A Maledicência: Com nossas palavras curamos as feridas ou ferimos
“Há algum tempo um homem trabalhador da lavoura, ao tentar remover um enxame de abelhas de um lugar para outro, estas se enfureceram com a interferência em seu trabalho. Picaram o agressor severa e dolorosamente, em uma porção de lugares. A abelha quando pica, perde o seu ferrão e morre”.
Automaticamente mata-se a si mesma, quando fere a outrem. Veja que não é um Deus vingativo. É o retorno do próprio ato praticado.
E nós, se morrêssemos ao ferir alguém com palavras estaríamos ainda com vida? Se alguém soubesse que o mau uso da palavra causaria a morte, será que não refrearia a língua, em benefício próprio e também das pessoas afetadas? Seguramente que sim.
A leitura do 3º capítulo do Salmo de São Tiago, de quando em quando, muito nos ajudará neste sentido. É grandemente proveitosa. É bom ler, reler e meditar.
Vejamos aqui:
“Se alguém não ofende pela palavra, este é um varão perfeito, que também pode com freio governar todo o corpo. Nós colocamos freios na boca dos cavalos para que nos obedeçam e governamos todo o seu corpo. Vejam-se também as naus (um certo tipo de navio, redondo), que embora tão grandes e levadas por impetuosos ventos, são governadas por um pequeno leme para onde quer que queiramos que sejam guiadas. Assim também, a língua é um pequeno membro e se gloria de grandes coisas. Veja-se como um pequeno fogo pode incendiar um grande bosque. E a língua é um fogo, um mundo de maldade. Assim, a língua está colocada entre nossos membros, a qual contamina todo o corpo e incendeia tudo à nossa volta e é a chama do inferno”.
“Porque toda a natureza de animais, aves, serpentes e de seres do mar se amansam e são domadas pela natureza humana; porém, nenhum ser humano pode domar a língua, que é um mal que não pode ser refreado; plena de veneno mortal. Com ela bendizemos a Deus Pai; e com ela bendizemos aos homens, os quais são feitos à semelhança de Deus. Irmãos meus, não convém que estas coisas sejam feitas. Porque onde há invejas e rivalidades, ali há a perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que vem do alto primeiramente é pura, depois pacífica, modesta, benigna, plena de misericórdia e bons frutos. E o fruto da justiça é sementeiro de paz para aqueles que fazem a paz”.
São Tiago nos alerta: semeando a paz, paz colherá; semeando a maledicência, sua consequência colherá. Observemos atentamente o efeito das nossas palavras. Elas nos trarão a colheita de frutos que nos alimentem, ou de espinhos que ferirão nossos pés na caminhada da vida. Com nossas palavras criamos um clima de amor ou de ódio, de alegria ou de dor, de esperança ou de desespero. Com nossas palavras curamos as feridas ou ferimos.
É muito difícil, impossível talvez, dominar a língua. Mas, a tentativa de dominá-la, o desejo sincero de educá-la, já é uma coisa positiva e de enorme proveito,
Vamos tentar! Tentemos com fé e boa vontade, e com perseverança.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 07/83 – Fraternidade Rosacruz – SP)
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