Elman Bacher – Estudos de Astrologia – Volume 3

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

Elman Bacher – Estudos de Astrologia – Volume 3

A Astrologia é para o estudante Rosacruz uma fase da religião, basicamente uma ciência espiritual.

Esta ciência, mais do que qualquer outro estudo, revela o ser humano a si mesmo.

Nenhuma outra ciência é tão sublime, tão profunda e tão abarcadora.

Ela revela a relação entre Deus (o Macrocosmo) e o ser humano (o Microcosmo), demonstrando que ambos são fundamentais.

1. Para fazer download ou imprimir:

Elman Bacher – Estudos de Astrologia – Volume 3 – O Astrólogo – Mandala Astrológico – Ascendente – 2ª Casa – 5ª Casa – 8ª Casa – Retrogradação

2. Para estudar no próprio site (para ter as figuras, que tanto ajudam na compreensão, consulte a edição do item 1, acima):

ESTUDOS DE ASTROLOGIA

 

Por

Elman Bacher

Volume 3

Fraternidade Rosacruz

 

Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

Avenida Francisco Glicério, 1326 – conj. 82

Centro – 13012-100 – Campinas – SP – Brasil

Traduzido e Revisado de acordo com:

Studies in Astrology

2ª Edição em Inglês, 1951, The Rosicrucian Fellowship

Estudios de Astrología

3ª Edição em Espanhol, 1981, Editorial Kier S. A.

Pelos Irmãos e Irmãs da Fraternidade Rosacruz – Centro Rosacruz de Campinas – SP – Brasil

www.fraternidaderosacruz.com

contato@fraternidaderosacruz.com

fraternidade@fraternidaderosacruz.com

 

PREFÁCIO

Tantos foram os comentários favoráveis recebidos por nós, aos artigos astrológicos de Elman Bacher publicados em nossa revista “Rays from the Rose Cross”, durante os últimos anos, que estamos certos que haverá uma boa acolhida a esse trabalho, por parte dos Estudantes de Astrologia Espiritual.

Os profundos conhecimentos de Elman Bacher e sua devoção à ciência astral, aliados a uma extraordinária compreensão da natureza humana, permitiram-lhe apresentar temas que indubitavelmente o situam entre os melhores Astrólogos Esotéricos modernos. E como a veracidade e o valor da astrologia tornam-se, a cada dia, mais aceitos de modo geral, seus trabalhos ajudarão cada vez mais os seres humanos a conhecerem-se a si mesmos, e a realizarem seu mais alto destino.

Antes de sua transição, em 1951, Elman Bacher expressou o ardente desejo de que publicássemos seus artigos em forma de livro e, embora lamentemos profundamente não estar ele aqui para ver a concretização desse desejo, sentimos felizes por saber que sua aspiração está sendo realizada agora.

 

ÍNDICE

PREFÁCIO.. 4

INTRODUÇÃO.. 6

CAPÍTULO I – O ASTRÓLOGO.. 8

CAPÍTULO II – O MANDALA ASTROLÓGICO.. 18

CAPÍTULO III – A ASTROLOGIA DA LUZ BRANCA.. 38

CAPÍTULO IV – O ASTRÓLOGO TRATA SOBRE O ENSINAMENTO.. 49

CAPÍTULO V – O ASCENDENTE.. 59

CAPÍTULO VI – A SEGUNDA CASA.. 72

CAPÍTULO VII – A QUINTA CASA.. 88

CAPÍTULO VIII – A OITAVA CASA.. 96

CAPÍTULO VIII – A RETROGRADAÇÃO PLANETÁRIA.. 103

 

INTRODUÇÃO

A Astrologia é para o Estudante Rosacruz uma fase da religião, basicamente uma ciência espiritual. Esta ciência, mais do que qualquer outro estudo, revela o ser humano a si mesmo.

Nenhuma outra ciência é tão sublime, tão profunda e tão abarcadora. Ela revela a relação entre Deus (o Macrocosmo) e o ser humano (o Microcosmo), demonstrando que ambos são fundamentais.

A ciência oculta, ao investigar as forças mais sutis que afetam o ser humano (o Espírito) e seus veículos, receberam seus efeitos com a mesma precisão que a ciência acadêmica fizeram com as relações do mar e do céu, da planta e do animal, dos raios do Sol e da Lua.

Com esse conhecimento podemos determinar o padrão astrológico de cada indivíduo, e conhecer a potência ou as debilidades relativas das diferentes forças atuantes em cada vida. De acordo com o que tenhamos alcançado deste conhecimento, podemos começar a formação sistemática e cientifica do caráter – caráter é destino!

Observamos os períodos e estações que são cosmicamente vantajosos para o desenvolvimento de qualidades ainda não desenvolvidas, corrigindo rasgos defeituosos e eliminando inclinações destrutivas.

A ciência divina da Astrologia revela causas ocultas que trabalham em nossas vidas. Assessora o adulto com respeito à vocação, os pais na orientação dos filhos, o mestre na orientação dos discípulos, o médico no diagnóstico das enfermidades; prestando-lhes, desta maneira ajuda a todos em qualquer situação em que precisem.

Nenhum outro tema dentro da margem do conhecimento humano, até esta data, parece conter as possibilidades estendidas aos astrólogos para ajudar aos demais na sua própria dignidade como deuses em formação, a um entendimento maior da lei universal, e a verificação de nossa eterna seguridade nos braços acariciadores da Vida Infinita e do Ser Iluminado.

CAPÍTULO I – O ASTRÓLOGO

O astrólogo pertence a um desses muitos grupos de pessoas que, motivadas por amor impessoal, procuram acrescentar melhoramentos às condições humanas. Ele chegou a um ponto de desenvolvimento em que seus recursos internos, destilados de encarnações passadas, são de tal qualidade e esfera de ação que precisam ser externadas; em outras palavras, uma parte de sua consciência não pode mais encontrar satisfação nos níveis de experiência puramente pessoais – ou biológicas (É claro que seu serviço impessoal é uma expressão do seu desenvolvimento e experiência como um ser humano; mas seus propósitos são dirigidos para todos os seres humanos).

Consideremos o astrólogo à luz dos “desenhos astrológicos”:

Em um círculo em branco trace os diâmetros horizontal e vertical.

A cruz formada por essas duas linhas simboliza a natureza humana do Astrólogo: um homem – ou uma mulher – encarnado com propósitos de desenvolvimento e tendo de enfrentar problemas, provas e tentações como qualquer outro; talvez sujeito a uma ou a muitas formas de provas através do sofrimento.

Tudo isso diz respeito à sua parte pessoal, mas quando acrescentamos a esse “padrão de cruz” a cúspide da nona Casa vemos o astrólogo emergir da limitação de um mero ser humano.

O símbolo de Júpiter colocado na nona Casa desse esboço, nos dá a sua identidade essencial: ele é “irmão mais velho” e mestre.

Em sua natureza humana neste plano ele é irmão de todas as pessoas que o buscam para orientação. Reconhece que palmilha as mesmas trilhas que as outras pessoas percorrem, mas o que o diferencia dos outros é um composto em que entram: sua qualidade amorosa impessoal, sua abrangência de compreensão das condições humanas e suas faculdades mentais abstratas. Esse composto eleva sua consciência a um nível que transcende as motivações biológicas básicas do pensamento e do sentimento; ele vê através dos conceitos de raça, religião, castas, modelos de famílias, padrões de relacionamento físico, e mesmo através do sexo, por si só. Sua aproximação aos “seus irmãos e irmãs mais jovens” se baseia no estudo e na compreensão dos seus padrões vibratórios – em outras palavras, baseia-se no nível de consciência deles.

Seu estudo fundamental é o da natureza vibratória da entidade que chamamos humanidade em sua miríade de expressões e variações, manifestadas por subconscientes impressões e sensações, gostos emocionais, atritos e condições físicas, e padrões de reação a todos os departamentos de experiência e relacionamento comuns a todos os seres humanos em seu processo evolutivo. A humanidade não é somente uma família; é uma coisa única, um padrão particular de expressões da vida.

O astrólogo, naturalmente, é uma faceta dessa totalidade; mas, pela percepção e compreensão, ele está em relação à maioria das outras facetas da totalidade como a pessoa no topo de uma montanha está para aqueles que estão subindo a mesma montanha ou para aqueles que ainda permanecem lá em baixo, no vale. Em seu particular nível evolutivo ele já destilou algo daquilo que as pessoas que estão escalando a montanha e os que se encontram no vale ainda estão destilando: consciência dos princípios universais e sua expressão por meio dos processos da vida humana. Ele, por sua vez, ainda tem montanhas à frente, e há outros que alcançaram culminâncias mais altas do que aquela que ele agora ocupa. Mas a consciência impessoal é o denominador comum de todos eles. Essa é a essência da fraternidade que o relaciona àqueles que ainda estão subindo e àqueles que estão à frente dele. Para os primeiros, ele é um irmão mais velho, para os que estão adiante dele é um irmão mais novo. Mas todos eles são irmãos mais velhos para aqueles que permanecem nos vales da consciência puramente biológica e materialista.

Em nosso traçado, a nona Casa simboliza o conhecimento ou aspecto sabedoria do astrólogo; seu aspecto amor é indicado pela décima primeira Casa. Acrescentamos ao mesmo o Signo de Aquário na cúspide da décima primeira Casa e coloquemos o símbolo de Urano nessa Casa; sombreie a nona e décima primeira Casas de maneira que elas se destacam na roda; “conecte” essas duas Casas acrescentando as linhas das cúspides das terceira e quinta Casas, indicando assim um composto de dois padrões de polaridade:

  • O conhecimento elevado à sua transcendente expressão de sabedoria destilada da experiência;
  • O amor pessoal, como expressão criativa, elevado ao seu espiritualizado nível de amor impessoal e ilimitado à humanidade – não importando os níveis de manifestação ou desenvolvimento desse último.

O aspecto amor da consciência do astrólogo – indicado pela décima primeira Casa e pela essência vibratória de Urano – é a culminância de todas as Casas de relacionamento e a mais espiritualizada expressão dos Signos de Ar. A décima primeira Casa é Relacionamento Humano, em sua expressão mais multiforme. É a destilação de todos os padrões de relacionamento – o poder do amor em sua expressão como as “águas da vida”, a panaceia de toda experiência emocional, a última meta de todo amor humano. Chamamos a esse estado: “Amizade” – a essência do melhor que pode se derivar da convivência de pessoas, não importa quem ou o que possam ser como indivíduo.

Esse aspecto do amor é, por sua própria natureza, a essência fundida dos aspectos de amor de ambos os sexos – ou polaridades. O astrólogo, por meio de sua experiência intensificada em encarnações passadas, tem destilado, até certo ponto, a compreensão das características emocionais relativas aos atributos masculinos e femininos. Para cumprir seu trabalho ele deve ser capaz de penetrar nos problemas tanto do homem quanto da mulher e perceber os rumos para a regeneração e correção.

A consciência do astrólogo, em relação a esse aspecto do amor, pode ser delineada mais claramente por outro traçado (o que estivemos considerando se refere mais particularmente aos rumos evolutivos ou caminhos que devem ser percorridos por aquele que busca prestar serviço por meio da interpretação astrológica). O florescimento da consciência amorosa do astrólogo é indicado por uma roda em branco em que as cúspides da terceira, sétima e décima primeira Casas são ligadas por linhas retas, formando um triângulo equilátero.

Interessante é que um ponto desse triângulo – a cúspide da terceira Casa – está no hemisfério inferior, ou consciência do Ego; a cúspide da sétima Casa marca um ponto de equilíbrio, sendo oposto ao Ascendente; a cúspide da décima primeira Casa, representando o ponto mais alto da consciência de relacionamento, está no hemisfério superior, ou consciência anímica. Existe um elemento – um denominador comum – “de fraternidade”, ligando essas três Casas entre si. A terceira Casa, em níveis biológicos, é “irmãos e irmãs”; em expressão mais impessoal ela é “parentes e vizinhos”; em expressão mais impessoal ainda, ela é “companheiros de estudo” – pessoas de qualquer idade ou condição que estão aprendendo na mesma fonte de conhecimento, ou pessoas que estão se espiritualizando pela mesma interpretação religiosa ou filosófica. A sétima Casa é a relação fraternal de uma pessoa – ou consciência – com uma expressão complementar – sexual ou vibratória. A “fraternidade do matrimônio” pode ser descrita deste modo: um homem e uma mulher contribuem juntos para a continuação da vida na experiência amorosa e na procriação. Marido e mulher, nesse serviço à vida, são verdadeiramente irmão e irmã como uma expressão de consciência da terceira Casa, intensificada pelos poderes compostos da atração do desejo e da liberação do amor. A décima primeira Casa, no hemisfério da consciência anímica, é a transcendência das duas primeiras, uma vez que ela é a consciência de amor expressa para a entidade total a que chamamos humanidade, e não é limitada em sua expressão por se confinar a uma só parte – ou a partes selecionadas – dessa entidade como seu objetivo.

Portanto, o astrólogo, espiritualmente motivado, deve ser como um símbolo vivente desse amor que não reconhece barreiras nem limitações de qualquer espécie à sua expressão.

Consideremos agora um traçado que pode representar um retrato simbólico do astrólogo em seus fatores compostos de consciência humana e consciência espiritual. Usando uma roda em branco com as Casas, sombreie as primeiras seis Casas com uma cor escura, marrom ou azul, etc.; dê um colorido vermelho às sétima e oitava Casas – o vermelho simbolizando os “fogos” do relacionamento e de regeneração; as restantes quatro Casas permanecerão em branco – símbolo da consciência espiritualizada.

O retrato resultante é o de um ser humano cujos elementos vibratórios e ambientais são essencialmente os de qualquer outra pessoa; ele tem experimentado muito desenvolvimento por meio da transmutação de suas vibrações inferiores pelos poderes espiritualizantes do idealismo, amor, serviço, sacrifício, da autodisciplina e do cumprimento de responsabilidades. Ele tem sido muitas coisas – como trabalhador; tem cumprido a maioria dos padrões de experiência na relação de amor – como macho e fêmea; ele é – ou tem sido – algo assim como um artista porque suas percepções mentais incluem a compreensão do simbólico e do abstrato. Está cônscio do drama da vida, e é sensível às nuanças dos pensamentos e sentimentos humanos quando se apresentam nos problemas que ele estuda. Ele conhece o mal, mas sua Mente e seu Coração se fixam no bem. Ele estuda os problemas para cumprir o propósito de achar suas soluções. Sendo sua motivação amorosa, ele irradia encorajamento, neutraliza o medo, ilumina a consciência de seus irmãos e irmãs ao alertá-los para a força e poderes que possuem. Ele é – e se dá conta de que é – uma “porta aberta” através da qual todos os que queiram podem passar da escuridão de seus padrões não regenerados para a luz do conhecimento de si mesmo. Não aprova nem desaprova qualquer coisa que vê em qualquer Carta – mantém seus sentimentos pessoais fora do quadro – porque reconhece que cada Carta é uma representação do bem em formação.

Em relação à pessoa que pede a sua ajuda, vemo-lo representado por este desenho: uma roda astrológica com as primeiras seis Casas coloridas ou sombreadas, e com as seis Casas superiores deixadas em branco.

Nesse desenho, as Casas inferiores sombreadas representam a pessoa com o seu problema; as Casas em branco representam o astrólogo e sua consciência espiritualizada. Todos os problemas humanos são originados nas expressões não regeneradas das seis primeiras Casas; eles são trazidos ao seu foco mais intenso por meio da ação conjugada da sétima e da oitava Casas, e as soluções são encontradas nos poderes regeneradores das quatro últimas Casas. Nessa representação o astrólogo reflete os potenciais de regeneração da pessoa. A ação magnética do poder do amor atrai a pessoa ao astrólogo, que espera ajudar a todos os que precisam dele e, pelos poderes destilados de sua consciência regenerada, está apto a estudar a Carta da pessoa, lançando-lhe um facho de luz nos recantos obscuros e percebendo o corretivo espiritual necessário à consciência da pessoa para o seu problema.

Em contato com a pessoa, o astrólogo tem a responsabilidade de pôr de lado todos os padrões de perturbação pessoal quando assume a tarefa de ler-lhe a Carta. Ele deve ser o hemisfério branco, e na eventualidade de estar lidando com uma perturbação pessoal profunda parece que seria melhor protelar a leitura até que possa estabilizar seu equilíbrio interno. Reconhecendo a qualidade impessoal do seu serviço, ele sabe que é um instrumento pelo qual o bem da pessoa é trazido a manifesto, e que realmente não tem o direito de impor a já perturbada ou preocupada pessoa os seus próprios atritos íntimos. Sua responsabilidade é a de refletir luz – clara, forte e firmemente.

Como todas as formas de serviço impõem certos padrões característicos de prova para os aspirantes, pode ser bom considerar algumas das principais provas que são, cedo ou tarde, enfrentadas por todos os astrólogos.

A grande responsabilidade do astrólogo é manter seu ponto de vista livre de toda falsa pretensão, de orgulho e cobiça de poder. Tais tentações são muito sutis, de maneira que pode ser muito difícil percebê-las conscientemente. O ser capaz de ler um horóscopo com sensibilidade coloca nas mãos do astrólogo um certo poder sobre a Mente ou sobre as emoções da sua pessoa; esse, sendo até certo ponto dependente do astrólogo, pode tender a sentir e expressar uma certa reverência ao astrólogo, o que pode ser muito lisonjeiro à sua humana consciência. O astrólogo deve manter respeito à sua própria instrumentação; se assim faz não cairá na armadilha de permitir que a sua habilidade se converta numa fonte de estímulos às vaidades latentes; ao invés disso, ele a conservará como uma “candeia ardendo brilhantemente no altar do serviço espiritual”.

