Mas ela sabe que eu estou perto, e esta contente.

– Então – então, você deve partir outra vez? – disse o valente caçador tristemente.

– Eu devo, respondeu a figura, o mais docemente que pode. Um grande privilégio foi-me concedido e eu não me atrevo a abusar. Mas, depois desta noite, nenhum de vocês vai precisar muito de mim, pois você aprendeu uma grande lição e agora seus caminhos vão mudar.

O valente caçador suspirou profundamente.

– Isso foi obra sua também? – ele perguntou.

– Eu pedi para que os animais mortos fossem mostrados a você, respondeu a figura, pois quando o choque da mensagem de Simoneta atingiu-o tão profundamente, eu soube que você estava pronto para seus olhos serem abertos.

Por um longo momento, o valente caçador contemplou a figura que devolveu seu olhar terno e carinhoso. Depois, ela disse, suavemente:

– Agora, meu bem amado, eu devo partir. Leve Simonetta para casa. Ela irá de bom grado. E lembre-se das suas palavras. Algum dia, você ira para o céu também e, então, nos vamos poder ficar todos juntos novamente!

Com isso, a figura acariciou seu rosto mais uma vez e lentamente subiu em direção a brilhante estrela lá no alto. Muito tempo depois dela desaparecer de vista, o clarão branco e puro ainda permanecia naquele lugar.

O valente caçador andou em direção ao grupo:

– Simonetta, chamou suavemente.

– Oh, papai! – ela exclamou, levantando de um salto para seus braços. Mamãe esteve aqui. Eu senti. Ela fez tudo certinho para nós.

– Eu sei filha – disse o valente caçador. Eu a vi.

– Você a viu? Simonetta arregalou os olhos. Ela ainda está bonita?

– Mais bonita do que nunca, ele respondeu com simplicidade, seu coração muito cheio de emoção para poder falar mais.

– Estou contente, ela disse abraçando-o.

– E agora, filha, você quer voltar para casa comigo? É muito tarde e este lugar está muito frio.

– Eu vou para casa, disse Simonetta, colocando sua mão na dele.

– E seus amigos, ele disse olhando para os animais, também são benvindos. Eu sei que ele não tem motivos para confiar em mim, mas eu prometo que, desta noite em diante, enquanto eu morar na floresta, nenhum mal que eu possa impedir os atingirá.

Com isso o lobo, que estava observando desconfiado, relaxou. Devagar, foi até o que tinha sido um valente caçador e aconchegou-se a sua mão livre. Quando o homem acariciou a cabeça do lobo, os outros animais também se aproximaram. Agruparam-se em volta de Simonetta e seu pai, e os acompanharam na sua longa jornada pela floresta.

Quando, por fim, estavam quase chegando a casa, o que tinha sido um valente caçador lembrou-se sobressaltado do veado morto que ele tinha largado na porta da cabana.

– Eu daria qualquer coisa, se eu pudesse impedir Simonetta de ver aquilo.

Desanimado continuou a caminhar, e Simonetta, sentindo a preocupação do seu coração, olhou para ele atentamente.

Mas, quando chegaram à cabana, o corpo do veado tinha desaparecido. Não havia pingos de sangue na neve, nem marcas onde o corpo tinha estado.

Enquanto o que tinha sido um valente caçador meditava sem poder acreditar no que, acontecia, Simonetta largou sua mão e correu para um animal que se aproximava.

– Ramo, Ramo, ela chamou. Estou tão contente por ver você!

Seu pai olhava espantado e Simonetta colocou os braços em redor do pescoço de um magnífico veado que aparecera ante eles. Era o mesmo animal que havia sido morto para a festa de Natal.

O veado aceitou os abraços exuberantes de Simonetta, por um momento, mas depois se desprendeu delicadamente de seus braços. Caminhou para o que tinha sido um valente caçador e olhou-o, reconhecendo-o.

– Quase não posso acreditar que você está vivo, disse o homem humildemente, mas louvo a Deus por isso.

– Sim, disse o veado, devemos todos louvar a Deus. Ele abrandou seu coração e Ele me restituiu a vida que me foi tirada. Que Suas bênçãos fiquem com todos vocês!

E o veado, com um salto prodigioso, desapareceu na escuridão.

Depois Simonetta, seu pai e seus amigos animais entraram na cabana onde, milagrosamente, o fogo na lareira estava outra vez crepitando e um calor agradável enchia a sala. Nessa noite, e em muitas outras noites que se seguiram, enquanto Simonetta e o que tinha sido um valente caçador dormiam em suas camas quentinhas, os animais dormiam, seguros e sem serem incomodados, diante de um fogo acolhedor.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para as Crianças – Vol. VII – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Cristo Menino

O Cristo Menino

PALAVRA CHAVE: Abnegação,

Era uma vez, há muitos, muitos anos atrás, em um país distante, além do mar, um campo onde alguns pastores estavam vigiando suas ovelhas. Era uma noite maravilhosa, clara, brilhante e cheia de paz. Ainda assim havia um sentimento de expectativa no silêncio. As estrelas nunca pareceram tão luminosas e uma delas, em especial, brilhava tanto que os pastores estavam fascinados por sua grande luz. De repente, as estrelas cantaram! Sim, realmente cantaram, pois vocês sabem que há estrelas-fadas e estrelas-anjos também, Oh! que canção celestial e como ressoou no ar silencioso da noite.

