PUREZA: um ideal a ser diuturnamente cultivado
Falar em pureza nos dias de hoje pode até parecer um contrassenso. Para o ser humano comum este tema será recebido com ironia. Não poderia ser outra a atitude predominante diante do bombardeio de apelos ao sexo e vícios desencadeados pelos meios de comunicação.
Não estamos exagerando ao afirmarmos que grande parte da população já está condicionada a tudo o que é degradante. E isso ocorre sob conivente complacência de quem deveria zelar para que tal não acontecesse.
Não pretendemos insinuar que as pessoas, em sua quase totalidade, são moralmente tíbias. Queremos crer que a maioria seja bem formada e intencionada. Mas a repetição contínua dos bombardeios apelativos acaba, fatalmente, por alcançar o subconsciente, findando por obscurecer as boas qualidades. Eis porque o vício se converte numa segunda natureza.
Com pesar notamos alguns indivíduos intelectualmente bem dotados, e outros até estudiosos do espiritualismo, conhecedores dos benefícios de uma vivência pura, se deixar dominar por vícios e maus hábitos de toda espécie.
Não basta conhecer a verdade e almejá-la. Entre compreender e almejar há uma grande distância. Os médicos em geral conhecem muito bem a higiene e as enfermidades. “Conhecem”. Acabam, porém, adoecendo e sofrendo tal como os ignorantes do assunto.
Muitos estudantes do Ocultismo sabem discorrer brilhantemente acerca de temas transcendentes, mas, incoerentemente, vivem como pessoas comuns. Parecem encontrar-se muito distantes dos princípios que tanto alardeiam. Por quê? Porque falta a reforma interior, capaz de atingir o subconsciente. Em primeiro lugar, não possuem a fibra e a coragem necessárias para encetarem uma transformação purificadora em seu íntimo. É mais fácil ceder e condescender. São teóricos do espiritualismo, nada além de teóricos.
Não só o Cristo, mas os nobres cavaleiros de nossos ideais estão ameaçados. Parsifal continua lutando e sofrendo pelo mundo, sem poder usar a espada a seu favor. Amfortas continua sofrendo as dores do remorso. O lírio entreaberto, na fachada do templo de Salomão, espera pacientemente pelos puros de coração.
A realização da pureza antecede uma jornada de lutas e quedas. Os valorosos engolem o pó do caminho, mas não desistem. Lamentavelmente muitos ficam. As dores sempre encerram uma lição. Exercita-se a pureza na batalha diária da existência, em meio aos pequenos desafios da vida. Quem não se esforça e morre sem lutar não merece o “Valhala” (NR. Era um Palácio) das bem-aventuranças. Não pode desfrutar da verdade nem provar a sabedoria.
A pureza é um ideal a ser diuturnamente cultivado.
(Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 10/81 – Fraternidade Rosacruz – SP)
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