O astrólogo serve melhor se pode manter o rendimento de seu serviço livre de todos os reclamos limitadores de remuneração financeira. Em suma, o astrólogo que mantém seus canais de serviços abertos e livres é o que serve melhor, mais completamente, mais felizmente e mais espiritualmente.

 

CAPÍTULO II – O MANDALA[1] ASTROLÓGICO

Um mandala é um desenho abstrato utilizado por um artista criativo como um foco para concentração e meditação. O mandala esboça a essência de um conceito artístico; meditando sobre ele o artista concentra suas faculdades inspiradas, às quais, posteriormente, dá forma por meio da pintura, escultura ou de qualquer outro meio que use para se expressar.

O astrólogo é um artista interpretador cujo mandala essencial é o desenho comumente conhecido como horóscopo natural. Ponha nas cúspides de uma roda astrológica, e na devida ordem, os símbolos dos Signos Zodiacais, começando naturalmente por Áries na cúspide do Ascendente, Touro na segunda cúspide e assim sucessivamente. A seguir, ponha os símbolos do Sol, da Lua e dos Astros nos Signos e Casas de suas Dignificações; Marte em Áries e Escorpião, nas primeira e oitava Casas, respectivamente; Vênus em Touro e Libra, nas segunda e sétima Casas, respectivamente; Mercúrio em Gêmeos e Virgem nas terceira e sexta Casas, respectivamente; a Lua em Câncer, na quarta Casa; o Sol em Leão, na quinta Casa; Plutão em Escorpião, na oitava Casa; Júpiter em Sagitário e Peixes, nas nona e décima segunda Casas, respectivamente; Saturno em Capricórnio e Aquário, nas décima e décima primeira Casas, respectivamente; Urano em Aquário, na décima primeira Casa; Netuno em Peixes, na décima segunda Casa.

O desenho resultante da colocação desses símbolos em volta e dentro de um círculo com doze secções iguais é considerado, pelo autor, o maior mandala criado pela Mente humana. É o símbolo composto da natureza vibratória da entidade a que chamamos humanidade. O horóscopo calculado para a encarnação de qualquer ser humano é uma variação desse mandala; os mesmos elementos essenciais são encontrados em todos os horóscopos dos seres humanos, qualificados em cálculos somente pelas diferenças de datas, horas e locais de nascimento.

Esse “Grande Mandala”, como o chamaremos, é um símbolo composto de tal magnitude e complexidade que a imaginação se embaraça quando o contempla. É bom formar o mandala passo a passo, desde o começo:

  • Use uma folha de papel em branco; calcule exatamente o centro e ponha nele um ponto. Esse ponto é o símbolo da Consciência que torna possível a manifestação de uma galáxia, um Sistema Solar, ou a encarnação de um ser humano. Ele é o símbolo essencial da “existência” em todos os planos;
  • Trace uma linha vertical do comprimento do papel e que passe pelo ponto; essa linha representa o princípio dinâmico, energizante da Natureza – o símbolo da geração cósmica, da “existência” no processo de tomar forma, o símbolo essencial do sexo masculino.
  • Agora trace outra linha que passe pelo ponto, desta vez horizontal e da largura do papel; essa linha é o aspecto subjetivo da “existência”, o símbolo essencial da forma em si, o princípio feminino da Natureza – aquele que é energizado ou sobre o qual atua.

A figura, até então, representa uma irradiação de um ponto central – a Consciência, um composto dos princípios dinâmico e subjetivo, as linhas essenciais de força pelas quais a manifestação se realiza, o padrão da cruz que é o símbolo eterno da “existência objetivada”. Essa parte do desenho – um abstrato geométrico – pode ser chamada de mandala básico e pode ser usada para meditação por todos os astrólogos. É o esqueleto de toda a estrutura horoscópica, a representação da Paternidade-Maternidade de Deus e o símbolo essencial do sexo cósmico, que resulta na manifestação física.

Existe uma indefinição acerca da aparência do mandala básico descrito acima; as linhas originadas no ponto central podem prolongar-se indefinidamente – pelo que é transmitida uma impressão de caos, ou de algo sem forma. Uma vez que a manifestação (encarnação) serve ao propósito da evolução, e as forças evolutivas sempre necessitam formas específicas como seus instrumentos, vamos dar agora o próximo passo para criar, em nosso mandala básico, um campo de propósitos evolutivos:

  • Com a ponta de um compasso no ponto faça um círculo; a circunferência resultante interceptará, naturalmente, as linhas vertical-dinâmica e horizontal-subjetiva duas vezes. Desde que todos os pontos na circunferência de um círculo são equidistantes do centro, criamos agora, simbolicamente, um campo perfeito designando um instrumento para as forças evolutivas; cada um dos quatro setores do círculo é igual ao outro em área, como são iguais os hemisférios inferiores e superiores e os dois hemisférios laterais ou verticais;
  • Agora apague as linhas levemente traçadas fora do círculo; intensifique a circunferência e as linhas vertical e horizontal dentro dela.

O resultado pode ser chamado “Mandala da Encarnação”. Sua forma é definida – uma coisa fechada em que certas especificações das forças evolutivas podem atuar. Esse Mandala da Encarnação pode ser utilizado como um ponto focal para meditação sob dois pontos de vista:

  1. de dentro para fora;
  2. de fora para dentro.

O astrólogo deve flexibilizar tanto sua habilidade interpretativa que nunca perca de vista o significado espiritual de qualquer Carta que estude.

  1. De dentro para fora: a Vontade criadora de Deus se expressando através de uma manifestação; a centelha Divina inerente à consciência de cada e todo ser humano, irradiando em todos os fatores da experiência individual.
  2. De fora para dentro: o Amor Divino e a Sabedoria Divina protegendo e interpenetrando cada ponto de manifestação; a manifestação sendo “cingida pelos Braços Divinos e sempre à vista dos Olhos Divinos”; o ser humano busca encontrar, em sua consciência, a origem de suas condições e os canais para se expressar melhor; ele volta a se conscientizar de seus poderes e potenciais; sua consciência é refletida por sua condição externa – as irradiações a partir do Centro – mas o Centro permanece eternamente como origem de tudo o que ele experimenta. A “Vida” de um horóscopo está dentro da circunferência, não fora dela; portanto nós não achamos nossas soluções essenciais fora de nós mesmos, mas sim em nossa particular expressão da Consciência Eterna e em nossa compreensão cada vez mais profunda desse fato.

Simples como parece, o círculo com sua divisão em quadrantes por duas linhas retas é um mandala de enorme complexidade. Se considerarmos que o círculo em si é ativado ao ser bi seccionado pela linha horizontal, os dois hemisférios que resultam dessa bissecção são em si indiferenciados e inativados; sua ativação se torna possível pela linha vertical.

Cada bissecção simboliza o Princípio Cósmico de Dualidade – a duo-unidade. O “Dinâmico” e o “Subjetivo” são atributos inerentes a qualquer parte de qualquer manifestação. Como tais, essas duas palavras, em conjunto, são expressas pela palavra “sexo” quando se referem à Vida encarnada. Sexo ativado é geração e regeneração – o “prosseguimento” da Vida. Qualquer dos dois pares de hemisférios, justaposição, resulta no composto Único; nenhum dos pares pode representar a Vida funcionando criativamente sem a ignição fricativa do outro par. Para meditação, trace círculos em que estejam representadas individualmente essas bissecções; cada par de hemisférios pode ser tomado para representar uma expressão de geração cósmica.

À representação plana, bidimensional do círculo dividido em quatro será dada agora, abstratamente, uma dimensão adicional.

O Mandala da Encarnação é uma matriz essencial; mas a encarnação implica em expressão dessa matriz em forma física. Os termos comprimento, altura e profundidade são normalmente considerados expressões diferentes das dimensões físicas. Quando consideramos que toda manifestação física é tridimensional compreenderemos que comprimento, altura e profundidade são três atributos de uma dimensão essencial: a dimensão da manifestação física. Cada um dos quadrantes do Mandala da Encarnação é um nível especializado de Consciência e, correspondentemente, de experiências. Uma vez que a experiência é refletida na dimensão da manifestação física e interpretada pela consciência, aplicaremos o princípio de três dimensões em uma ao Mandala da Encarnação.

Partindo do centro do círculo, ou por meio de mais quatro diâmetros de polaridade, subdividido cada quadrante em três secções iguais. Isto constitui a divisão duodecimal da roda que usamos como Casas ambientais do horóscopo. As três dimensões de cada setor não são comprimento, altura e profundidade, mas são, em termos de Signos, dimensões de consciência refletidas pelas Casas como dimensões de experiência.

A dimensão da primeira Casa de cada quadrante (primeira, quarta, sétima e décima Casas) é a declaração do Ser – o “Eu Sou”: primeira Casa, eu sou um indivíduo; quarta Casa, eu sou um aspecto individual de uma entidade chamada grupo de família ou consciência de família; sétima Casa, eu sou um dos dois fatores de um padrão de relacionamento emocional intensamente focalizado; décima Casa, eu sou um aspecto individual da entidade chamada humanidade.

A dimensão da segunda Casa de cada quadrante (segunda, quinta, oitava e décima primeira Casas) é a posse do recurso emocional pelo qual a vida da Casa cardeal anterior é sustentada. Segunda Casa: minha vida física é sustentada materialmente pelo exercício da minha consciência de posse e capacidade administrativa e por intercâmbio com outras pessoas; quinta Casa, minha consciência de família é sustentada pelas liberações de meu recurso de amor criador; oitava Casa, minha consciência de relação é sustentada pela transmutação de minhas forças de desejo mediante o  exercício da minha consciência amorosa no intercâmbio emocional com meus complementos; décima primeira Casa, minha identidade como um aspecto da entidade universal – chamada humanidade – é sustentada por meio do exercício de minha consciência amorosa impessoal, espiritualizada.

A dimensão da terceira Casa de quadrante (a terceira, sexta, nona e décima segunda Casas) é a destilação impessoal das duas Casas anteriores. Terceira Casa: faculdades intelectuais pelas quais eu identifico o mundo das formas; sexta Casa: minha criatividade expressa como serviço à vida por meio do melhor que possa como trabalhador; nona Casa: sabedoria – compreensão espiritual – destilada da regeneração do desejo mediante a relação de amor; décima segunda Casa: minha consciência de servir universalmente, minhas redenções necessárias da encarnação anterior que me impeliu à presente, o grau de consciência cósmica destilada do cumprimento perfeito de todas as responsabilidades por meio do amor espiritualizado.

A tríplice dimensão é expressa em relação à roda como um todo pelos “grandes Trígonos”; os triângulos equiláteros formados pela ligação das cúspides: 1) a primeira, quinta e nona Casas; 2) a segunda, sexta e décima Casas; 3) a terceira, sétima e undécima Casas; e 4) a quarta, oitava e duodécima Casas. Esses Trígonos referem-se, respectivamente, aos quatro elementos: 1) Fogo: Espírito; 2) Terra: Consciência da avaliação das formas; 3) Ar: Identificação da consciência de relacionamento; 4) Água: Resposta emocional – o princípio da vibração simpática.

Sugerem-se aqui alguns padrões básicos do mandala:

Doze rodas, cada uma das quais tem os Signos nas cúspides em sequência, cada uma com o Ascendente diferente; cada um desses mandalas pode ser utilizado para meditação sobre as Quadraturas entre os Signos Cardeais, Fixos e Comuns, e os Trígonos entre os Signos de Fogo, de Terra, de Ar e de Água e os setores de Fogo-Ar e Terra-Água.

  • Mandala Astral ambiental – um princípio Astral que se expressa por meio de uma Casa em particular – pode ser encontrado em dez grupos de doze rodas cada: cada grupo refere-se à colocação de cada um dos dez Astros (Sol, Lua e os oito Planetas) em cada uma das doze Casas, desprezando-se a colocação dos Signos.
  • Os mandalas astrais relativos à vibração podem ser criados por rodas com os Signos nas cúspides – colocando-se o Astro sob consideração em cada um dos doze Signos e estudando-se o Astro, não importando a Casa em que se posicione.
  • Síntese dos itens 2 e 3, acima: mandalas para meditação sobre a regência do Ascendente: doze rodas, com os Signos em sequência, para cada um dos dez Astros como regente do Ascendente. O regente deve ser colocado em cada uma das doze Casas.
  • Elaboração do item 4 acima em termos de meditação sobre o regente do Ascendente e seu posicionamento por setor:
    1. as primeira, segunda e terceira Casas;
    2. as quarta, quinta e sexta Casas;
    3. sétima, oitava e nona Casas;
    4. as décima, décima primeira e décima segunda Casas.

Mandalas simples e complexos podem ser abstraídos de qualquer horóscopo natal. Aqui estão algumas sugestões pelas quais o estudante pode concentrar sua habilidade para sintetizar:

  1. Separe todos os Astros Dignificados de determinada Carta numa roda com Signos natais posicionados nas cúspides; medite sobre a localização dessas essências vibratórias concentradas em termos de: sua Casa de regência, Casa em que se localiza e posicionamento por setor ou quadrante.
  2. Tome de determinada Carta natal qualquer Quadratura ou Oposição específica e qualquer um de seus meios regeneradores (Astro formando um Trígono ou um Sextil com qualquer um dos Astros afligidos);
  3. Sugere-se separar o mandala de Saturno de toda Carta natal sob estudo colocando-se Saturno e todos os Astros que formam Aspectos com ele em uma roda com os Signos natais nas cúspides. Interprete Saturno como o princípio do cumprimento de responsabilidades e medite sobre o seu significado na Carta em todas as abordagens.

Os mais importantes de todos os mandalas abstraídos de um horóscopo natal são os que dizem respeito à décima segunda Casa. Em conjunto, eles dão as chaves dos porquês e para quê da presente encarnação. Sugere-se um mandala para ser aplicado a uma roda com os Signos natais nas cúspides para todo fator isolado que se refira à décima segunda Casa do horóscopo natal: posicionamento vibratório e ambiental de cada Astro que forma Aspecto ao Regente; cada condição referente a qualquer Astro na décima segunda Casa, e, por último, um mandala composto dos Signos na cúspide da décima segunda Casa e na do Ascendente e a colocação dos seus Regentes astrais.

 

CAPÍTULO III – A ASTROLOGIA DA LUZ BRANCA

A essência do serviço espiritual de qualquer tipo é executada pela pessoa que transmuta as áreas negativas de sua própria subconsciência, fortalece e disciplina suas faculdades mentais, mantém viva sua consciência de coração pelo poder do amor e procura sempre perceber o melhor nos outros. A percepção do bem real ou em potencial nos outros é um estímulo que, cedo ou tarde, possibilita a expressão desse bem. A essência do progresso evolutivo é a sempre crescente consciência do Bem; nós, como indivíduos, contribuímos para o progresso da raça como um todo quando, pela consciência regenerada, somos capazes de levar os outros a reconhecerem os seus mais altos potenciais para a realização de talentos e habilidades, saúde, amor e sucesso em qualquer campo de esforço.

O termo “luz branca” é uma expressão simbolizada dessa consciência. Branco é a composição de todas as refrações das cores; em sua forma mais pura, a cor branca se ergue como um símbolo da vibração da consciência que se centraliza em Deus. Suas refrações podem referir-se a, ou serem consideradas como qualidades anímicas, correspondendo espiritualmente às variações encontradas nos espectros das cores. Cada uma dessas cores manifesta o princípio da diversidade como uma expressão de unidade, em que cada qualidade tem seu âmbito vibratório desde os aspectos mais primitivos, não regenerados, até seus aspectos mais regenerados e altamente espiritualizados. Quanto maior o grau de pureza e luminosidade do composto branco, melhores as expressões vibratórias visuais como símbolo da consciência aperfeiçoada.

O astrólogo, quando estudando horóscopos de seres humanos, na realidade: estuda, analisa, sintetiza e interpreta padrões vibratórios de qualidades anímicas que representam todos os possíveis campos de desenvolvimento e seus reflexos no mundo das formas, como padrões de experiência. A consciência artística do pintor, por exemplo, é refletida por aquilo que se encontra em suas telas; a do músico manifesta-se naquilo que sai do seu instrumento.

O astrólogo, também um artista-intérprete, expressa a sua consciência pela maneira como interpreta os horóscopos dos outros; os horóscopos são seus instrumentos – correspondentes ao pincel, às tintas e telas do pintor, e ao violino do músico. A consciência do bem do astrólogo corresponde ao composto de percepções artísticas do intérprete da consciência da estética. A inspiração é a ignição de todas as consciências que se harmoniza com a verdade e com a beleza; para o astrólogo essa ignição é possibilitada quando ele carrega sua consciência com o desejo de interpretar um horóscopo consoante o melhor de toda a sua potencialidade. Isto significa que ele faz de sua meta final de interpretação o alertar o nativo para o reconhecimento daquilo que há de melhor e de mais belo nos tons e cores anímicas dele.

A impessoalidade do serviço do astrólogo torna imperativo que, quando esteja em seu trabalho, ele tire sua consciência dos padrões inferiores de sentimento e emoção pessoais. Sugerimos, como técnica preparatória para o desenvolvimento dessa faculdade, meditar sobre o seguinte mandala; um círculo em branco, mas com um ponto exatamente em seu centro. Esse mandala é a representação mais perfeitamente impessoal de um horóscopo que é possível fazer.

Ele não transmite nenhum padrão de experiência, nenhum padrão de emoção, nem atrito, sofrimento ou dificuldade. O ponto no centro pode significar o propósito da tarefa do astrólogo. É de um só ponto, condensado, e não diferenciado. Esse ponto deve ser uma fonte de iluminação espiritual para o nativo, e quando a meditação sobre esse propósito é, por si, focalizada e concentrada, as coisas inferiores pessoais se desvanecem na consciência do astrólogo. Desse modo o astrólogo faz “luz branca” em si mesmo; seu próximo passo é “iluminar de branco” o nativo. Isso ele faz acrescentando ao mandala acima os diâmetros vertical e horizontal; o resultado é o retrato mais abstrato e impessoal que pode ser feito de um ser humano.