Os pastores estavam tão encantados com a estrela que brilhava mais do que as outras, que a seguiram até um lugar muito distante. Depois o que vocês acham que eles encontraram? Bem, devo dizê-lo, pois vocês nunca, nunca adivinhariam. Era um amor de um bebezinho menino! A luz ao redor da criança era tão luminosa, que os pastores não puderam ver que lá havia Anjos também. Sim, eram Anjos para atender aquela linda criança. Cinco deles vestiam roupas coloridas e tinham asas prateadas, transparentes. Cada Anjo trouxe um presente raro. Os presentes eram amor, bondade, generosidade, humildade e paciência. Não eram esses presentes realmente maravilhosos? O sexto Anjo, vestido com uma roupa branca imaculada e tendo uma estrela na testa, trouxe um tesouro precioso – altruísmo.

Esse menininho, ele mesmo um pequenino tesouro, foi enviado a Terra por Deus para aprender novas lições na Escola da Vida. Deus deu este pequeno tesouro a José e Maria para que eles o amassem e o guiassem. Quanta alegria e felicidade ele trouxe a seus pais e a podia falar com os Anjos e eles entendiam toda a palavra que ele dizia. Ensinaram-lhe tudo sobre como usar aqueles lindos presentes que ele tinha recebido.

Quando já estava crescido o suficiente para correr e brincar, sua mãe amorosa ensinou-o a pensar belos pensamentos. Seu sábio pai foi mostrar-lhe como usar os presentes que ganhara. Quando estava suficientemente crescido para ter amiguinhos, ele era gentil, bondoso e generoso com todos, dividindo tudo o que tinha com os outros. E você sabe, ele também tinha amigos invisíveis. Brincava com os Espíritos da Natureza, e eles faziam, juntos, as mais divertidas brincadeiras.

Em pouco tempo, ele já estava na idade de ir para a escola, era muito inteligente e aprendia suas lições rapidamente. Ele não se fazia orgulhoso por causa disso, mas humilde e tão sem egoísmo que ajudava alegremente os outros que não aprendiam com tanta facilidade. Ele era muito paciente com aqueles que tentava ajudar.

Aprendeu cedo de sua mãe que só os puros de coração poderiam ver Deus. Assim, conservava puro seu coração, pois queria muito ver Deus algum dia. Seu pai ensinou-lhe que pensamentos são coisas que podem construir um bom caráter, assim ele era cuidadoso em pensar somente coisas boas. Ensinavam-lhe também que o lindo corpo que Deus lhe dera, era realmente um templo vivo para Deus habitar nele, por isso era muito zeloso para mantê-lo em ordem.

Mais tarde, passou a conviver com homens sábios e puros, chamados Essênios, que lhe ensinaram sobre a Terra, as estrelas, os Espíritos da Natureza, os Anjos e os Arcanjos. Ali também aprendeu mais sobre seu corpo maravilhoso e como prepará-lo para receber o Hóspede Celeste.

Quando já estava quase adulto, seu caráter tornara-se nobre e santo e sua mente repleta de bons pensamentos; e ele começou a transmitir aos outros seus belos pensamentos. Fez amizade com toda gente e era tão humilde que todos o amavam. Ele amava os animais também e era sempre bondoso e gentil com eles, porque sabia que eles eram seus irmãos mais novos.

Depois de ter dominado completamente todas as lições que precisava aprender nesta vida terrena, aconteceu uma coisa maravilhosa. É chamado um mistério, mas ele será revelado a você agora. Era preciso encontrar alguém que fosse puro e santo e que estivesse disposto a dar seu corpo para ser usado pelo próprio Filho de Deus, Cristo, que queria vir a Terra para salvar as pessoas de seus pecados. Então, Jesus – este era o nome deste jovem homem – ofereceu seu corpo para receber o Hospede Celeste. Foi o maior gesto de Abnegação e Jesus ganhou grande estima de Deus por isso. Aconteceu o seguinte: Jesus foi batizado no Rio Jordão e, quando saía da agua, o grande Espírito Cristo desceu do céu e entrou nele, enchendo-o de forca espiritual. Então, uma Voz vinda do céu disse:

– Este é o meu Filho muito amado que me dá muita alegria.

Depois de acabado esse grande mistério, Jesus foi chamado Cristo Jesus. Foi o homem mais puro que já viveu na Terra e tornou-se o Salvador da humanidade.

Se nos formos sempre bons, generosos, cheios de amor e principalmente não formos egoístas, e estivermos dispostos a sacrificar nossos pequenos prazeres e até mesmo nossos maiores tesouros para fazer os outros felizes, e também se mantivermos nossas mentes e nossos corpos puros, limpos e santificados, o belo Cristo virá para viver como uma criança em nossos corações. Assim, quando nos tornarmos adultos seremos como Ele.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para as Crianças – Vol. V – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Sonho de Betty

O Sonho de Betty

BETTY tinha sido rude e Mamãe lhe ordenara que se sentasse no grande sofá e pensasse se gostaria de ser tratada como havia tratado sua irmãzinha menor. Mas Betty não sossegou até que caiu num sono profundo.

Aliás, uma das razões porque estava mal humorada era que estava cansada e com sono, pois não obedeceu a sua mãe e não foi dormir na noite anterior quando sua mãe mandou.

