Nesta época de transição o mundo nos parece mais uma arena, onde os credos, as ideologias e os interesses econômicos se chocam e provocam sofrimentos. Os aspirantes, diante desse quadro redobram seus esforços, numa tentativa muitas vezes desesperada de equilibrar a situação. Todas as capacidades e energias são exigidas quase que diuturnamente. Poucos estão encontrando tempo para a leitura e estudo das obras espiritualistas.
Quando muitos podem aliar uma prece ao trabalho, e adormecem enquanto se esforçam por fazer o exercício de Retrospecção.
Sabemos que isso vem preocupando os estudantes. Entretanto, não devem se desencorajar julgando-se “perdidos no Caminho”. O serviço nunca representa imobilismo. Trabalho é adoração, e é possível que os passos dados sejam bem maiores do que se pensa.
Em todas as suas obras, Max Heindel ressalta a importância do serviço como fator de evolução: “Ele é o caminho mais curto, mais seguro e mais agradável que nos conduz a Deus”. O importante, também, é o coração estar pleno de amor fraternal.
Vivendo a vida superior, embora nunca tenha lido um livro, uma pessoa terá acesso a conhecimentos impossíveis de serem recebidos em qualquer universidade no mundo. O caminho para a fonte dos mistérios é a sensibilidade, a doçura e o amor à todas as criaturas.
Os alquimistas do passado, inclusive os Rosacruzes, afirmaram que a Grande Obra, primeiramente realiza-se com as mãos. É o próprio ser humano que celebra o ofício religioso e o oferece sacrifício no seu templo. Segundo o ritual do Serviço do Templo da Fraternidade Rosacruz, o sacrifício deve representar um esforço, uma obra concreta.
Os grandes místicos e santos, deixaram-nos esta mensagem: “só os olhos do amor podem conhecer a verdade”.
O amor que se eleva do nível meramente pessoal e cresce no serviço, torna-se um Amor Altruísta. É luz gerada para toda a humanidade, uma fagulha convertida em chama.
A verdadeira iluminação, como toda experiência real, é mais a inspiração e a vivência de uma atmosfera espiritual, do que propriamente a aquisição de informações.
Não há o que o amor não possa realizar.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 06/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Humildade: só com ela se alcança a verdadeira paz e harmonia
Alcançar a verdadeira humildade é uma das coisas mais difíceis de atingir na vida.
O ser humano sempre está sujeito a se vangloriar. Sempre sente prazer, considera-se bom, abnegado e serviçal. Com esses sentimentos no seu subconsciente pode transformar o trabalho dele em uma farsa. Trocar o ouro do espírito pelo brilho metálico da verdade.
Como se pode extirpar esse cancro que se aloja no íntimo do ser humano e compromete a obra dele para a perfeição? Orai e vigiai, aconselhou São Paulo, com o coração devoto, porque se uma oração carece de sentimento profundo de devoção, torna-se um exercício automático que não fornece ajuda nem sustentáculo. Devemos lembrar eternamente, que Deus está dentro de nós, e os nossos acertos são obras Dele. Sem essa Divina manifestação, de onde viria nossa glória?
A vaidade humana pode frustrar completamente a finalidade da nossa caminhada para alcançar a sublimação e o aperfeiçoamento da nossa divinificação na transformação do vil metal em ouro do espírito.
Para chegar à perfeição, a caminhada é longa, acidentada. Achar que não contrariando as leis humanas seremos virtuosos é uma ilusão. Quanto mais a luz brilha, mais nítidas são as sombras e cada vez podemos descobrir mais faltas, das quais, antes, nem tínhamos conhecimento. Quando nos conscientizamos desse fato, nossa reação não deve ser de desânimo. Devemos agradecer ao Senhor pela oportunidade de poder sublimá-las, porque, como tudo é eterno, como nada se perde, como tudo se transforma, a sublimação é o único caminho que podemos tomar para efetuar o trabalho humildemente.
Os acertos não devem dar oportunidade para o orgulho, já que, num piscar de olhos, podemos tropeçar e todo nosso orgulho pode afundar, uma vez que a saúde corporal ou mental pode ser tirada, a lucidez de espírito pode se desvanecer.
O reconhecimento, o elogio dos outros são outras pedras de tropeço no caminho, dificultando mais do que ajudando o progresso. Quando perguntamos: será que reconhecem meu trabalho? Será que observam meu progresso e dedicação? Será que me consideram? São sugestões de vaidade do Eu inferior. Se quisermos realmente alcançar o reto e estreito caminho é bom nos abster dessas sugestões. Se formos sinceros conosco, não adiantam os reconhecimentos, bem sabemos quanto temos de melhorar, lutar, purificar nossas rejeições e antipatias e aprender a amar.