Esse mandala é uma figura composta da consciência espiritual – o ponto central; o estado de encarnação física é a cruz formada pelas linhas retas, e o envolvimento pelo círculo perfeito é o poder divino, o amor divino e a sabedoria divina. O mandala retrata um ser humano que está cônscio de sua origem espiritual e da espiritualidade da encarnação. Da meditação sobre esse retrato revela-se a consciência de luz branca do astrólogo para o nativo.

O próximo passo do astrólogo no desenvolvimento da consciência de luz branca é acrescentar os outros diâmetros ao mandala acima, completando-se assim a roda horoscópica duodécupla.

O mandala apresenta agora a imagem do nativo como sujeito aos mesmos padrões gerais de experiência e relacionamento comuns a todos os outros seres humanos. Essas doze “casas” são os “aposentos” em que vive a entidade Humanidade durante a encarnação. Cada uma é tão necessária quanto as outras; cada uma tem seu significado particularizado na experiência e cada uma é uma oficina para criação de maior bem em todos os planos de expressão e realização humanos.

O mandala, tal como se encontra agora, é o padrão essencial de todos os horóscopos. A meditação sobre ele, como uma representação da vida humana, pode ser feita por todos os astrólogos de tal maneira que a percepção do propósito evolutivo da vida humana possa se tornar mais profunda e mais clara a cada dia. Todo horóscopo percebido como uma “expressão de variação” de seu mandala significa uma oportunidade muito melhor de ser interpretado sensitiva e intuitivamente; sem esse preparo da “Iluminação Branca” do padrão básico”, o astrólogo corre o risco de confusão mental diante de todos os fatores complexos de um horóscopo natal. Além do mais – e isto é importante – uma vez que os horóscopos representam pessoas, o astrólogo desenvolve automaticamente a reação de “iluminação branca” às pessoas, quando com essas contata em seu dia-a-dia. Isso é um desenvolvimento natural de sua meditação diária de luz branca sobre o mandala astrológico, porque ele emite para as pessoas uma consciência que se focaliza cada vez mais nas perfeições.

Partindo do desenho abstrato, começamos agora a aplicar a técnica da luz branca às variações pessoais; pomos de lado o padrão universal e passamos a considerar os padrões particulares.

A velha advertência: “A caridade começa em casa” pode ser aqui repetida desta forma: o desenvolvimento da técnica luz branca começa com a meditação do astrólogo sobre a própria Carta. Ele, um ser humano, tem o mesmo padrão essencial de qualquer outro ser humano. Mas seus particulares diferem até certo ponto dos de qualquer outro.

O fato de ser astrólogo não o exime automaticamente dos padrões de sentimentos pessoais em forma de pré-julgamentos, ressentimentos, falso orgulho, inveja, etc. Entretanto, ser astrólogo lhe impõe a responsabilidade de superar esses negativos tão cedo, e tão completamente, quanto possível. Seus negativos podem se congelar e se cristalizar exatamente como os de qualquer outra pessoa, portanto ele, o astrólogo, deve voltar sua consciência impessoal para si mesmo, o ser humano. Isto é verdade: na medida em que o astrólogo permanece fixado em padrões de reação negativos ele limita suas habilidades para interpretar. Nesse estado ele transfere seus próprios negativos para padrões semelhantes que pode achar na Carta de outrem. Por exemplo: um astrólogo masculino tem-se fixado num padrão de aversão relativo a uma específica expressão feminina na vida humana. Ele tem, para essa expressão, um profundo sentimento subconsciente de desagrado ou de animosidade – resultado de sua reação à experiência de um problema algum dia em seu passado. Nunca libertou seu subconsciente desse sentimento fricativo. Agora perguntamos: como pode ele interpretar adequadamente e resolver espiritual e psicologicamente uma condição análoga que encontra na Carta de outro homem? Existem astrólogos que, motivados por profundos impulsos de autodefesa e autojustificação, falham em interpretar corretamente certos padrões em suas Cartas, o que outros podem ver num relance. Faz-se necessário, e urgentemente, um pouco de luz branca nesse ponto.

Nós, astrólogos, geralmente, não encontramos dificuldade em “iluminar de branco” as doze Casas da Carta. As Casas se erguem como representações de padrões básicos de experiência e, como tais, transmitem mais diretamente um significado impessoal. Mas parece que alguns de nós temos, para si, que isso se deva a certos Astros e/ou Aspectos astrológicos. Por quê? Porque os Astros são os enfoques da consciência, e alguns dos padrões que formam nos relacionamentos entre si retratam os atritos e testes dos padrões de consciência. Tendemos a considerar como ruim, mal ou infeliz qualquer padrão de experiência que estimule nossos níveis não regenerados de consciência, levando-nos assim a experimentar reações dolorosas. Aqueles que estimulam nossos níveis regenerados de consciência nós interpretamos como benéficos, afortunados e felizes. O composto simbólico a que chamamos negro – mau, doloroso ou ruim – deve ser trabalhado e transmutado naquilo a que chamamos branco. Por que então não aprendermos a perceber a brancura inerente a todas as qualidades e relações astrais? Isto busca a fase interpretativa da astrologia de luz branca.

A brancura de qualquer Astro é o princípio de vida simbolizado por esse Astro. A diversidade de expressão de qualquer Astro é apenas outro modo de dizer: a diversidade de expressão da consciência humana. De acordo com a sua falta de desenvolvimento você desconhece o sentido e significado deles. O propósito de iluminar de branco qualquer coisa é torná-la mais consciente de seu sentido espiritual.

Contudo, por mais claramente que você, como astrólogo, possa delinear e compreender a Carta de outra pessoa, sugere-se que adote um plano pelo qual você se torne mais perceptivo de sua própria brancura. Esse plano envolve meditação sobre vários mandalas extraídos de sua própria Carta; um mandala para cada um dos seus Astros. Estes mandalas não implicarão no uso de quaisquer números, porque número implica em limitação e a brancura é ilimitada. Não se permita usar uma única palavra-chave negativa, degradante, nessas interpretações. Use somente palavras que transmitam níveis de consciência espiritualizada.

O mandala para a posição do seu Sol pode ser um círculo com Casas: o símbolo de Leão na cúspide de Leão; ponha o símbolo do Sol na Casa e Signo onde você o tem; coloque o símbolo do seu Signo solar na cúspide própria dele.

Essa é a imagem concentrada do seu Sol vista com luz branca. Sintetize em palavras-chaves espirituais cada fator desse quadro – ele é a essência espiritualizada de sua consciência solar, de sua força de vontade e propósitos; é a radiação do amor criador.

Mandala de seu Vênus: uma roda como a mencionada acima com os símbolos de Touro e Libra nas cúspides próprias de sua Carta; ponha o símbolo de Vênus – símbolo abstrato da consciência feminina realizada, refinamentos da alma, consciência estética, capacidade de cooperação etc. – na Carta e Signo onde você o tem; ponha o símbolo do Signo que contém a Vênus na cúspide apropriada para a sua Carta.

E assim por diante – um mandala para cada um dos outros Astros.

A impressão transmitida por cada um dos seus mandalas astrais é a de uma cor pura, uma luz brilhando sem interferências. Não existem implicadas complicações ou limitações à habilidade do Astro de irradiar no seu máximo.

Seu horóscopo de luz branca é o composto de todos os seus mandalas astrais: uma roda com seus Signos nas cúspides, seus Astros colocados de acordo com as Casas e Signos em que você os tem. Utilizando os princípios mais espirituais como palavras-chaves, interprete agora sua Carta como um retrato do mais elevado e melhor que você é capaz de experimentar e realizar nesta encarnação. Sua Carta, desse modo, é um retrato astrológico do seu eu ideal.

O próximo passo é extrair um mandala de luz branca, pelo mesmo modo descrito acima, para cada um dos Aspectos de Quadratura e/ou Oposição; chamaremos a esses padrões mandalas dos Aspectos. Não coloque os graus astrais no mandala de Aspectos, mas medite com palavras-chaves espirituais sobre os dois Astros envolvidos. Desde que cada Astro em um mandala de Aspectos brilha com a mesma pura luz essencial com que brilha em seu próprio mandala, você está agora exercitando a faculdade de síntese no iluminar de luz branca um padrão duplo.

Siga o mesmo plano na aplicação aos seus Aspectos compostos (que envolvem três ou mais Astros).

Após os preparativos de a luz branca terem sido efetuados, as Quadraturas e Oposições em sua Carta natal serão vistas clara e verdadeiramente como o processo de experiência e reações à experiência pelo qual você regenera a sua vida em todos os planos. Concluindo, oferecemos este aforismo à sua consideração espiritual: a regeneração da consciência não é para o propósito de fazer Trígonos para o futuro, mas sim para o propósito de desdobrar a consciência de Deus por meio da expressão de seus Astros de acordo com os princípios espiritualizados de luz branca deles.

 

CAPÍTULO IV – O ASTRÓLOGO TRATA SOBRE O ENSINAMENTO

Júpiter, como o Regente abstrato da nona Casa, é o símbolo astrológico da pessoa que ensina. Como o desenho, ou “a expressão por meio da figura”, facilita a compreensão de assuntos abstratos como este, sugerimos que o leitor faça quatro desenhos para melhor fixação deste tema.

O primeiro desenho será um círculo com as Casas numeradas. Coloque o símbolo do Signo de Sagitário e do Planeta Júpiter na nona Casa. A observação desse desenho nos nós achamos nosso ponto de concentração que está no hemisfério superior do horóscopo, ou, melhor dizendo, na expressão da consciência anímica do esquema da vida.

É a expressão transcendente de sua polaridade inferior: a terceira Casa. Nós poderíamos falar sobre a nona Casa e permanecer “lá no alto” para sempre, se nós não “arraigamos a nós mesmos” na consideração da terceira Casa, que é regida, abstratamente, por Mercúrio, por meio do Signo de Gêmeos.

Ao nosso desenho original, adicionemos o Signo de Gêmeos na cúspide da terceira Casa e coloquemos o símbolo de Mercúrio.  Nós temos, assim, estabelecido um “projeto de polaridade, já que um ponto na metade inferior da roda é dirigido para a metade superior. Esse desenho simboliza um “caminho da evolução”, significando um aspecto da “consciência de separatividade” que ascende para a fase da consciência “anímica” ou “impessoal”.

A primeira Casa é “EU SOU” – o reconhecimento consciente da individualização do Ser. A segunda Casa tem sua expressão identificadora é “EU TENHO” – é uma identificação emocional com a Vida, por meio da consciência de “conexão da posse”. A terceira Casa é a “consciência da vida”, pelo exercício da faculdade do intelecto não emocional. Como regentes abstratos da primeira e segunda Casas, Marte e Vênus, respectivamente, são “expressões emocionais”. Mercúrio, como regente abstrato da terceira Casa, é mesmo em níveis primitivos a primeira expressão de percepção consciente do impessoal e do não emocional.

Mercúrio representa nossa capacidade de “identificação não emocional”. Por meio do seu exercício nós damos nomes às coisas, tanto concretas como abstratas. Também identificamos as coisas em termos de medida, qualidade e função. Mercúrio não é um meio pelo qual nós nos identificamos com a Vida, mas sim o meio pelo qual relacionamos as objetivações da Vida com nós mesmos para nossas utilizações e comunicações.

Considerado sob este ponto de vista, Mercúrio (como regente da terceira Casa do primeiro quadrante, ou “quadrante da colheita”, da roda) é o símbolo de todo aprendizado. É a faculdade pela qual fatos são transmitidos da mentalidade de uma pessoa à mentalidade de outra. Correspondentemente, ele é a faculdade pela qual os fatos são entendidos pela mentalidade que recebe a instrução ou a informação. Mercúrio é linguagem, expressada corretamente na palavra falada, nos gestos ou nas imagens; abstratamente, pela palavra escrita. Ele é o símbolo do relacionamento universal das pessoas entre si em termos de harmonia mental. É o símbolo de todos os estudantes, e, como tal, simboliza esotericamente a essência de todos os relacionamentos fraternais (a despeito das relações externas, todos nós andamos lado a lado uns com os outros – fraternalmente – porque somos todos aprendizes das experiências da vida).

Uma consideração a mais sobre esse desenho mostrará que todo ensinamento tem suas raízes no aprendizado, e que o desenvolvimento da habilidade como um mestre é dependente de manter viva a faculdade da aprendizagem. As correntes de polaridade (na consciência) entre os hemisférios inferior e superior devem ser mantidas sob estímulo para que as capacidades da metade superior possam florescer. Nunca estamos separados de qualquer parte do nosso horóscopo; mesmo que possamos despender vinte horas por dia na profissão do ensino, as correntes de “admissão” não devem ser enfraquecidas ou negligenciadas. Aprender é um estímulo à percepção dos fatos e identificações; pode ser comparado a uma inalação na respiração. Quem quer que esteja verdadeira e fortemente motivado para ensinar manterá viva essa “faculdade da terceira Casa”. Em outras palavras, não desperdiçará nenhuma oportunidade para aprender mais. Obstruir a “admissão” é garantir uma eventual interrupção, uma cristalização, da habilidade de ensinar (E aqui fica uma lição de sinceridade e humildade: pessoas dedicadas a ensinar tenham isso em consideração).

Se Mercúrio é o símbolo da “admissão mental”, então Júpiter – vital, radiante e dinâmico – é a abstração da “exalação”: transmissão de conhecimento ou estímulo de percepção intelectual ampliada e enriquecida pela maturidade da compreensão espiritual. Conhecimento dos fatos mais consciência dos Princípios. Em relação a isso devemos acrescentar outro fator ao nosso desenho: o Signo de Virgem na cúspide da sexta Casa, criando assim uma cruz em “T”, dois braços da qual ficam no hemisfério inferior, regido por Mercúrio.

Aqui o símbolo abstrato dos “colegas estudantes” é expresso de forma ampliada para representar a “fraternidade dos trabalhadores”. Trabalho, espiritualmente considerado, é mais que labor físico – é o serviço que cada pessoa pode prestar como contribuição ao melhoramento da Vida para todos.

Virgem, como Signo de Terra, tem uma conotação destacadamente prática: “Eu trabalho para ganhar dinheiro para sustentar minha vida física e a daqueles a quem amo”. Enquanto a atitude para com o serviço de ensino for “Eu aprendo algo para que possa ensinar algo e assim ganhar dinheiro”, o Aspecto Quadratura entre Gêmeos e Virgem ameaçará o desenvolvimento das capacidades daquele que ensina por mantê-lo identificado, em consciência e no despertar, por atrito, das “considerações práticas”. A redenção desse padrão de Quadratura se encontra no fato de que a sexta Casa é a última do hemisfério inferior e é a “modulação” para o hemisfério superior de regeneração emocional e consciência espiritual. Ela segue a quinta Casa, que é a do poder do Amor; quando a consciência de “trabalho para ganhar dinheiro” é abastecida com a criatividade do Amor e expressa como Serviço para o melhoramento da Vida, se converte em expressões de redenção. Mediante as experiências no serviço amoroso nós alcançamos tal compreensão do nosso assunto que, por comparação, faz do mero aprendizado em livros parecer uma concha sem vida. Essa compreensão é aquilo que a pessoa que verdadeiramente ensina irradia para aqueles que ela estiver ensinando.

Completemos, agora, esse desenho acrescentando o símbolo de Peixes na cúspide da décima segunda Casa e o símbolo de Netuno nessa mesma Casa: a cruz dos Signos Comuns.

Por meio do primeiro braço, Gêmeos, Mercúrio simboliza o “aprendiz”; sua “exalação” é Júpiter como abstração da nona Casa. Mercúrio, por meio de Virgem, é o “aprendiz” da experiência de Serviço; sua “exalação” é Netuno, como abstração da décima segunda Casa. Logo trataremos disso.

Para considerar o assunto mais concretamente, tenhamos em conta alguns dos problemas que, cedo ou tarde, são enfrentados por aqueles que experimentam o anelo de ensinar.

Uma vez que, em primeiro lugar, o ensino é uma expressão dinâmica de sabedoria, o motivo deve ser o de iluminação. Quem quer que responda ao impulso de iluminar deve aceitar um desafio daqueles padrões de consciência que representam a escuridão: cristalização mental, formalismo rígido de opinião e atitude, preconceito, o tipo de ignorância que forma uma base de indiferença às necessidades impessoais ou espirituais dos estudantes. Este padrão de experiência serve como um desafio à integridade e coragem da pessoa que ensina.

O anseio de realizar um serviço impessoal será testado, cedo ou tarde, pela própria consciência de fatores econômicos da pessoa. Esse teste é um dos pontos mais significativos na evolução de qualquer um que aspire à espiritualidade em qualquer padrão de trabalho. Considerando, novamente, o desenho com os Signos Comuns vemos que os Aspectos de Oposição estão “enraizados” por Mercúrio mediante Gêmeos e Virgem. Mercúrio não regenerado, em sua aliança com o primeiro setor da roda, é “praticidade”, “conveniência”, “aderência à construção concreta de algo” e “avaliação superficial”. Essas palavras-chaves se referem a níveis de consciência que, até o momento, não alcançaram o impessoal. As pessoas motivadas para a profissão do ensino e que permanecem nessa expressão de Mercúrio são aquelas cuja atitude básica é a do interesse próprio. “Qual o emprego que paga mais?”, “Qual o emprego que abre caminho para um maior prestígio acadêmico?”, “aposentadoria mais cedo”, “pensão maior”, “ambiente mais divertido”, e assim por diante. Tais considerações são mantidas por todos durante algum tempo em seu progresso evolutivo, mas o ponto de que tratamos aqui é que eventualmente a atitude, perante o trabalho, deve ser regenerada no Serviço Amoroso. Até que sejam dados esses passos, a função pedagógica não pode ser verdadeiramente cumprida. Astrologicamente, o que foi acima mencionado pode ser traduzido deste modo: enquanto o interesse próprio não for transcendido, o ciclo que começa com Mercúrio-Gêmeos não poderá encontrar sua realização espiritual em Netuno-Peixes, por meio de Júpiter-Sagitário.

