A Princesa Sibele
Era uma vez uma solitária Fada princesinha que ansiava por alguém para brincar com ela. Morava no Reino do Faz de Conta e fiava completamente sozinha com seu pai, o Rei Amor, e sua mãe, a Rainha Beleza. Claro que haviam muitas pessoas no castelo onde ela morava e ela tinha muitas damas de companhia para servi-la. Mesmo assim, ficava sozinha, porque era a única criança no reino. As outras pessoas eram adultas e crianças não conseguem brincar muito bem com adultos, não é? Claro que se eles são apenas crianças grandes, é diferente.
Bem, ela estava cada dia mais triste por estar sozinha e finalmente foi até seu pai, o Rei Amor, e lamentou-se para ele:
— Oh, Majestade, meu Pai, eu não quero mais ser uma princesa Fada! Eu sou tão solitária e infeliz aqui nesse castelo enorme, sem ninguém para brincar comigo!
A Rainha Beleza, que estava sentada ao lado do Rei num trono dourado, pegou a princesa nos braços e tentou acalmá-la. O Rei Amor pensou um pouco e disse:
— Você sabe, Sibele querida, há uma lei que diz que ninguém pode ficar aqui se não estiver satisfeito e feliz, e eu não posso mudar essa lei, nem para minha própria filha princesa. Por isso, tente ficar contente ou terei que expulsá-la para o Mundo Terra, para viver como uma das crianças da Terra.
Ele disse isso com amargura, pois o deixava infeliz saber que sua única princesinha estava descontente no seu lindo reino. Ele sabia que seria melhor para ela ficar lá, onde estava protegida de qualquer perigo, mas por outro lado, ela ganharia muita experiência se saísse do seu lar.
A princesa pediu ansiosa:
— Oh, deixe-me ir, deixe-me ir. Eu imploro! Deixe-me ser uma menininha da Terra, ter irmãos e irmãs e brincar com outras crianças. Por favor, Majestade.
— Meu amor, o Rei respondeu tristemente. Você nem imagina que terá muitas mágoas e muitos problemas se for morar na Estrela Triste (Às vezes, no Reino do Faz de Conta, as pessoas chamavam a Terra assim).
— Mas vocês, Amor e Beleza, não podem ir comigo?, perguntou Sibele. Certamente vocês dois compensariam toda a infelicidade.
— Não, querida, nós devemos ficar aqui para governar este reino – Afirmou Amor.
— Mas, nós podemos mandar uma centelha de nossa varinha de condão para iluminar os lugares escuros de seu coração, se ela realmente quiser ir, disse a Rainha Beleza para o Rei Amor.
Então, eles enviaram à Terra a Princesa Sibele, que queria ir à busca da felicidade. Todos lhe disseram que ela esqueceria seus amigos Fadas quando se tornasse uma criança da Terra. Isso a preocupou, porque ela os amava e não queria esquecê-los, nem a seus pais. Por isso, ela procurou sua mãe, a Rainha, que lhe deu um conselho enquanto a abraçava docemente:
— Querida, ouça-nos na canção dos pequenos riachos que correm por entre as árvores. Procure-nos nas flores dos bosques. E sinta-nos nas suaves mantas de musgo verde.
Assim, Sibele tornou-se uma pequena criança da Terra, como todos nós.
* * * * * *
Alguns anos se passaram e ela já estava crescida o suficiente para correr, brincar e querer conhecer as coisas quando, um dia, enquanto colhia margaridas, encontrou uma minúscula criaturinha, cheia de brilho, de orvalho e de graça, dançando no centro amarelo da maior margarida que Sibele já havia visto. Dançando, cantando, e acenando uma varinha de condão, a pequena Fada cantou para Sibele, com exuberante alegria:
“Deus me ama e a você eu tenho amor.
Oh, diga que me ama, por favor”.
Depois a Fada saltou da margarida, arrastou-se para dentro do ouvido de Sibele e sussurrou:
“Não se esqueça de nós, querida,
Nunca, nunca à esqueceremos.
Amor, Beleza e as Fadas também,
Nunca, nunca a deixaremos”.
Dessa forma, a faísca da varinha de condão que o Rei Amor e a Rainha Beleza haviam colocado dentro do coração de Sibele resplandeceu por um momento e a partir de então, a princesa na Terra sentia a presença deles para protegê-la e alegrá-la sempre que ficava sozinha; pois ela muitas vezes estava só, porque na Terra as crianças também ficam sozinhas. De vez em quando, Sibele sentia-se triste porque as crianças que brincavam com ela não acreditavam em Fadas. Ela sabia que as Fadas eram bem reais e ficava preocupada ao pensar na alegria e felicidade que estas crianças estavam perdendo.
Bem, todos os dias, Sibele encontrava uma mensagem do Rei Amor e da Rainha Beleza — sim, todos os dias. Um dia, ela viu uma pequena nuvem branca sendo lentamente perseguida por duas nuvens cor de rosa no céu azul; e ela riu docemente ao ver as nuvens brincando.
— Obrigada, Rainha Beleza, por me mostrar uma coisa tão bela hoje.
Um outro dia, ela estava passeando, um pouco cansada e descontente — era um dia escuro e abafado e todos pareciam estar muito ocupados para brincar com ela — quando viu uma mocinha passando. Tinha aproximadamente dezoito anos e havia um brilho de felicidade em seus olhos. Talvez alguém lhe tivesse dito alguma coisa agradável. Ela sorriu-lhe tão docemente, que Sibele sentiu um estranho arrepio por todo o corpo. Ninguém poderia sentir-se triste ao receber um tal sorriso, cheio de amor, felicidade e compreensão.
Então, Sibele sorriu também com toda a coragem que possuía. Ela gostaria de saber se aquela jovem sabia que estava sendo enviada pelo Rei para trazer-lhe uma mensagem de amor.
Amor e Beleza se comunicam conosco todos os dias e de várias maneiras. Se abrirmos os olhos e o coração e deixarmos que eles transmitam o que desejam, saberemos que existe um Deus maravilhoso que nos ama e que nos deu esse mundo para vivermos, para sermos felizes e para crescermos em sabedoria, que é o conhecimento com amor.
À medida que Sibele crescia, procurava cada vez mais ajudar as pessoas a perceberem que ninguém é esfarrapado, sujo ou feio demais para ser ajudado, pois não podemos avaliar, pela aparência de uma pessoa, que alma brilhante possa ter. Jesus Cristo disse que o que fizermos para os outros, estamos fazendo para Ele. Não é maravilhoso podermos servir a quem faz tanto por nós? A melhor maneira de demonstrarmos nosso amor por Ele é procurarmos ajudar e sermos bons para todos.
Sibele cresceu e tornou-se adulta. Todos que se aproximavam dela abençoavam-na por sua doçura, sabedoria e bondade. Quando chegou a hora de deixar a Terra, Sibele voltou para o Reino do Faz de Conta. Quanta alegria e felicidade houve quando a Princesa Sibele voltou; ela aprendera que a verdadeira felicidade está em servir os outros!
(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. IV – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)
Sobre o autor