A verdadeira paz e harmonia só podemos alcançar com humilde aceitação e consciência de que tudo que é bom, verdadeiro e belo vem do nosso Divino Pai interior que quer nos salvar, dignificar, iluminar para alcançarmos a nossa meta, a união total.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 03/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Deus e o Ser Humano: em que nível de relação você está?
Tudo que o ser humano faz ou pensa associa-se à satisfação de suas necessidades primárias: saciar a fome, abrigar-se, vestir-se, defender-se, constituir família, etc. O sentimento e o desejo são as molas propulsoras de todas essas realizações.
Mas, por óbvio que isso pareça, surge ainda uma questão: quais os sentimentos e necessidades que levaram a humanidade ao pensamento religioso e a fé?
Os Ensinamentos Rosacruzes indicam o temor, o interesse, o amor e o dever como sendo quatro formas básicas de relacionamento do ser humano com Deus. Nos povos primitivos, o fator que desperta ideias religiosas é o medo – medo da fome, de animais bravios, das enfermidades, da morte. Como o nível de consciência desse ser humano primitivo é incipientíssimo, forja um ser que a ele se assemelha, ser mais poderoso, capaz de submetê-lo e destruí-lo.
A segunda etapa desse relacionamento, a do interesse, está muito ligada ao atendimento das necessidades coletivas. É típica dos povos onde se nota certa organização social. O desejo de orientação diante das dificuldades, as satisfações das necessidades do grupo estimulam uma concepção social de Deus. A divindade rege os passos daquele povo em particular, protegendo-o, decidindo seus problemas, recompensando-o ou punindo-o. Para conquistar as boas graças desse deus, oferecem-lhe sacrifícios ou agem conforme os princípios ou tradições da raça. Aspira em troca, ver sua colheita mais abundante, o rebanho mais numeroso, a prole sadia, os inimigos prostrados a seus pés. É uma relação de barganha.
Essa forma de religião consolida-se pelo surgimento de uma casta sacerdotal, mediadora entre o povo e a divindade. Essa casta, obviamente privilegiada, logra uma posição de poder, muitas vezes superior ao poder temporal. Trata-se de uma religião do medo, porém, é possível dialogar com Deus e obter-lhe compensações.
O terceiro passo evidencia-se quando a religião do medo transforma-se na religião moral. A divindade conforta a tristeza, o desejo insatisfeito, protege as almas dos mortos. A moral e o apreço para com o semelhante constituem a tônica desse pensamento religioso. O Cristianismo popular e outros credos são um exemplo típico dessa fase do relacionamento do ser humano com Deus. Não se deve, entretanto, considerar as formas religiosas primitivas como exclusivamente religiões do medo, nem as dos povos civilizados como estritamente morais. Há pontos comuns a ambas, principalmente o caráter antropomórfico da ideia de Deus.
Pouquíssimos indivíduos encontram-se no quarto nível de experiência religiosa. Não é fácil conceituá-lo de uma forma clara, por não estar associado a uma ideia antropomórfica de Deus, nem a um dogma. Daí, o indivíduo experimenta a totalidade da existência como uma unidade, guiado pelo conhecimento esotérico, pela arte, pela ciência e pela intuição. Para ele a religião tem, ao mesmo tempo, um sentido cósmico e interior. O universo é o templo onde se cultua o Ser Absoluto como também o íntimo do ser humano. Esse sentido cósmico da religião é percebido por uns poucos iluminados, cujas vidas servem de estímulo a que outros, por seus próprios meios, busquem a Senda da Luz.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Peculiaridades do Éter
O investigador ocultista verifica que o ÉTER apresenta graus de densidade, a saber: Éter Químico, Éter de Vida, Éter Luminoso e Éter Refletor.
O Éter Químico é o meio de expressão das forças que promovem a ASSIMILAÇÃO, o crescimento e a manutenção da forma (e a excreção).
O Éter de Vida é o plano de manifestação das forças que são ativas na PROPAGAÇÃO, ou seja, na construção de novas formas.
O Éter Luminoso transmite poder motriz do Sol ao longo dos vários nervos dos corpos “vivos”, e torna possível o movimento.
