Paciência – um Agente Terapêutico
Em nosso atual mundo doente de tensão, onde a velocidade, o barulho e as diversas pressões são aceitos como a norma quase por todos, a paciência tornou-se mais que uma virtude. Agora, mais do que nunca, é componente vital de saúde.
Muito pode fazer para controlar a tensão, que leva muitos aos sedativos. A tensão nervosa é comumente considerada uma forma de pressão emocional, manifestando-se por dores de cabeça, indigestão, insônia, dores na coluna vertebral, e vertigens e caracterizada por preocupação e irritabilidade. Amiúde torna irascíveis, briguentos, irrequietos, podendo mudar um ser jovial e amigável numa criatura irritada. Produz desarmonia familiar e mau relacionamento. É, por vezes, caracterizada por desabafos emotivos, e permitindo-se que continue pode chegar a provocar a doença. Esta condição parece afligir muitos, pelo menos ocasional e parcialmente tornando-se frequente demais, séria e crônica.
A tensão nervosa, obviamente, pode gerar-se de qualquer coisa desde problemas pessoais e profissionais a vibrações sonoras audíveis ou não.
Com frequência começa na antecipação de alguma calamidade futura – algo que não acontecerá ou provará ser menos grave do que imaginado. Tensões podem surgir de personalidades conflitantes ou do dilema de ter muito a fazer em pouco tempo. Podem originar-se de uma atitude em relação ao trabalho; em vez de uma atitude confiante, o estudante teme pelo exame; em vez de dedicar-se a tornar o lar feliz, a dona de casa revolta-se contra a prosaica rotina; em vez de aceitar a profissão como um desafio e um serviço para a comunidade, o ganha-pão da casa, só anseia pelas férias e os fins de semana.
A tensão, então, parece ser um estado negativo de ser, derivando de reações negativas a situações da vida. Se as reações emocionais se tornassem positivas, assim também se tornaria o estado de ser, por lógica. A paciência é um dos fatores que tem mais probabilidade de realizar isto.
A palavra “paciência” é definida em diversas maneiras. Duas delas são apropriadas para esta nossa discussão:
1º) O ato ou poder de aguardar calmamente por algo.
2º) Indulgência com as faltas dos outros; supostas preocupações; tolerar.
A palavra chave na primeira definição é “calmamente”. Denota serenidade e falta de agitação. Se algo que nos desgasta “for” nos acontecer, acontecerá tanto se esperamos por isto num estado mental excitado ou serenamente. Muito melhor, então, ficarmos calmos. Assim podemos pensar claramente e fazer o que couber; caso contrário, nossas ideias ficarão distorcidas e ficaremos sujeitos ao insucesso perante o problema, antes mesmo de enfrentá-lo. Se estivermos calmos – pacientes – poderemos evitar as tensões que nada fazem, senão intensificar o problema e tornar-nos incapazes fisicamente, mental e emocionalmente de enfrentá-lo.
Também, como dissemos, muitas de nossas tensões nascem simplesmente da antevisão expectativa de que algum mal venha a ocorrer. Preocupamo-nos por doenças em potencial, crises financeiras, dificuldades domésticas e desentendimentos em nossas relações, bem antes que aconteçam. Frequentemente, a própria preocupação nossa atrai o problema. Se pudermos nos concentrar no presente, fazendo de nosso melhor dia a dia e deixando calmamente o futuro acontecer, muitas destas “tensões das possibilidades” desapareceriam. Há trabalho suficiente no mundo para dar-nos, em especial aos aspirantes espirituais, “ao luxo” de preocupar-nos principalmente pelo que é absolutamente incerto que aconteça.
Muitas de nossas tensões originam-se do dar e receber com os demais. Quando suas maneiras, solicitações, ideias, atitudes e comportamento diferem do nosso aparecem diferenças que irritam nossos nervos. Isto é, se nos permitirmos que nos irritem; irritam se ficarmos impacientes.
A segunda definição de paciência indica uma disposição em aceitar os outros como são, tolerando suas idiossincrasias e erros. Implica isto em nossa disposição em trabalhar com eles pela causa comum, ouvir e levar em conta seus pontos de vista, e encará-los com o mesmo respeito e consideração que cremos nos sejam devidos. Particularmente para o estudante espiritual a segunda definição de paciência implica em aceitar a “divina essência interna” de cada ser que ressalta e transcende quaisquer aspectos que nos sejam de objeção.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 02/83 – Fraternidade Rosacruz)
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