Uma vez que Júpiter, como símbolo daquele que ensina, se encontra no hemisfério superior da roda, as provas para aquele que ensina, verdadeiramente motivado, são muito mais “internas” que “externas”. Seus problemas mais significativos são os problemas de alma. Algumas dessas provas surgem da necessidade de regenerar o que pode ser chamado de qualidades de um Júpiter adverso, tais como:

Orgulho intelectual, pelo qual aquele que ensina se fixa em níveis egotistas devido à sensação de ter superioridade sobre aquele a quem ensina. Essa tendência pode ser corrigida por uma “virada de consciência”, mediante a qual aquele que ensina intensifica sua percepção do que ele não é, nem nunca pode ser, um repositório de todo o conhecimento de sua matéria em particular; mas que é, de fato, um irmão mais velho para aqueles a quem ensine – e que qualquer deles pode ser seu superior inato em sabedoria essencial. Ele reconhece que é um precursor do desenvolvimento daqueles a quem ensina, e que serve como um “ponto de modulação” pelo qual eles passam dos níveis de inocência para os níveis de percepção de sua própria sabedoria. Ele jamais deve esquecer que, uma ou outra vez, tem percorrido a mesma trilha do aprendizado e, em termos do seu próprio desenvolvimento pessoal, deve ser ainda um aprendiz. Em outras palavras, em relação ao seu trabalho de ensino ele deve manter uma atitude fluídica e dinâmica – expandindo-se, melhorando-se e ampliando-se. Portanto, ele utiliza as palavras-chaves regeneradoras de Júpiter para evitar as cristalizações causadas pelo orgulho.

O engrandecimento próprio por meio do desejo de reconhecimento e elogios é uma expressão de Júpiter, como vaidade e cobiça. Nesse nível, aquele que ensina busca, continuamente, sobressair entre seus colegas para compensar a inveja que sente deles. Ele deseja adulação daqueles a quem ensina; serve-se de seu trabalho para conquistar a boa opinião das pessoas. A ânsia de melhorar sua habilidade e ampliar sua esfera de ação é motivada, basicamente, por seu desejo de que se tenha o bom conceito. Essa perspectiva “introvertida” contém as sementes de sua própria desintegração, já que resulta, automaticamente, em uma experiência que servirá para destruir a motivação fixa e limitadora.

O propósito do ensino não é o engrandecimento de si próprio, mas a iluminação da consciência dos outros. Aquele que ensina que adota uma atitude baseada em sua integridade, como um trabalhador, possui aquilo que pode ser chamado de humildade sadia – ele respeita o trabalho que está fazendo; ele cultiva sua habilidade para que o trabalho seja melhorado; ele agradece todas as sugestões que lhe são apresentadas, desejoso de dar às mesmas a sua consideração. Sua atitude para com os seus colegas é a de apreciação do valor deles para o trabalho, não o de competição, visto reconhecer que cada pessoa que ensina tem a dar a sua própria contribuição exclusiva. Ele ajuda a cada um quando pode, e se dispõe a aprender de cada um deles quanto pode. Em outras palavras, ele se utiliza da palavra-chave jupteriana “melhoramento” e mantém suas motivações espiritualizadas e regeneradas.

A legítima atitude daquele que ensina para com aqueles a quem ensina nunca é a de “exercer poder sobre eles”. É verdade que ele o exerce, já que eles são suscetíveis às suas palavras e influência, mas sua motivação é “alertá-los” para uma consciência dos seus próprios poderes e habilidades e para as maneiras e meios pelos quais eles podem expressar seus melhores potenciais. Motivado pelo amor, sua atitude para com a quem ensinam é a de benevolência; seu prazer é o progresso deles. Ele aprecia o significado da passagem daqueles a quem ensinam de um nível de compreensão para outro mais elevado. Seu desejo é ajudar a crescer – nunca “manter em submissão”. Seu “rendimento”, como uma pessoa que ensina, é respaldado pela avaliação amorosa daqueles a quem ensina – como estudantes e como pessoas – as quais, por sua vez, contribuirão para o adiantamento do trabalho que é o objeto de mútua devoção deles – o altar em que ele e eles acendem suas candeias.

O símbolo do caminho daquele que ensina, em suas expressões mais sutilmente espiritualizadas, se encontra no quarto quadrante da cruz Comum: de Júpiter na nona Casa à Netuno na décima segunda Casa. Esse é o padrão de experiência do Irmão Maior – o iluminador de Almas, a irradiação da Sabedoria das Filosofias e Artes; universal em sua esfera de poder redentor. Nesse setor de desenvolvimento, o conhecimento intelectual já foi abarcado e transcendido. Aquele que é ensinado está voltado para os Princípios da Vida e suas aspirações – não seus desejos ou ambições – são inflamadas pelo contato com a Inteligência iluminada e a consciência espiritualizada daquele que ensina.

Mais um desenho: Áries na primeira cúspide, Leão na quinta Casa e Sagitário na nona; Marte na primeira Casa, o Sol na quinta, e Júpiter na nona. Essa é a trindade dos Signos de Fogo. Marte diz: “EU SOU uma expressão manifestada do Uno”. O Sol diz: “EU SOU o poder irradiante do Amor”. Júpiter diz: “EU SOU a irradiação da Sabedoria”.

Esse desenho triangular demonstram a consciência dinâmica; Júpiter como aquele que ensina simboliza aqui paternidade espiritual: o pai que guia o desenvolvimento e ilumina a consciência evoluinte de seus “filhos”, seus “irmãozinhos e irmãzinhas”. Em termos humanos, Júpiter é visto aqui simbolizando as responsabilidades espirituais da paternidade – e a responsabilidade de todos os pais de prover alimento tanto espiritual quanto material para aqueles que encarnaram por meio deles.

Nos níveis impessoais, ele mostra a inerente paternidade espiritual de todos os que ensinam para aqueles a quem ensinam, os quais, em níveis mentais, são seus filhos. Os pais devem ser aqueles que ensinam; todos aqueles que verdadeiramente ensinam irradiam para os que são ensinados o poder do Amor, o que faz do seu Serviço de Ensino a realização mais completa.

CAPÍTULO V – O ASCENDENTE

Estudantes, essa é uma discussão de vocês.

A linha horizontal esquerda da roda horoscópica, que vai do centro até a circunferência, é a sua saída dos planos internos – como uma expressão da ideia que chamamos Humanidade – para objetivação da encarnação; o ponto Ascendente é seu aparecimento neste plano, no momento do seu nascimento.

Quando você emitiu seu primeiro grito, disse: “Olha, Mundo, aqui o EU SOU novamente!”. Aquele grito foi sua “aurora”, sua Luz aparecendo no mundo de outras Luzes humanas, como já apareceu muitas vezes no passado. Você veio para expressar uma qualidade mais brilhante e mais clara de sua Luz que jamais expressou antes, e aqueles que lhe deram as boas-vindas, com Amor assim o fizeram, realmente, por causa da promessa inerente à sua Luz, promessa de melhoramento da Vida humana durante os anos de sua encarnação. Cada encarnação é uma expressão de amor e fé da Humanidade na Luz que é sua Origem e sua Habitação.

Sua encarnação foi marcada, vibratoriamente, com uma nota-chave pelo Signo zodiacal que cobre o ponto Ascendente de seu Horóscopo. Cada um dos doze Signos é um dos três aspectos (Existência, Amor, Sabedoria) da dimensão de Polaridade (Positivo-Negativa) em termos de Gênero (Masculino/Feminino). E o principal propósito vibratório de um ser humano na encarnação é realizar, com o melhor de que seja capaz, o potencial do Signo Ascendente por meio do capítulo de experiência e situação vibratória do Astro que rege o Signo Ascendente (Por “situação vibratória” queremos significar o Signo em que esse Astro se situa; a qualidade de expressão é indicada pela natureza do Astro que o “disposita[2]”; o Regente estando em Touro ou Libra é “dispositado” por Vênus; em Aquário é “dispositado” por Urano, etc.).

Faça três mandalas, um para os Signos Cardeais, um para os Signos Fixos e outro para os Signos Comuns. Isso é feito traçando-se três círculos; cada um tem os símbolos de uma dessas três classes tal como aparecem na sequência zodiacal; os pontos dos Signos são ligados por linhas retas, o que nos dá três variações de uma Quadratura.

Os Signos Cardeais são os pontos decisivos quando circundamos a roda partindo do ponto Ascendente; eles representam os quatro pontos básicos das mudanças de estação no decorrer do ano e também representam os quatro pontos básicos da estrutura do relacionamento humano; os masculinos-femininos dos pais (Capricórnio/Câncer) e os masculino/feminino daquilo que é gerado pelos pais (Áries/Libra). As pessoas com um Signo Cardeal no Ascendente (a menos que haja interceptações e o Signo Ascendente também esteja na cúspide da décima segunda Casa) vieram desta vez para tomar uma “nova direção” em sua evolução – seu Signo Ascendente abre um novo quadrante do Zodíaco, o quadrante das três primeiras Casas (aquelas cujos Signos Ascendentes Cardeais abrangem também as cúspides da décima segunda Casa estão simplesmente continuando aquilo que foi inaugurado como ponto decisivo na encarnação anterior).

Cada um dos quatro Signos Cardeais é o aspecto “Existência”, do elemento ao qual pertence: Áries-Fogo; Câncer-Água; Libra-Ar e Capricórnio-Terra. Áries e Capricórnio são os “Signos machos”, dos quais Áries é o masculino e Capricórnio é feminino; Câncer e Libra são os “Signos fêmeas”, dos quais Libra é a masculina e Câncer a feminina.

Os Signos Fixos são o “aspecto Amor” dos elementos – sendo cada um o quinto Signo a partir do Cardeal do seu elemento. Em paralelo:

Áries-Leão[3];

Capricórnio-Touro;

Câncer-Escorpião e

Libra-Aquário.

Como todo horóscopo é o resultado do exercício da consciência na encarnação passada, e nós realmente damos “voltas e mais voltas na roda”, através de nossas encarnações, vemos que, sob um ponto de vista da evolução, Leão é o primeiro Signo Fixo, Escorpião o segundo, Aquário o terceiro e Touro o quarto. Em um mandala com os doze Signos em ordem – em volta da roda e a partir de Áries – trace quatro linhas retas, como segue:

1) de Áries a Leão (cúspide da primeira Casa à cúspide da quinta);

2) de Câncer a Escorpião (cúspide da quarta Casa à cúspide da oitava);

3) Libra a Aquário (cúspide da sétima à cúspide da décima primeira Casa);

4) Capricórnio a Touro (cúspide da décima à cúspide da segunda Casa).

Deste modo vemos um “filme” da ligação entre uma encarnação e a próxima, uma vez que a linha que liga Capricórnio a Touro retrocede ao ciclo zodiacal através da décima, décima primeira, décima segunda e primeira Casa. Na realidade nós não giramos repetidamente “em torno de um círculo”; nós nos desenvolvemos através de um processo em espiral que vai de uma “oitava” a outra oitava superior; cada “oitava” nos traz cada vez mais perto do “retorno ao Centro”, que é o nosso “Éden perdido”; de fato, nós somos, em consciência, reabsorvidos pela nossa Origem.

Os Signos Comuns são os do aspecto da Sabedoria dos elementos, porque cada Signo Comum é o nono Signo a partir do seu Cardeal inicial[4]. Traçaremos agora no mandala acima mais quatro linhas retas, como segue:

1) de Leão a Sagitário, cúspides da quinta e nona;

2) de Escorpião a Peixes, cúspides da oitava e décima segunda;

3) de Aquário a Gêmeos, cúspides da décima primeira e terceira; e

4) de Touro a Virgem, cúspides da segunda e sexta.

Temos agora a ilustração dos quatro elementos em seus aspectos de Trígono: Existência, Amor e Sabedoria das duas “expressões” de Polaridade, e as quatro “combinações” de Gênero. Aplique essa fórmula ao seu Signo Ascendente para obter uma imagem clara da “qualidade Trígono” e da “qualidade gênero” de seu Signo.

Seu Astro Regente é o significador do enfoque e, expressando a vibração do seu Signo Ascendente e seu Princípio, representa a função básica que você vai cumprir nesta encarnação. Contudo, você tem um outro Regente, o qual está correlacionado ao seu Regente astral: é o Astro que “disposita” o seu Regente; podemos denominar este Astro de “Regente vibratório” de sua Carta, já que sua qualidade de gênero é aquela através da qual seu Regente astral deve se expressar (a menos, é claro, que o Regente astral esteja em seu próprio Signo de Dignificação – caso em que é “duplo” Regente).

O requisito ambiental para o desenvolvimento e realização de seus potenciais de personalidade é indicado pela Casa em que seu Regente astral está posicionado. As palavras chaves de cada Casa devem ser dominadas pelo estudante de astrologia, caso este queira saber onde sua “essência” pessoal há de ser cumprida progressivamente. Não importa aonde vamos neste plano, levamos conosco nosso horóscopo inteiro, e dentro de nós mesmos, pela simples razão de que o horóscopo é a imagem da nossa consciência, e dela nunca podemos fugir. Podemos, todavia, permanecer firmados nos requisitos do nosso Regente astral se percebermos que qualquer lugar, ou ligação com qualquer grupo de pessoas, contém possibilidades de exercitar os potenciais do Regente astral. O ser humano deve utilizar o plano físico. Ele não deve ser utilizado pelo plano físico; mas ficará congestionado e limitado nele se não firmar sua consciência própria representada pela combinação de qualidades do Signo Ascendente, do Regente astral, qualificado por seu “dispositor”, e seu significado por posicionamento em determinada Casa.

O desenho astrológico nos mostra uma coisa estranha e maravilhosa – conhecida como “base psicológica” – a cúspide da quarta Casa natal. Esta cúspide, sob o ponto de vista oculto, pode ser estudada pela Lei de Causa e Efeito como a significadora de uma condição que liga esta encarnação a encarnação passada – mostrando-nos, assim, como poderemos fortalecer nosso sentido de “continuidade” da corporificação passada para o presente.

Lembremo-nos, primeiramente, de que nós encarnamos sem nenhuma percepção consciente de nossa procedência; o supra consciente[5] detém todas as nossas lembranças do passado, e a “revivificação” dessas lembranças é que nos possibilita “contatar”, conscientemente, com certo nível de nosso ser vibratório que está intimamente ligado às nossas memórias de progresso, alcançado na encarnação passada. Vejamos agora a representação abstrata disso como um Princípio de Vida:

Um mandala que contenha apenas as cúspides da décima segunda e primeira Casas; coloque o símbolo de Peixes na décima segunda e o símbolo de Áries na primeira; ligue os dois pontos na circunferência por uma linha reta.

Essa é a imagem essencial do resíduo de ideais não realizados que fez necessária a presente encarnação. Agora acrescente a vertical inferior – a cúspide da quarta Casa – e coloque nessa cúspide o símbolo de Câncer; ligue esse ponto, por linhas retas, às cúspides da décima segunda e primeira.

A “linha de Áries” na presente encarnação é a involução ao ponto onde se estabelece identidade com a família e a herança vibratória – o senso de “ocupação do ninho” – e a identificação de relação com a qualidade vibratória dos pais (a quarta cúspide é, naturalmente, a metade da linhagem completa dos ancestrais que, para completar, se estende até a vertical superior, ao Signo de Capricórnio, a cúspide da décima Casa).

A linha de Peixes, no mandala acima, é a matriz espiritualizada: uma das três linhas e dois dos três pontos da triplicidade de água de Câncer, Escorpião e Peixes. Por conseguinte, como o primeiro ponto “de subida” no ciclo desde o Ascendente é a cúspide da quarta Casa, vemos que a matriz espiritualizada, derivada do melhor de nós próprios no passado, é representada diretamente no melhor de nossa herança vibratória. Conhecer somente o pior de nossos pais é, em termos humanos, se tornar mais intensamente cônscios do pior em nós mesmos, porque nós encarnamos através deles pelas Leis de Causa e Efeito e de Simpatia Vibratória. Permanecermos fixados em nossos piores sentimentos acerca de nós mesmos, como “expressões” de nossos pais, é permanecermos congestionados no passado negativo. Não podemos conseguir progresso espiritual e vibratório a menos que reconheçamos nossos potenciais para progredir; alcançar tal progresso implica na necessidade de nos tornarmos cônscios de nossos recursos espiritualizados.

Agora traduza esse mandala para os termos de sua própria Carta natal – os Signos nas cúspides de suas: décima segunda, primeira e quarta Casas. A não ser que haja a complicação de interceptações em certos arranjos, os Signos nas: décima segunda e quarta Casas representarão dois aspectos de um dos quatro Trígonos elementares. Uma análise detalhada – pelos valores genérico e espiritual – desses dois Signos em relação ao Regente da Carta nos dá uma ideia de como o melhor do nosso passado deve prosseguir nesta encarnação como “pábulo” para a expressão progressiva e ascendente do Regente astral.

Gire sua Carta natal de tal maneira que a quarta cúspide se situe no Ascendente – um quarto de volta no sentido horário. A (aparente) décima segunda Casa é, na realidade, a terceira Casa da Carta natal e é a nona Casa a contar da sétima natal – a “nona Casa” representando o “aspecto Sabedoria”. Essa é a representação do recurso de sabedoria da última vez que você encarnou no sexo físico oposto ao de sua atual expressão. A terceira Casa da Carta natal é o presente desenvolvimento intelectual, mas é também, conforme visto acima, uma chave para compreender algo do melhor de sua polaridade complementar, porque reflete uma das “oitavas superiores” de você próprio expressando o sexo oposto. Sua habilidade para aprender agora está condicionada e qualificada por sua destilação de sabedoria nas encarnações passadas (aprender é, na maior parte, “recordar”), e o que você “aprendeu por experiência” (Sabedoria), no passado, tem agora uma relação direta com suas habilidades mentais.

