A Consciência do Auxiliar Invisível – II Parte

PorFraternidade Rosacruz de Campinas

A Consciência do Auxiliar Invisível – II Parte

A Consciência do Auxiliar Invisível
II Parte

Em outra ocasião, o Probacionista mencionado no último parágrafo da primeira parte despertou completamente consciente em Monte Ecclesia, diante do Templo, o qual se apresentava radiante de luz. Tentando aproximar-se foi bloqueado por uma barreira invisível. Porém, nesse momento, a sua atenção foi desviada em direção a um grupo de pessoas que flutuavam (assim imaginou) evidentemente empenhadas no trabalho de cura, visto que reconheceu entre elas, algumas que se dedicavam a tal mister. Todos, inclusive eles, foram impelidos ao longo daquilo que poderia ser designado como um “rio de magnetismo”, rumo ao Norte, em direção à cidade de V.

No caminho, observou que seus companheiros caminhavam e falavam normalmente, entretanto, muitos deles denotavam o olhar vago do sonâmbulo. Não tinham consciência do que estava em derredor, parecendo não notarem que se encontravam fora do corpo físico. O citado grupo e o Probacionista consciente do que se passava, chegando à cidade de V., dirigiram-se a uma casa onde uma senhora de meia idade e uma menina os esperavam, sendo que estas também tinham os olhos sonambúlicos, conduziam-se normalmente como seres humanos, sem, contudo, parecerem cientes de que se encontravam fora do corpo, nem manifestarem surpresa ante a chegada dos Auxiliares.

Muitos relatos dos Mundos internos corroboram as afirmações de Max Heindel a respeito dos vários fluxos e refluxos de correntes que varrem as regiões do desejo e etérica. Tais correntes não são meramente eletricidade física, como poderiam ser admitidas. Elas são forças da envoltura áurica do globo terrestre e da aura humana.

Esses “rios de magnetismo” fluem em todas as direções ao redor do globo, onde os Auxiliares Invisíveis conscientes ou inconscientes neles caminham, atraídos infalivelmente ao longo de linhas definidas de força, em direção específica. À medida que se tornam conscientes, como o já citado Probacionista, pasmam-se ao descobrir que aquelas correntes magnéticas parecem brotar de sua própria consciência e fluir para dentro ou ao longo do Mundo do Desejo, tal como os rios que desaguam no Oceano. Tais correntes, podemos compará-las às correntes conhecidas, como a do Golfo (Gulf Stream) que, percorrendo o Atlântico Norte, toca as Ilhas Britânicas, suavizando um clima que de outra forma seria insuportável.

No “Inferno” de Dante, lemos a descrição de dois amantes, no inferno, isto é, nas regiões inferiores do Mundo do Desejo. Lemos que se ouvia um som como o de um mar revolto, porém tal ruído era provocado pelas rajadas tempestuosas do inferno que “com fúria incessante arrebanhavam os espíritos”. Assim, como ao prenúncio do inverno os estorninhos são levados em suas asas para outras paragens, da mesma forma aquelas almas são levadas, inexoravelmente, para cá e para lá, acima e abaixo. Essas correntes, que fluem e refluem tão suavemente em relação ao Auxiliar Invisível, tornam-se violentas e implacáveis nas regiões inferiores do Purgatório, onde elas são a expressão da violência e da paixão.

Max Heindel afirmou que, assim como é da lei natural gravitar em direção à Terra quando em corpo físico, também o é levitar na Região Etérica. Portanto o Auxiliar Invisível rompe as extensões superiores dos éteres como proa de um navio, enquanto vales, colinas, cidades e planícies passam abaixo dele.

Da costa oeste nos vem um relato de uma Probacionista que numa manhã viu-se levitando acima de seu corpo, flutuando em direção ao mar dizendo: “lá vou eu, lá vou eu”. Porém, vendo que se dirigia em direção ao Oeste, prontamente pensou: “Não, eu quero ir em direção oposta, ao Templo da Rosacruz”. Então imediatamente curvou-se para trás como um siIfo no ar, movimentando-se para cima e para baixo, num longo arco de magnetismo. Entretanto pressionada por uma forte atração magnética que parecia vir de fora (por meio do Cordão Prateado, indubitavelmente) sentiu-se então descendo em direção a seu corpo adormecido, despertando momentos depois, sem perda de consciência, mas também sem compreender como entrou no corpo.

Quando nesses voos pelos Éteres, é comum o Probacionista imaginar-se sozinho, porém isso não acontece, pois há sempre uma vigilância e proteção constantes. Para ele os protetores são invisíveis, visto que agem num nível de consciência mais elevado. Tal fato ratifica a afirmação de Max Heindel, de que parte do trabalho iniciático consiste no esforço para aprender a ascender a níveis mais elevados do que o etérico, depois de ter deixado o corpo físico.

Outro Probacionista relata-nos como sentiu-se levitando, porém, ao perceber que regressava ao corpo, reuniu suas forças tentando subir novamente; logo em seguida sentiu, embora nada visse, que mãos poderosas o seguravam pelos pulsos, mantendo-o no ar.

Outro caso que ilustra a fase transitória de consciência vem dos primeiros períodos da Fraternidade Rosacruz, no tempo de Max Heindel. Esse caso demonstra a relativa inutilidade da fase transitória, mas indica a existência da constante vigilância exercida pelos Mestres Iniciados e Irmãos Maiores sobre aqueles recém-despertos para os planos internos.