O Éter Refletor recebe a impressão das imagens de tudo o que existe, vive e se move. Grava, também, todas as variações, de modo semelhante ao filme de uma câmara cinematográfica. Nesse “registro” os médiuns e psicômetras podem ler o passado, baseados no mesmo princípio em que, sob condições adequadas, os filmes são reproduzidos uma e outra vez.
Temos falado do Éter como um meio, ou caminho, de forças, palavras que não transmitem um significado exato para as Mentes em geral. Mas, para um investigador ocultista as forças não são apenas nomes, tais como: vapor, eletricidade, etc. Ele os percebe como seres inteligentes, de diferentes graus, sejam sub ou supra-humanos. O que nós chamamos “Leis da Natureza” são Grandes Inteligências que guiam seres menos evoluídos, de acordo com certas regras destinadas a adiantar evolução deles.
Na Idade Média, quando ainda havia muitas pessoas dotadas de clarividência “negativa”, falava-se de Gnomos, Duendes e Fadas, que vagavam pelas montanhas e pelos bosques. Esses seres são os “espíritos da terra”. Também se falava das Ondinas, ou espíritos da água, que habitavam os rios e os arroios; dos Silfos que habitavam as névoas dos vales e pântanos, como espíritos do ar; mas pouco se falava das Salamandras, pois são espírito do fogo, não sendo, portanto, tão facilmente descobertas ou acessíveis à maioria das pessoas. As antigas lendas são agora consideradas como superstições, mas, não obstante, uma pessoa dotada de visão Etérica pode mesmo perceber os pequenos Gnomos depositando a verde clorofila nas folhas das plantas, e dando às flores as múltiplas e delicadas tonalidades de cores. Os cientistas tentaram uma vez ou outra dar-nos uma explicação adequada do fenômeno do vento e da tormenta. Mas falharam, e não o conseguirão enquanto procurarem uma explicação mecânica para aquilo que realmente é uma manifestação da Vida. Se fossem capazes de perceber as hostes de Silfos voando de um lado para o outro, “saberiam” quem e quais são os elementos responsáveis pela inconstância do vento; se pudessem observar uma tempestade marítima por meio da Visão etérica perceberiam que a frase: “luta dos elementos” não é uma frase vazia, porque o mar é verdadeiramente um campo de batalha dos Silfos e Ondinas. O ulular da tempestade é o “grito de guerra” dos espíritos do ar. Também as Salamandras se encontram por toda a parte e não há nenhum fogo que possa ser aceso independentemente de seu auxílio. São mais ativas ocultamente, no interior da Terra, tornando-se responsáveis pelas explosões e erupções vulcânicas. As classes de seres que acabamos de mencionar ainda são “sub-humanas”, mas dentro de algum tempo alcançarão um estado evolutivo correspondente ao humano, embora sob circunstancias diferentes das que agora servem para o nosso desenvolvimento. Mas, presentemente, essas maravilhosas inteligências, que nós chamamos “leis da Natureza”, dirigem os exércitos das entidades menos desenvolvidas. Para chegar a melhor compreensão do que são esses diferentes seres, e sua relação conosco, exemplifiquemos: suponhamos que um mecânico esteja construindo uma máquina, e a seu lado um cão o observa. O cão vê o ser humano em seu trabalho e o modo como usa suas diversas ferramentas para dar forma a matéria, e também como a máquina vai lentamente tomando forma, com o emprego dos rudes metais: ferro e aço, latão e outros. O cão é um ser de uma evolução inferior, e não compreende a intenção do mecânico, mas não obstante vê tanto o trabalhador como seu trabalho e o resultado que se apresenta como a máquina. Suponhamos agora que o cão fosse capaz de ver os materiais que lentamente vão mudando de forma, juntar-se e converterem-se numa máquina, mas não pudesse perceber o trabalhador, nem a atividade por ele desenvolvida. Nesse caso, o cão estaria, em relação ao mecânico, em situação idêntica à nossa em relação às grandes inteligências que chamamos “Leis da Natureza” e seus auxiliares, os “espíritos da natureza”.
Nós vemos as manifestações dos seus trabalhos como FORÇA que move matéria de distintas maneiras, mas sempre sob Condições Imutáveis.
