O Método Socrático e a Educação para a Era de Aquário

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Método Socrático e a Educação para a Era de Aquário

O Método Socrático e a Educação para a Era de Aquário

No advento da Era de Aquário é de principal importância a atenção que se deve dispensar à educação das crianças, preparando-as para o futuro, e não para um presente efêmero, que aliás é de uma rápida mudança e que por isso quase nem se pode caracterizar com certeza. Sabemos a Idade de Ouro que espera a humanidade e, portanto, as sementes de uma sociedade mais livre e fraterna, uma geração que sinta os valores do espírito como realidade eterna, deve aparecer diretamente com ação no plano físico. Mesmo entre nós, Estudantes Rosacruzes, deveríamos dar mais ênfase a este Aspecto, seja nos nossos contatos pessoais, quer mesmo dentro da nossa filosofia no que diz respeito à preparação de programas adequados às crianças, visando de um modo particular a atividade movimento-som-expressão, atendendo a Aspectos astrológicos como o Ascendente, posição da Lua, Vênus e Mercúrio.

Não é tarefa fácil educar plena e harmonicamente se tivermos em consideração a responsabilidade da palavra educar, e sobretudo se pensarmos que podemos atrasar ou acelerar esse aparecimento do ser humano novo, equilibrado de mente e corpo, do ser humano que possa ver em todo o conhecimento a Unidade, o sentido sagrado de todo e qualquer ato. Parece-nos, creio, ser este o ponto mais importante de educação para a Nova Era, a parte de outro: o desenvolvimento da criatividade. Esse, deveras amplo e atraente, é sempre tema inesgotável. Assim, numa perspectiva humana, criatividade será sinônimo de autêntica liberdade interior, fator epigenético por excelência, e talvez das poucas vias para um convívio fraterno aquariano sem atropelos de ideias e empreendimentos postos em ação, pois que seremos ainda mais individualizados, o que quer dizer que cada qual pensará cada vez mais por si mesmo, e só no campo criativo poderá haver maior libertação.

Ao longo da História têm aparecido pedagogos e pedagogistas que têm trabalhado para a educação. A sua preocupação básica tem incidido principalmente na questão do que é educar e quais os melhores processos e métodos, não esquecendo os estudiosos da chamada psicologia do desenvolvimento — etapas do crescimento mental-emocional da criança. Não podemos ignorar que a despeito do avanço das ideias pedagógicas, os sistemas econômicos e os governos têm condicionado certas descobertas, atropelado tal investigação ou ignorando certa iniciativa. É certo que tudo isto é um problema complexo, mas fundamentalmente sabemos que é o “pão” da idade sombria que atravessamos. Considerando esta análise, e para nosso espanto paradoxal, encontramos hoje em dia ideias e métodos de séculos passados, plenamente prontos a serem levados à prática. Mais uma vez nos certificamos que, antes de mais, tudo nasce no pensamento, variando depois o tempo e o modo como serão realizados no mundo material. Um indivíduo de hoje pode conceber algo que só venha a ser materializado séculos depois. É também o caso da expansão e vivência da Filosofia Rosacruz; sendo divulgada no princípio deste século, só agora começa a ser mais e mais reconhecida.

Tudo isto a propósito da educação e do grande pedagogo Sócrates (460-369 A.C.). O que Max Heindel aconselhou para o desenvolvimento da criança pode encontrar aplicação e harmonia no método socrático. Vamos ver sucintamente alguns pontos fundamentais desta via pedagógica. Aliás é Jäeger que na sua grande obra “Paideia”, considera esse grande educador grego (e universal por vocação) como o fenômeno mais extraordinário da História do Ocidente. Logo de início, deparamos com um aspecto interessante, tanto mais se atendermos ao fato da criança nos primeiros anos de vida pode e deve ser educada sem livros. Sócrates ensinava aos seus discípulos tomando como ponto de partida a consciência da própria ignorância; depois cada qual devia aprender por si mesmo. Relacionamos isto com a absoluta necessidade de desenvolver na criança o sentido do trabalho pessoal e consequente responsabilidade e independência; vejamos o alcance que isto poderá ter quando for adulta, se no seu horóscopo Netuno estiver “aflito”, criando condições para o assalto de espíritos-controladores. Educada de certa maneira a criança poderá ganhar confiança em si mesma, o que se adquire quando aprende à sua custa. A forma do método socrático assenta no diálogo (o qual será muito salutar na próxima Era de Aquário) e tem por objetivo a autorreflexão crítica. Apresenta duas fases: uma negativa — a ironia; outra positiva — a maiêutica. A maiêutica é coro que uma arte obstétrica, faz nascer na mente do interlocutor as verdades latentes. O Discípulo era assim encaminhado para procurar as soluções dentro de si, partindo dele próprio. Isto é de capital importância no ser humano e particularmente no Aspirante Rosacruz. A verdade oscila e vive sempre entre o mundo externo (plano objetivo) e a arquetípica realidade interior no Mundo do Pensamento (chamada de plano subjetivo, embora seja esta a real). Os Discípulos e Aspirantes da Escola Rosacruz sabem da imperiosa atitude que se deve ter em relação a atitude mental: partindo da ignorância e humildade, procurar a verdade (Lei) dentro de si, admitindo todas as coisas como susceptíveis de acontecer. Desta analogia entre o método socrático e o caminho do desenvolvimento espiritual, concluímos que o caminho preconizado pelo pensador grego leva necessariamente ao aparecimento de uma pedagogia ativa interior. Não devemos confundir o método, como técnica que é, com a divulgação de valores ideológicos que podem ser transmitidos através daquele. Portanto, a via socrática pode ser utilizada ao serviço de várias causas, mais plenamente se forem de vocação universal, o que é o nosso caso, isto é, a Filosofia Rosacruz. Max Heindel, na sua humildade e sabedoria, deixou-nos dois bons exemplos de livros em Perguntas e Respostas, o que constitui, discretamente, um modo socrático de aprofundar conhecimentos[1].

Como o nosso processo evolutivo é em espiral, pois verdadeiramente nada se repete, resta-nos utilizar, tanto hoje como no futuro próximo (salvaguardando a hipótese de aparecer melhor processo — o que não será de todo impossível), todo o avanço técnico e outros meios que possuímos em vários campos, para à nossa educação, isto é, para a nossa descoberta — a beleza e totalidade da Vida.

(Publicado na Revista ‘Serviço Rosacruz’ – 05/06/88)

 

[1] Embora saibamos que a edição dos referidos livros só tenha sido feita depois da passagem de Max Heindel aos planos invisíveis.

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