Marcos e o Anjo

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Marcos e o Anjo

Marcos e o Anjo

Marcos sentou-se na varanda e olhou para o jardim. Suspirou profundamente. Estava ficando escuro e as flores estavam se balançando delicadamente na brisa da tarde. Era como se elas educadamente inclinassem suas cabeças e dissessem: “Boa tarde, Marcos”. Algumas vezes, ele se sentia como se elas realmente pudessem dizer-lhe algo semelhante, se pudessem falar. Algumas delas pareciam ter lábios pintados em suas faces, mas nunca diziam nada; isto é, não em voz alta. Mas, Marcos tinha certeza que elas pensavam coisas que poderíamos ouvir se escutássemos com nosso coração, e não com nossos ouvidos.

Os pirilampos cintilavam pelo jardim e, por um momento, Marcos desejou que pudesse voar como eles e brilhar dessa forma tão bonita. Suspirou novamente, dessa vez com bastante tristeza. Atrás dele, ouviu sua mãe perguntar:

– O que é isso Marcos, qual é o problema? Um suspiro tão profundo para um garoto tão pequeno.

Marcos olhou para sua mãe. Sabia que podia sempre confiar os problemas à mamãe. Ela não riria como rira Salete, que morava do outro lado da rua, quando ele lhe falara esta tarde sobre seu problema. Ele desabafou:

– Mamãe, você já viu um Anjo – um Anjo honesto e verdadeiro?

Mamãe sorriu.

– É isso que o perturba?

Marcos concordou e mamãe sentou-se ao lado dele nos degraus da varanda.

– Bem, eu vou contar, Marcos. Eles não se encontram tão facilmente e talvez você não os procure no lugar certo.

– É preciso ter uma visão muito boa e acurada para ver os Anjos, mamãe? Talvez meus olhos não sejam suficientemente fortes. Será que preciso de óculos para ver um? perguntou Marcos excitadamente.

Mamãe colocou as mãos de Marcos entre as suas.

– Não é exatamente isso, Marcos. Os Anjos são diferentes das fadas e dos gnomos e dos pequenos elementais, cujas histórias nós lemos. Os anjos são – bem, são para nós como nossas irmãs e irmãos mais velhos.

Marcos abanou sua cabeça com surpresa.

– Como?

– Bem, eles entraram num estágio de evolução similar ao nosso, há muitos anos atrás. É como o seu irmão maior, Tomás. Ele já se formou e você ainda está na escola. Assim, ele sabe muitas coisas que você não sabe e pode ajudá-lo de muitas maneiras que você não aprendeu ainda.

– Mas, protestou Marcos, eu crescerei rápido e o alcançarei.

– Naturalmente que sim, replicou mamãe, da mesma maneira que todos nós, um dia, seremos como os Anjos.

Marcos sorriu com alegria, diante disso.

– Fale-me mais sobre os Anjos.

Mamãe continuou:

– Bem, os Anjos têm seu trabalho a fazer, tal como nós. Em todo o Universo de Deus, cada ser tem sua tarefa a fazer e os Anjos também têm seu trabalho, especialmente para conosco. Nós somos seus irmãos mais novos e, algumas vezes, eu receio, nós somos muito difíceis de ser ajudados.

– Como? perguntou Marcos.

– Oh, respondeu mamãe, houve uma época em que os Anjos estavam mais próximos dos humanos e muitas pessoas eram capazes de vê-los e receber ajuda diretamente deles. Você sabe que há histórias sobre eles na Bíblia.

– Por que não é assim, agora? Marcos perguntou, com os olhos ansiosos.

Mamãe explicou:

– Porque os seres humanos tornaram-se maus e, assim seus olhos não podem mais ver os Anjos. Eles sentem-se tão importantes que não têm mais a alma suficientemente pura para comungar com seus irmãos Anjos. Eles estão mais interessados em procurar emoções e divertimentos. Eles se machucam mutuamente nessa espécie de divertimento e os Anjos não podem se aproximar de tantas coisas ruins. Eles permanecem longe do egoísmo, da avareza e da maldade, pois onde existem essas coisas, o coração não pode ser suficientemente puro para comungar com os Anjos.

Marcos suspirou.

– Que trabalho eles fazem?

Mamãe respondeu:
– Eles têm diversos tipos de trabalho. Alguns dirigem o reino das fadas e dos elementais, de maneira que essas criaturinhas sejam capazes de desenvolver-se e aprender. Outros Anjos são os construtores do Universo. Eles ajudam a natureza a formar as montanhas e os rios. Eles ajudam as mães a construir o corpo de seus filhinhos quando as crianças estão para nascer. Eles trabalham como pensamento dos seres humanos e tecem os melhores pensamentos que pairam sobre uma comunidade, de maneira que os maus pensamentos não possam fazer mal às pessoas. Algumas vezes, os pensamentos são tão terríveis que se tornam difíceis para eles.

Marcos acenou compreensivamente.

– É por isso que você quer que eu não fique zangado e tenha bons pensamentos, não é? As minhas preces podem ajudá-los?