No Éter também podemos observar os “Anjos”, cujos corpos mais densos são feitos desse material, assim como o nosso corpo físico é formado de gases, líquidos e sólidos. Esses Seres estão um passo além do estado humano, assim como nós estamos um grau mais avançados sobre a evolução animal. Todavia, nós nunca fomos animais semelhantes aos da atual fauna, mas, em um estado anterior no desenvolvimento do nosso planeta, tivemos uma constituição semelhante à do animal. Naquela ocasião os Anjos passaram pelo estágio “humano”, se bem nunca possuíssem um Corpo Denso como o nosso, nem funcionaram em matéria mais densa do que a Etérica. Algum dia, numa condição futura, a Terra tornar-se-á novamente Etérica; então o ser humano será “semelhante” aos Anjos. Por isso a Bíblia nos diz que o ser humano foi feito “um pouco inferior aos Anjos” (Hb 2:7).
Como o Éter é a passagem das forças vitais e criadoras, e os Anjos são peritos construtores utilizando esse elemento, podemos facilmente compreender que estão exatamente capacitados para ser os protetores das forças propagadoras nos vegetais, no animal e no ser humano. Em toda a Bíblia encontramos os Anjos sendo encarregados desse serviço: dois Anjos se aproximaram de Abraão e lhe anunciaram o nascimento de Isaac; “prometeram” um filho ao homem obediente a Deus. Depois, esses mesmos Anjos destruíram Sodoma “pelo abuso da força criadora” que ali se incorria. Anjos também anunciaram aos Pais de Samuel e de Sansão o nascimento daqueles gigantes do cérebro e dos músculos. À Isabel apareceu o Anjo (não Arcanjo) Gabriel e anunciou-lhe o nascimento de João, e depois apareceu também a Maria com a mensagem de que ela havia sido eleita para conceber a Jesus.
(Revista Serviço Rosacruz – 03/78 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Trabalhando em Harmonia com a Lei
O maravilhoso Poder de Deus, quando uma condição específica se põe a Seu cuidado, já foi comprovado inúmeras vezes. Muitas pessoas creem inabalavelmente nessa verdade porque a testemunharam. Também, se desejamos ser curados de alguma enfermidade, requer-se nossa colaboração para tornarmo-nos merecedores dessa graça.
A fé é indispensável. É o primeiro requisito. Ela deve significar, no edifício da vida, um alicerce seguro, mais sólido do que qualquer granito. A fé consiste na resignação à dor, no sol interno capaz de iluminar a noite escura e profunda das incertezas e da dúvida. Significa estar mais próximo da Divindade do que de nós mesmos, porquanto compreende confiança, humildade e o doce anseio de ser atendido e amparado.
Assim mesmo, é igualmente importante nossa boa vontade para corrigir hábitos arraigados em nosso ser, hábitos esses sempre prontos a retardar a ajuda. Quando alguém procede mal, quando sua vida fracassa, é porque não tem forças para fazer frente a seus problemas. É uma atitude de grande valor moral fazer valer as boas inclinações, ajudando a alguma pessoa necessitada, perdoar uma ofensa, mas sem esperar benefícios em troca. Dessa forma, trabalhando em harmonia com o Universo, aprenderemos também a nos renovar moral e espiritualmente.
Ganhamos energias pondo-nos em sintonia com as forças espirituais.
É de supor-se que quem busca a cura de suas enfermidades está disposto a fazer o possível para colaborar no amoroso trabalho do nosso Pai Celestial. Portanto, se nos negarmos reiteradamente a fazê-lo estaremos sempre perseguindo objetivos contrários aos do Universo, inclusive opostos aos do nosso ser mais íntimo. Todos possuímos não só a capacidade de nos comportar eticamente bem, como a íntima necessidade de fazê-lo. E quem ceda com razoável frequência às suas tendências ao bem, não necessitará, certamente, buscar a autor renovação: esta chegará automaticamente a ele.
Todos nós já tivemos, alguma vez, provas do amor protetor de Deus. Deixemos, pois, que essa Presença interna seja o guia das nossas decisões e atos para, assim, trabalharmos em harmonia com a Grande Lei. Dessa forma atrairemos as pessoas e situações capazes de contribuir para o nosso crescimento espiritual, além do que nosso estado de saúde será um reflexo dessa harmonia.
E agora, em relação ao acima exposto, vem-nos à Mente o pernicioso hábito de fumar. Sabemos que ao eliminá-lo beneficiaremos nosso Corpo Denso. Além disso, a força de vontade posta em ação para dominar o hábito contribuirá decisivamente para o nosso desenvolvimento espiritual.