Subitamente, Betty ouviu algo ressoar, como uma matraca e, ao olhar para cima, o que você acha que ela viu? Um homenzinho, não mais alto que o pé dela e em sua mão segurava um estranho cordão de contas como Betty jamais vira. Ela pensou que as contas tinham uma aparência interessante, mas não pensou que aquele homenzinho engraçado tivesse algum assunto para assim acordá-la e, então, ela lhe disse:

– Você certamente não é um homenzinho educado.

Mas o pequeno homem ao invés de responder-lhe, acrescentou outra conta ao cordão que tinha em suas mãos. Betty notou que essa conta não era muito bonita.

Era de cor avermelhada, mas ao invés de ser clara como eram as outras contas do cordão, era escura e de aparência turva.

Apesar de Betty ter decidido não falar mais com o homenzinho, desejou saber por que ele escolheu uma conta tão feia e perguntou:

– Por que você não escolheu uma conta bonita para juntar ao cordão?

E, então, o que você acha que aconteceu? O homenzinho olhou para cima e ele tinha no rosto uma expressão muito triste quando respondeu:

– Eu gostaria de colocar no cordão só as contas bonitas, mas você não me deixou fazê-lo.

– Eu não deixei? Exclamou Betty com grande surpresa – O que eu tenho a ver com sua escolha de contas?

– Não, respondeu a homenzinho, você não me deixou.

– Mas eu nunca o vi antes, e nem quero essas contas porque você misturou as bonitas com as feias, disse Betty.

O homenzinho olhou novamente para ela, muito triste, e disse:

– Eu sinto muito, senhorita Betty, mas essas são as suas contas. Quer saber como elas se tornaram suas?

– Sim, disse Betty, você quer me contar?

– Bem, começou o homenzinho, é uma longa história, mas já que fui tão rude a ponto de acordá-la, talvez seja melhor contar-lhe. Começarei pelo início do cordão.

Você vê essa linda conta pequenina, uma pérola rosa suave?

Sim, disse Betty, eu a acho muito bonita. Gostaria que todo a cordão fosse assim. Como é que essa pérola se tornou minha?

– Você se lembra de uma vez, quando era bem pequenina, que sua mãe lhe pediu para guardar os brinquedos de sua irmãzinha e você respondeu: “Sim, mamãe querida, eu os guardarei”.

Mas Betty não podia se lembrar. Isso aconteceu quando ela era muito pequena.

Mas a homenzinho disse:

– Não importa se você pode lembrar-se disso ou não, porque essa pequena conta é o registro de sua boa ação e é bonita porque você tornou sua mãe feliz.

Betty sentiu-se contente por ter merecido uma conta tão bonita e com isso ter feito sua mãe feliz. Mas, aí ela percebeu que a conta seguinte era escura, de aparência esverdeada. Outra vez a homenzinho ficou triste e prosseguiu em sua historia.

– Uma vez, quando sua tia Edna trouxe um lindo brinquedo para sua irmãzinha, você tirou-o dela porque você o queria só para si, e toda vez que você sentir inveja ou ciúme, você ganha uma conta escura, turva, de cor esverdeada.

Betty sentiu vontade de chorar e estava muito triste por ter tomado de outra pessoa o que não lhe pertencia. Entretanto, não se atreveu a chorar porque teve medo que a homenzinho pudesse juntar mais uma conta feia ao seu cordão. Mas, oh! A pedra seguinte era adorável, uma gema vermelha, clara e tão bonita que Betty sabia tratar-se de um rubi verdadeiro. O homenzinho parecia ter lido seus pensamentos, pois respondeu:

– Sim, com efeito, é um rubi verdadeiro. Uma vez você evitou que um gatinho fosse agredido por um cão enorme. Você também teve medo do cão, mas não deixou que machucasse o gatinho e, então, porque você foi corajosa e tentou proteger o mais fraco, é que você ganhou esta linda conta.

Betty lembrou-se dessa vez. Ela realmente sentiu medo do cachorro grande, mas sabia que o gatinho estava em perigo e, oh, como foi gratificante! Ele se aconchegou em seus braços e ronronou seu agradecimento.

A próxima pedra do cordão era um enorme âmbar cintilante. Betty teve certeza de que devia ser o registro de alguma coisa boa e esperou que a homenzinho lhe falasse sobre ela, pois fê-la sentir-se muito feliz em saber que todas as boas ações que realizou não foram esquecidas.

Desta vez, quando o homenzinho começou sua história, ele sorriu e perguntou a Betty se ela se lembrava de como devia escovar seus dentes todos os dias, respirar profundamente e comer as coisas que a mantinham forte e bem disposta. Betty lembrou-se, como também se lembrou de que havia decidido surpreender sua mãe por não ter que repetir a mesma coisa diariamente. Então, o homenzinho lhe disse que enquanto ela cuidasse bem de seu corpo, a conta de âmbar se tornaria cada vez mais bela.

E aí aconteceu algo estranho: o homenzinho desapareceu de sua vista, o cordão de contas pareceu espalhar-se de tal forma que todas as cores estavam em volta dela e, então, ela ouviu uma vozinha dizendo:

– Se você quiser só belas contas no cordão de sua vida, lembre-se de dizer todos os dias:

“Hoje bons pensamentos terei,

Farei sempre uma boa ação,

Com todos os seres vivos, gentil serei;

Puro como uma rosa branca será meu coração,

E em todas as coisas, a Deus verei”.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para as Crianças – Vol. I – Esther Tobiason – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Os Espíritos da Primavera

Os Espíritos da Primavera

Tita estava brava. Tita estava muito brava. A ideia da lição de música hoje! Em um sábado, tantas coisas a fazer, e lá fora o Sol, dourado como o coração de uma margarida. Assim, Tita escapou para fora e escondeu-se no pequeno bosque à beira do riacho.