Vemos, portanto, que a quarta Casa do horóscopo natal contém muita informação concernente ao melhor de nós mesmo, traduzida do passado para o presente. Negamos a nós próprios se ignoramos este potencial; mas se o utilizamos começamos a escalada para a maturidade psicológica.

As condições horoscópicas acima descritas se referem à Carta individualizada – o “você mesmo” de seu retrato vibratório. Mas existe outra maneira de aprender a dizer “EU SOU”, e essa maneira se encontra na consideração do fato de que, não importam quais possam ser o verdadeiro Ascendente e Regente astral, todo horóscopo tem o diâmetro Áries-Libra em algum lugar e Áries, através de sua regência pelo dinâmico e expressivo Marte, é a abstração de “EU SOU”. Em níveis primitivos de consciência, o “EU SOU” da humanidade é afirmado em termos de atrito, resistência, contenda, autodefesa e destruição daquilo que é temido porque não é compreendido. O ser humano tem lutado por sua sobrevivência – tanto contra o mundo como contra outras pessoas e condições. Na realidade ele tem resistido à exposição de sua própria ignorância dos Princípios de Vida – ele nunca lutou contra outras pessoas, mas sim contra seu medo delas, posto que elas, suas “inimigas”, nunca foram mais que espelhos para os seus negativos. Quando amar verdadeiramente aquilo que ele realmente é, e seu amor seja uma expressão daquele amor, então seus “inimigos” desaparecerão e todas as pessoas serão reconhecidas como seus irmãos, irmãs e amigos.

Marte, através de sua regência a Áries, é o Regente abstrato do horóscopo da humanidade. Mediante essa vibração nós dizemos não apenas “EU SOU”, mas “EU ESTOU determinado a sobreviver e perpetuar minha existência”. O potencial de Marte em todo horóscopo é o “sangue vermelho” da consciência, a sensação vital de Existência, a masculinidade essencial da vibração genérica, a capacidade de vitalizar, estimular, impregnar (em qualquer plano), de lidar com os arranjos internos e externos e, finalmente, por meio de suas destilações espirituais, é coragem nascida da fé – a aspiração do Espírito de progredir e viver em oitavas sempre ascendentes da consciência da Vida Una, do Amor Uno e da Sabedoria Una.

O significado da cúspide com Áries em sua Carta mostra que, não importa seu sexo físico, o pleno cumprimento dessa experiência requer o exercício da mais vital qualidade genérica masculina; você deve aprender a exercitar a coragem, deve desenvolver a autoconfiança, deve enfrentar os seus temores, aprender a entender a origem deles em sua consciência e vencê-los, mediante transmutações e expressões construtivas; você deve desenvolver e exercitar a qualidade básica Marciana da iniciativa – referente à “arrancada” de Áries como primeiro Signo do Horóscopo Abstrato; neste ponto você deve aprender – e eventualmente aprenderá – o que significa impelir a si mesmo sem esperar por sugestões, incitamentos ou encorajamentos dos outros; por meio da Casa com seu Áries na cúspide você é o “passarinho” que salta do ninho protetor e exercita sua capacidade de voar; uma vez no ar e fora de sua Casa ele voa ou cai no chão; ninguém e nada pode mantê-lo no ar, exceto sua força e sua adaptação ao elemento que vai ser seu campo natural para viver e mover-se.

Como a cúspide de Áries pode estar em qualquer lugar na roda e o potencial de Marte em qualquer Carta pode ser pequeno ou grande em esfera de ação, existe uma possível variedade infinita de “Marcialidade”. Na medida em que o seu Marte esteja “congestionado” por Aspectos de Quadratura ou Oposição, e na medida em que os Astros em Áries (dispositados por Marte) estejam congestionados, você terá de aprender a exercitar a virtude da coragem como uma expressão de seu Amor-Sabedoria interno; para lutar, não por resistência a pessoas que você pense serem “inimigas”, mas lutar irresistivelmente pelas expressões transmutadas de sua consciência; para se firmar em suas convicções (se forem autênticas) como uma expressão de sua integridade e, sobretudo, respeitar o direito de outras pessoas de se expressarem consoante seu recurso vibratório. Um Marte sadio e integrado nunca tenta congestionar, inibir, limitar ou deter a realização de outrem, mas procura sempre encorajar, com seu Amor-Sabedoria, a ignição de seus melhores e mais belos potenciais em todos os planos. A pessoa que conhece o Amor-Coragem e a Sabedoria-Coragem conhece verdadeiramente o que significa “EU SOU”; todos nós, cedo ou tarde, precisamos nos dar conta desse senso espiritualizado de identidade com nossa Origem – nosso Deus Pai-Mãe.

 

CAPÍTULO VI – A SEGUNDA CASA

As condições pertinentes à segunda Casa da roda horoscópica focaliza muito daquilo que o astrólogo, em seu trabalho, é chamado a interpretar. Uma vez que cada fase do horóscopo tem seu princípio particular, é sugerido que ampliemos nosso conceito da segunda Casa mais além da abordagem tradicional que a vê como dinheiro e posses.

Em primeiro lugar, para pôr a segunda Casa no esquema das coisas, consideremos um mandala feito com uma roda e nela as Casas: coloque os símbolos de Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem nas seis primeiras cúspides; trace uma linha reta da cúspide da primeira à cúspide da quinta; trace outra linha da cúspide da quinta à cúspide da sétima.

O setor das quatro primeiras Casas corresponde ao ensino fundamental (1º grau), que todos nós cursamos na infância como base para nossa experiência educacional. O setor adicional das quinta e sexta Casas poder-se-ia considerar correspondente ao ensino médio (2º Grau), iniciado como é pelo impulso vital da quinta Casa. O condicionamento interno indicado por essas seis primeiras Casas encontra sua expressão no hemisfério superior, iniciado pela sétima Casa, a Casa da consciência de parceria; isso é análogo à experiência no mundo em que entramos após completarmos nossa educação formal – pomos nosso conhecimento para funcionar. O composto dessas seis Casas é o que trazemos a toda experiência da maturidade para regenerar e aperfeiçoar, assim como trazemos para as nossas experiências da maturidade como adultos todo o treinamento, condicionamento e cursos que fizemos em nossos anos de crescimento. As expressões não espiritualizadas das seis Casas – particularmente das quatro primeiras – indicam a raiz quadrada essencial de todos os nossos problemas.

Quando consideramos que a consciência humana primitiva se manifesta através da quinta Casa como expressão instintiva – como um recurso da quarta Casa – ao invés de criatividade consciente, não é de admirar que a humanidade tenda a funcionar amplamente na consciência das cinco primeiras Casas. Para a maioria das pessoas, até a sexta Casa é uma expressão de sustento material, ao invés de uma expressão de contribuição impessoal em serviços. Há tanto da consciência de relacionamento humano, primariamente arraigada na consciência de identidade da quarta Casa com a família e raça, que as decisões são tomadas em termos de sentimento grupal, ao invés de sê-lo pelos requerimentos de desenvolvimento pessoal e desejo de expressar a consciência de integridade pessoal. Como a consciência física é o reino nos quais as pessoas tendem a viver, a segunda Casa focaliza muito de seus padrões de experiência e padrões de problemas, porque a segunda Casa é o símbolo essencial da consciência de sustento para toda a roda, concentrado por seu significado no setor das quatro primeiras Casas. As três primeiras Casas podem ser chamadas apropriadamente de quadrante da colheita – representando os processos do plano interno pelos quais nós nos integramos com a tríplice dimensão da manifestação física.

“Posse” e “propriedade” são palavras que identificam a consciência da maioria das pessoas com a expressão de sua segunda Casa. Contudo, o princípio real da segunda Casa se revela quando consideramos o ponto filosófico de que nós não possuímos, nem somos donos de nenhuma coisa física. A única coisa que possuímos é a consciência. A qualidade dessa posse se encontra em nossas reações a qualquer fase da vida; a regeneração depende da nossa capacidade de administrá-la. A vida da humanidade é uma coisa interna – a expressão material é seu veículo. Portanto, aquilo que chamamos “desejo de possuir coisas” é a maneira primitiva de dizer que desejamos experiências pelas quais possamos exercitar nossa faculdade de administração das formas físicas e o progresso proporcionado pela regeneração.

Uma vez que cada fator encontrado na roda horoscópica é uma coisa necessária na vida da humanidade, não existe fator que seja “errado” ou “mau”. A segunda Casa – como um capítulo de experiência e um nível de consciência – tanto quanto qualquer outra Casa é um símbolo do Espírito. Ela transmite essencialmente a consciência emocional, ou de desejo, pela qual a humanidade procura conseguir as coisas necessárias ao seu sustento. Dizer “Eu Tenho” é uma extensão da consciência da primeira Casa, a consciência de “Eu Sou”. O impulso subjacente do “Eu Sou” é sustentar a si próprio – é ser capaz de continuar dizendo “Eu Sou” e perpetuar essa consciência no mundo da forma. Para algumas pessoas, “meus filhos” ou “minha esposa” são ditos com o mesmo grau de consciência de posse que dizem “meu dinheiro”. Ambas as frases implicam em autoperpetuação e auto expressão.

A essência de qualquer fator astrológico se encontra na consideração do princípio espiritual inerente ao fator. Como a segunda Casa tem sua “espiritualidade” particular, vamos considerar três mandalas abstraídos da Carta natural ou arquetípica. (Esta é uma roda com os trinta graus de cada Signo na Casa apropriada, começando com Áries na primeira cúspide; os regentes astrais são relacionados às Casas e Signos de sua dignificação).

O primeiro mandala será uma roda em branco, exceto para as cúspides das quatro primeiras Casas que formam o primeiro quadrante. Os símbolos de Áries, Touro e Gêmeos são postos nas cúspides das três primeiras Casas, respectivamente. Nossas frases-chaves serão:

  • Primeira Casa: Eu sou uma consciência individualizada;
  • Segunda Casa: Eu desejo sustentar minha consciência nas dimensões físicas;
  • Terceira Casa: Eu aprendo como tornar possível esse sustento.

Esse quadrante de “colheita” representa nossos processos de “fincar raízes” em qualquer ciclo de evolução.

Vênus, Regente de Touro é Regente abstrato da segunda Casa; é o princípio da atração; seu significado relativo à nossa segunda Casa é o impulso de atrair para nós mesmos os meios de sustento material, ou atrair o fluxo de abundância material. De nenhum outro modo é mais evidente a afirmativa de que nós não ganhamos dinheiro. Na realidade fazemos algo em troca de dinheiro. Isso chama a nossa atenção para o arqui-princípio da vibração venusiana: equilíbrio por meio da troca. Visto como uma expressão desse arqui-princípio, o dinheiro é uma troca material entre as pessoas; não uma posse material; em outras palavras, é algo recebido como retorno de algo feito. Nesse ponto a essência do uso correto do dinheiro é o cumprimento perfeito do acordo mútuo. O Mandamento “Não furtarás” foi dado como uma regra de procedimento contra a tentação de se violar a expressão material de um princípio universal.

Para ampliar nossa apreciação da segunda Casa, vamos ligá-la agora à outra Casa que é regida abstratamente por Vênus através de Libra – a sétima Casa.

O mandala será: a roda de doze Casas; os símbolos de Touro e Libra nas cúspides das segunda e sétima Casas, respectivamente. O símbolo de Vênus em ambas as Casas; sombreie levemente essas Casas de modo que elas se destacam das demais na roda.

Temos aqui o arquétipo do mandala de Vênus – o retrato abstrato do foco de influência da deusa sobre a experiência de vida da humanidade. A segunda Casa ilustra o Princípio de Atração na consciência do ser humano para atrair material para o sustento próprio; a sétima Casa é a união de pessoas que se complementam mutuamente. Em outras palavras, a Vida, nos processos de relacionamento humano, alcança o equilíbrio mediante o intercâmbio amoroso entre os complementares.

Abstratamente, a sétima Casa identifica todos os pares dos que dão e dos que recebem. O empregado dá seu trabalho – o empregador dá o pagamento. A vida física do empregado é sustentada pelo uso do dinheiro que recebe; a vida da empresa do empregador é sustentada pelos esforços daqueles que trabalham para ele. Quando a mutualidade do bem é mantida em tais relacionamentos, todas as pessoas envolvidas se beneficiam, umas às outras através de trocas justas. Quando os princípios de qualquer dos fatores são violados, os resultados são desarmonia e desequilíbrio. Isso se evidencia em todos os planos – entre indivíduos, entre dois grupos, ou entre duas nações.

Devemos ter em mente que o dinheiro – nosso símbolo de posse material – é na realidade um “fluído”, no sentido de que alguma forma de troca entre as pessoas acontece em toda parte e a toda hora. É como o sangue circulando pelo corpo físico para sustentar a vida física. Cesse o fluxo de sangue e você cessará a expressão da vida individual. Cesse ou congestione a circulação de dinheiro na vida econômica e observe os resultados. Serão evidentes em qualquer lugar.

A circulação do sangue no corpo físico começa com “produção”; o “retorno” é feito quando o impulso inicial completa seu trabalho. A circulação do dinheiro entre as pessoas, começa, quando, primeiramente, algo é feito para que ele seja dado como pagamento. A humanidade, para funcionar com êxito financeiro, deve aprender a ter boa vontade para apresentar o melhor rendimento possível na qualidade do serviço a ser prestado. A sexta Casa forma o primeiro Aspecto de Trígono com a segunda Casa; a sexta Casa introduz a sétima, símbolo do abstrato da experiência de relacionamento.

O sucesso no ganho de dinheiro começa pela retidão mútua na consciência de troca e na consciência de serviço. A deficiência ou obscuridade dessas consciências garante eventualmente “problemas financeiros” na forma de remorso subconsciente, perda de confiança própria, desconfiança dos outros (lembranças de desonestidades passadas), avareza, e o tipo de extravagância que é toda “produção” sem levar em conta o equilíbrio da troca. Esses quadros financeiros negativos são resultados de ultrajes perpetrados no passado contra o Princípio de Intercâmbio Mútuo e são manifestações de desamor ao próximo. Esses quadros atuam como imãs para experiências negativas, perdas, limitações, e, até que sejam regenerados pelo princípio, asseguram a experiência contínua de negativos financeiros.

O mandala de Vênus é a ilustração astrológica do dito: “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. Não ao dinheiro em si; porque o dinheiro por si mesmo não tem poder. Mas quando a consciência de uma pessoa está “enraizada” na segunda Casa sua consciência de amor está enraizada no apego às suas posses.

Portanto, a alquimia do Amor no relacionamento dele com outras pessoas é impedida e por isso, com o tempo, se congestiona a tal ponto que qualquer coisa ou pessoa será vista como uma ameaça aos seus bens. Sua ganância, desconfiança, avareza, medo, etc. levam-no a criar imagens mentais muito deformadas das pessoas, e o leva automaticamente a afastá-las cada vez mais de si. O mal cresce a tal ponto que nossa consciência nos separa dos demais. Vemos, portanto que o dinheiro não é apenas um meio de troca material, mas pelo modo como é usado, dá uma indicação direta da consciência amorosa da pessoa.

A pessoa pode gostar mais de possuir bens do que amar e respeitar as pessoas ou em certos padrões de relacionamento – pais, esposa, filhos, etc. – pode exercitar uma bela consciência amorosa, mas nos negócios ter a consciência de um pirata; ou sua consciência pode estar integrada na finalidade de manter equilibrado e harmonioso o relacionamento com todas as pessoas. Ou servimos a Deus, exercendo o redentor poder do Amor, ou servimos a Mamon, escravizando-nos à ilusão de possuir as coisas. Enquanto essa ilusão dominar a consciência nós atrairemos experiências do tipo negativo e doloroso.

Tão logo a atitude correta para com outras pessoas e o relacionamento correto para com elas se torne o ponto focal da consciência, as correntes do poder do Amor iniciam um processo alquímico que liberta da escravidão de “ser possuído pelas posses”. A despeito do que qualquer outro faça, cada ser humano deve, no devido tempo, dar-se conta do valor espiritual do reto uso do dinheiro. Quando chega esse tempo, se torna manifesta a certeza de relacionamento correto entre as pessoas. A honestidade é um florescimento do coração humano pelo qual a consciência é capaz de interpretar as coisas da Vida pelo que elas realmente são. Um homem honesto ou uma mulher honesta veem às coisas como elas são quanto ao princípio e como expressões desses princípios. Elas, as pessoas verdadeiramente honestas, não precisam ser “legisladas” na ação honesta por leis ou pela ameaça de castigo; elas funcionam na consciência da troca respeitosa com outras pessoas, de todas as maneiras.

O processo envolvido na leitura astrológica pode ser enunciado deste modo: primeiro, uma sólida compreensão do significado abstrato ou espiritual de cada fator na Carta astrológica; então a aplicação da compreensão abstrata aos pormenores da Carta sob consideração. Isso porque cada horóscopo humano é uma variação do Horóscopo Arquetípico, que é, o Grande Símbolo Vibratório da entidade que chamamos Humanidade. Esse arquétipo é a roda de doze Casas, com os símbolos dos Signos colocados nas cúspides, começando com o grau zero de Áries na primeira, zero de Touro na segunda, e assim sucessivamente com os outros dez Signos e Casas. Completa-se o Arquétipo com a colocação dos Astros nas Casas e Signos de suas dignificações.