Mamãe concordou:

– Oh, sim, cada um de nós ajuda dessa forma, para que o mundo possa tornar-se um lugar mais feliz. Veja, muitos pensamentos maus trazem secas, fome e inundações. A natureza devolve ao ser humano exatamente aquilo que o ele emite. Os Anjos, pairando ao nosso redor, tentam inspirar o ser humano para que ele possa ter uma vida melhor. Eles abençoam e expandem todas as boas ações, de maneira que todos os humanos possam tirar proveito dos benefícios.

Marcos perguntou:

– E há Anjos que trabalham na música e nas florestas?

– Sim, respondeu mamãe. Eles trabalham nos éteres, nas substâncias aquosas do Universo. Eles tecem todas as formas que vemos, porque são mais sábios e sabem como obedecer a todas as leis. Nós, humanos, não aprendemos ainda a obedecer. Pense no prejuízo que acarretaríamos pela nossa ignorância, sem a ajuda deles.
Marcos sorriu.

– Você acha que serei capaz de ver um Anjo algum dia, Mamãe – ver um Anjo de verdade?

– Talvez você seja um dos abençoados com tal visão, respondeu mamãe.

Marcos pensou um momento. Era o mais terno desejo de seu coração, conhecer mais sobre esses maravilhosos Seres chamados Anjos.

No dia seguinte, falou a seu pai sobre as coisas que sua mãe lhe havia dito e seu pai, concordando, disse:

– Sua mãe está certa. Há apenas uma coisa que posso acrescentar ao que ela lhe disse. Talvez isso o ajude a ver um Anjo, um dia.

A face de Marcos brilhou e seus olhos cintilaram.

– O que me ajudará a ver um Anjo, papai?

Seu pai respondeu:

– Bem, Marcos, sua mãe já lhe contou como precisamos ser bons; tentando ser como os Anjos, de maneira que seus desejos possam ser como os desejos deles e assim seus olhos estarão mais em sintonia com a luz. A outra parte é querer. Quando você deseja uma coisa com intensidade, muitas vezes esse desejo é alcançado e ainda mais se você fizer sinceramente toda a sua parte.

Marcos bateu palmas.

– Mas eu realmente quero. Todo o tempo fico tentando. Quando trabalho no jardim, penso nas pequenas fadas e duendes que também trabalham lá, e depois nos maravilhosos Anjos que dirigem as pequenas fadas.

Na sala, mamãe sorriu para os dois. Ela havia chegado do jardim e seus braços estavam cheios de flores.

– Ainda falando sobre os Anjos, Marcos? ela perguntou.

Papai e Marcos retribuíram o sorriso de mamãe e papai disse:

– Sim, e você sabe que tenho ouvido as pessoas dizerem que; muitas vezes, é mais fácil vê-los em grandes e belas florestas onde o encanto da natureza está mais em harmonia com eles; do que na desarmonia que existe onde as pessoas não se amam.

Mamãe indagou:

– Marcos, papai disse a você onde vamos passar as férias?

Papai respondeu, antecipando-se:

– Não, eu queria dizer a Marcos quando você estivesse conosco. Veja, Marcos, sua mãe e eu pensamos que talvez nestas férias pudéssemos acampar em uma das florestas perto daqui.

Marcos pronunciou suavemente:

– E lá eu poderei realmente procurar um Anjo, não é?

Mamãe e papai concordaram e beijaram Marcos ternamente e depois ele se dirigiu para a cama, talvez para sonhar com as férias na floresta onde lhe seria possível ver um Anjo.

E o sonho de Marcos se tornou realidade. Ele estava na floresta onde a família estava acampando. Divertia-se muito. Um dia estava sentado silenciosamente sob um olmo, quando um veadinho se aproximou dele. Seu coração estava cheio de amor pela linda criaturinha e ele lhe ofereceu pedacinhos de pão que tirava de seus bolsos.

Seu coração transbordava de paz e felicidade e, enquanto esteve lá sentado, aconteceu uma coisa maravilhosa.

Quando ele olhou para a árvore, viu brilhar uma luz na forma de um Anjo. A floresta estava quieta, mas mesmo assim parecia haver o som de uma música perto do o lugar, som que parecia estar à volta dele. Sentiu ondas de amor banhá-lo e um lindo rosto sorriu para ele.

Marcos sentiu como se todo o amor, luz e bondade do mundo estivessem jorrando sobre ele. Viu a doce face olhando-o ternamente das alturas e a luz tornou-se tão intensa que ele teve que fechar seus olhos. Mesmo assim, com seus olhos fechados, ele sentiu a música, o brilho e o amor à sua volta.

Quando abriu seus olhos, papai e mamãe estavam ao seu lado, observando-o. Suas mãos pousavam suavemente nos seus ombros. Ele olhou para os dois com um olhar indagador. Seus pais sorriram e Marcos percebeu pelo brilho dos olhos deles, que também tinham visto o Anjo.

Marcos perguntou suavemente:

– Algum dia serei assim?

Foi mamãe que respondeu:

– Algum dia, todos nós seremos assim, Marcos; e o mundo será um lugar maravilhoso quando todos formos bons e amorosos.

(Do Livro Histórias da Era Aquariana para Crianças – Vol. II – Compiladas por um Estudante – Fraternidade Rosacruz)

Sobre o autor

Fraternidade Rosacruz de Campinas administrator

Deixe uma resposta

Idiomas