Por outro lado, se o paciente não coopera nesse aspecto, os Auxiliares Invisíveis ver-se-ão frustrados em seu trabalho, pois as toxinas do tabaco inaladas diariamente anulam o que eles realizam durante a noite. Por essa razão devemos envidar os maiores esforços por manter-nos firmes e constantes em nossa determinação de continuar lutando até vencer a difícil batalha da vida.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
O Poder Divino é a única Força essencial no Universo, embora se manifeste de diversas maneiras. É o Verbo que percorre o espaço como vibração sonora, dando formas definidas aos bilhões de átomos. Deus é, portanto, o único poder. Nele vivemos, nos movemos e temos o nosso ser. Sua Força nos permeia e um dia nós a manifestaremos como Ele agora o faz.
Todo ocultista percebe a existência de dois elementos, aparentemente opostos, mas complementares: energia e matéria. Grosso modo podemos afirmar que a matéria é o Espírito cristalizado, e a energia é esse mesmo Espírito ainda não cristalizado. Essa afirmação leva-nos a concluir que energia e matéria são Espírito.
Durante o processo de manifestação a cristalização da energia e a descristalização da matéria são contínuas. A energia modela e vitaliza a matéria. É o agente invisível dando vida à matéria a qual é o elemento visível da ação dessa força.
Todo ato criador e a manutenção das formas dependem da Vontade e Imaginação. O Espírito humano expressa predominantemente uma dessas polaridades na forma de sexo diferenciado. Eis porque a propagação da espécie exige a união dos dois polos: masculino e feminino.
O Sol irradia as forças física e espiritual. A Lua apenas as reflete. A cadência ritmada das forças espirituais e físicas constitui a origem das atividades físicas, morais e mentais do globo terrestre. Em dezembro (para o hemisfério norte) a energia espiritual atinge seu ponto máximo de irradiação. É inverno e toda atividade física parece adormecida. Nos meses de verão, acontece justamente o oposto: as forças espirituais encontram-se inativas, enquanto as físicas, através do princípio fecundador da Natureza, atingem seu vigor máximo.
A energia espiritual emanada de Deus é absorvida de diferentes maneiras. O ser humano, por exemplo, recebe as energias espirituais pela cabeça. Os Espíritos-Grupo da Onda de Vida Animal difundem sua influência através da coluna vertebral dos animais que estão sob sua responsabilidade. No caso dos vegetais, os Espíritos-Grupo (desse reino) projetam suas correntes a partir do centro da terra em direção à periferia, onde são absorvidas pelas raízes.
As forças astrais também desempenham um papel importante na evolução humana. Cada um dos Espíritos planetários exerce uma influência específica, dando margem a experiências vitais para a evolução do ser humano.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Semeando e Colhendo
Os ponteiros do relógio assinalam a hora dos acontecimentos diários, mas permaneceriam imóveis se não fossem movidos pela força de um mecanismo oculto. Sua paralização nos causaria a perda de oportunidades na vida. À semelhança dos ponteiros do relógio, os Astros visíveis marcam os acontecimentos de nossa vida. A diferença é que os Grandes Espíritos cujos corpos são os planetas jamais se detém. O Grande Relógio do Destino não nos deixa perder oportunidades, se bem possamos invalidá-las sob determinadas circunstâncias.
Conta-se que Thomaz Edson, em determinada fase de sua vida, trabalhava como telegrafista noturno de uma estação ferroviária. E, para poder dormir nos intervalos possíveis, sem faltar a seu importante dever, imaginou um recurso: colocava um recipiente na beira de uma mesa e da torneira fazia verter água, em volume calculado, para enchê-lo em determinado tempo. Deitava-se em baixo do recipiente e quando este se enchia, transbordava e a água caía-lhe no rosto, acordando-o em tempo de atender ao primeiro trem. Semelhantemente, estamos girando numa corrente contínua de ações, para o bem ou para o mal, rumo ao depósito do tempo. O que dele transborda volta sobre nós, impelindo-nos a novas ações. Não importa que adormeçamos, como Edison, pois o sono da morte não pode invalidar as ações do espírito imortal. Uma reencarnação ocorrerá exatamente quando o depósito do tempo estiver cheio, para que o espírito recolha o que semeou e aprenda suas lições de vida. Somos impulsionados a renascer no instante em que os raios estelares prevalecentes correspondem às inclinações de caráter formadas por nós mesmos.
Edson ficaria aborrecido se alguém o despertasse atirando-lhe água na cabeça. No entanto, ficava satisfeito com o que lhe acontecia porque ele mesmo o preparara sabendo da necessidade de acordar na hora certa. Igualmente, ficaremos satisfeitos se estivermos conscientes de que as lições atuais são consequências de vidas passadas, são meios de superarmos nossas deficiências físicas, morais e intelectuais.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/85 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Pergunta: Se “Deus fez o homem um pouco inferior aos Anjos”, como é possível que ele se torne, no final, superior a eles no Mundo Espiritual?