Cada fator é justamente tão importante quanto qualquer outro fator, uma vez que todos são expressões de consciência na encarnação. Todos são espirituais, todos são bons e todos são necessários. Todo astrólogo deve se fundamentar nessa compreensão, se deseja desenvolver a habilidade para perceber os potenciais espirituais delineados na Carta que estuda, assim como as causas e propósitos a serem descobertos.

Desvendar os segredos da segunda Casa é um dos mais significativos serviços que o astrólogo pode prestar porque a humanidade, em sua maior parte, vive escravizada ao desejo de posses. A consciência de posse é o nível primitivo do princípio da segunda Casa; o princípio em si é a capacidade administrativa – a responsabilidade do uso certo e das trocas justas. Quando um horóscopo é lido do ponto de vista das posses, o fator acúmulo é enfatizado – ou pode ser enfatizado – na Mente do nativo. O astrólogo não deve se descuidar da oportunidade de alertar nativo para o princípio. É o conhecimento do princípio que abre a consciência para as soluções e reorientações.

A faculdade da segunda Casa pode ser vista claramente ao se considerar o seguinte mandala: uma roda de doze Casas; os símbolos de Áries, Touro, Gêmeos nas cúspides da primeira, segunda e terceira Casas, respectivamente; uma linha reta liga as cúspides da primeira e quarta Casas, circunscrevendo assim as três primeiras Casas.

A segunda Casa transmite uma implicação emocional: o desejo de sustentar a vida física. A terceira Casa é mental: o processo de aprender como efetuar esse sustento. Nós sustentamos a vida física mediante o uso das coisas da Terra, não por nos apegarmos a elas. Em análise final, não podemos nos apegar a qualquer coisa física, mas o uso que fazemos das coisas físicas – inclusive o dinheiro – retrata nossa consciência de escravidão ao sentido de posse ou à liberdade íntima para usar as coisas da Terra com juízo e inteligência.

A leitura de qualquer Carta pode ser um assunto complicado. Classifiquemos os fatores que podem pertencer aos padrões da segunda Casa, considerando-os em sequência. Essa classificação envolverá a criação de vários mandalas de luz branca. Use somente as posições astrais por Signo e Casa, não os números dos graus; vamos tentar perceber o funcionamento do princípio por meio dos padrões da segunda Casa, e não queremos limitar nossa percepção pelo efeito, psicologicamente negativo, de impressionar nossas Mentes com os “maus” Aspectos.

Primeiro mandala: o símbolo do Signo da segunda Casa sobre a segunda cúspide; ponha o símbolo de seu Regente astral em seu correspondente Signo e Casa.

Esse é o “mandala essencial da segunda Casa” de qualquer horóscopo; ele transmite, pelo Signo na cúspide, a consciência da pessoa em relação ao dinheiro e às posses; a posição do seu Regente indica onde e em que capacidade essa consciência vai achar sua mais completa realização do poder de atrair os meios terrenos por meio do exercício da troca perfeita. Isso serve também para delinear o departamento de experiência que focalizará o melhor da consciência financeira da pessoa e, essencialmente, mostra até que ponto o nível espiritual de capacidade administrativa é expresso – ou pode ser expresso pela pessoa. Mostra também se a pessoa tende a expressar possessividade ou o uso da posse.

Segundo mandala (ou grupo): um mandala para cada Astro na segunda Casa e no Signo da segunda Casa. Ponha os símbolos dos Signos nas cúspides das Casas regidas por esses Astros.

Tais Astros focalizam a consciência de posse muito mais intensamente que qualquer outro padrão, pois o capítulo de experiência se sincroniza com o padrão da consciência. Esse mandala enfatiza muito fortemente as experiências financeiras; tais experiências podem incluir finanças em propriedades, finanças em investimentos – em suma, todo tipo de experiências que sejam focalizações da consciência financeira. A regeneração das Casas regidas pelos Astros depende, definitivamente, da regeneração da consciência de posse.

Terceiro mandala: um mandala para cada Astro no Signo da segunda Casa, mas na primeira Casa.

Esta é uma fase da consciência financeira em formação. O desenvolvimento pessoal – ou desenvolvimento da personalidade – nesta encarnação é preparar experiência financeira para o futuro. A habilidade financeira é vista mais com um ponto de avaliação pessoal do que como a faculdade de aquisição por si mesma.

Quarto mandala: Astros na segunda Casa, mas no Signo da terceira Casa: a educação e o desenvolvimento mental são focalizados por meio de experiências financeiras.

Disciplinas mentais vão ser encontradas em experiências relacionadas com o ganhar dinheiro. Em tal padrão a abordagem tende a ser colorida pela qualidade do desejo de obter e reter. Os terceiros e quarto mandalas são padrões de repercussão, pois os Astros assim colocados estão em Casas que precedem aquela a que estão relacionados por Signo. O quarto mandala nos informa que a pessoa ainda não está – até certo ponto – puramente integrada na mentalização abstrata ou impessoal; ela tende a “pensar em termos de seus desejos de posse e avaliação financeira”.

Esses quatro mandalas focalizam os padrões de experiência da segunda Casa. O desenvolvimento harmonioso desse fator, em nossa experiência terrena, fica demonstrado a ser de enorme significância para o crescimento anímico, quando recordamos que a segunda Casa é o primeiro passo na formação do Grande Trígono do Elemento Terra. A base desse Trígono é a horizontal que liga a cúspide da segunda Casa à cúspide da sexta Casa; a implicação simbólica é que o Princípio do Serviço Perfeito (uma fase da consciência impessoal) depende diretamente do exercício justo da consciência monetária. O ápice do Trígono de Terra é a décima Casa – a Sociedade e suas expressões aperfeiçoadas como uma entidade universal. Os defeitos da segunda e da sexta Casa asseguram defeitos na décima. A frase “Capital (segunda Casa) versus Trabalho (sexta Casa)” é tão negativa quanto qualquer coisa pode sê-lo. Deve se converter “Capital e Trabalho”, funcionando juntos na troca perfeita entre todos os fatores para que o ápice de qualquer sociedade ou civilização possa alcançar o melhor. A regência natural – ou abstrata – da décima Casa por Saturno e a exaltação desse em Libra – Signo regido por Vênus, e que também abstratamente rege a segunda Casa – é algo sobre o que todos nós podemos meditar. Ela ilustra o sentido essencial da palavra civilização: “Relacionamentos civis entre todas as pessoas em seus procedimentos com as coisas terrenas e em todas as trocas pertinentes a estas”.

Não obstante o Signo na segunda cúspide e os Astros envolvidos, devemos ter em mente que Vênus é o símbolo arquetípico da segunda Casa, como um fator de consciência espiritual. Nesse ponto é apropriado dizer que os Regentes naturais, ou abstratos, dos Signos e Casas condensam – ou concentram – o sentido esotérico das Casas como capítulos de nosso desenvolvimento. Por conseguinte, nossa consideração sobre a leitura da segunda Casa não pode ser completa sem estudarmos as posições e padrões de Vênus; além disso, devemos intensificar nossa consciência do significado de Vênus como o “Princípio do Equilíbrio” (Harmonia e Equilíbrio) mediante as trocas.

Quinto mandala – o mandala de Vênus: Touro na segunda cúspide, Libra na sétima cúspide.

Estude esse mandala girando a roda de tal maneira que cada cúspide, por sua vez, se torne o Ascendente. Observe como os dois Signos – formando o Aspecto de 150º – se relacionam à roda como um todo nessas diferentes posições. Touro e Libra compõem a “consciência do dinheiro” e a “consciência de relação”. O princípio, conforme dito antes, é “Equilíbrio através da mutualidade de dar e receber” – o Princípio do Matrimônio. Medite sobre o mandala de Vênus de qualquer Carta que lhe peçam para interpretar do ponto de vista financeiro, para chegar às raízes da consciência básica de troca do nativo. As posições de Vênus por Casa e Signo – não importando seus Aspectos – dar-lhe-ão um indício sobre as razões esotéricas para a manifestação de falta ou insuficiência de dinheiro. Os Astros que afligem Vênus devem ser regenerados se a raiz da consciência de pobreza tiver de ser removida. As aflições a Vênus mostram somente como a pessoa, em suas encarnações anteriores, expressou desequilíbrio e desarmonia em suas relações com outras pessoas. As condições referentes à segunda Casa são especialmente para esta encarnação, mas Vênus é o símbolo arquetípico do relacionamento certo em todas as fases e em todos os planos. Ajude o nativo a se tornar mais cônscio da verdade desse princípio. Fazer isso é uma de suas maiores responsabilidades.

Concluindo esta exposição: utilize as palavras-chave espirituais dos Astros quando eles expressem as condições de regência ou ocupação da segunda Casa; isso assegura a percepção do propósito esotérico do dinheiro nesta encarnação de nativo. Não o enfraqueça tomando decisões financeiras por ele – fazer isso é uma violação do seu próprio Princípio de Serviço. Alerte-o para a sua própria consciência do Princípio, e encoraje-o a tomar o seu próprio caminho (financeiro), seguir nos caminhos do exercício de sua inteligência financeira o melhor possível, com boa vontade, honestidade, e perfeito intercâmbio com todas as pessoas.

 

CAPÍTULO VII – A QUINTA CASA

A quinta Casa do horóscopo abstrato é o segundo ponto de Quadratura do Signo Fixo e do Signo de Fogo. A descarga de seus potenciais proporciona uma canalização muito grande para o avanço espiritual.

A quinta Casa está abaixo do horizonte – no hemisfério norte – e à direita da vertical da roda, a oeste. Ela é a Casa central do quadrante iniciado pela quarta Casa; esse quadrante é chamado – ou pode ser tido como – o setor da família. Estando abaixo do horizonte, a quinta Casa fica no hemisfério que pertence à consciência do eu separado. Situando-se a oeste, ela está no hemisfério “predestinado” – aqueles capítulos de experiências que a Vida nos traz para que as vivamos da melhor maneira possível; nós não exercitamos autodeterminação nesses padrões quanto o fazemos – ou podemos fazer – com aqueles do hemisfério leste.

Os quatro Signos Fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário) e suas correspondentes Casas (segunda, quinta, oitava e décima primeira) são Signos e Casas de recursos e sustentação pelos quais são “alimentados” os quadrantes iniciados pelos Cardeais. A primeira Casa inicia a consciência de “EU SOU um indivíduo”; a quarta Casa diz: “EU SOU um fator individual em um padrão de família, herança e aparência”. Os recursos possibilitados pela quinta Casa capacitam a Humanidade a convencer-se de que: “Eu tenho o poder de contribuir para a corrente da vida por meio do exercício de minha consciência de amor e para sustentar minhas criações pelo meu próprio recurso de poder amoroso”. O Sol, que rege abstratamente a quinta Casa do Signo de Leão, é o símbolo essencial do Poder de qualquer classe, exatamente como, de modo literal, o Sol é a fonte irradiante de vida para o nosso Sistema Solar, sua criação. Assim pela ação desse recurso nós somos impelidos a liberar energias fornecedoras de vida mediante o exercício do amor paterno e proporcionamos encarnação a outros Egos que nos chegam como filhos. Nós também damos vida às expressões impessoais na criatividade nas Artes. Biológica ou impessoal, amando nossos filhos ou amando a nossa criatividade e o trabalho a que nos devotamos, todas essas liberações são expressões do aspecto criador do poder do amor.

Em virtude dos recursos do imenso potencial significado pelos quatro Signos Fixos e suas Casas, os padrões não regenerados pelos envolvidos implicam numa correspondente intensidade do destino maduro. A palavra-chave essencial implicada em um Leão não regenerado é: uso indevido do poder por meio do exercício do egotismo (por “Leão não regenerado” se entenda: padrões de fricção concernentes a Astros em Leão ou ao próprio Sol, onde quer que esse se localize na Carta). O símbolo que usamos para o “aspecto Quadratura” – um quadrado com base horizontal – quando aplicado à roda fica de tal modo que os ângulos coincidem com os pontos médios da Casas fixas; o segundo desses – o ponto médio de Leão – é o ponto de convergência para cima quando percorremos a roda no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio com início no Ascendente.

Nessa figura somos alertados da importância de se regenerar a quinta Casa; até que o potencial seja regenerado, a consciência permanece fixa nos níveis da posse e do egotismo – nas segunda e quinta Casas, ambas abaixo do horizonte. Se pudermos imaginar a Quadratura fixa sendo “detida” na sexta cúspide e tendo suas correntes “cortadas”, as energias que – simbolicamente – tentassem subir para o quadrante do relacionamento, acima do horizonte, seriam frustradas, agitando-se violentamente para frente e para trás dentro das cinco primeiras Casas, e o EU SOU da primeira Casa permanece fixo na expressão limitadora do desejo de posses e do desejo de poder; as posses se convertem em objetos da consciência de amor e as pessoas que deveriam ser amadas e sustentadas pelo amor se convertem em objetos da consciência de poder, para serem dominadas e utilizadas como o são as posses, inanimadas. Esse padrão de frustração apresenta um grande símbolo: a história da desumanidade do ser humano para com a humanidade; o aprisionamento do Ser humano por si próprio.

Quando o ser humano identifica suas posses como símbolo de poder, e as crianças mais como objetos de poder do que de amor, vemos a consciência do egotismo atropelando por meio da experiência humana. Essa consciência, ativada pelas quatro primeiras Casas e sustentada – se podemos chamar a isso sustentação – por níveis não regenerados da quinta Casa, ilustra de forma simbólica o conceito de dinastia: grupos de indivíduos unidos vibratoriamente por meio de um padrão de família ou de um padrão nacional, os quais aderem a um modelo de família como uma expressão de poder e egotismo. O indivíduo e seus direitos essenciais são desprezados – na melhor das hipóteses, um penhor – na manutenção desse plano fixo, rigidamente organizado. O matrimônio é baseado na posição, na herança e nas posses; a religião é uma conformação a rituais e dogmas pela qual o poder e a supremacia do padrão são continuamente enfatizados; a educação é um instrumento para a modelagem das mentes, consoante a conveniência do plano. Com efeito, a terceira Casa, nesse símbolo, está empalada entre a primeira Casa e a quinta Casa. Não havendo liberação além da quinta Casa, a educação permanece simplesmente como uma coisa de rotina, tradição e repetição de uma organização intelectual limitada. A história se repete uma e outra vez; todos têm atravessado fases em que funcionamos como – e nos sentimos como – cifras em uma família ou padrão nacionalista; isso é realmente uma expressão da consciência tribal da humanidade. Como tal isso preenche uma necessidade evolutiva e, portanto, é bom. Contudo, e no devido tempo, deve ser superado para que a raça evolua. Aqueles que reconhecem, até certo ponto, seus próprios poderes, mas permanecem não regenerados, são os que agem como tiranos, déspotas e autocratas de famílias, grupos e nações; são os que “dão as ordens” e os que “manejam o chicote”. Aqueles que permanecem nas quatro primeiras Casas, e ainda não se deram conta de seus poderes, são as vítimas dos outros; são os supersticiosos e os crédulos, são os indivíduos servis e os escravos. Eles vivem em sua consciência superficial, em seus desejos e necessidades físicas, em sua subserviência a qualquer coisa que receiem ou que não entendem. Resumindo, eles ainda não se conscientizaram de que são recursos de poder e de autodeterminação. Estão escassamente cientes do potencial individual. Eles existem como fatores de um padrão superabrangente que existe como um modelo para suas experiências.

Quando pessoas chegam ao ponto de se sentirem insatisfeitas, inquietas e aborrecidas com os padrões cristalizados em que vivem, e desejosos de encontrar uma liberação mais satisfatória e mais ampla de suas energias, então estudarão a seu horóscopo visando analisar os potenciais da quinta Casa. Tal análise deve naturalmente incluir um estudo do Sol, porque o Sol é o símbolo abstrato da habilidade para a autodeterminação. Muitas pessoas se cristalizam porque situam suas vidas em canais que elas próprias não querem realmente; em outras palavras, elas se desviam para a artificialidade do padrão e, sendo alimentados com seu próprio erro anseiam voltar para seus “Eus” verdadeiros e começar a viver construtivamente e felizes consoantes os melhores potenciais de suas Cartas. Algumas dessas pessoas se desviam por causa de uma reação de medo, ou de subserviência, a uma vontade mais forte que visa forçá-las a errar, devido à ignorância ou a uma falta de simpatia na percepção de suas necessidades. Pode-se dizer que a autodeterminação é um aspecto da coragem – a quinta Casa é uma autoexpressão respaldada pelas qualidades regeneradas da primeira Casa. Contudo, quando o propósito é eletrificado na consciência, ocorre uma liberação de esperança, de coragem, de entusiasmo renovado, e então a pessoa sente que verdadeiramente “nasceu de novo”. Ela deve saber o que quer fazer de sua vida, e se continua a cumprir seus padrões de responsabilidade tem todo direito de determinar seu avanço para o alto. Ao lidar com uma Carta semelhante faça mandalas de cada Aspecto do Sol; determine até que ponto a pessoa pode redirecionar um novo curso de vida, e ajude-a a entender por que ela foi impelida a se desviar do caminho certo, para que possa enfrentar, no futuro e com maior êxito, os desafios de seus aspectos de consciência.

Em relação aos padrões de ficção que envolvem a quinta Casa, um em particular pode ser tratado aqui: a ajuda que o astrólogo, como amigo filósofo, pode prestar a pais chocados pelo que talvez seja a forma mais patética de sofrimento humano: sua reação de dor ao passamento de uma criança amada ou de um bebê amado. Todos os serem humanos encarnam por meio de seus pais, especificamente, pela Lei de Simpatia Vibratória. As pessoas que, como marido e mulher, convidam amorosamente outro Ego para encarnar podem ter atrás de si uma história de possessividade e dominação paternal sobre seus filhos no passado. A Mente consciente[6] pode não reconhecer isso – e geralmente não reconhece – mas se uma nova encarnação é “interrompida”, os pais, sob o ponto de vista filosófico, não precisam sentir que a sua experiência de pais foi frustrada. Essa transição foi feita pela Lei, exatamente como o foi a encarnação.