Ela deitou-se na terra úmida. O riacho cantava para ela. A canção do riacho era borbulhante e alegre. Tita sentia-se agora em paz e feliz. Ela olhou fixamente para as nuvens que pareciam de nata e desejou cavalgá-las.

Então, surgiu a música. Tão sútil, tão doce, que ela pensou que fosse uma abelha grande, preguiçosa. Mas não, era diferente. Ela virou a cabeça. Depois, olhou fixamente.

A criatura era minúscula como um minuto. Toda de verde brilhante, com cabelos amarelos como um manto tênue. E ela estava tocando! Tocando um violino de duas menores folhas de grama que já existiram. Tita esfregou seus olhos.

– Ah! Finalmente você pode me ver!

A voz da criatura tilintou como um cubo de gelo num copo que você agita.

Tita olhou mais firmemente. Mas ela estava cheia de admiração.

– Meu nome? Seeba, a menina duende disse, como se estivesse lendo o pensamento de Tita.

– Mas – o que – o que, por quê? – Tita falou finalmente, seus olhos muito abertos.

– Ninguém jamais me vê, Seeba leu seus pensamentos novamente, a menos que esteja em sintonia com o espírito da Primavera.

Tita abriu sua boca para mais perguntas. Mas Seeba sorriu e acenou sua mão.

– Venha, ela disse, eu lhe mostrarei.

Subitamente, Seeba ficou alta, até que se tornou tão alta quanta Tita. Elas estavam numa grande floresta. Haviam árvores monstruosas ao redor, colinas e um rio barulhento, apressado, tão largo que não se via a outra margem. Tita olhou em torno, amedrontada.

– Não, disse Seeba, tudo é o mesmo. Você apenas tornou-se do meu tamanho. As árvores são apenas gramas, as colinas são torres de terra. E veja o pequeno riacho.

Ela apontou para o rio rugidor e impetuoso.

Seeba pegou sua mão. Elas andaram pelo estranho lugar até que chegaram a uma caverna. Tita continuou pensando. Tinha tantas perguntas a fazer. Mas estava tão ocupada olhando para as coisas. Um rochedo monstruoso estava perto da caverna. Era azul e brilhante.

– Lembra-se da conta azul que você perdeu? – perguntou Seeba, tocando a rocha gigante e sorrindo diante da expressão de surpresa de Tita.

De repente, Tita gritou. Uma cobra enorme passou contorcendo-se. Seeba disse gentilmente:

– Uma minhoca: Ela leva embora os cascalhos e enriquece a terra de maneira que as flores possam crescer.

Elas chegaram a um tronco que atravessava o túnel.

– A raiz de uma violeta, explicou Seeba.

Ela desdobrou asas sedosas que Tita nunca tinha visto. Juntas elas voaram por cima da raiz.

Tita não podia ver mais nada. Estava escuro como tinta. Então, ela percebeu um leve brilho prateado que se tornou cada vez mais brilhante. Pássaros que voavam pareciam reluzir com a Luz.

– Pirilampos, disse Seeba. Nosso sistema de iluminação.

Depois elas viram uns homenzinhos muito estranhos, vestidos de marrom, com baldes vazios.

Gnomos, a duende disse a Tita. Eles colhem o orvalho nos baldes e molham as raízes.

Depois apareceu uma fileira de criaturas delicadas como Seeba. Algumas eram cor-de-laranja, outras cor-de-rosa, algumas verdes. Elas traziam baldes cheios de orvalho que derramavam em algumas raízes.

– Espíritos da Primavera; disse Seeba, como uma guia num ônibus de turismo. Hoje elas estão com preguiça e muito atrasadas.

– Você é uma Fada da Primavera? – perguntou Tita.

Ela estava ainda com medo das coisas. E sua voz parecia tão fraca quando ela falou.

– Oh, sim. Eu fui para o Sul, durante todo o inverno.

Voltamos para o Norte num trem de nuvens, poucas semanas atrás,

De repente, ela parou. Ficou pálida e começou a tremer.

– A Rainha, ela disse rapidamente. Irá punir-me.

Se eu pudesse me esconder em algum lugar. Mas é muito tarde.

Um clarão ofuscante de luz amarela brilhou contra os olhos de Tita e, diante delas, estava uma visão encantadora. Ela era mais alta que Seeba e usava um vestido verde brilhante que resplandecia em todas as cores do arco-íris. Seu cabelo era de cor azulada, mas não parecia estranho. Tita pensou que nunca vira um ser tão lindo.

Mas os olhos da Rainha estavam lampejando.

– Você não veio para exercitar, disse a Rainha, olhando para Seeba. Você fugiu para brincar. Bem, por esse motivo você ficara na caverna toda a noite e não subirá para as nuvens. E tocará seu violino a noite toda.

Seeba começou a implorar.

– Vai chover esta noite, querida Rainha, ela disse em prantos. Eu adoro cavalgar as gotinhas de chuva, e haverá tantas novas Fadas chegando.

