O Ser Humano, o Lírio, a Páscoa

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

O Ser Humano, o Lírio, a Páscoa

O Ser Humano, o Lírio, a Páscoa

“A Páscoa simboliza a vitória da vida sobre a morte”. Essa frase pôde ser ouvida — lugar-comum em que se tornou — em praticamente todas as celebrações pascais. O termo lugar-comum, entretanto, não assume aqui um sentido pejorativo, um significado menor. A frase expressa uma verdade cósmica.

A história da Páscoa é a história da própria vida. É a história da ressurreição, da permanência e invencibilidade da VIDA ÚNICA emanada de Deus, da qual todas as coisas viventes são participantes.

Reparemos nos lírios do campo. Como crescem, como encantam nossos olhos. Não trabalham, nem tecem, mas vestem-se gloriosamente. Recebem cuidados permanentes sob a compassiva proteção do Pai.

Observemos, também, a persistência da vida dentro dos lírios do campo. A cada ano o bulbo plantado na terra faz brotar pequenos ramos. Cada ano a planta culmina com sua gloriosa expressão: as flores, universalmente admiradas. Cada ano renova-se a energia armazenada no bulbo para que o vegetal, uma vez mais, experimente seu ciclo de crescimento e descanso. Mais uma vez cumpre sua missão de oferecer beleza ao mundo.

Vejamos, agora, o que acontece com a humanidade. O ser humano trabalha, luta, agoniza e se desespera, regozija-se e triunfa, progride ou retarda sua evolução conforme suas ações e pensamentos.

Qual, pois, a diferença entre o ser humano e o lírio? O ser humano tem à liberdade de afastar-se, mesmo que temporariamente, do Divino Plano traçado pelo Criador. Mas, à semelhança do lírio, encontra-se permanentemente debaixo da proteção de Deus.

Assim como as necessidades dos lírios são conhecidas e providas, assim como são alimentados e formosamente vestidos, também são conhecidas as necessidades do ser humano.

Tal como os lírios cumprem uma missão evolutiva, o ser humano cumpre a sua. Os lírios devem crescer, florescer e desenvolver o Corpo Vital, para eles um novo veículo. A missão do ser humano, por suposto, é muito mais abrangente. Ao ser humano cabe a tarefa de dominar sua impulsiva natureza de desejos e desenvolver a Mente, seu mais novo veículo. Faz parte de sua evolução aprender todas as lições que o plano físico lhe oferece e partir para a conquista do mundo do espírito.

É nesse ponto que a permanência e invencibilidade da vida de Cristo tornam-se importantes para nós. A Vida do Raio do Cristo Cósmico consumida anualmente na Terra enseja possibilidade de crescimento ao ser humano e ao lírio.

A força vital infundida no bulbo pelo Espírito-Grupo é suficientemente forte e persistente para ajudar a primeira manifestação do lírio a romper os obstáculos da terra até irromper na superfície com toda sua beleza.

A energia vital do Cristo em nós, individualmente, é suficientemente forte e persistente para ajudar-nos a vencer todos os obstáculos ao progresso espiritual.

Ao lírio não cabe escolha. A força vital opera através dele sem que lhe caiba expressar-se se concorda ou não. Deve responder ao estímulo dessa energia. Deve trabalhar com essa força. Trabalha automaticamente.

A humanidade pode optar. Eis onde se encontra a grande diferença, ao mesmo tempo fonte de dificuldades. Devemos conscientemente trabalhar pelo despertamento do Cristo Interno, abrindo-nos ao fluxo dessa força poderosíssima. Podemos assentir ou relutar e frequentemente relutamos, dizendo não ao Cristo. Obstinados e cegos que somos, ignoramos a força crística interna, impedindo assim o fluxo da VIDA UNA em e através de nós. Dessa obstinação ignorante, desse estado de morte é que devemos ressuscitar, preparando-nos para uma mais elevada expressão do Deus Interno.

Somente quando procedermos assim, a Páscoa se converterá numa experiência vivente para nós. Somente quando trabalharmos conscientemente com Sua Vida dentro de nós, poderemos avaliar a vitória que a Páscoa simboliza.

O significado da Páscoa é transcendente, abrangendo o físico e o espiritual, presente e futuro. Na medida em que o Cristo cresça em nós, poderemos perceber e apreciar o seu verdadeiro significado.

(Publicado na revista Serviço Rosacruz de março e abril/87)

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