Um Probacionista emigrado para a América, certa noite viu-se desperto nos “éteres”, sendo levado por uma magnética atração à cidade onde anteriormente residira na Europa. Percorreu as ruas antigas e os saudosos caminhos, constatando que diversas mudanças se haviam verificado desde sua partida rumo à América. Notou, inclusive em um certo edifício, um anúncio luminoso cujos dizeres despertaram sua atenção. Prosseguindo com o seu passeio, começou a sentir-se seguido por alguém. Mais de uma vez volveu os olhos para trás, nada percebendo, entretanto, isso porque seu protetor vigiava-o de um plano superior. Depois de algum tempo regressou ao seu corpo, voltando ao estado natural de consciência. Com o passar dos tempos, surgiu uma oportunidade para que o nosso Probacionista visitasse sua antiga cidade, em consciência de vigília. E assim ele pode confirmar realmente a existência de todas aquelas inovações introduzidas naqueles saudosos lugares, inclusive o anúncio luminoso já mencionado.

Em geral, as experiências convincentes verificadas com os Auxiliares Invisíveis ocorreram perto da meia-noite ou entre a meia-noite e a aurora, depois do trabalho de restauração do corpo, tal como descreve Max Heindel. É provavelmente durante o ciclo da alvorada que o neófito recebe instruções, se ele as desejou, ou então, frequenta classes semelhantes àquelas do Mundo Físico, com a diferença de que nesse plano os ensinamentos são ministrados por meio de métodos extraordinariamente avançados.

Dentro do assunto tratado, uma outra questão merece ser alvo de comentários: o sonho comum, o qual, embora geralmente confuso e vago, algumas vezes relaciona-se com um fato real ao qual tomamos conhecimento quando despertamos. Novamente seremos auxiliados a compreender como isso acontece, se recorrermos a uma analogia física.

Comumente, todos nós temos tido sonhos que se relacionam com fatos que acontecem em nosso ambiente físico.

Por exemplo: os cobertores podem ter caído da cama, aí então sonhamos que estamos tremendo de frio nas regiões geladas do polo Norte; um cão uiva sob a nossa janela, sonhamos então que está se perpetrando um assassinato. E assim por diante. Da mesma forma, quando o neófito está dormindo, os eventos do Mundo interno estão continuamente pressionando sua Mente, e já sensibilizado pela força de seus estudos esotéricos, começa a despertar sob suas ações, ao passo que o ser humano comum, encerrado em sua prisão de carne, repousa a noite inteira em completa inconsciência em relação a esses impactos. Em relação ao neófito, o seu trabalho como Auxiliar Invisível pode ser-lhe mostrado na forma de sonho grotesco, o qual, a despeito de sua natureza, permanece na memória em forma obcecante.

Os sonhos confusos resultam da carência de alimento entre os Corpos de Desejos, Vital e Denso, e assim permanece o Ego, parte dentro e parte fora desses veículos. Em tais circunstâncias as impressões recebidas dos planos internos ficam falseadas, e mesmo a recordação de uma experiencia verdadeira tende a apresentar-se algo vaga ou indefinida. Mas, um acontecimento que se apresenta ante um espírito de pesquisa, com propósitos de autoinstrução, auxiliará a clarear a totalidade do campo do inconsciente, e, de um modo gradativo, certos fatos emergirão do turbilhão dos sonhos, quase de acordo com um modelo, cujo significado é claro e inequívoco.

À medida que o Probacionista persevera no Caminho, o lento despertar decorrente do desajustamento entre seus veículos é eliminado, e observará que, com o passar do tempo, o seu despertar no corpo será imediato e claro, mesmo ignorando como volta. Pode mesmo acontecer algumas vezes que simplesmente abre os olhos, sem que haja um lapso de inconsciência.

O Conceito Rosacruz do Cosmos, bem como outras obras de Max Heindel, apresenta ensinamentos que auxiliam o estudante no trabalho de espiritualização da consciência. A Concentração e a Retrospecção, entre outros benefícios, servem para focalizar a consciência no momento da saída e da entrada no corpo. Embora as preferências variem de indivíduo a indivíduo, existem certos temas para meditação que adquiriram um caráter quase universal, sendo um deles o símbolo metafisico do Homem Espiritual, a Pirâmide. Não queremos nos referir à Grande Pirâmide de Gizé, mas ao sólido geométrico. É particularmente inspirador para a Mente imaginá-lo luminoso.

O emblema místico que encimava a torre do Castelo do Graal no Parsifal de Wolfram Von Escenbach é sumamente edificante. Tal castelo, de estilo gótico, encerrava em uma de suas câmaras o Altar do Graal. Ornamentado fulgurantemente com esplendor quase oriental, o Castelo apresentava a sua estrutura com mágica luminosidade, realçando luzes indescritíveis. Os materiais empregados na construção eram de origem celestial, pois os Arquitetos Celestiais os trouxeram de planos elevados. O soalho do Templo era feito de ônix, o teto de safira, com joias colocadas em lugar de estrelas dos céus, enquanto em forma espiralada projetava-se acima da grande estrutura uma torre altíssima, em cujo topo estava o Rubi, encimado por uma Cruz de Cristal.

Tomando como tema de meditação essa torre encimada pelo Rubi e este, pela Cruz de Cristal, lembramo-nos das palavras de Max Heindel:

“O Campanário da Igreja é largo na base, porém gradualmente vai se estreitando mais e mais até que no topo fica apenas um ponto com uma cruz. Dessa forma, também é o caminho da santidade: no começo inúmeras coisas nos são permitidas, mas na medida em que avançamos devemos deixá-las de lado, uma após outra. Devemos então nos devotar mais e mais, exclusivamente ao serviço da santidade, até chegar o ponto em que o caminho se nos apresentará estreito como o fio da navalha. Aí então somente poderemos segurar-nos na cruz. Porém, quando chegarmos a tal ponto, quando atingirmos o mais estreito de todos os caminhos, estaremos aptos a seguir Cristo além e servir lá como servimos aqui”.

(Publicado na Revista Serviço Rosacruz de 02/1967)

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