A explicação oculta é que muitos Egos encarnam por pouco tempo para restabelecer contato com esta dimensão, isso para que seu avanço possa se efetuar mais completamente. Tais crianças vêm a pais que, por alguma razão íntima, devem aprender a deixar ir. Em algum lugar no passado houve demasiada subjugação como uma expressão de autoridade ou poder dos pais, e talvez por isso o progresso da criança no passado tenha sido inibido ou frustrado. Além disso, quando um Ego efetua a transição de maneira súbita ou violenta e o corpo físico é destruído, a pessoa pode voltar a estabelecer seus elos, e então, não pretendendo permanecer por um período inteiro de experiência de encarnação, prossegue em seu progresso. Se você puder, encoraje uma dilatação de ponto de vista nas Mentes de tais pais; anime-os a renovar, se possível, a expressão de seu poder de amor em alguma forma. Estimule-os sobretudo a neutralizar tendências para prolongar a dor, o pesar tristonho e desintegrador, mostrando-lhes que enquanto estiverem encarnados não precisam suprimir todas as expressões de seu potencial de amor. Em outras palavras, tente ajudá-los a manter viva e expressiva a consciência deles respectiva quinta Casa. Manter viva a quinta Casa significa manter vivo o coração.

No mandala dos Signos de Fogo liguemos as cúspides das primeira, quinta e nona Casas, formando um triângulo equilátero, a linha “ascendente” que é a vertical da quinta à nona.

Quando o aspecto de poder da quinta Casa é ampliado pela consciência de amor o emblema simbólico vai da potencialidade ao regozijo. A sugestão nesse ponto é que nós consideramos o regozijo muito mais significativo que um simples sentimento – geralmente temporário – de bem-estar ou de satisfação. O regozijo é um estado de espírito em que – ou pelo qual – o Eu Superior da Humanidade é capaz de expressar sua liberação construtiva a despeito das condições e assuntos externos, porque alegria é um dos atributos da consciência de amor. Ela possibilita a liberação de poder para maior bem de todos os envolvidos porque o amor clareia as percepções para uma consciência do bem inerente a todas as pessoas e do melhor potencial e significado de qualquer experiência.

O melhor de Leão – e da quinta Casa – é o “coração alegre”, o entusiasmo irradiante e transbordante de espíritos elevados que animam a vida humana – e os relacionamentos – de amabilidade, alegria de viver e encanto. É o emblema do prazer e da magnificência pelo qual a consciência do ser humano expressa sua compreensão de amplitude – interna e externa. É a “Casa dos hobbies”, já que um hobby, no sentido verdadeiro da palavra, é o escape criador de um grande interesse, um querido passatempo, uma atividade recreativa e que se harmoniza. Uma nova orientação psicológica pode ser dada às pessoas que estagnaram por demasiada preocupação com a rotina, com o cumprimento de responsabilidades e com as coisas práticas. Todas podem achar uma canalização para a liberação de impulsos criativos e recreativos, se desejam muito organizar devidamente suas vidas. Repetidas vezes a psicologia tem provado o poder de um hobby vibracionalmente sincronizado para infundir na vida humana uma nova consciência de alegria, de entusiasmo e de bem-estar, em todos os planos.

A primeira Casa é autoconsciência; a quinta Casa é auto expressão criadora; a nona Casa é o aspecto criador de sabedoria destilada da experiência. A primeira Casa é o ser (Eu Sou); a quinta Casa é o ser alegre (Eu Amo) a nona Casa é o ser sadio (Eu Compreendo).

A quinta Casa é o amor em sua expressão mais particularizada. É uma irradiação da consciência individual, que é uma liberação de poderes para a pessoa de quem eles emanam, e um calor e estímulo para aqueles que o recebem. A quinta Casa é tradicionalmente chamada de “Casa dos filhos”. Essa interpretação, contudo, é um derivado. Na Carta de um indivíduo específico a quinta Casa é o emblema do seu potencial de amor criador: ela pinta o quadro de sua consciência dos filhos como um fator em sua consciência de relação – é seu potencial como um amoroso dador de vida.

O Amor pelo qual nós procriamos outros Egos é nosso nível dessa expressão de Amor Divino pelo qual um Sistema Solar é encarnado. Daí poder-se ver por que o egotismo da parte dos pais e daqueles que ensinam pode ser um agente mortífero para as vidas dos filhos e dos alunos. O egotismo é retroativo; retrocede violentamente para os níveis da autoglorificação e do interesse próprio. O Amor se interessa pelo verdadeiro bem-estar e progresso daqueles a quem dá vida. Kahlil Gibran[7] se refere aos pais que amam verdadeiramente como “arcos dos quais partem flechas” – para continuar seu desenvolvimento e cumprir seus próprios propósitos e destinos.

Vamos apreciar, mais que nunca, essa expressão de Amor que torna possível nossa encarnação. Aprendemos sobre amor de pais daqueles que o foram antes de nós, e reconheçamos que nosso avanço se tornou possível porque, ao liberarem amor, eles aproveitaram a oportunidade para liberar vida. E devemos reconhecer também que quando nós, sejamos pais ou não, criamos uma beleza maior para todos, estamos liberando nossos recursos de jovialidade; fazendo isso, pelos processos de vibração simpática, nós realmente criamos a alegria na consciência de todas as pessoas que entram em contato conosco. Queremos viver a vida em termos de alegria, corajosa, generosa e formosamente. Para isso devemos expressar o centro do coração e viver amorosamente.

 

CAPÍTULO VIII – A OITAVA CASA

A experiência da transição da dimensão física para os planos invisíveis é uma experiência que a humanidade, em sua maior parte, considera como uma sensação de ansiedade, medo e, em certos casos, de absoluto terror. Em nenhuma fase do trabalho astrológico se exige do astrólogo ser mais sensível, mais impessoalmente compadecido, e mais verdadeiramente simpático que naquelas ocasiões em que é chamado para interpretar um Mapa Astrológico de alguém cuja reação de abatimento pela transição de um ser amado neutralizou temporariamente sua capacidade de prosseguir. Uma vez que cada Casa na roda tem seus princípios básicos – como um padrão de experiência – este assunto é apresentado na esperança de que possa ajudar a todos os estudantes e praticantes de astrologia a alcançarem uma consciência mais clara da mais oculta das Casas, e assim aumentar sua capacidade de lidar com pessoas que estão “palmilhando caminhos escuros”.

O princípio da oitava Casa é regeneração; e cabe neste ponto uma palavra de esclarecimento.

Certo homem que o autor conhece demonstrou magnificamente o poder do ponto de vista regenerador diante de uma separação avassaladora. Sua esposa terminou esta encarnação no momento em que se encontrava no auge da fama e da prosperidade, amada e respeitada por muitas pessoas. Poderíamos dizer que ela tinha tudo para viver; ainda assim a Vida a levou deste capítulo sob circunstâncias drásticas e calamitosas. Há pouco mais de um ano o Mapa Astrológico dessa excelente mulher foi posta à disposição do autor, que visava desvendar o segredo daquela experiência especial de transição. Focalizando a análise do Mapa Astrológico nos padrões das sétima e oitava, e décima segunda e primeira Casas, chegou a esta conclusão: acima e além de qualquer fama mundana que tenha alcançado, essa mulher foi verdadeiramente uma grande alma que, num gesto de serviço amoroso, escolheu fazer sua transição de maneira violenta para que uma grande redenção pudesse acontecer. É muito possível que esse feito heroico lhe tenha proporcionado a possibilidade de grandes realizações no futuro. Este Mapa Astrológico é um maravilhoso exemplo do elo entre padrões de relacionamento do passado e seu cumprimento na presente encarnação. O desafio à coragem e integridade de espírito do marido foi enfrentado com galhardia e, em consequência, ele foi levado a um gesto de serviço que, tendo sido cumprido, já provou ser uma fonte de regeneração e de renovação por seu notável trabalho.

Para obter a essência da oitava Casa prepare o seguinte mandala: uma roda em branco com doze Casas; numere a primeira, a segunda, a sétima e a oitava Casas; realce o diâmetro formado pelas cúspides das segunda e oitava Casas.

Isto é uma ilustração simples da oitava Casa e de sua polaridade, a segunda Casa. Gire a roda de tal maneira que a oitava cúspide situe-se no Ascendente; desse modo a sétima Casa aparece como a décima segunda.

Os significadores essenciais da décima segunda Casa de qualquer coisa são:

  • O elo entre a encarnação passada e a presente.
  • A necessidade de redenção que impele à presente encarnação.

Assim, nessa perspectiva, o significado da oitava Casa da presente encarnação é visto como a regeneração das imagens de desejo, que são as memórias ocultas de reações às experiências matrimoniais e de relacionamento na encarnação passada. Essas imagens de desejo têm suas raízes nos instintos sexuais e na consciência de posse, que, no relacionamento matrimonial ou sexual, alcançam um pico de intensidade maior que os alcançados mediante qualquer outra fase de experiência.

Em referência ao mandala original: a polaridade ou posição criada pelo relacionamento mútuo entre a oitava e segunda Casas pode ser interpretada deste modo: o inimigo (Aspecto de Oposição) da regeneração (oitava Casa) é o apego (fase primitiva da segunda Casa); o inimigo (Aspecto de Oposição) do princípio administrativo (segunda Casa) é o fracasso em regenerar o desejo (oitava Casa negativa). O princípio administrativo é o “uso certo dos materiais” – entrada e saída proporcionais, equilibradas; apego aos materiais é: tudo só entrando e nada saindo; um estado de desequilíbrio pelo qual a consciência se torna, no final, “presa à Terra” por sua preocupação com valorizações materiais.

Os negativos de ambas as Casas “se alimentam reciprocamente”. Desejo sem Amor, sexo sem fruição, permanecem fixos na possessividade; o desejo intenso por dinheiro e coisas, sem uma saída equilibrada pela troca, congestiona as imagens da entrada, resultando isso em um tipo de paralisia, devido às demandas sempre crescentes da natureza de desejo. A pessoa amada é considerada como uma posse; o enfoque no dinheiro ou nas posses com a exclusão do relacionamento pessoal correto neutraliza, gradualmente, o potencial de amor, e, em qualquer dos dois casos, o resultado é congestão, a qual, por sua vez, cria todo tipo de males em todos os planos da consciência humana. Os poderes simbolizados pela oitava Casa são os que produzem a descarga dessas congestões da natureza de desejos. Essa descarga é simbolizada pela vibração dinâmica de Marte: ação construtiva; através de Vênus: mutualidade.

A transição que costumamos chamar de morte é, na realidade, uma expressão do Princípio de Regeneração em larga escala que, por sua vez, é a essência da espiral, para frente e para cima, de qualquer expressão da Vida. Quando no estado de saúde, nossos Corpos são continuamente renovados e regenerados; a congestão – ou “descontinuidade” – é algo que resulta em doença. No plano da reação emocional, congestão é qualquer reação que resulte na incapacidade ou não inclinação da pessoa para se manter adaptável, sensível, receptiva e entusiástica para as novidades das experiências. Se nos apegamos, em sentimento, às coisas que já não participam de nosso viver construtivo, nós nos congestionamos de algum modo. Contudo, se nos mantemos receptivos e sensíveis ao significado das novidades, acolhemos o advento de outros moldes às nossas vidas, nos quais podemos despejar nossos potenciais.

A congestão, como uma reação à transição de um ser amado, resulta em manifestações tais como a autocompaixão, pesar mórbido sobre o passado, ressentimentos e tendência para o auto isolamento. Isso, por sua vez, acumula as energias em montanhas de pó de misantropia, desespero, tendência para fugir e confusões neuromentais. Quando nos apegamos àquilo que a vida provou ser obsoleto, nós não estagnamos, mas retrocedemos. Ou estamos com a vida na geração e regeneração, ou estamos contra ela, na degeneração congestionada. A transição da pessoa que nativo amava não é o problema do nativo; o problema dele é destampar as fontes de poder interno que resultarão na neutralização de seus padrões de reação declinantes. Uma parte importante de sua responsabilidade é ajudar tal pessoa a compreender que “a morte não existe, só existe a vida”. Fixe em sua consciência a “existência eterna” da vida e a importância de nossa responsabilidade de nos adaptar às mudanças de circunstâncias e liberarmos o melhor de nossas possibilidades de prosseguir.

Converse com essa pessoa de maneira tal que ela seja completamente uma dadora de vida; nunca prediga a morte nem mesmo tente descrever os meios pelos quais ela pode ocorrer. Não se deve satisfazer a curiosidade mórbida sobre esse assunto (De qualquer modo, e sob um ponto de vista puramente astrológico, não é sábio tentar esse tipo de interpretação; o mesmo padrão indicativo da morte indica também o despontar do novo, transmutado do velho durante a encarnação).

Você, como astrólogo, deve ter uma perspectiva clara, limpa, sobre a transição e seus significados, se quiser ajudar de algum modo. Não pode permitir que o medo da morte se aloje em seu subconsciente, se você vai se encarregar de “lançar Luz na consciência anuviada de alguém”. Firme-se completamente na consciência da continuidade eterna da vida, e se sempre experimenta uma tendência a reagir com comoção, medo ou ansiedade diante do quadro de uma morte, exercite-se em neutralizá-lo imediatamente pelos meios mais eficientes (filosóficos e psicológicos) ao seu dispor.

Podemos efetuar outra abordagem à oitava Casa se percebermos que ela fornece uma chave para solucionar todos os tipos de problemas que podem estar indicados no Mapa Astrológico. Um problema resulta de energia mal dirigida; em virtude da intensidade de qualidade implicada no padrão da oitava Casa, um pequeno redirecionamento, nesse ponto, poderia ter um notável efeito na reorientação de quase todas as outras condições negativas indicadas no Mapa Astrológico. De fato, todos os nossos padrões de relacionamento são agora sequências do passado e estão, em última análise, arraigados em nossa consciência de desejos, desde muitas encarnações de experiências de relacionamento. Nossos desejos alcançam o teclado inteiro: autopreservação e automanutenção; obsessões de todos os tipos; poder sobre coisas materiais e sobre pessoas; gratificação sexual e possessividade mútua de duas pessoas entre si; propriedade e prestígio perante o mundo; fama e renome, e assim por diante – todos esses quadros de desejos e as impressões e memórias nos têm impelido a padrões específicos de relacionamento com outras pessoas o tempo todo; congestões em quaisquer desses pontos são “mortes internas”, das quais temos precisado nos libertar, de um modo ou de outro.

Há algo no coração humano que busca, continuamente, por iluminação, de modo que quando o astrólogo precisa lidar com um “problema de aflição” ele reconhece que a sua primeira e principal responsabilidade é estimular a capacidade da pessoa desolada para a coragem e para a adaptabilidade inteligente. Quando nos damos conta de que a oitava Casa também é chamada a Casa da experiência do sono é que reconhecemos o valor do nosso período diário de sono como um meio regenerador. Melhor que continuar no miasma do medo, enquanto enfrenta o “desconhecido” (que, casualmente, tem sido enfrentado muitas vezes por todos nós no passado) é qualquer pessoa desolada buscar instintivamente compreender seu padrão de experiência de modo mais claro do que já havia conseguido antes; ela de fato continuará em sua busca até encontrar a resposta, ou nesta encarnação ou na décima a partir desta. Por conseguinte, ajude-a a ver a transição do seu ente querido sob a luz mais misericordiosa possível; relembre-o das ocasiões em que estava tão exausto, pelo esforço físico ou pela dor, que desejava umas poucas horas de sono mais que todo o ouro da terra. Então lhe apresente a imagem da consciência do ente amado (que tem se manifestado por milhões de anos) como precisando de algumas horas de sono, antes de retomar a próxima fase de experiência. Faça sua consciência conhecer a “morte” como uma fase de experiência rítmica, natural e necessária. Aí volte sua atenção para a oitava Casa do nativo, porque ele ainda está aqui e deve prosseguir em sua vida. Sugere-se que você “ilumine de branco” o regente da oitava Casa dele e, consequentemente, a posição desse regente por Signo e Casa. Isso é sugerido porque se trata de sua oportunidade de alertá-lo para o melhor de suas possibilidades de prosseguir – e você deve circunscrever esta parte do Mapa Astrológico dele do modo mais abrangente possível.

Em tais interpretações, não cometa o erro de inserir sua própria reação pessoal à interrupção do padrão de relacionamento dele. Reconheça que uma mulher pode amar a seu marido acima de todas as outras pessoas, acima até de seus filhos; um homem pode amar a sua mãe mais que a qualquer outra pessoa, mesmo sua esposa. Lembre-se de que não importa quão profundamente o nativo amava o falecido, a transição desse último proporciona mais espaço na vida do nativo para ele estender seus potenciais de amor em outras direções, e é evidente que tal extensão é necessária nesse momento. Estude os Aspectos dos eclipses solares formados antes da transição; se o eclipse ocorreu em Conjunção com um Astro, isso indicará que uma nova prova severa se manifestará entre esse eclipse e o próximo. Mas lembre-se também de que o eclipse anterior pode ter formado um Trígono ou um Sextil com algum Astro no Mapa Astrológico do nativo; isso promete uma “experiência nova” muito significativa. A transição pode ter tornado possível essa novidade de experiência.

Os Aspectos da Lua progredida no momento da transição (no Mapa Astrológico do nativo) devem ser observados bem de perto. O que ele põe em ação, durante um Aspecto da Lua progredida, produz fruto muito significativo. Se sua reação à transição o impele à ação retrógrada, ele imprime na consciência uma impressão desse Aspecto mais profunda que nunca. Portanto, nós afirmamos novamente: as pessoas devem ser encorajadas a se libertarem em ações construtiva.