Resposta: Essa pergunta revela um equívoco. Isso nunca foi declarado nos Ensinamentos Rosacruzes, mas foi dito algo que pode ter gerado uma interpretação errada. A evolução move-se numa espiral e nunca se repete na mesma condição. Os Anjos representam uma corrente evolutiva mais antiga; eram humanos num período anterior da Terra, chamado de Período Lunar entre os Rosacruzes. Os Arcanjos eram a humanidade do Período Solar, e os Senhores da Mente, chamados por Paulo os “Poderes das Trevas”, eram a humanidade do sombrio Período de Saturno. Nós somos a humanidade do quarto período do presente esquema de manifestação, o Período Terrestre. Como todos os seres do universo estão evoluindo, a humanidade dos períodos anteriores também evoluiu, de forma que hoje encontram-se num estágio mais elevado daquele em que estavam quando eram humanos – eles são sobre-humanos. Portanto, é verídico que Deus fez o homem um pouco inferior aos Anjos. Mas, como tudo está num estado de progressão espiralar, também é verdade que a nossa atual humanidade é superior e mais evoluída do que os Anjos o foram; e que os Anjos foram uma categoria mais elevada da humanidade do que os Arcanjos quando eram humanos. Na próxima etapa atingiremos algo semelhante ao atual estágio dos Anjos, mas seremos superiores ao que eles são agora.
(Perg. 2 do Livro Filosofia Rosacruz em Perguntas e Respostas – Vol. I – Max Heindel – Fraternidade Rosacruz SP)
Seja verdadeiro Consigo Mesmo
Em “Hamlet”, no primeiro Ato, quadro 3, encontramos a seguinte frase: “Acima de tudo, seja fiel a si mesmo, e como o dia segue a noite, tão seguramente, não poderás ser falso a outrem”. Esse conselho, dado por Polonius a seu filho, é, talvez, o mais precioso instrumento para o desenvolvimento próprio, do imenso cabedal de sabedoria, que é a obra de Shakespeare.
Somos pressionados diariamente a fim de que ajamos, falemos, compremos, elogiemos ou condenemos, aceitemos ou rejeitemos, ou até pensemos isso ou aquilo, que pode ser tanto uma crença, um produto, uma causa, ou uma pessoa, promovidos por um indivíduo, ou um grupo de pessoas. A família, os amigos, pessoas que encontramos e pessoas que nem conhecemos, todos procuram, de uma ou outra maneira, influenciar a nossa posição quanto a fatores sociais, econômicos, pessoais, cívicos e, virtualmente, a todos os aspectos de nossas vidas.
Em face de tanta pressão, poderemos sucumbir facilmente, adotando a posição cômoda de “dizer que sim”, presa fácil para os interessados em promover os seus objetivos. Lamentavelmente, muitos são vacilantes em seus conceitos. Rejeitar os apelos de alguém que estimamos, nos arriscando a receber reprovações ou críticas, ou até abandono, requer coragem e firmeza tenaz. Pesquisar, estudar e discriminar sobre os fatos de toda a problemática, qualquer que ela seja, demanda tempo, persistência e robusteza mental, até, às vezes, robustez emocional. Formar a “nossa cabeça” e defender o princípio que para nós representa uma verdade, sem fazer caso se tal atitude é “conveniente”, se agradará aos amigos, se nos fará perder aliados com os quais contamos, ou se perdermos a sensação de paz interior, de enorme fragilidade que criamos, requer uma vigilância ininterrupta e a disposição permanente de ficar na linha de defesa daquilo que pensamos que é CERTO. Isso não é fácil, nem para as pessoas as mais seguras e autoconfiantes, e manter tal atitude é, todavia, a única que em longo prazo, nos trará a realização em nossa evolução individual.
Do ponto de vista mais amplo, espiritual, nada pode ser mais simples do que permanecermos verdadeiros a nós mesmos. A nossa “voz interna” – nomeamo-la de consciência, intuição, “chamado de coração” ou qualquer outro nome, está a postos para nos guiar em todas as coisas, tanto quanto o permitirmos. Aprendemos que o primeiro impulso da intuição pura, que ainda não foi contaminada pelas elaborações da razão ou pelas distorções da emoção, vem diretamente do Mundo do Espírito de Vida e é verdadeiro sob todos os aspectos. Seguindo esse aviso, antes que fique poluído pelos imperativos da natureza inferior, ou por arrazoados de nossa inteligência pessoal, não haverá engano.
