A Pequena “Eu também”
Palavra-chave: Iniciativa
Num chalezinho branco, a beira mar, morava a mãe e suas duas filhas pequenas, formando, realmente, uma família feliz. Não tinham pai, pois Deus já o havia levado para o Mundo Celeste, além do céu azul.
Essas duas meninas, além de serem pequenos e lindos tesouros, eram também ajudantezinhas maravilhosas. A mais velha chamava-se Margarida e a mais nova Janete. Mas ninguém chamava Janete por seu nome e sim pelo apelido “Eu também”. Era assim que todos a chamavam. Por que?
Bem, todas as vezes que a mãe ou Margarida precisavam de alguma coisa Janete dizia “eu também”; ou se Margarida ia a algum lugar, Janete acrescentava “eu também”; de modo que a família e os amigos apelidaram-na assim.
Na bonita casinha branca havia muitas coisas a serem feitas e as irmãs estavam felizes com as pequenas tarefas que podiam fazer para a mãe. Tudo o que Margarida fazia, a pequenina “Eu Também” sempre a ajudava. A mãe das meninas era uma mãe maravilhosa, que lhes contava muitas coisas interessantes, inclusive sobre os pequenos Espíritos da Natureza que vivem na água e no ar.
Um dia, alguns primos da cidade vieram ao chalé para uma visita à família. Passaram muitas horas agradáveis no pequeno jardim e na areia. Divertiram-se muito no mar, saltando sobre as ondas e deitando-se na areia sob o sol brilhante, enquanto ouviam o barulho das ondas.
Como os priminhos da cidade não sabiam quase nada sobre o oceano e a praia, Margarida contou-lhes tudo o que sabia sobre essas coisas. Eles não sabiam que 3/4 partes da superfície da Terra é água e que o belo Oceano Pacífico é metade disse. Eles pensavam que água era apenas água e não sabiam que nela existiam ilhas grandes e pequenas, e até continentes perdidos e sepultados sob o mar agitado.
Margarida era quem mais falava. Contou a seus priminhos sobre os mares e as tempestades do mar, e mostrou o farol que ficava perto dali e cuja luz brilhante piscava sem parar para conduzir os navios com segurança. Falou-lhes sobre os jardins que existiam sob o mar, dos recifes de coral e de muito mais coisas até que os primos da cidade pensaram que ela era uma menininha muito, mas muito inteligente.
Eles sabiam muito a respeito da cidade grande onde moravam, sobre os rios, o lago onde patinavam no inverno e muitas outras coisas; mas o oceano era tão novo e interessante para eles que queriam saber mais.
Por fim, Margarida concluiu:
– Bem, realmente, eu não sei mais nada para lhes contar.
Todos ficaram muito quietos por alguns instantes, até que a pequena “Eu Também” os surpreendeu dizendo:
– Margarida, querida, você se esqueceu de contar a eles como se formam as tempestades no mar, como Mamãe nos contou.
E isso já era muito para “Eu Também” dizer, pois era uma criaturinha muito tímida. Os primos logo pediram:
– Oh, “Eu Também”, conte-nos!
Então, ela contou:
– Bem, as sílfides que vivem nas nuvens fofinhas recolhem a água que as ondinas derramam e a levam em seguida para as nuvens. Lá, seguram a água até que as Ondinas as obrigam a soltar. As tempestades são realmente batalhas entre as Sílfides e as Ondinas, travadas no mar e no ar. Por fim, as sílfides tem que entregar à água as Ondinas, que apanham as gotas de chuva, jogando-as sobre a Terra. Às vezes, as Salamandras tomam parte no combate e aí tem raios e trovões. Algumas gotas de chuva caem no solo dando de beber a grama e as flores; outras caem nos rios e lagos e outras ainda voltam diretamente para o mar azul e profundo.
Como eles ficaram encantados com a pequena “Eu Também”! Ela se fez notada naquele dia, e deixou de ser tímida. Sua mãe ficou muito feliz quando soube disso, dizendo que Janete havia demonstrado iniciativa. Depois daquele dia, a menina nunca mais ficou contente por seguir somente os outros, como fazia antes, e ninguém mais a chamou de “Eu Também”. Ela passou a ser chamada, novamente, pelo seu verdadeiro nome: Janete.
(do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. V – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)
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