 

CAPÍTULO VIII – A RETROGRADAÇÃO PLANETÁRIA

A retrogradação planetária, conforme estudado em astrologia, é uma atividade periódica, rítmica, que ilustra o grande princípio evolutivo de recapitulação.

No uso mundano corrente, retrogradação é considerada sinônima de retrocesso, que implica um processo de declínio, degeneração, e seguindo para a inércia, devolução ou contra evolução. Essa interpretação, contudo, é erradamente usada quando aplicada à vida dentro da forma ou ao movimento orbital dos Planetas. É verdade que, quando um veículo da manifestação cumpriu o propósito para o qual foi criado, sua substância, forma e função orgânica entram num processo de retrogradação; a retirada das forças de Vida inicia um processo de desintegração do veículo. Mas a essência da Vida, que não pode morrer ou se desintegrar, aguarda um veículo novo e adequado a sua expressão e experiências evolutivas adicionais.

Quando observamos e consideramos, em sua inteireza, o grande princípio de recapitulação reconhecemos que ele é um padrão ou método pelo qual a Natureza garante a perfeição do processo evolutivo. Aquilo que foi alcançado em uma etapa de um dado ciclo é recapitulado ou revisado na retomada da nova atividade para que a integridade completa dos poderes orgânicos possa ser estabelecida. Quando a recapitulação se completa, aquilo que foi estabelecido se torna a base daquilo que está por se estabelecer; desse modo, o programa evolutivo do organismo ou entidade se torna contínuo, sem embaraços ou interrupções. Esse princípio é a grande segurança da Natureza para um processo evolutivo completo e perfeito. No plano da mentalidade humana, esse princípio se revela na faculdade da memória; no plano do funcionamento orgânico ele se revela no padrão cíclico do nascimento, crescimento, maturidade e transição a que se submete toda entidade evoluinte em cada encarnação ou ciclo de manifestação. Max Heindel faz a mais maravilhosa exposição deste princípio em seus escritos sobre os grandes períodos que marcam a involução e a evolução do nosso Planeta e da vida que ele nutre. No começo de cada novo Período, o Período anterior é recapitulado para que a integridade da função possa ser estabelecida.

Na atividade da oração o princípio de recapitulação é defendido por muitas escolas espirituais. Repassar na memória os pensamentos, palavras e atos do dia que se finda não significam que o aspirante anda para trás ou retrograda; ele repassa honestamente suas experiências em pensamentos, palavras e atos para obter a essência do valor espiritual. Ele analisa, compara e avalia não somente seus pensamentos, palavras e atos, mas também seus motivos; quando se dá conta de que um motivo foi impuro, ele expulsa esse motivo de sua consciência pela percepção real; a clareza da percepção real tornar-se-á alquimicamente uma força do Espírito pela qual, no futuro, ele evitará repetir isso e agir com essa particular motivação. Ele retrocede ao fazer sua revisão espiritual? Pelo contrário, ao fazer da revisão uma coisa construtiva ele avança, mesmo que a recapitulação possa incluir um exame minucioso de algo muito desagradável – até repugnante – à sua delicadíssima sensibilidade. A palavra “reconhecimento” significa “conhecer de novo”, de forma que o reconhecimento poderia muito bem ser identificado como o propósito básico de todos os processos de recapitulação. O reconhecimento, pela recapitulação, é garantido pela Natureza para todos os planos, modalidades e graus de consciência evoluinte.

De início, um ponto deve ser esclarecido. A astrologia não ensina que os Planetas de nosso Sistema Solar retrocedem de vez em quando. A ação retrógrada dos Planetas é um movimento periódico aparente devido à rotação axial e orbital da Terra – não é real. Todavia, em virtude das mudanças relativas de observação – relativas no sentido de que os Planetas na astrologia geocêntrica são observados zodiacalmente da Terra, em vez de o serem do Sol – cada um dos Planetas parece recuar, periodicamente, em seu percurso zodiacal, permanecer estacionário por certo tempo e então avançar novamente pela área retrocedida e daí para frente em nova área.

Como a Terra e cada Planeta têm a sua própria distância e velocidade orbital em torno do Sol, esses períodos de retrogradação e de estar estacionário obedecem a um plano rítmico de sequência regular não diferente, por exemplo, dos períodos humanos de atividade consciente no estado de vigília e de atividade subconsciente durante o sono, ou do plano rítmico das mudanças de estações, através dos anos. Devemos lembrar que todo princípio ilustrado pela astrologia tem suas correspondências na vida do universo, pois este é a criação da Consciência e a astrologia é o estudo simbólico da Consciência. A imagem de cada fator em um horóscopo natal humano é uma imagem do Princípio, ou Lei, revelado; se uma encarnação adicional se faz necessária para a evolução de um ser humano, então a encarnação é submetida às leis entendidas como Espaço e Tempo. A regulagem da hora, data e local da encarnação, que pode incluir o registro de um Planeta “retrógrado” no horóscopo natal, diz ao intérprete algo sobre a evolução de consciência da pessoa, assim como o fazem seu Signo Solar, Signo Lunar, Ascendente ou qualquer Aspecto astral.

O mais pleno significado do Princípio de Recapitulação pode ser coletado considerando-se que a evolução da consciência é representada como um processo em espiral. A mudança é a única coisa constante a ser vista através da vida e a espiral representa o composto do “para o alto, para frente e sempre” que caracteriza todos os processos da vida. A involução, que é a necessária fase preparatória, tanto quanto a evolução, é uma parte do “para o alto” – exatamente como os estudos, lições e exercícios são a fase preparatória da formação de um talento artístico ou profissional. Em qualquer linha de esforço, ou expressão de vida orgânica, os programas e objetivos involutivos e evolutivos sempre contêm áreas periódicas de recapitulação, mas o começo da primeira recapitulação é sempre uma extensão do ponto inicial e cada recapitulação seguinte é uma extensão das anteriores que lhe correspondem. Assim se formam e se integram os elos; a espiral se forma com continuidade ininterrupta, enquanto a consciência individualizada ganha consciência crescente de seu Eu por meio da experiência orgânica.

Uma questão pode ser levantada sobre esse ponto: o que dizer dos atrasados? Não estão eles retrogradando para a inércia? O fenômeno da consciência individualizada incapaz de acompanhar os passos dos companheiros da sua onda de vida deve ser considerado também sob um ponto de vista relativo. Essas entidades se atrasaram ou adiaram seu programa evolutivo por um tremendo período de tempo, mas como foram individualizados em alguma época, devem, algum dia, retornar em consciência à sua fonte. Desde sua individualização com outros de sua onda de vida, elas prosseguiram, por algum tempo, no programa evolutivo – elas têm tido alguma experiência evolutiva. Por conseguinte, quando começarem novamente, sua recapitulação inicial irá avançá-las mais rapidamente do que avançaram em sua primeira tentativa. Essas entidades não estão “perdidas para sempre”; elas são canais para a Luz e a Vida do seu Criador como o são todas as outras; elas estão retrogradando somente em relação ao processo dos seus irmãos evoluintes. Elas estão tendo a experiência certa para elas, e terão sua individualização, recapitulações e passos progressivos no devido tempo. Lembre-se: na função orgânica e na consciência, a retrogressão ou retrogradação é relativa, não absoluta.

Do ponto de vista da observação geocêntrica, o Sol e a Lua são sempre vistos em movimento “direto”; nenhum dos dois jamais faz a retrogradação periódica, que caracteriza a ação aparente dos Planetas. O Sol transita o Zodíaco uma vez por ano, e recapitula sua posição natal a cada aniversário do indivíduo; a Lua, por trânsito, recapitula sua posição natal a cada vinte e sete dias e oito horas; por progressão, a cada vinte e sete anos e quatro meses, aproximadamente. Movendo-se para a frente, a partir de sua posição natal, no fim de sua primeira volta ao Zodíaco, por progressão, ela entra no segundo ciclo e recapitula, dessa maneira, todos os Aspectos formados ao nascimento, combinados com os fatores adicionais de um “arranjo” diferente de Aspectos de Astros progredidos, trânsitos e eclipses solares.

A recapitulação solar e lunar também é revelada nos padrões formados pelos eclipses solares e Luas Cheias deste modo: por exemplo, um eclipse solar ocorrido em agosto de 1952, nos 28 graus de Leão; uma Lua Cheia em fevereiro de 1954, nos 28 graus de Leão. Esse padrão abrangeu dezoito meses, e a Lua Cheia recapitulou o eclipse. Em tal caso, os Aspectos dados na Carta natal pelo eclipse fornecerão a nota-chave da experiência da pessoa, durante esse subsequente espaço de muitos meses, e na ocasião da Lua Cheia recapitulante o astrólogo de Mente espiritualizada fará bem em revisar a avaliação de sua experiência, tirando a essência do valor construtivo, e desse modo construir seu Corpo-Alma. Os períodos caracterizados pela recapitulação de um eclipse solar, por uma Lua Cheia, geralmente cobrem um período de dezoito ou vinte e quatro meses; o eclipse solar de julho de 1953, no Signo de Câncer, foi recapitulado pela Lua Cheia no Signo de Câncer em janeiro de 1955.

O Sol e a Lua revelam um movimento de retrocesso constante deste modo: o Sol, por precessão, move-se para trás através do Zodíaco, podendo-se observar que as sucessões de eclipses, Luas Novas e Luas Cheias ocorrem em posições “contra-zodiacais”. Só os Planetas revelam o movimento periódico “recuo-estacionário-para frente”.

Todos sabemos de casos de estudantes que foram reprovados na escola devido ao que parecia ser uma dificuldade insuperável com certa matéria ou fase de alguma matéria. A necessidade de tal reprovação não indicava que a criança fosse basicamente limitada, anormal ou “má”. Indicava sim que ela ainda não estava devidamente preparada para preencher o requisito dessa aprovação nessa matéria, em particular. Portanto, já que lhe requeriam dominar esse aprendizado específico, era necessário deixá-la recapitular, voltando à fase anterior da matéria, estudando-a e assinalando-a novamente, e assim se qualificando para o progresso por ter se preparado.

Nossa experiência de encarnados é escolaridade evolutiva. Assim como não podemos assimilar toda uma dada matéria de uma só vez, do mesmo modo não podemos penetrar em todas as fases da experiência humana em uma só vida. Tudo o mais à parte, o fato de sermos organicamente polarizados como machos e fêmeos impossibilitaria a experiência total. Todavia, em virtude de uma longa sequência de encarnações durante a qual podemos encarnar como macho ou fêmea, consoante a necessidade evolutiva e a exigência do destino maduro[8], nós temos a oportunidade de cumprir todas as fases de experiências pertinentes ao gênero. Visto que a concentração de pensamento e de esforço é necessária para o êxito e realização de nossos talentos e esforços profissionais, nós usamos cada encarnação para nos especializar e poder focalizar nossa consciência, extraindo assim o máximo benefício e desenvolvimento do que fazemos no trabalho ou em outras atividades e esforços. No entanto, assim como a individualização da consciência exige eventual cumprimento evolutivo, do mesmo modo qualquer aceitação de experiência exige cumprimento. E muitas vezes o Princípio da Recapitulação deve ser utilizado quando, após aceitarmos e vivermos certa fase de experiência, deixamo-la por um pouco para focalizar nossa atenção em outras fases. Aquilo que foi deixado em suspenso não foi esquecido; antes se permitiu que ele permanecesse adormecido, esperando ser assumido e resolvido no futuro. Aqui se encontra uma chave filosófica para o estudo interpretativo da retrogradação planetária.

Retrógrado natal, permanecendo retrógrado por toda a vida: as condições indicadas pela Casa regida por este Planeta são de importância secundária para o cumprimento da presente missão de vida. Contudo, visto que todos os fatores planetários têm propósito espiritual e evolutivo e devem ser usados pela entidade, parece que alguma forma de cumprimento indireto é indicada por esse tipo de retrogradação. Em uma vida futura a plenitude de expressão significada por esse Planeta representará um fator principal da missão de vida. Na presente vida, o fator experiência, representado pelo Planeta e Casa que ele rege, é mantido em relativa suspensão, de modo a que os fatores que envolvem a principal missão evolutiva para esta vida possam ser nela concentradas.

Retrógrado natal, estacionário por progressão no fim da vida: é indicação de que a missão de recapitulação ativa será assumida na vida seguinte; o período de suspensão termina nesta vida, e a próxima encontrará a pessoa qualificada para reassumir, por recapitulação, aqueles fatores de experiência que foram mantidos em suspenso por várias vidas talvez; esse tipo de progressão indica que a pessoa assumirá um fator novo de grande significação na missão da próxima vida, sendo um que ele começou e interrompeu em alguma fase de sua vida passada; tal fator terá considerável conteúdo de destino maduro, resíduo de um passado distante, pelo que talvez possam ser necessárias várias vidas para cumprir essa missão.

Retrógrado natal, por progressão estacionária e depois direta nesta vida: indicação de que a missão de recapitulação ativa deve ser assumida na presente vida; termina o período de suspensão; a experiência representada pelo Planeta torna-se o principal fator evolutivo da atual missão de vida quando o Planeta se desloca para frente em movimento direto, a partir do período estacionário. O intérprete astrológico prestará cuidadosíssima atenção à marcação de tempo do movimento direto progredido, relacionando-o com os Aspectos astrais progredidos do momento, ciclo atual de eclipse solar, e com o quadrante da Lua progredida. Do ponto de vista evolutivo, esse tipo de progressão planetária é um dos mais importantes, pois marca a segunda tentativa da pessoa nos assuntos relacionados à Casa regida pelo Planeta, e o que seja feito nos restantes anos desta vida, a respeito disso, criará muito destino maduro obstrutor ou regenerador a ser utilizado no futuro. Esse tipo de progressão marca um principal ponto evolutivo na história cíclica da consciência individualizada.

Retrógrado natal, por progressão estacionário, direto, depois em Conjunção com o radical: fim do período de suspensão e recapitulação subjetiva, o florescimento de recapitulação ativa e expressão real, direta e criadora do poder planetário; participação direta no padrão de relacionamento e fatores de experiência representados pelo Planeta, sua Casa de regência e Casa em que se posiciona. O ponto particular ou fase da consciência anímica “alcança a si mesma”, e cada Aspecto radical de qualidade regeneradora – Sextil ou Trígono – indicado pelo Astro promete uma onda de grande alegria. As Quadraturas ou Oposições, apresentadas pelo Planeta no radical, trarão provas nesse período de vida, mas em termos de uma maior habilidade da pessoa de manejá-las, fazendo uso de todos os recursos de poder espiritual para as necessárias resoluções. Quando um Planeta está direto no radical, mas se torna retrógrado por progressão, e assim permanece, isso indica que nesta vida assistirá a uma “remoção” dos fatores representados pelo Planeta; isso parece indicar que a pessoa vai focalizar sua atenção, evolutivamente falando, em outros fatores. Se esse Planeta, retrógrado por progressão, alcança a Conjunção com a sua posição radical na presente vida, isso indica cabalmente que os fatores astrais especiais não serão de grande importância na próxima vida.

[1] N.T.: Mandala, substantivo masculino, é um diagrama, geralmente circular e com formas geométricas.

[2] N.T.: Ocorre quando dois ou mais Astros são ligados pelo regimento que forma frequentemente uma corrente. Um exemplo é Sol em Áries / Marte em Gêmeos / Mercúrio em Peixes / Netuno em Sagitário / Júpiter em Sagitário. Nesta cadeia o Sol dispõe de Marte que dispõe de Mercúrio, que dispõe de Netuno que dispõe de Júpiter. Não pode ir mais longe porque Júpiter está em seu próprio Signo. Todos os cinco desses planetas trabalham juntos e devem ser interpretados dessa maneira. A configuração de disponentes pode-se trabalhar em um tema pessoal ou entre duas ou mais pessoas.

[3] N.T.: Áries é Cardeal e do elemento Fogo. Leão é também do elemento Fogo. Contando a partir de Áries (inclusive) a Leão temos 5: 1º: Áries; 2º Touro; 3º Gêmeos; 4º Câncer; 5º Leão.

[4] N.T.: Áries é Cardeal e do elemento Fogo. Sagitário é também do elemento Fogo. Contando a partir de Áries (inclusive) a Sagitário temos 9: 1º: Áries; 2º Touro; 3º Gêmeos; 4º Câncer; 5º Leão; 6º Virgem; 7º Libra; 8º Escorpião; 9º Sagitário.

[5] N.T.: Refere-se à memória supra consciente. Essa é o repositório de todas as faculdades e conhecimentos adquiridos nas vidas anteriores, ainda que às vezes só latentes na presente vida. Esse registro é indelevelmente gravado no Espírito de Vida. Comumente se manifesta, embora não em toda extensão, como consciência e caráter, que anima todos os pensamentos-forma, umas vezes como conselheiro e outras compelindo à ação com força irresistível, mesmo contrariando a razão e o desejo.

[6] N.T.: memória consciente, voluntária, ou Mente consciente. É a nossa memória comum e acessível a todos. Imperfeita e fugitiva, ela se forma a partir das percepções dos nossos cinco sentidos.

[7] N.T.: Gibran Khalil Gibran (1883-1931), também conhecido como Khalil Gibran, foi um ensaísta, filósofo, prosador, poeta, conferencista e pintor de origem libanesa. Seus livros e escritos, de simples beleza e espiritualidade, são reconhecidos e admirados para além do mundo árabe.

[8] N.T.: Refere-se à consequência que necessariamente deverão ser vivenciadas pela pessoa. No entanto, a Filosofia Rosacruz, uma Escola de Mistérios Ocidentais, ensina-nos que sempre há certa margem para a pessoa colocar coisas novas em movimento. Em outras palavras, é possível modular a intensidade de um destino maduro, desde que a lição que se deve aprender tenha sido aprendida e o reequilíbrio com as forças da natureza, tenha sido reestruturado.

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