Uma das grandes cobras apareceu. Tita esqueceu-se que se tratava apenas de uma minhoca. Começou a correr cada vez mais rápido. E, de repente, estava fora, ao Sol. Sozinha. Esfregou seus olhos e olhou a sua volta.

Devia ser muito tarde. O Sol já quase se escondia. Nuvens escuras estavam se formando. Tita não esperou.

Correu para casa.

Naquela tarde, Tita tocou seu violino. Sua mãe tocou piano. Papai lia seu jornal e seu irmão Jan estava lustrando uma luva de beisebol.

Então, Tita ouviu a música. Era leve e doce como os sinos das fadas.

– As Fadas da Primavera, ela disse, ansiosamente.

O irmão Jan a olhou e suspirou.

– Ah, ele resmungou, está chovendo. Não poderemos jogar amanhã.

Tita empinou o nariz para ele. Como um garoto podia saber? Mas ela entendeu. As Fadas da Primavera estavam vindo como toda a força. Agora toda a glória da primavera irromperia para fora. As florestas e os campos sentiriam a magia. Ela desejou saber se Seeba estaria cavalgando as gotas de chuva. Ou se ela deveria estar na caverna, exercitando. Tita pegou seu violino e começou a tocar, outra vez. Intensamente.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para as Crianças – Vol. I – B. Coursin Black – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Uma Cura Espiritual

Uma Cura Espiritual

Era uma vez dois garotos que se chamavam Roberto e Carlos. Roberto tinha oito anos, Carlos nove.

Eram dois meninos que não se separavam, embora não fossem irmãos. Os pais de ambos eram vizinhos, e se davam muito bem. Roberto e Carlos iam à escola juntos, diariamente e voltavam contentes. Nunca foram vistos brigando, discutindo ou com brincadeiras impróprias. Havia ocasião até que um dormia na casa do outro.

Era uma amizade sincera que encantava a todos, pela atitude exemplar de ambos e pelo respeito mútuo.

Os pais de Carlos eram mais pobres do que os de Roberto, porém, isto não afetava a amizade daqueles bons vizinhos, até a fortificava devido ao exemplar convívio dos dois filhos e cooperavam entre si nos momentos difíceis.

Certo dia Carlos ficou acamado. Roberto, que era um garoto de bons princípios e um tanto realista, não ficou desesperado. Seus pais, cujas conversas eram elevadas, amparavam fortemente o espírito do menino, ajudavam-lhe de forma mental e moral, o que muito contribuía para que o filho ficasse tranquilo.

Ofereceu- se Roberto para fazer companhia ao seu amiguinho, enquanto acamado.

E com Carlos ficava o tempo todo, ora lendo belas histórias, ora pondo-o a par das lições do dia, para que Carlos não ficasse alheio aos pontos dados pela professora.

Era maravilhoso verificar a abnegação existente entre os dois amiguinhos.

Já havia passado quinze dias e Carlos nada de se levantar nem apresentar melhoras. A doença dele deixava os médicos titubeantes, sem atinar com o que dificultava a cura.

Uma noite lá pelas dez horas, quando todos estavam ocupados na casa de Carlos, Roberto, sem dizer nada, fechou a porta do quarto e ajoelhou-se, junto a cama do enfermo que dormia, e se pôs a orar, pedindo a Jesus, Médico Divino, que inspirasse os médicos ou que fizesse um milagre, curando a seu colega. Enquanto estava concentrado, fazendo sua prece, aconteceu-lhe um fato singular, para ele que desconhecia o fenômeno.

Viu, sem estar assustado, um ovoide de tamanho regular, brilhante aproximar-se da cama. Seu coração encheu-se de alegria. Sua oração fora ouvida!

Continuou orando, quieto, quando Roberto acordou. Assim que o seu amigo abriu os olhos, falou-lhe: “Você vai ficar bom. Jesus vai atender ao meu pedido; você vai ver”!

– Mas, eu já estou bom – respondeu Carlos. Vi um médico entrar no quarto. Colocou as mãos dentro de meu estômago, e depois que as tirou disse que já estava curado.

– Mas como é que eu não vi médico nenhum aqui? – disse Roberto.

– Porém, eu vi um homem de avental branco, dizendo que eu não precisava me preocupar; que eu ficaria na cama mais sete dias de convalescença e depois voltaria a ir à escola. Disse mais, que estava atendendo a um pedido feito de coração, do meu melhor amigo, que é você.

Roberto ao ouvir isto, não pode se conter. Chorou não de tristeza, mas de reconhecimento a Jesus e aquele médico, auxiliar invisível que viera recuperar o seu bom amigo Carlos.

Quando Roberto e Carlos contaram este fato a seus pais, estes se entreolharam, como a dizer: – Deus se esconde dos grandes, mas se revela aos pequeninos que são mais puros de coração.

(Publicada na Sessão Infantil da Revista Serviço Rosacruz de fev/67)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Princesinha Aleijada

A Princesinha Aleijada

Era uma vez, não há muito tempo atrás, um lugar onde habitava uma menininha cujo nome era Emaline. Seus amigos e as crianças da vizinhança a chamavam de Princesinha Aleijada.

A casa pequenina em que ela morava era cercada de um gramado verde e lindas flores guarneciam o caminho no tempo de verão. Num canto do quintal erguia-se um grande olmo.