Certamente, a questão em pauta deverá merecer o nosso exame quando conheceremos todos os aspectos a favor e contra a situação, bem como a real motivação daqueles que encorajam, ou, pelo contrário, criticam um ponto de vista específico, sendo o nosso papel o de discriminar inteligentemente as opiniões emitidas, tentando nos pressionar, e as opções que devemos adotar. Naturalmente, os nossos sentimentos continuarão tendo um papel preponderante; a atração, a repulsão e a indiferença são fatores de alta potência, porém são de caráter, geralmente, pessoal. Teremos, certamente, que nos confrontar com as cobranças pouco oportunas dos outros, discordando diplomaticamente, se formos capazes, estando preparados sempre, para a mágoa que sentimos quando a nossa pessoa é rejeitada por causa de nossas convicções. Todavia, no esconderijo de nossas almas, conhecemos perfeitamente bem as nossas reais convicções e também o que nos será necessário fazer para sustentá-las honradamente. Em casos de dúvida, poderemos nos perguntar: “o que teria feito Cristo-Jesus em situação similar?” e se o nosso questionamento foi sincero, saberemos a resposta exata.
Ser verdadeiro consigo mesmo e não se tornar uma varinha mágica que erradicará todos os nossos erros repentinamente. Há muito que aprender ainda, antes de sermos liberados da escola de experiência que é a nossa vida na Terra, e o próprio processo de aprendizado subentende a existência de erros. Porém, se somos verdadeiros conosco mesmos, os erros que cometeremos serão os nossos próprios e manteremos a dignidade da integridade pessoal, mesmo se o nosso currículo escolar apresentar algumas realizações de indiscutível mediocridade ou rudeza.
Nesse momento de um novo começo, examinemos nossas metas não permitindo com tanta facilidade uma linha de esforço mínimo como “máximo” de nossa firmeza. O mundo não cessará as tentativas de nos influenciar para que ajamos dessa ou daquela maneira, sob pena de rejeição, caso ousemos porventura discordar. Diremos como São Paulo, em nosso coração: “Todas essas coisas não me atingem”. Ele seguia os ditames do seu Cristo Interno, sem se comover com as inconveniências do ambiente externo, as desonras e o sofrimento suportados e ficou inabalavelmente verdadeiro consigo mesmo e, consequentemente, também com o Seu Deus e toda a Humanidade.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/84 – Fraternidade Rosacruz – SP)
Comece a Tecer…Deus provê o fio
Quão sensível o tato de uma aranha; sente em cada fio e vive ao longo da linha…
Já observou uma aranha, habilmente, tecendo a teia dela? Extraindo magistralmente de si mesma a sedosa substância que logo endurece ao se por em contato com o ar. E com esse material milagroso – como um arquiteto consumado – constrói seu tecido, destinado a emaranhar qualquer visitante inesperado que lhe sirva de alimento ao seu apetite.
Na mente infinitesimal da aranha, está sendo concebido um plano singular; calcula o vento, o deslocamento do ar e se mantém firme no seu objetivo, utilizando o seu próprio ímpeto de oscilação, para poder lançar seu fio a grandes distâncias; de árvore a árvore, de um poste a outro e assim completa seu ordenado trabalho. Do êxito disso depende sua vida e a vida de gerações por vir.
A aranha é uma auxiliar valiosa para o jardineiro, pois nunca se alimenta de vida vegetal, como também um exemplo ímpar para humanidade, mostrando dedicação e persistência.
Não somos nós muito diferentes da aranha! Utilizamos a substância dos nossos pensamentos e esforçamo-nos por construir um tecido de vida que atrai para nós qualidades físicas e espirituais que, ao mesmo tempo, alimentam física e espiritualmente o ser humano interno e externo, permitindo assim a livre expressão da sua energia criadora.
Da mesma forma como para a aranha, existem somente dois requisitos. Um plano bem pensado e uma determinação firme de levar adiante esse plano. Podemos ter com frequência um plano bem estruturado, mas qualquer obstáculo abala nossa decisão. O plano fica esquecido, restando somente um sentimento de fracasso e de derrota, duvidamos de nós e perguntamos onde foi que erramos. Também se dependermos dos outros e eles falharem, a derrota nos abaterá igualmente.
