Carta de Max Heindel: A Epigênese e o Destino Futuro

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Carta de Max Heindel: A Epigênese e o Destino Futuro

A Epigênese e o Destino Futuro

Quando estamos estudando a “Teia do Destino – Como se Tece e Destece”, é conveniente e absolutamente necessário que não percamos de vista da nossa Mente o fato de que a vida não é somente um desenrolar de causas estabelecidas em existências anteriores. O espírito, quando está de volta via o renascimento, tem uma quantidade variável de livre-arbítrio – de acordo com a vida vivida anteriormente – para preencher os detalhes. Além disso, ao invés de apenas transformar causas passadas em efeitos, há também causas novas geradas a cada passo dado pelo espírito e que, então, atuam como sementes de experiências para as vidas futuras. Esse é um ponto muito importante. É uma verdade evidente em si mesma, pois se assim não fosse, as causas que já foram definidas, em algum momento, devem terminar, e isso significaria o término da existência. Desta forma, não somos absolutamente forçados a agir de uma certa maneira, só porque estamos em um determinado ambiente e porque toda a nossa experiência anterior nos deu uma tendência em direção a um determinado fim. Com a prerrogativa divina do livre-arbítrio, o ser humano tem o poder da Epigênese ou iniciativa, de forma que possa começar em uma outra direção, a qualquer momento que desejar. Ele não pode, imediatamente, se afastar da vida antiga – isso pode exigir muito tempo, talvez várias vidas –, mas, progressivamente, ele se prepara arduamente para o ideal que ele uma vez semeou.

Portanto, a vida avança não apenas pela Involução e Evolução[1], mas especialmente pela Epigênese. Esse sublime Ensinamento da Religião da Sabedoria Ocidental dos Rosacruzes explica muitos mistérios que, de outro modo, não teriam uma solução lógica, e entre eles está um que ocasionou o recebimento de muitas cartas à Sede Mundial da The Rosicrucian Fellowship. Esse assunto é abordado com alguma relutância, já que o autor não gosta de falar sobre a guerra. A questão diz respeito à relação entre um soldado, uma mulher do inimigo feita prisioneira de guerra por ele e o Ego nascido de uma mãe que o odeia, por causa da maternidade indesejada.

A investigação de um certo número de casos mostrou que esse é um novo desafio para certa classe de espíritos que estão de volta via o renascimento. Todos tinham sido incorrigíveis em suas encarnações anteriores e parecia que nada de bom poderia mantê-los ali, para a tristeza daqueles que se relacionavam com eles. As condições da atual guerra[2], ainda que não tenha sido criada para esse propósito, oferecem uma oportunidade para transferi-los para outro campo de ação, onde a nova mãe colhe, através desta ação, os frutos dos erros cometidos por ela mesma em existências anteriores.

Nem tão pouco essa condição é de toda peculiar para a guerra. Muitas vezes, em outras ocasiões, são utilizados meios semelhantes para que possamos colher o que semeamos por meio de outros seres humanos que são aparecem em nossas vidas para seu próprio e nosso sofrimento. Eu me lembro de uma mãe que me disse, há alguns anos, como havia se rebelado contra a maternidade; como, depois de ter passado pelo período da gravidez com ódio e raiva em seu coração se recusou até a olhar para a criança quando nasceu; mas finalmente, ela sentiu piedade pela condição de desamparo daquela criança e mais tarde, a piedade se transformou em amor. A criança tinha todas as vantagens de que o dinheiro poderia lhe proporcionar, mas essas vantagens não poderiam salvar o seu equilíbrio mental, e hoje está preso como assassino em uma cela de um hospício para criminosos, enquanto a mãe foi deixada no seu sofrimento para ponderar sobre o que ela fez ou não fez, durante o tempo em que o bebê estava a caminho.

Inversamente, existe também ocasiões em que um espírito, terminando sua experiência em um ambiente, volta via o renascimento em uma nova esfera de ação, como um raio de Sol e conforto para aqueles que, por suas ações passadas, merecem receber tais bênçãos. Lembremo-nos, portanto, que não importa quão degradado seja um ser humano, ele tem sempre o poder de semear o bem, mas deve esperar até que essa semente possa florescer em um ambiente propício. Cada um de nós, embora sujeito ao seu passado, é livre no que diz respeito ao seu futuro.

[1] N.T.: sobre Involução e Evolução, com mais detalhes, veja aqui O Conceito Rosacruz do Cosmos, no Capítulo XIV, no item Involução, Evolução e Epigênese.

[2] N.T.: refere-se à Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

(Por Max Heindel – livro: Cartas aos Estudantes – nr. 55)

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