Cada dia, Emaline sentava-se ao lado de uma ampla janela de onde ela podia ver as flores no quintal, pessoas passando na rua e observar os pássaros construindo seus ninhos no grande olmo.

Embora essa menininha não pudesse andar, eram muitas as alegrias de que ela desfrutava ao observar as crianças brincarem, ou quando passavam em seu caminho para a escola. Todos a conheciam e a amavam e nunca deixavam de acenar-lhe quando passavam por ela, ou de parar quando tinham tempo para conversar uns minutinhos e dividir com ela suas flores, doces, ou o que tivessem.

Assim, Emaline era muito feliz e grande era sua satisfação quando os pássaros vinham colher as migalhas que ela jogava para eles, no peitoril da janela.

Do lado de fora de sua janela havia uma caixa onde ela plantou pequenas sementes que sua mãe lhe tinha dado e, pelo cuidado amoroso que ela lhes dedicou, eram, agora, uma mistura de lindas cores. Sua fragrância era fonte de contínuo prazer para Emaline. Como ela amava esses amigos amorosos que inclinavam suas cabeças na brisa e pareciam estar sempre sorrindo para ela!

Sobre uma pequena mesa bem a sua mão, encontravam-se livros de contos de fadas e de aventuras. Eram muitas as horas agradáveis que a Princesinha Aleijada passava na Terra das Fadas onde tudo era radiante e adorável.

Ao seu lado, numa cadeira, podia-se quase sempre encontrar um enorme gato amarelo, todo enrolado, dormindo. Ele adorava que Emaline alisasse seu pelo e mostrava sua satisfação ronronando sonoramente, esticando suas garras, empurrando primeiro uma pata, depois a outra, na almofada em que ficava deitado. Emaline explicava que ele estava tocando órgão para ela.

Mas, a despeito de todas essas coisas que tornavam a sua vida feliz, Emaline crescia sem poder mover-se e ansiava intensamente por andar, correr e pular, como via as demais crianças fazerem diariamente. Então, ela ficava triste e perguntava a sua mãe:

– Por que sou assim, Mamãe? Por que Deus me castiga assim?

– Minha querida, você não deve pensar que Deus castiga você, sua mãe respondia, aproximando-se e ajoelhando-se ao seu lado, colocando gentilmente seus braços fortes em torno de seu corpo frágil, para confortá-la. Eu não sei porque você é assim, mas Deus e bom demais para punir e, em Sua grande sabedoria, sabe o que é melhor para nós.

Diante disso a menininha suspirava, desejando ter a fé de sua mãe e que Deus lhe mostrasse o motivo de sua deficiência.

Era um belo dia de junho e Emaline desejou, durante todo o dia, poder andar na grama úmida e verde, poder subir no olmo para ver os passarinhos que sabia estarem lá. Quando a Sol se pôs por detrás das montanhas distantes e as sombras começaram a surgir, ela sentia-se muito agitada e desalentada porque lhe era negado o grande privilégio de poder andar.

Depois que sua mãe a colocou na cama, entre os frescos lençóis, ela permaneceu pensando por um longo tempo. Finalmente, ela rezou pondo toda sua alma na prece, pedindo para ser capaz de andar algum dia. Se pelo menos Deus mostrasse porque era inválida, talvez fosse mais feliz, pensou ela.

Emaline não sabia há quanta tempo estava dormindo quando ouviu uma voz dizer-lhe:

– Vem comigo e eu te mostrarei.

Ela não ficou surpresa quando uma figura vestida de branco a tomou pela mão e flutuaram suavemente sobre os vales e montanhas como se estivessem voando, até que chegaram a um lindo palácio branco, circundado por altos muros de pedras.

– Este é o lugar onde você morou um dia, disse a companheira de Emaline.

– Ela deve saber, pensou Emaline e não disse nada, mas apreciou com admiração o cenário ao seu redor.

Urna garotinha estava brincando nas escadas de mármore que levavam ao palácio e, enquanto elas a observavam e aproximou-se uma empregada que levou a criança para dentro do palácio.

Elas seguiram as duas e parecia estranho a Emaline que ninguém notasse a presença delas. Lá dentro estavam damas e cavalheiros muito distintos e uma tal grandeza no mobiliário como a Princesinha Aleijada nunca vira antes.

Na ocasião, a garotinha estava vestida para sair e, junto com a empregada, dirigiu-se e entrou em uma carruagem que saiu em direção ao portão. O condutor estalou seu chicote e elas foram embora.

– Assim, a garota cresceu e tornou-se uma mulher mimada, caprichosa, explicou a guia de Emaline. Observe-a como mulher!

Ela virou-se e viu uma linda mulher que vinha pelo grande portão desse mesmo palácio, andando altivamente em direção à carruagem que a aguardava, entrou nela e foi embora, exatamente com o fez quando menina.

– Vamos segui-la, murmurou a guia.

Elas observaram a carruagem passando rapidamente pelas ruas, todas as pessoas paravam, contemplando-a num silêncio de temor enquanto ela passava. Na face de alguns Emaline viu o desprezo e estremeceu.

– E assim ela segue na vida, negligenciando os membros que Deus lhe deu para andar. Ela não tem a menor simpatia pelos que trabalham pelo seu pão diário. Isto é muito triste; agora vamos voltar para casa, disse a companheira de Emaline.

Na manhã seguinte, a Princesinha Aleijada surpreendeu sua mãe com esta pergunta:

– Mamãe, a senhora acha que já moramos aqui na Terra, antes?