Pouco se importa se os planos anteriormente mencionados correspondam um dia de diversão ou promoção de negócios ou mesmo trabalhos para o bem-estar dos outros; a derrota é igualmente real.
Se procurarmos uma resposta para êxito em qualquer campo, só serve um formulário para todos eles: planejamento e fé interna de que seremos capazes de realizar um esforço construtivo.
Com o pensamento daremos forma à substância mental desde o Mundo do Pensamento Concreto que interpenetra o Mundo Físico. Se arquitetarmos um plano de ajudar alguém, cada vez que nele concentramos ou dele falamos – tendo pensamentos construtivos com o ideal básico – o pensamento forma crescerá em concordância.
Se pelo contrário nós duvidamos, o plano sai confuso, enfraquecido pelos temores e dúvidas, o fracasso é certo.
Os pensamentos são coisas e a Mente é criadora. Pelos impulsos dos pensamentos podemos realizar tijolo por tijolo aquele que já tomou forma em nossa Mente. Os pensamentos criadores, firmes, amorosos e não egoístas serão construídos dessa maneira. Os pensamentos de dúvida vacilantes sobre o projeto arruínam a estrutura mental.
Podemos dizer, o que é uma lei da Mente e da vida, que antes que qualquer coisa possa se manifestar na existência, primeiro deve ser feita nos Mundos internos. Pode-se dizer que os sucessos futuros projetam as suas sombras.
Conscientes desse fato espiritual devemos sentir uma grande responsabilidade de ver claramente todas as coisas, pessoas e situações.
Do anterior podemos deduzir porque nós fracassamos em tantas ocasiões. Estamos menos sujeitos aos fracassos se planejamos e executamos um objetivo particular. Se a pessoa se mantém fiel a seu ideal, surpreender-se-á com outros prestando-lhe valoroso auxílio.
Se desejar ter uma relação harmoniosa no lar, determine primeiro o que quer e depois se resolva a viver o seu ideal o melhor que lhe for possível, sem se importar com as ações dos demais e terá compensação. Esse mesmo princípio pode ser utilizado em qualquer campo que valha a pena e terá a vantagem incalculável de poder ajudar pessoas a se tornarem melhores em todos os sentidos devido aos seus pensamentos construtivos amorosos e persistentes.
A maior fraqueza que quase todos nós temos é a de supormos que os outros vão agir desta ou daquela maneira. Esperando desarmonia, já de antemão a derrota é certa.
Sim; a humilde aranha tem muitas lições a nos ensinar. Podemos romper seu tecido, mas ela na primeira oportunidade repará-lo-á não se importando com quantas vezes tenha de fazer isso. Sempre com fé, de que terá material suficiente para completar sua obra.
Já imaginou o que a aranha faria se pudesse pensar em todos os danos potenciais a que viria sofrer o seu tecido, ou o número de vezes em que este pudesse ser destruído? Ou pode imaginar quanto tecido poderia produzir se duvidasse continuamente da sua habilidade de poder fazer ligações entre distâncias quase inalcançáveis?
Nestes dias em que escutamos conversas relativas a guerra e destruição é imperativo que nós possamos viver dia a dia da melhor maneira possível e trabalhar com fé sem nos preocupar com as circunstâncias adversas. Isso nos dará a vantagem inestimável de utilizar todas nossas energias e talentos numa só direção, o que dará liberdade de ação à Mente e à alma, cheias de recompensas das realizações e crescimento moral.
A vida vem duma fonte invisível que brota dentro de nós e nos leva a ter experiências para o nosso bem. Por que então permitir que as coisas temporais (por si mesmo mutáveis) nos desencorajem de alcançar qualquer meta justa? Sabemos em nosso íntimo que só as coisas tangíveis estão sujeitas à morte.
Da Eterna Fonte Espiritual vem a vida e com esse sentimento temos de crescer e expandir. Aprendendo a depender cada vez mais desse conhecimento, desse poder interno e, cada vez menos das condições do mundo externo.
Nesta Estação Sagrada, faremos uma pausa, para dar graças a Deus pela dádiva da Sua Vida, que existe dentro de nós. E cada um se resolve expressar mais e mais Seu Poder que trabalha tanto interno quanto externamente em nós de conformidade com o esforço que nós faremos com a Mente aberta e coração anelante para atrair mais e mais Seu Mundo para a Manifestação.
Em todos nossos planos recordemos este ditado: “Comece seu tecido, Deus provê o fio”.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 11/84 – Fraternidade Rosacruz – SP)