– Oh, sim, querida. Creio que sim, mas por que você pergunta?

– Um dos mensageiros de Deus mostrou-me na noite passada onde eu morava e porque sou inválida, e tudo e por minha única culpa. Oh, mamãe! Vou ser muito boa de agora em diante, Emaline exclamou.

– Que estranho, pensou sua mãe, mas somente abraçou-a e disse:

– Você sempre foi boa, querida, pois ela estava acostumada as singularidades de sua pequena filha.

Assim, enquanto os dias de verão iam passando, a pequena Emaline sentava-se a sua janela e cantava alegremente, olhando as crianças, os pássaros e as flores.

Ela lia historias para as crianças, enxugava suas lágrimas, e elas encontravam auxilio e simpatia nas mãos da Princesinha Aleijada.

Lágrimas de simpatia rolaram de seus olhos quando um dia, sentada perto da janela, viu um passarinho com uma asa quebrada cair bem abaixo de sua janela. Sua mãe o salvou e juntas ataram a asa quebrada e cuidaram do passarinho até que ele ficou novamente bom.

Um dia, um médico famoso veio à cidade onde Emaline morava e sabendo da existência da Princesinha Aleijada que possuía um coração terno, veio vê-la. Quando estava sentado numa grande cadeira, de frente para Emaline, perguntou a ela, numa voz cheia de amor e compreensão, o que significaria para ela ser capaz de andar.

– Oh, senhor, ela murmurou, estou muito feliz como sou, mas seria maravilhoso poder andar. Aí eu poderia ir a todos os lugares, ajudando as crianças que necessitassem de ajuda. Há muitas assim, o senhor sabe.

Os olhos do médico estavam muito ternos enquanto olhava para a menininha e ele lhe disse que voltaria pela manhã.

Durante a noite, Emaline abriu seus olhos em admiração para a figura toda de branco que estava ao lado de sua cama.

– Não tenha medo, ele disse, eu sou o médico e vim na qualidade de Auxiliar Invisível, em meu corpo espiritual, para curá-la. Eu posso deixar a meu corpo físico, como você vê, mas devo retornar a ele pela manhã.

Ela adormeceu imediatamente e só acordou na manhã seguinte. Lembrou-se, então, do que vira a noite e, descobrindo-se, colocou suavemente o seu pé no chão e ficou parada alguns minutos, com medo de se mover.

– Eu posse andar! Ela disse.

Parecia haver agulhas e alfinetes picando o seu pé, mas ela prosseguiu valentemente e colocou sua mão nas costas de uma cadeira, para apoiar-se. Deu primeiro um passo, parou, deu outro passe ate chegar a sua cadeira que estava perto da janela onde se sentou, tremendo de excitação, e foi lá que sua mãe a encontrou. Admiração, , Alegria estampavam-se no rosto de sua mãe, quando a viu sentada em sua cadeira. Emaline logo a convenceu que podia andar e com a ajuda de sua mãe praticou alguns passos, indo da cama para a cadeira, ate que ficou exausta e sua mãe aconselhou-a a descansar até que o médico chegasse.

Foi com um rosto brilhando de amor e gratidão que ela relatou ao médico tudo o que ocorrera desde que ele partira no dia anterior e como ele veio a ela durante a noite.

Grande foi a alegria quando se espalhou a notícia de que a Princesinha Aleijada podia andar.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para as Crianças – Vol. I – Matilda Fancher – Fraternidade Rosacruz)

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Cornélia e as Fadas das Cores

Cornélia e as Fadas das Cores

Num agradável dia de verão, a pequena Cornélia brincava com suas bonecas no seu cantinho predileto, debaixo dos frondosos ramos de uma enorme ameixeira que ficava numa extremidade do longo e ajardinado quintal de sua casa. Muitas e espessas moitas de certa planta de cores bastante variadas, assim como as mais diversas flores, tornavam aquele recanto convidativo, e Cornélia gostava de imaginar que as pétalas daquelas flores eram asas de fadas. E cantarolava alegremente enquanto arranjava suas bonecas em torno do robusto tronco da ameixeira amiga. Alguém, contudo, havia abandonado um espelho ali, sobre a grama. Tomando-o entre os dedos Cornélia notou ao longo de seus convexos ou recurvados bordos algo assim como as cintilações das várias cores de um arco-íris.

“Oh!” – exclamou admirada – “O que aconteceu?”.

Movendo, então, o espelho de um para outro lado, para frente e para trás, descobriu que a luz do Sol é que causava aquele efeito multicolorido em seus bordos. Cornélia sentou-se e pôs-se a examinar o seu achado, atônita ainda pela descoberta do pequenino arco-íris, que aparecia e desaparecia ao menor movimento. Nisto uma risada miúda e cristalina flutuou e escorregou pelo ar, e do meio do riso uma vozinha musical falou:

“Diremos tudo se você aceitar uma brincadeira nossa!”.

Cornélia não coube mais em si de espanto ao ouvir aquela vozinha. Sua boca assemelhava-se a um “O”, e seus olhos castanhos a dois “Os”. E olhava e fitava insistentemente a minúscula figura que se postava frente a ela. Sabia tratar-se de uma criaturinha do mundo das fadas, mas dificilmente podia acreditar naquilo que seus olhos viam. Finalmente decidiu falar:

“Quem e você?”

“Eu” – respondeu o pequeno ser – “sou a Rainha das Fadas das Cores”.

E de fato era, pois uma graciosa e elegante coroa podia ser vista sobre a sua cabecinha, e em uma de suas mãos uma varinha de condão dourada.

“Eu não sabia que existiam Fadas para as cores” – disse a menina, sentindo-se agora mais à vontade.

Ah! “sim?” – sorriu a Rainha das Fadas – “Nós somos em grande número, ainda que as pessoas raramente nos vejam. Mas veem o trabalho que fazemos em toda parte e no mundo inteiro”.

“Que tipo de trabalho?” – indagou Cornélia com ansiedade.

A esta altura um invisível coro de argênteas vozes cantou em resposta:

“Nosso afã é divertido,

nosso afã é divertido,

pois nós fazemos o mundo

mais alegre e colorido!”

“Veja” – explicou a Rainha das Fadas – “nós combinamos e distribuímos as cores que existem nas flores, nos frutos, nas folhas, e em tudo o que existe em volta de você. Vamos a toda parte e estamos sempre pensando na melhor maneira de tornar o mundo o lugar mais belo e colorido em que se possa viver. Gostaria de ver alguma coisa desse trabalho?”.

“Oh! adoraria” – respondeu Cornélia, batendo palmas de alegria.

“Ótimo!” – disse a Rainha das Fadas – “Então vamos começar a brincadeira. Mas deixe-me, primeiro explicar-lhe como se forma um arco-íris: a luz do Sol é branca, ou é o branco mais puro que existe em nosso universo, ainda que na realidade ela apareça aos olhos em sete diferentes cores. Quando a luz branca é dividida, conforme aconteceu no seu espelho ou conforme aconteceu nos céus após uma chuva, então você pode ver cada cor separadamente, formando uma faixa de sete cores. Nós combinamos essas sete cores de maneiras as mais diversas para formar uma grande variedade que você pode ver em volta de si, na Natureza”. Aí, então, a Rainha ergueu a sua varinha e ordenou: “Vermelho e Azul, venham. Vamos começar a brincadeira”.

Imediatamente duas pequeninas fadas – uma toda vestida de azul, a outra toda de vermelho – apareceram, inclinando-se gentil e elegantemente para a Rainha e para Cornélia. Então a Vermelho adiantou-se e se postou em frente à Azul, surgindo da união das duas a cor violeta.

“O que você já viu com essa cor?” – indagou a Rainha dirigindo-se à menina.

“Oh! eu sei: uvas, ameixas, uma flor chamada violeta e algumas outras flores”, respondeu a garota prontamente.

“Certo” – confirmou a Rainha das Cores.

“Agora chamarei o Amarelo. Sr. Amarelo! Sr. Amarelo! Esse é um camarada muito engraçado”.

“Eis-me aqui, aqui estou!” respondeu uma alegre voz, enquanto uma figurazinha toda vestida de amarelo aparecia.

“Oh!” – exclamou Cornélia – “você tem ao mesmo tempo a cor da luz do Sol, dos limões maduros e dos botões-de-ouro!”.

“Que combinação engraçada! Mas você tem razão, senhorita Cornélia. Você tem razão” – concluiu com uma sonora risada.

“Ué! como soube meu nome?” – indagou a menina mostrando surpresa.

“Ah! Nós somos sábias, nós somos sábias, ainda que não sejamos grandes em estatura” – respondeu o Sr. Amarelo, rodopiando velozmente na ponta do dedão do seu pezinho direito.

A seguir o gaiato Espirito da Natureza pôs-se em frente ao Vermelho, e dessa junção surgiu a cor: “Laranja!” – gritou Cornélia.

“Você está, agora, da cor de uma laranja!”.

“A cor das cenouras e das morangas também. Agora vou me colocar em frente ao Azul”.

“Agora você ficou verde como a grama!” – disse a menina.

“E as árvores, e as plantas, e muitas verduras que comem os seres humanos são também verdes, conforme você sabe”, acrescentou a Rainha das Fadas. “Espero que você tenha gostado desta brincadeira e ao mesmo tempo aprendido algo a respeito das cores”.

“Sim, sim, gostei e aprendi. Muito obrigado!” – disse Cornélia.

“Vocês poderiam voltar e ensinar-me mais sobre cores?”.

“Voltamos” – respondeu graciosamente a Rainha das Fadas. “Mas por enquanto precisamos dizer “Adeus”, porque temos muitos lugares a visitar e muita coisa a fazer. Preciso ver se todos os meus auxiliares estão trabalhando de acordo. Assim cumpro minha tarefa, a qual, como você já sabe, é fazer do mundo o mais belo e colorido lugar em que as pessoas possam viver e alegrar-se”.

Cornélia ia começar a falar, mas antes que pudesse dizer alguma coisa já as minúsculas criaturinhas haviam desaparecido.

Teria sido aquilo um sonho? Não. Ela estava convencida de não ter dormido. Além disso a Rainha das Fadas havia prometido voltar para ensinar-lhe mais acerca do maravilhoso mundo das cores.

Cornélia, então, olhou em volta, e viu outra vez o espelhinho. E tomando-o mais uma vez entre as mãos pensou:

“Agora sei de onde vêm essas tão lindas cores!”.

(do Livro Histórias da Era Aquariana para as Crianças – Vol. I – Grace Evelyn Brown – Fraternidade Rosacruz)

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